sábado, 6 de julho de 2013

OS DENTES DE LEITE

Na infância, se a chegada dos primeiros dentinhos era festejada, perder um dente era motivo de lágrimas. Ficava um espaço vazio que, por vezes, tornava o sorriso um tanto tímido. Pelo fato de ser crianças, a engenharia humana era desconhecida. O dente de leite era jogado fora ou guardado por um tempo. Por fazer parte da normalidade do crescimento, nunca se deu tanta importância a esse fenômeno. 
Recentemente, a USP publicou avanços no tratamento do autismo, a partir das células-tronco que são encontradas nos dentes de leite. A ciência ainda conhece pouco sobre o autismo. Sabe que causa alterações no cérebro, principalmente nos neurônios. Com a pesquisa, os cientistas comparam os neurônios de uma criança normal à de outra com a doença e começam a entender melhor como as células funcionam. Vencida essa etapa, medicamentos serão testados. A cura parece estar próxima. 
O ser humano é simplesmente extraordinário. Nele, tudo tem valor, até mesmo um pequeno dente de leite. O insignificante não faz parte da ‘composição’ humana. A ciência desvenda essa riqueza e trabalha incansavelmente pela qualidade de vida. Os novos tempos parecem despontar como promissores. Com a parceria da ética, a ciência está empreendendo uma escalada fenomenal. A cura de muitas doenças está mais próxima do que imaginamos. Evidente que a prevenção sempre será da responsabilidade de cada um.
Enquanto o corpo é cuidado, há que se travar, paralelamente, uma urgente empreitada: dar sentido à existência. Não é possível continuar indiferente diante da agressividade com que são tratadas algumas crianças. A fome ainda ronda o universo dos pequeninos; um número incontável continua sendo rejeitado. Muitas crianças são obrigadas a se tornarem adultas sem desfrutar do colo e do afeto de quem as gerou. 
Incentivar e apoiar os cientistas é condição para qualificar a vida. No entanto, sem muitos investimentos, os adultos deverão retomar uma tarefa intransferível: amar os pequenos e alcançar o cuidado necessário para que cresçam felizes, mesmo que não guardem lembranças dos dentes de leite. O cuidado para com as crianças é muito mais do que uma obrigação, é um gesto de amor para com a vida e garantia de futuras gerações. Ter um coração de criança é caminho de vida nova, com mais esperança e paz.

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