quarta-feira, 31 de julho de 2013

DEVEMOS ACEITAR O POENTE


Tem feito enorme falta em muitas famílias a catequese do sol poente. Filhos e netos dos idosos e eles mesmos, os idosos, carecem desta mística que, ainda que apenas por questão de lógica e de filosofia, é como a catequese do rio que deságua no mar. Com fé fica melhor!
Velhice não é foz: é remanso de pré-foz. Filhos a quem coube cuidar dos pais que envelheceram, mais do que ninguém precisam desta visão serena de beira-mar. Aqui as cores e dores do entardecer; lá, no horizonte, o sol que se põe.
Se a manhã e o dia foram bonitos porque o sol rompeu as trevas e sua luz furou as nuvens, não há porque não achar bonito o seu poente. Há quem ache o entardecer triste. Há quem o ache poético e sereno. Além do mais não é o Sol que vai embora: é a Terra que gira e lhe dá o dorso.
Feliz de quem não teme nem lamenta a velhice, por mais dores e achaques que ela acumule. Alguns idosos preferem morrer logo a ter que depender dos outros. E há os que encaram com bom humor e bom amor o seu crepúsculo. O amor sereno e a fé serena amenizam o por de sol de cada dia. Falo por mim que cheguei aos setenta anos e às vezes rio de limites que vieram com as pequenas enfermidades e com a idade.
Sei que vim e sei que vou; só preciso mais fé para crer que vim de um Alguém infinito que nunca vi, mas verei porque estou voltando para Ele. Um dia passarei pelo portal . Mas pouco importa, porque terei ido para mais! Viemos para voltar. Somos peregrinos. Por isso, passemos com classe, porquanto envelhecer pode ser filosófico e teológico. Se cremos, mas não estamos sabendo aceitar nosso poente com serenidade, oremos! Envelhecer não é trágico! Trágico é envelhecer errado!

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