sexta-feira, 31 de maio de 2019

ISLAM $ MEIO AMBIENTE.


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Tenho ouvido tantas coisas sobre o Islam que resolvi ler e estudar um pouco sobre o assunto. O que encontrei é bem diferente do que dizem. Veja o que eles acreditam e praticam sobre o meio ambiente:

O Islam antes dos ambientalistas estabelecerem regras para o meio ambiente há mais de 400 anos atrás ao falar sobre o equilíbrio na criação do universo que não foi criado a toa mas todas as coisas nele criadas são criados devido a uma exata proporção, as regras estabelecidas evitam choque entre as funções de cada elemento neste universo para manter o equilíbrio. Podemos citar o exemplo da China onde os pássaros comiam 3% da safra do arroz e para impedir esse prejuízo mataram os pássaros, logo apareceu um problema maior quando os insetos acabaram consumindo 50% da safra. O Islam para preservar o ambiente estabeleceu regras como: "impedir os danos é melhor que trazer benefícios", também não há dano singelo nem recíproco" tais regras impedem os transgressores ao meio ambiente de causar danos. Estabelece a regra de "prevenir contra a corrupção" esta regra impede o ser humano de agredir o meio ambiente, o profeta Mohamed (SAS) orienta para que as pessoas preservem as fontes hídricas de poluição quando disse: "evitem as três maldições: fazer necessidades nas fontes de água, lugares de passagem de pessoas, e na sombra" e completou "não urine na água parada" o Islam dá orientação para que se preserve a higiene nas residências, disse o profeta(SAS): "Deus é belo e aprecia tudo o que é belo e limpo, então limpem suas casas e jardins".

O Islam estimula as pessoas a plantarem e embelezarem o meio ambiente, disse o profeta (SAS): "todo muçulmano que plante uma planta ou uma muda e vem se alimentar dela uma ave, ser humano ou um animal é considerado uma caridade para ele, e disse também "se vier a acontecer o fim do mundo e na mão de um de vocês tiver uma muda , que a plante se puder". Existem três fundamentos básicos nos Islam para a preservação do meio ambiente:

1- o muçulmano deve ser justo e não deve transgredir os limites, deve observar a Deus em qualquer ação seguindo Sua orientação e por tal razão não deve corromper nenhum dos alimentos da natureza, portanto não deve poluir a água, extrapolando no seu consumo, matar um animal sem razão, proteger a terra;

2-o Alcorão veio para organizar os aspectos gerir da vida e entre esses aspectos está o meio ambiente, proibindo assim exagero nas medidas para que não haja desequilíbrio;

3- buscar o equilíbrio e respeitar os limites estabelecidos por Deus e não causar danos, disse Deus no Alcorão:

"não espalhem na terra a corrupção"

Na Assunnah profética há ênfase sobre o meio ambiente, podemos dividí-la em três grupos:

1-ditos que estimulam a plantação e preservação de árvores, considerando que o plantio é uma obrigação coletiva e para preservar a plantação e as sementes o profeta (SAS) proibiu a coleta antes da época, além de estabelecer garantias financeiras contra danos causados às plantações por animais.

2-Regras relacionadas à caça, onde é proibido a prática a não ser para alimentação, disse o profeta(SAS): "não tome algo vivo como alvo e quem matar um pássaro por brincadeira irá testemunhar contra ele no dia do julgamento final".

3-Regras que estabelecem a quarentena e reservas ambientais, disse o profeta (SAS): "não deve-se apresentar uma pessoa doente a outra sã" sabe-se também que o Islam havia estabelecido determinados período do ano onde proíbe matar e assustar animais e cortar e queimar plantações em determinados lugares.

Quanto ao meio ambiente não vi nada errado por parte deles. Quanto ao resto:

vou continuar pesquisando, mas duvido que sejam tão maus quanto somos acostumados a ouvir.

quarta-feira, 29 de maio de 2019

AMAR É A ÚNICA SALVAÇÃO


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“Tenho que me apressar, o tempo urge.

Não posso perder um minuto do tempo que faz minha vida.

Amar os outros é a única salvação individual que conheço.

Ninguém estará perdido se der amor e, às vezes,

Receber amor em troca.

Sempre me restará amar.

Escrever é alguma coisa extremamente forte,

Mas que pode me trair e me abandonar.

Posso um dia sentir que já escrevi o que é meu lote neste mundo

E que eu devo aprender também a parar.

Em escrever eu não tenho nenhuma garantia.

Ao passo que amar eu posso até a hora de morrer”.
Clarice Lispector


Lendo (saboreando, contemplando...)

Drummond, Vinícius, Clarice, Cecília,

D. Pedro, Guimarães Rosa, Adélia, Rubem Alves,

Manoel de Barros, Érica Toledo, Libanio,

Adroaldo (e outros e outras tantos e tantas...),

Aprendi que o amor é permanência.

A paixão quer pra já.

O amor quer pra sempre.



Escrever sobre o amor, descrever o amor,

Buscar amar e me deixar amar,

É minha terapia.

O amor é meu berço, caminho e destino, pois que Deus,

Que é amor, criou cada um de nós por amor e para o amor

Ah, você é ateu...

Eu até poderia, a modo de Nietzsche, decretar a morte de Deus.

Poderia, quem sabe, até sobreviver, não sem dor,

À ideia da inexistência de Deus.

Mas não poderia suportar a morte do amor.

E aí, quem me salva é o apóstolo João quando diz:

‘Deus É amor’...

Ele não fala de uma ação, mas de um estado.

Deus não ama, simplesmente. Ele É o próprio amor.

Podemos até matar Deus como ideia.

Mas se sua ação amorosa permanece em nós,

Se permanecermos nela.

Está salvo o essencial.

Nossa vocação primeira, original

Amar e me deixar amar: questão de sobrevivência...

terça-feira, 28 de maio de 2019

QUEM TEM OLHOS, VEJA !

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Lendo alguns salmos, me vejo diante das seguintes palavras:

“O Senhor levantou da poeira o indigente, e do lixo retirou o miserável para fazê-lo assentar-se ao lado dos nobres do seu povo”.

De imediato, lembrei-me da história de um menino que, em 1952, aos sete anos, saiu com sua mãe e os muitos irmãos de Garanhuns, no sertão de Pernambuco, enfrentou treze dias de viagem num pau-de-arara até chegar a São Paulo, fugindo da miséria, da fome e de um futuro que prometia ainda mais miséria e fome.

Na cidade grande, as perspectivas também não eram muito promissoras para aquele migrante nordestino que, como tantos, poderia sonhar, na melhor das hipóteses, em passar a vida assentando tijolos numa obra ou ajustando parafusos numa fábrica.

O menino foi um pouco mais longe...

Numa trajetória de vida surpreendente e absolutamente improvável, se fez operário, líder sindical e político e tornou-se o 35° presidente eleito da República Federativa do Brasil.

Mas... os nobres não conseguiram suportar a petulância atrevida desse menino que, além de ascender à Casa Grande, sonhou trazer com ele os outros moradores da senzala.

E a intolerância não reside apenas aqui...

Quando, em agosto de 2008, Barak Obama foi escolhido para concorrer, como candidato dos democratas, à presidência dos EUA, um assessor do então presidente Bush perguntou quem era ele e teve como resposta: “é aquele preto de Harvard”.

Um preto de Harvard, um peão de Garanhuns...

Meus companheiros de luta sonham com um Lula livre. Ele nunca será. Assim como Obama não será capaz de se livrar da cor da sua pele e será, aos olhos de muitos, quando muito, ‘um preto de alma branca’...

O racismo, a intolerância, o ódio racial e social são o caldo de cultura em que eu e os brancos do sul maravilha como eu, fomos criados. O racismo, e outros preconceitos muitos, estão entranhados em mim, em nós, como um DNA maligno e inevitável, absorvido no leite materno, vivido, das carteiras da educação infantil às salas da Universidade.

Nas escolas onde estudei o lugar dos negros era na faxina e nos serviços gerais...

Lula é humano. Obama também. Assim como o preto de Harvard terá que lidar com os fantasmas dos mortos durante a sua gestão, nas guerras declaradas e anônimas que seu país costuma semear pelo mundo, Lula também não vai se livrar do seu fantasma; o erro político fatal que cometeu ao imaginar que poderia conviver com os “nobres”, os senhores da Casa Grande.

Pensou que poderia sentar-se à mesa com eles, como fazia em seus tempos de sindicato dos metalúrgicos, e negociar políticas públicas que beneficiassem o país da maioria dos peões e pretos que somos e que, de repente, começaram a frequentar faculdades e aeroportos, não mais como faxineiros e serviçais, mas como alunos, e passageiros.

Ódios ancestrais não são passageiros...

A Casa Grande tem seus sortilégios. Pegou Lula pela vaidade e Obama contribuiu para isso quando declarou: “esse é o cara”!

O cara se elegeu, foi reeleito, elegeu e reelegeu sua sucessora. O peão foi longe demais. Nem o preto de Harvard tinha conseguido tal proeza. Foi sucedido por um inacreditável Donald Trump!

A Casa Grande tinha seus trunfos, truques e cunhas, aprendidos desde a armada de Cabral.

Para derrubar uma presidente eleita ou prender e tirar do jogo eleitoral um candidato que começava a disputa com quase 40% de preferência dos eleitores, a Casa Grande não precisa de provas, só denúncias, e alguém em cima do Moro, digo, muro, de olho num ministério aqui e numa vaga no STF acolá.

Ah, Lula, vaidade das vaidades, tudo é vaidade...

Conhecemos bem o caminho das seduções e mimos. Poderíamos até nos perguntar; o que é a reforma de um sítio do amigo dos amigos e um apto. no Guarujá, perto das histórias que correm a malas soltas?

Pois foi o suficiente para colocá-lo na cadeia e, assim, abrir caminho para que se entronizasse um asno chucro, mentiroso contumaz, incompetente, marginal, violento, racista, misógino, homofóbico, ignorante e DESONESTO na Presidência.

Esse é o quadro, senhores e senhoras eleitores do asno.

Vá lá, admitamos que o Lula é ladrão, que todos os petistas são ladrões, que todo mundo que tem pensamento socialista é ladrão. Em nome disso você se sentiu justificado para eleger o asno que ora está no poder?

Alguém que montou uma quadrilha com seus filhotes para abocanhar dinheiro do salário de assessores reais (como o Queiroz) ou fantasmas, como os milicianos foragidos?

Alguém que tem como herói um assassino torturador, covarde e brutal?

Alguém que em quatro meses de mandato já foi duas vezes aos states lamber o saco do Trump?

Alguém que mostra absoluta ignorância e desprezo por ideias, arte, cultura, ecologia?

Ele que, quando era deputado federal, foi assaltado por dois criminosos que acabaram levando sua motocicleta e a pistola Glock calibre 380 que carregava debaixo da jaqueta, e tem, agora, como única proposta, distribuir armas para “os cidadãos de bem”, como os que recentemente fuzilaram um músico e um catador, no Rio de Janeiro?


Quem tem olhos, veja!

O que vemos é o que temos, o que sempre tivemos, aquilo que um barbudo chamado Marx, lá no sec. XIX chamava de mais-valia (vulgo, PIB): a riqueza criada pelo trabalhador que não beneficia o trabalhador, mas se concentra nas mãos dos proprietários da Casa Grande.

Só que...

O asno vai ter que se virar para sufocar a reação, que está apenas começando, dos “idiotas úteis, militantes, massa de manobra que não sabe a fórmula da água e nem o resultado de 7X8”...

Água mole em asno duro. Estamos fazendo a conta. Já, já chegamos ao X da questão...

Tá apenas começando...

segunda-feira, 27 de maio de 2019

CONSENSO & CONFLITO


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Definha o interesse por notícias impressas ou televisivas. Pesquisas revelam que o público prefere notícias online.

Nos séculos XIX e XX, o modo de pensar da sociedade tendia a ser moldado pelos grandes meios de comunicação: mídia impressa, rádio e TV. Tudo indica que termina aquela era. Trump se elegeu atacando a grande mídia dos EUA. Só a Fox o apoiou. Os principais veículos da mídia britânica se opuseram ao Brexit. Ainda assim a maioria dos eleitores votou a favor dele. Bolsonaro fez campanha presidencial quase ausente da grande mídia. Criticou os principais veículos, e ainda assim se elegeu. O que acontece de novo?

O novo são as redes digitais, as novas tecnologias ao alcance da mão. Elas deslocam a notícia dos grandes veículos para computadores e smartphones. Têm o mérito de democratizar a informação, rompendo a barreira ideológica que evitava opiniões contrárias à orientação editorial do veículo.

Contudo, pulverizam a notícia. O que é manchete na TV não merece destaque na comunicação interpersonalizada na internet. O receptor corre o risco de perder ou não adquirir critérios de valoração das notícias. Pode ser que lhe seja mais importante ficar ciente de que seu colega tem nova namorada do que inteirado do golpe de estado no país vizinho ou da nova lei que regula o trânsito em seu bairro.

Essa informação individualizada, embora mais cômoda, prêt-à-porter, tende a evitar o contraditório. Cada interessado se isola no interior de sua tribo no Whatsapp, no Twitter, no Facebook, no Instagram, no YouTube, no Telegram, nos serviços de mensagens no Google e do Periscope. Não há interação dialógica. Não interessa o que dizem as tribos vizinhas, potenciais inimigas. O que transmitem não merece crédito. A única verdade é a que circula na tribo com a qual o internauta se identifica. Ainda que essa “verdade” seja fake news, mentira deslavada, farsa. Apenas um dialeto faz sentido para o internauta. Desprovido de visão conjuntural, ele se agarra ao que propagam seus parceiros como quem acolhe oráculos divinos.

Querer mudar-lhe o foco é como se alguém tentasse convencer os astecas contemporâneos de Cortés de que o sol haveria de despontar no horizonte ainda que eles não despertassem de madrugada para celebrar os ritos capazes de acendê-lo. Com certeza não ousariam correr o risco de ver o dia inundado de escuridão.

Eis a privatização da notícia. Essa seletividade individualizada faz com que o internauta se encerre com a sua tribo na fortaleza virtual dotada de agressivas armas de defesa e ataque. Se a versão emitida pela tribo inimiga chegar a ele, será imediatamente repelida, deletada ou respondida por uma bateria de impropérios e ofensas. É dever de sua tribo disseminar em larga escala a única verdade admissível, ainda que careça de fundamento, como a teoria do terraplanismo.

Os efeitos dessa atomização das comunicações virtuais são deletérios: perda da visão de conjunto; descrédito dos métodos científicos; indiferença ao conhecimento historicamente acumulado; e, sobretudo, total desprezo por princípios éticos. Qualquer um que se expresse em linguagem que não coincida com a da tribo merece ser atacado, injuriado, difamado e ridicularizado.

O que fazer frente a essa nova situação? Desconectar-se? Ora, isso seria bancar a tartaruga que recolhe a cabeça para dentro do casco e, assim, se julga invisível. A saída deve ser ética. O que implica tolerância e não revidar no mesmo tom. Como sugere Jesus, “não atirar pérolas aos porcos”. Deixar que chafurdem na lama sem, no entanto, ofendê-los.

A vida é muito curta para que o tempo seja gasto em guerras virtuais. Quanto a mim, prefiro ignorar ataques e atuar propositivamente. Sobretudo, não trocar a sociabilidade real pela conflituosidade virtual. E muito menos livros por memes e zapps que nada acrescentam à minha cultura e à minha espiritualidade.

sábado, 25 de maio de 2019

O QUE IMPORTA É EDUCAR O CORAÇÃO.



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Se há algo a lamentar profundamente hoje em dia nas redes sociais de nosso país é o império da grosseria e da obscenidade.

Essa metáfora já foi usada por outros: parece que as portas e as janelas do inferno se abriram de par em par. Daí saíram os demônios das ofensas pessoais, das injúrias, dos fake news, das mentiras, das calúnias e de toda sorte de palavras de baixíssimo calão. Nem precisaria Freud ter chamado a atenção ao fato de que há pessoas com fixação anal, usando palavras escatológicas e metáforas ligadas a perversões sexuais, pois as encontramos frequentemente nos twitters, nos facebooks, nos youtubes e em outros canais.

A grosseria demonstra a falta de educação, de civilidade, de cortesia e de polidez no trato para com as pessoas. A grosseria transforma a pessoa em vulgar. O linguajar vulgar usa expressões que ferem a sensibilidade dos outros ao seu redor. A vulgaridade contumaz deixa as pessoas inseguras, pois, nunca sabem quais gestos, palavrões ou metáforas de mau gosto podem sair de gente grosseira. O grosseiro casa o mau gosto com o desrespeito.

Especialmente, embora não exclusivamente, é o homem mais vulgar em sua linguagem. A mulher, não exclusivamente, pode ser vulgar no modo de se expor. Não se trata apenas no modo de se vestir, tornando-a explicitamente sensual e sedutora, mas no comportamento inadequado de se portar. Se a isso ainda se somam palavras obscenas e grosseiras faz-se mais vulgar e grotesca.

Especialmente grave é quando os portadores de poder como um presidente, um juiz da corte suprema, um ministro de Estado ou senador entre outros, esquecem o caráter simbólico de seu cargo e usam expressões vulgares e até obscenas. Espera-se que expressem privada e publicamente os valores que representam para todos. Quando falta esta coerência, a sociedade e os cidadãos se sentem traídos e até enganados. Aqueles que usam excessivamente expressões indignas de sua alta função são os menos indicadas para exercê-las.

Infelizmente é o que verificamos quase diariamente no linguajar daquele que ocupa o cargo mais alto da nação. Seu linguajar, não raro, é tosco, ofensivo, quando não escatológico e quase sempre burlesco.

Se é grave alguém ser grosseiro, mais grave ainda é o ser obsceno. Pois, este, o obsceno, rompe o limite natural daquilo que implica respeito e o sentido bom da vergonha. Já Aristóteles em sua Ética anotava que nos damos conta da falta de ética quando se perdeu o sentido da vergonha. Sem ela, tudo é possível, pois, não haverá nada que imponha algum limite. Até a Shoah, o extermínio em massa de judeus pelo nazismo, se tornou terrível realidade.

“Ter um coração leve é escutar o pássaro cantando no jardim. Não o perturbes. Faze-te o mais silencioso possível. Escuta-o. Seu canto é o canto de seu Criador.”

“Rosas desabrocham no jardim. Deixa que possam florir. Não estendas a mão para colhê-las. Elas são o sorriso do Criador”.

“E se encontrares um miserável, alguém que está sofrendo desesperado, cala-te, escuta-o. Enche teus olhos com a presença dele, com a vida dele até que ele possa descobrir em teu olhar que tu és seu irmão. Então tu o fizeste existir.Tu foste Deus para teu irmão”
Releva dizer: somos seres duplos, grosseiros e obscenos, mas também podemos e devemos ser gentis e corteses. Destes precisamos muitos, nos dias atuais, em nosso país. Para isso importa educar o coração (sim, dar valor à educação) para que seja leve e totalmente distante de toda a grosseria e de toda a obscenidade, tão vigentes entre nós

quinta-feira, 23 de maio de 2019

NO ESCURO


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A falta de luz era motivo para nos contarem histórias. Meu pai contava, meus tios contavam, a imaginação viajava. O pouco que sei sobre música também aprendi no escuro. Meu pai dizia: é preciso tocar de olhos fechados, reconhecer as notas pelo ouvido e pelo tato, conhecer as notas sem olhar o braço do instrumento.

Às escuras, elaborávamos hipóteses, planos, programas. Rompíamos o silêncio. Era preciso conhecer o lugar exato das velas e dos fósforos. Tatear os móveis, caminhar lentamente para pegar a lanterna. Às escuras fazíamos teatro de sombras e ouvíamos histórias de fantasma. Minha tia, caminhando à noite, temia os copos-de-leite no banhado: moviam-se ao vento como almas penadas. Eram os percursos iluminados apenas pela lua nos bairros pobres.

Quando a luz voltava, retornavam as certezas. Ah, era o contador da luz, era o transformador do poste, era o temporal. Tudo encontrava o seu lugar no campo das explicações plausíveis. Com a luz também voltava a nossa distração. O jantar preparado como sempre, a comida engolida como sempre, a TV ligada como sempre, a mudez respeitada como sempre. Os olhos empanturrados de histórias que não nos pertenciam. Os ouvidos abarrotados de fofocas sobre vidas imaginárias. Era um tédio. Preferia a cantoria à luz de velas. Antes do livro, a escrava Isaura já tinha cara de Lucélia Santos. Diadorim era Bruna Lombardi.

Há algo de misterioso, porém, nas palavras. Como viver às escuras. Imaginar. Quando finalmente li Grande Sertão: Veredas, uma emoção desconhecida se apoderou de mim. Esqueci a Bruna Lombardi, sem esquecer os olhos verdes de Diadorim. Quando penetrei a musicalidade do romance, descobri um país totalmente diferente do sotaque habituado aos meus ouvidos. Aprendi outra língua. Senti a angústia de Riobaldo, que se chama amor, mas não pode ser nomeado. Era cantiga de amigo, escrita no sertão, num outro tempo, mas com semelhante sentimento: corrosivo, carregado de ausências. A intuição vem às escuras, puxando outras leituras, dialogando com outras musicalidades, sentindo as alheias dores. Não se aprende fartando de imagens os nossos olhos, esgotando os ouvidos de respostas sem perguntas, engasgando as palavras de opiniões sem conhecimento.

Esvaziamos os sentidos para preencher o tempo.

Na verdade, não queria falar nada disso. Queria apenas lembrar que a luz um dia sempre falta. Mas o estrago está feito e já não há espaço para dar instruções sobre como encontrar velas e lanternas no escuro. Tudo culpa da literatura, essa matéria inútil para tudo. Menos para a vida.

quarta-feira, 22 de maio de 2019

CORAGEM E AMOR É PRECISO.


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É preciso ter coragem para se embrenhar em novas jornadas, novos desafios. Muitas vezes, a ingenuidade ou a paixão nos faz embarcar em dificuldades que nos tiram o ar, seja de emoção, seja por não enxergarmos, num primeiro momento, o quanto podemos sofrer. Entramos nessas trajetórias por amor, por ingenuidade, por acreditar que tudo pode dar certo.

Se precisamos ter coragem para entrar, é necessário de mais coragem ainda para sairmos delas e do compromisso emocional que adotamos conosco ou com o outro. Precisamos ter coragem para encarar alguns desafios que nos confrontam. Precisamos de coragem e de amor para nos lançarmos neles. Esse adentrar é construído na intimidade do encontro consigo e com o outro, com a tarefa, com o novo.

Se entramos num impulso, ou num encantamento, sair desses estágios, por sua vez, é fruto de compreensão, decepção e muita dor; é perceber que não é mais ali o nosso lugar. É enxergar o outro, mas muito mais a si próprio e a dor embalada.

Muitas vezes, nos constituímos e existimos a partir do olhar alheio que se reflete em nós. Nesse sentido, quando compreendemos, seguimos rumo a uma maneira de nos enxergarmos. Chega um momento em que o nosso olhar não é mais dirigido pelo outro, mas principalmente ele vai em nossa própria direção.

Avaliar o momento e os aprendizados daquela etapa nos torna mais coerentes com nossas escolhas. E, sim, as portas estão abertas para entrar e sair dos desafios que se sobrepõem ao nosso viver.

É preciso ter coragem.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

UNIDADE E PAZ EXIGEM DIÁLOGO


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Todos aspiramos a um mundo de unidade e paz. Só pessoas psicopatas, doentes ou mal-intencionadas gostam de armas, de tensões, conflitos ou guerras. O sonho de quem experimenta em si e quer estender aos outros o calor de humanidade e solidariedade, é de que um dia possamos viver em sociedades onde não haja mais divisões, tenham elas suas raízes em diferenças econômicas, políticas, culturais, étnicas, religiosas, de gênero ou de qualquer espécie. E que, da superação das divisões, nasça a paz tão anelada que nos permita aproximamo-nos de cada pessoa, por mais próxima ou mais diferente de nós, sem receio de ser rejeitado ou agredido e sem provocar nela temor algum.

A fé cristã expressa esse sonho de unidade nas palavras dirigidas por Jesus a seus discípulos no encontro de despedida que com eles fez antes da paixão em Jerusalém. Na conversa com os discípulos, Jesus anuncia que parte para o Pai, mas não os deixará sós. De junto do Pai, Ele enviará seu Espírito para continuar a animá-los na caminhada. E diz aos discípulos que deixará a paz como sinal de sua presença: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou, mas não a dou como o mundo.”

Ao ouvir essa afirmação, logo surge uma pergunta: por que Jesus acrescenta, depois de ter anunciado a paz, que a sua paz não é a mesma que o mundo dá? Haverá duas formas de paz? A paz de Jesus e a paz do mundo?

Ciente da realidade do mundo que o envolve, Jesus sabe, sim, que há dois tipos de paz. A “paz do mundo” é a “pax romana” vivida em seu tempo. A paz imposta pela força das armas. A paz que não permite a diferença. A paz que exige uniformização e submissão. É a paz dos impérios que se constroem pela destruição do diferente. A paz que se nutre da eliminação de pessoas, comunidades, nações e culturas. É a paz dos cemitérios, dos presídios, das casas de tortura, das valas comuns, dos campos de concentração e extermínio. É a paz que nasce da morte, se nutre da morte e que gera morte.

Essa paz Jesus não quer. Essa paz o cristão não pode aceitar. A verdadeira paz é aquela que nasce da justiça, da acolhida do outro, da aceitação do diferente e do voltar-se para aqueles e aquelas que precisam da mão estendida para levantar-se do chão onde foram jogadas pela força da opressão.

Por sorte, Paulo e Barnabé, com a força do Espírito Santo, fizeram ressoar de novo no coração da comunidade o ensinamento de Jesus que não exigia a uniformidade mas respeitava cada um no seu modo de ser. Depois da assembleia conciliar em que cada um pode expor seu modo de pensar, a comunidade decidiu não impor nenhum fardo além do indispensável. No relato dos Atos dos Apóstolos, o indispensável é não deixar-se contaminar pela ideologia dominante transmitida por uma religião que, ao invés de pregar a misericórdia, exigia sacrifícios e legitima a dominação. Na Carta aos Gálatas, Paulo, de sua própria palavra, diz que a única condição necessária para que se construa uma comunidade unida e em paz, é “que os pobres nunca sejam esquecidos”.

Na soma dos dois textos, o caminho para a construção da unidade e da paz: o diálogo transparente que supera as ideologias de dominação e a justiça para com os mais pobres. Na medida em que estas duas práticas começam a ganhar espaço na Igreja e na sociedade, abrem-se as portas para a Nova Jerusalém.

sexta-feira, 17 de maio de 2019

O REI ESTÁ NU.

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Não faço parte do time das pitonisas. Prefiro guardar o pessimismo para dias melhores. Contudo, prevejo tempos difíceis para o Brasil, a menos que a nossa indignação se transforme em mobilização. Pelo andar da carruagem, nossa frágil democracia se encontra ameaçada, e nossa liberdade de expressão, amordaçada.

Os sinais não são promissores. Nada indica que a economia brasileira sairá em breve do atoleiro em que se encontra. O número de desempregados passa de 13 milhões. As previsões do PIB 2019 encolhem a cada novo balanço. No início do atual governo acreditava-se que cresceria 2,2%. Agora, se prevê 1,7%. O Brasil retrocede.

Como se sentir seguro sob um governo que a cada dia se desdiz? Em menos de cinco meses desacreditou as próprias promessas de campanha. O corporativismo e o viés ideológico falam mais alto que a competência. Ministro que se preze deve vestir a farda de recruta e engolir a seco as ordens do comandante. Não se admite o contraditório, o pluralismo, o debate democrático.

A grileiros, desmatadores e invasores de terras indígenas é concedida licença para matar. Aos milicianos se faz vista grossa. Aos corruptos amigos da família, silêncio. O que ao pai, movido a arroubos, não convém manifestar, ao filho é transferida a tarefa, ainda que ofensas ao general eleito vice do capitão.

O desmonte é geral. Conselhos federais são extintos; não há médicos em muitas localidades antes atendidas por cubanos; disciplinas que ensinam a pensar, como filosofia e sociologia, são riscadas dos currículos; milícias são toleradas; índios são recebidos em Brasília, não por autoridades abertas ao diálogo, mas pela Força Nacional, como se um bando de feras evadidas da selva ameaçasse avançar sobre o Planalto.

O clima é de repúdio à democracia. Até quando o STF e o Congresso Nacional serão tolerados? E a liberdade de imprensa? Oitenta tiros do Exército assassinaram dois cidadãos inocentes e o fato é considerado irrelevante.

Pelos corredores do governo disseminam o medo e a insegurança. O ministro da Economia fala em obter R$ 1 trilhão com as reformas, e horas depois o presidente reduz para R$ 800 bilhões. O secretário da Receita Federal acenou com novos impostos e foi desautorizado no dia seguinte de sua entrevista. A lei do silêncio impera. Quem pretende se agarrar à sua boquinha no governo que trate de fechar a própria. O atual governo sabe destruir, mas não sabe construir.

O rei está nu. Mas não convém admitir isso em público. Cada cidadão que cubra seus olhos indignados com as cores vivas dessa policromia ministerial em 22 tons de cinza.

quinta-feira, 16 de maio de 2019

VIVA A MONARQUIA ! A MAJESTADE QUE PARIU A ESCRAVIDÃO NO BRASIL



Eis o que disse o Nêggo Tom com todas as letras: O príncipe deputado, ou o deputado príncipe, Luis Philippe Orleans e Bragança, subiu a tribuna da câmara, em plena data comemorativa da abolição da escravatura, para dizer que a escravidão é um aspecto da natureza humana e que Princesa Isabel, a falsa heroína, assinou a lei Áurea após ser tocada pelo cristianismo católico e ser convencida de que não era moral e cristão escravizar pessoas.

Primeiramente, gostaria de saudar a Monarquia brasileira e a todos os monarcas de ontem e de hoje, mandado-os irem chupar um prego. Em seguida, quero expressar a minha indignação com a tal sessão solene na câmara dos deputados, convocada pelo deputado Eduardo Bolsonaro para celebrar o 13 de maio, exaltando a Princesa Isabel, pela proclamação da Lei Áurea, em detrimento da história de luta e sofrimento do negro no Brasil. O que viu-se, foi uma ode ao Império escravocrata e uma tentativa de distorcer fatos históricos.

Vale lembrar, que o Brasil estava mal visto na Europa e sujeito a boicote comercial, caso não abolisse a escravatura. Fomos o último país da América a libertar os escravizados, o que foi feito sob muita pressão dos ingleses e com muita dor no coração, por parte da família real portuguesa. Isabel não foi a libertária que muitos tentam nos fazer acreditar. Haviam interesses políticos e comerciais por trás de sua canetada. Retratá-la como uma espécie de namoradinha do Brasil colonial, é desonestidade intelectual. Característica notável entre os membros e apoiadores do atual governo.

É mentira que ela teria sido sensibilizada pela fé católica. Até porque, durante muito tempo a Igreja sustentou a tese de que os negros não tinham alma, o que justificava a sua escravidão. É estranho que só 400 anos depois, a mesma Igreja tivesse percebido que escravizar pessoas era imoral e anti cristão. Deus demorou a tocar o coração dessa gente, hein? E olha que ele já tinha castigado o Egito por manter cativo o povo Hebreu. É possível que os Sacerdotes católicos da época, ainda não tivessem lido o livro do Êxodo. Ou será que eles também consideravam os Hebreus sem alma?

Qualquer ser humano que precise seguir uma doutrina religiosa para não fazer mal ao próximo, não é lá muito confiável. Se por ventura, ele deixar de segui-la, voltará a praticar o mal? O mal, assim como a ideologia escravocrata, são inerentes ao caráter de seus praticantes. Ao citar Deus, como a força maior que levou Isabel a abolir da escravatura no Brasil, o príncipe do parlamento, além de contradizer a si mesmo, sugere que Deus seja inglês. O que acaba com o mito de que ele é brasileiro.

Se a escravidão é um aspecto da natureza humana, deduz-se que Deus, que para nós cristãos é o criador da vida humana, fez uns para dominar a outros. O que iria de encontro a máxima que diz sermos todos iguais perante a ele e que ele não faz distinção de pessoas. O príncipe ainda comparou a escravidão mercantil, que foi praticada por seus ancestrais aqui no Brasil, com a escravidão tribal que outras civilizações praticavam na antiguidade.

Relativizar a escravidão e negar os efeitos desastrosos que ela provoca na sociedade, até os dias de hoje, é má fé. Nós, descendentes dos escravizados, ainda sofremos na pele, as consequências dessa mentalidade colonizadora e excludente, herdada pela elite atual. O próprio congresso nacional, é uma prova disso. Dos 513 deputados, apenas 21 são declarados negros. A maioria é branca e com direito a um representante da coroa portuguesa.

A fuleiragem real, protagonizada pelo deputado monarca na câmara, tendo o apoio da bancada governista e com direito a fala do deputado Hélio Negão (Desculpe! Hélio Bolsonaro) contra o movimento negro, é uma prova de que o país ainda precisa de políticas inclusivas e de políticos que tenham compromisso com a igualdade e a justiça social e racial. Ouvir “Viva a Monarquia!” e “Ave Império”, em pleno século 21, depois de todos os crimes praticados contra a liberdade humana, por vossas altezas e majestades, é de doer.

Por isso, gostaria de encerrar este texto saudando novamente a Monarquia e todos os monarcas do Brasil, mandado-os irem chupar um prego. Seus filhos de uma marquesa de santos!

quarta-feira, 15 de maio de 2019

A ETERNIDADE TEM MUITAS FORMAS


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No fundo do Mar Mediterrâneo, durante uma operação de busca de imigrantes afogados enquanto tentavam desembarcar na Europa, foi encontrado o corpo de um jovem já muito consumido pela voracidade dos peixes e pela ação da própria água. Mas antes de ser devorado por criaturas marinhas, o rapaz já tinha sido corroído na sua dignidade e na sua expectativa de futuro. Quem se embarca já foi ferido pelo medo, pela exploração, pela violência, pela falta de um presente. Leva no corpo apenas a esperança.

Quando levados para a identificação, os legistas se valem de tudo para tentar dar aos mortos um nome e às mães o consolo de uma resposta, enquanto elas nunca cansam de esperar um milagre. Um filho desaparecido é um filho pelo qual é proibido vivenciar o luto. Um filho desaparecido é um hiato na existência, é a morte do tempo, congelado, à espera de respostas. O legista atesta a fatalidade, legitima o pranto e a dor.
O que sabem os peixes sobre isso? Sobre a dor, sobre a memória, sobre o tempo eterno? Os peixes só conhecem a fome e por isso não conhecem o paraíso.
A eternidade tem muitas formas. Eu me limito a concebê-la como capacidade de memória, que vai além de nós mesmos. A eternidade está nos nomes, nos documentos e nas palavras. Não está na fome que passa, não está no impulso irrefletido, não está na voracidade que se apresenta com muitas máscaras. A eternidade às vezes ocorre por paradoxo: numa injustiça registrada nos autos, num laudo de autópsia. Às vezes fica registrada numa crônica, às vezes nos arquivos. E sempre na memória das mães.

O jovem foi encontrado e seu corpo reconhecido: ele carregava, costurado à roupa, dentro de um saco de plástico, à prova de intempéries, de naufrágios e de todo tipo de violência, o seu boletim escolar. O jovem vinha para a Europa com o sonho da palavra, do conhecimento, única eternidade possível em nossas vidas precárias. Porque a palavra não morre e a memória não se apaga.

Os peixes não conhecem o paraíso: andam em cardumes, seguindo as correntes, a fome e o instinto. Navegam, enquanto são navegados, porque não sabem que estão a navegar.

Eu sou uma pessoa otimista, porque acredito nas palavras, não me deixo navegar pelos impulsos. Creio na eternidade e na saudade das mães. A recordação supera a distância e até mesmo a morte. A palavra e a memória nos tornam eternos. Eternos humanos. Todos podemos ser: eternos e humanos, desde que paremos de agir como peixes devoradores.

terça-feira, 14 de maio de 2019

A PROCURA DO SEU VALOR


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Eu sempre achei que alguém mágico ou surgido do nada, nos lugares comuns por onde andasse iria me creditar de valor.

Um valor que ansiava, que não conhecia direito e que procurava entender e acolher.

Essa esperança, ou doce ilusão, me acompanhou por infinitos caminhos, buscas e lugares por onde andei. Procurei incansavelmente esse crédito de valor que queria e não encontrava em mim, procurava-o vindo de fora através dos outros que ao meu lado andavam, ou que ao acaso se colocassem ali próximos a mim.

Nessa busca, percebi que o outro, assim como eu, também buscava o “mágico” a lhe creditar valor. Faltou a voz, o entendimento e a mensagem “vai você consegue”, ou “você é bom assim como é” . Esse estímulo não chegou até mim e nem nele que ao meu lado ou longe de mim anda agora à procura do seu valor.

Precisávamos tanto eu quanto ele construir esse registro de valor, não pelo outro, mas dentro de nós, pela nossa essência, por nós e para nós; para nos sentirmos parte daquele pedaço de vida que embarcamos.

Você não é o que o outro o torna; você é a sua essência independentemente de elogio ou crítica. O olhar equivocado ou não do outro, não precisa interferir em quem você é ou se torna agora.

Hoje tenho claro que esse valor se constrói de dentro para fora, ou de fora para dentro, apoiado em aprendizados e construções. Mas, independentemente de como iniciam, todos precisam se creditar de valor, vindo de diversas formas, seja do olhar do outro sobre mim ou do meu que me acolhe.

segunda-feira, 13 de maio de 2019

COMO VENCER A DOR.

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Ninguém gosta da dor. Seja ela física ou espiritual. Mas é muito difícil, para não dizer impossível, viver sem sofrer, seja no corpo ou na alma. A dor é uma realidade que não podemos negar. Mais cedo ou mais tarde, em algum momento da vida, todos passamos por experiências que ferem o nosso ser. Por que somos obrigados a viver com essa realidade que parece confrontar a nossa condição humana?

Muitas religiões e filosofias surgiram a partir da tentativa – exitosa ou frustrada - para encontrar uma resposta que dê sentido à dor. E a arte muitas vezes se torna a expressão pública e popular das respostas à dolorosa questão. É o caso, por exemplo, de Renato Russo e sua Legião Urbana na música “Quando o sol bater na janela do teu quarto”. Quase no final, depois de considerar várias realidades humanas, ele afirma: “Toda dor vem do desejo de não sentir dor”. Popularizada pelo cantar brasiliense, a afirmação faz parte de uma das “quatro nobres verdades” de Buda.

Mas, como todas as verdades profundas expressas numa determinada expressão religiosa, ela também é encontrável em outras religiões. No cristianismo, o desejo de não sentir dor como fonte de toda dor e sofrimento, é expressa no convite que Jesus faz aos discípulos: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, some sobre si a sua cruz, e siga-me, porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á.” Ou então, na afirmação de Paulo e Barnabé quando voltaram para as cidades de Listra, Icônio e Antioquia e, para encorajar os discípulos, os exortavam a permanecer firmes na fé dizendo-lhes: “É preciso que passemos por muitos sofrimentos para entrar no Reino de Deus”

Mas como fazer para que esta dor não nos destrua, mas sirva de ocasião para iniciar o caminho para chegar à plena realização humana? Um caminho é o do desapego de tudo o que nos prende a esse mundo. Seja das coisas materiais como de nossas vontades pessoais ou dos privilégios sociais. Quando não mais estiver apegada ao nada, aí a pessoa encontrará o todo de seu ser. Maomé dizia que a primeira Jihad é a luta que acontece no interior do fiel para vencer-se a si mesmo em seus desejos egoístas. Só depois terá condições para levar a mensagem de Alláh aos outros. E quem sabe o quanto é difícil vencer-se a si mesmo, será capaz de respeitar os passos do outro no caminho da vitória.

Para Jesus, o caminho para vencer a dor que nasce da condição humana, pessoal ou social, é o amor enquanto capacidade de esquecer-se de si mesmo e entregar-se totalmente ao outro como ele se entregou na cruz. Para o nazareno, amar não é encontrar satisfação para as próprias dores no cuidado que o outro possa proporcionar-me. Amar é voltar-se totalmente sobre as dores dos outros e buscar saná-las dando-se a si mesmo. Mas há um detalhe que precisa ser considerado a partir da única lei que Jesus deixou aos seus discípulos: amai-vos uns aos outros!

Com efeito, o amor é sempre uma experiência recíproca. É um caminho de via dupla. A entrega de um implica intrinsecamente a capacidade de deixar-se amar pelo outro. É um vai e vem em que, ao mesmo tempo em que a pessoa entrega, ela é capaz de acolher o outro que o busca. Amar é ter a capacidade de deixar-se afetar pelo outro, de sofrer em si mesmo os sofrimentos dos outros. E como as dores são mutuamente carregadas, todos, ao mesmo tempo em que carregam os pesos dos outros, tem os seus pesos carregados pelos outros e assim todos ficam aligeirados.

Não consigo imaginar a perfeição e plenitude dessa relação como o paraíso de Alláh em que cada fiel é premiado com setenta e duas huris absolutamente submissas. Onde há submissão, não há amor. Há dominação. Tampouco o posso identificar com o Nirvana e sua imperturbável serenidade da mente após o desejo, a aversão e o engano terem sido finalmente extintos. Amar é deixar-se perturbar pela dor e sofrimento do outro e mover-se para saná-los.

Sem desprezar as compreensões citadas pois elas trazem, sim, uma verdade importante, prefiro a imagem da Nova Jerusalém do Livro do Apocalipse de João. Não é uma cidade fora do mundo, um “Nosso Lar” do imaginário espírita brasileiro. A Nova Jerusalém é cada cidade onde habitamos transformada pelo amor de tal modo que o próprio Deus pode morar nela, pois vive-se, nas relações entre as pessoas, a entrega recíproca e a sanação que o amor produz em todos os que sofrem. Para localizar a Nova Jerusalém, não é preciso perguntar onde ir para encontrar o amor de Deus, mas perguntar se amamos de tal modo que Deus pode morar no meio de nós.

domingo, 12 de maio de 2019

DIA DAS MÃES, COMO SURGIU.

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Como você sabe, hoje é celebrado o Dia das Mães aqui no Brasil. A data foi criada por decreto em 1932, estabelecendo que ela deveria ser comemorada todo segundo domingo de maio, e acabou se tornando uma tradição. Mas a verdade é que essa celebração surgiu muito, muito antes desse decreto e nem tinha uma conotação tão comercial como a de hoje em dia.

O costume de homenagear as mães remonta da Antiguidade, e existem registros de que os gregos homenageavam a mãe dos deuses — Reia —, enquanto os romanos prestavam suas homenagens à sua mãe divina correspondente, Cibele. Já no século XVI, os ingleses costumavam presentear as suas mães durante um serviço religioso — celebrado no quarto domingo da Quaresma —, mas o costume acabou sendo transferido para o mês de maio.

No entanto, o Dia das Mães como é celebrado atualmente teve origem nos EUA, graças a uma mulher que lutou com todas as forças para que ele fosse criado e, depois, abolido. Antes de se tornar um dia para dar presentes, ramos de flores e cartões, essa data era reservada para que as mulheres chorassem os soldados caídos e lutassem pela paz.

Tudo começou com uma mulher chamada Ann Reeves Jarvis, que organizava grupos de mulheres que trabalhavam para melhorar as condições sanitárias da época e, assim, reduzir a mortalidade infantil, além de cuidar de soldados feridos durante a Guerra Civil norte-americana. Depois da guerra, Jarvis passou a organizar reuniões e piqueniques pacifistas — ou Dia das Mães —, incentivando as mulheres a adotar um papel mais politicamente ativo.

Mas foi Anna, filha de Ann, quem transformou essa data no que ela é hoje. Anna ficou extremamente tocada pelo falecimento de sua própria mãe, passando a organizar homenagens que, pouco a pouco, acabaram se espalhando para outras cidades e estados norte-americanos. E os eventos foram se tornando tão populares que, em 1914, a data comemorativa foi oficializada.

Contudo, para Anna, esse era o dia para que todos fossem às suas casas passar o dia com as suas mães para agradecê-las por tudo o que elas significavam. Essa não era uma data para homenagear todas as mães, mas cada mãe, e Anna ficou profundamente perturbada quando percebeu que a festividade estava se transformando em uma mina de ouro e em uma comemoração de cunho comercial.

Anna, então, passou a organizar boicotes, participar de protestos e a ameaçar iniciar processos, e inclusive foi presa por perturbar a ordem. Ela acabou gastando toda a sua herança e energia para abolir a celebração que ela havia criado anos antes, e apesar de ter podido lucrar absurdamente com a “comercialização” do Dia das Mães, Anna acabou morrendo sozinha e sem um tostão em um hospital psiquiátrico aos 84 anos.

No Brasil, o Dia das Mães é a segunda data comemorativa mais lucrativa do ano, vindo depois apenas do Natal. Nos EUA, terra natal de Anna Jarvis, as vendas do ano passado foram estimadas em US$ 18,6 bilhões (cerca de R$ 38 bilhões), ou seja, indo totalmente contra o que a criadora da data realmente desejava.


sábado, 11 de maio de 2019

AS PARTES NO TODO.

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1.A racionalidade de nosso estilo de viver

O modelo de sociedade e o sentido de vida que os seres humanos projetaram para si, pelo menos nos últimos 400 anos, estão em crise.

Este modelo nos fazia acreditar que o importante é acumular grande número de meios de vida, de riqueza material, de bens e serviços a fim de poder desfrutar a curta passagem por este planeta.

Para realizar este propósito nos ajudam a ciência que conhece os mecanismos da natureza e a técnica que faz intervenções nela para benefício humano. E procurou-se fazer isso com a máxima velocidade possível.

Portanto, busca-se o máximo de benefício com o mínimo de investimento e no tempo mais breve possível.

O ser humano, nesta prática cultural, se entende como um ser sobre as coisas, dispondo delas a seu bel prazer, jamais como alguém que está junto com as coisas, convivendo com elas como membro de uma comunidade maior, planetária e cósmica.

O efeito final e triste, somente agora visível de forma inegável é este, expresso na frase atribuída a Gandhi: “a Terra é suficiente para todos, mas não para os consumistas”.

Nosso modelo civilizatório é tão absurdo que se os benefícios acumulados pelos países ricos fossem generalizados aos demais países, precisaríamos outras quatro Terras iguais a essa que temos.

O que mostra a irracionalidade que este modo de viver implica. Por isso pede o Papa Francisco em sua encíclica “sobre o cuidado da Casa Comum”: uma radical conversão ecológica e um consumo sóbrio e solidário.

2. A natureza é mestra

Em momentos de crise civilizacional, como a nossa, é imperioso consultar a fonte originária de tudo: a natureza, a grande mestra. Que ela nos ensina?

Ela nos ensina que a lei básica da natureza, do universo e da vida não é a competição que divide e exclui, mas a cooperação que soma e inclui.

Todas as energias, todos os elementos, todos os seres vivos, desde as bactérias e os vírus até os seres mais complexos, somos todos inter-retro-relacionados e, por isso, interdependentes. Um coopera com o outro para viver.

Uma teia de conexões nos envolve por todos os lados, fazendo-nos seres cooperativos e solidários. Quer queiramos ou não, essa é a lei da natureza e do universo. Por causa desta teia de interdependências chegamos até aqui.

É essa soma de energias e de conexões que nos ajuda a sair das crises e a fundar novo ensaio civilizatório. Mas nos perguntamos: somos suficientemente sábios para enfrentar situações críticas e responder aos novos desafios?

3. Tudo está relacionado com tudo

A realidade que nos cerca e da qual somos parte, não deve ser pensada como uma máquina mas como um organismo vivo, não como constituída de partes estanques, mas como sistemas abertos, formando redes de relações.

Vigoram duas tendências básicas em cada ser e no inteiro universo: uma a de se auto-afirmar individualmente e outra a de se integrar num todo maior. Se não se auto-afirma corre o risco de desaparecer. Se não se integra num todo maior, corta a fonte de energia, se enfraquece e pode também desaparecer. Importa equilibrar estas duas tendências. Caso contrário caímos no individualismo mais feroz – a auto-afirmação – ou no coletivismo mais homogeneizador – a integração no todo.

Por isso temos sempre de ir e vir das partes para o todo, dos objetos para as redes, das estruturas para os processos, das posições para as relações.

A natureza é, pois, sempre co-criativa, co-participativa, ligada e re-ligada a tudo e a todos e principalmente à Fonte Originária de onde se originam todos os seres.

4.Desde o começo está presente o fim

O fim já está presente no começo. Quando os primeiros elementos materiais depois do big bang começaram a se constituir e a vibrar juntos aí já se anunciava um fim: o surgimento do universo uno e diverso, ordenado e caótico, o aparecimento da vida e o irromper da consciência.

Tudo se moveu e se interconectou para dar início à gestação de um céu futuro que começou já aqui em baixo, como uma sementinha, foi crescendo, crescendo até acabar de nascer na consumação dos tempos. Esse céu, desde o começo, é o próprio universo e a humanidade chegados à sua plenitude e consumação.

Não há céu sem Terra, nem Terra sem céu.

Se assim é, então, ao invés de falarmos em fim do mundo, deveríamos falar em um futuro do mundo, da Terra e da Humanidade que então serão o céu de todos e de tudo.

quinta-feira, 9 de maio de 2019

RENOVAÇÃO

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Sou fruto de aprendizados, construídos no decorrer da minha vida. Isso me faz repensar como as experiências que vivi me deixaram registros.

Mudanças são bem vindas e tudo vai tranquilamente se aquietando e sendo construído e reconstruído em mim.

Sou resultado dos renascimentos durante a minha vida; preciso renascer a todo momento, em todos os lugares. E, assim, sempre renasço. Nos dias que correm, renasço nessas etapas mais tranquila, sabendo que sou falível, e me aceitando como sou.

Hoje, no entanto, tenho claro que realmente se acerta quando não se tem medo de admitir que errou. Isso pode levar-nos a um lugar especial dentro de nós mesmos, passível de erro, mas que prevalece a compreensão, e ali, o humano predomina.

Como ensinar se não me permito aprender? Se preciso humildade para aprender, afinal, se não ampliar meu olhar, os ensinamentos que passam por mim se tornam obsoletos, eles se repetem constantemente e eu fico a margem desses aprendizados.

Os ensinamentos são muitos, os aprendizados maiores ainda, pois esse é o caminho da transformação e do constante crescimento, meu e do outro.

Assim, ensinar e aprender andam de mãos dadas, buscam relacionar-se e marcar a leveza dessa construção. Conviver com ambos é estar aberta ao novo e à frequente renovação.