quarta-feira, 28 de novembro de 2012

SOU A MAIOR EMPRESA DO MUNDO

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

A LULOFOBIA E O CASO ROSMARY


Lula é, certamente, o homem mais odiado pelo chamado 1%, para usar a já histórica expressão do Movimento Ocupe Wall St. (Para os 99%, o posto é de Serra, com o surgimento de uma concorrência potencial em Joaquim Barbosa, o Batman.)
É impressionante o júbilo com que é celebrada pelo 1% qualquer notícia que possa servir de munição contra Lula, o lulismo, o lulo-petismo e outras designações criadas pelos obsequiosos porta-vozes de um grupo pequeno mas barulhento que torce e trabalha para que o Brasil jamais se torne uma Dinamarca, ou uma Noruega, ou uma Finlândia.
São sociedades harmoniosas, não divididas entre 1% e 99%, como o Brasil. Apenas para registro, o Brasil campeão mundial da desigualdade – com todos os problemas decorrentes disso, a começar pela criminalidade – foi obra exatamente deste grupo.
O 1% detesta Lula, não porque Lula tenha nove dedos, ou seja metalúrgico, ou fale errado, ou torça pelo Corinthians. Detesta Lula porque ele não representa o 1%. Se representasse, todos os seus defeitos seriam tratados como virtudes.

Não sou cego para não enxergar o avanço. O maior problema do Brasil – a abjeta desigualdade social – começou ao menos a ser enfrentado sob Lula.
Hoje, quando homens públicos em todo o mundo elegem a desigualdade social como o mal maior a debelar, parece óbvio que Lula tinha mesmo que prestigiar os 99% ao se tornar presidente.
Mas nenhum presidente na era moderna nacional viu o óbvio. Mesmo ao erudito poliglota Fernando Henrique Cardoso – de quem ninguém pode subtrair o mérito por derrubar a inflação – escapou o óbvio. Tente encontrar alguma fala de FHC, na presidência, sobre o drama da iniquidade social. Em qualquer uma das múltiplas línguas que ele domina. Zero.
É dentro desse quadro de colossal ódio a Lula que se deve entender a forma com quem está sendo tratado o caso de Rosemary Nóvoa de Noronha, indiciada por corrupção pela Polícia Federal em suas funções como chefe do escritório do gabinete da presidência em São Paulo.
Rosemary foi demitida imediatamente por Dilma, e agora vai responder pelas suas supostas delinquências, como um cruzeiro e uma plástica na faixa, pelo que foi noticiado.
Mas ela é personagem secundária na chamada Operação Porto Seguro. O protagonista é Lula. Nos artigos sobre a história, Lula ocupa o pedestal. “A mulher do Lula”, escreveu alguém, embora ela tenha sido secretária por muitos anos de José Dirceu. Foi para Dirceu, e não para Lula, que, segundo agentes policiais, ela ligou desesperada quando a PF chegou a seu apartamento na prosaica 13 de Maio, bairro das cantinas italianas em São Paulo. Nada existe de luxuoso no apartamento, ainda de acordo com a polícia.
Rosemary é uma escada pela qual, mais uma vez, se tenta pegar Lula. Estaria Lula envolvido na plástica suspeita de Rosemary? E no cruzeiro? O dinheiro terá vindo do valerioduto?
Chega a ser engraçado.
Tenho para mim o seguinte. Se os lulofóbicos dedicassem parte da energia que consomem em odiá-lo na procura honesta de formas de convencer os eleitores de que são mais capazes que Lula para combater a desigualdade social, eles já estariam no Planalto a esta altura, e do jeito certo, numa democracia: pelas urnas.

BORIS CASOY É CONDENADO DO ALTO DA SUA VASSOURA: QUE VERGONHA.


O jornalista Boris Casoy e a TV Bandeirantes foram condenados a pagar indenização de R$ 21 mil por danos morais ao gari Francisco Gabriel de Lima . A decisão da 8ª Câmara de Direito Privado de São Paulo foi publicada pelo Tribunal de Justiça no sábado (24).
O teor da decisão não deixa dúvida: “São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação”.
O gari Francisco Gabriel de Lima participou de uma vinheta da emissora desejando feliz Natal em 2009 e o jornalista da vergonha, Boris Casoy, comentou ao vivo: “Que merda! Dois lixeiros desejando felicidades do alto da suas vassouras. O mais baixo na escala do trabalho!”. Ele alega que não sabia que sua voz podia vazar. Claro, o preconceito do vergonhoso jornalista só é liberado nos bastidores.
Quando o caso ganhou repercussão em blogues do Brasil inteiro, Casoy pediu desculpas. De acordo com o Tribunal de Justiça de São Paulo, ainda que as desculpas de Boris Casoy tivessem sido sinceras, não reparariam o dano causado na vida do gari.
Essa vergonha não será divulgada na TV Bandeirantes e nem comentada por Casoy. O que mostra o quão vergonhoso é boa parte do nosso jornalismo.

AGENCIAS REGULADORAS: ABRA ESTAS CAIXAS PRETAS DILMA!

A iniciativa de chamar os presidentes das agências reguladoras para dar explicações ao Senado sobre as investigações da Operação Porto Seguro foi do líder do PT, Walter Pinheiro, o que é um bom sinal.
Está mesmo passando da hora de abrirmos a caixa-preta destas agências criadas para fiscalizar as empresas privadas concessionárias de serviços públicos e cujas atividades pareciam uma terra de ninguém, antes da chegada da Polícia Federal.
Acabaram caindo na vala comum dos cargos distribuídos em nome da governabilidade aos partidos da base aliada e seus dirigentes ganharam vida própria sem dar satisfações a ninguém.
O caso mais emblemático é o de Paulo Rodrigues Vieira, diretor da ANA (Agência Nacional de Águas), que teve seu nome rejeitado duas vezes pelo Senado em razão do seu prontuário e acabou sendo indicado assim mesmo numa terceira votação patrocinada pelo governo com a ajuda do presidente José Sarney.
ANA, Anac e Antaq, essas siglas todas que surgiram após o processo de privatização, acabaram se tornando novos cabides de empregos e, como vemos agora, fontes de corrupção.
Como já aconteceu no ano passado, a presidente Dilma pode fazer do limão uma limonada e promover uma faxina para valer nessas agências que infernizam nossas vidas no ar, na terra e nas águas.
Para isso, Dilma terá que conter o apetite dos aliados ávidos por "boquinhas" no serviço público e basear suas nomeações para as agências apenas em critérios técnicos e competência profissional, depois de analisar os currículos e também os prontuários dos indicados.
Chegando ao final da primeira metade do seu governo, Dilma reforça assim a marca de executiva disposta a mudar certos usos e costumes da nossa velha política, que acabam virando casos de polícia.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

DILMA FOI RÁPIDA CONTRA A CRISE.

Faz algum tempo que a palavra crise não aparece no noticiário político, ao contrário do que aconteceu durante todo o primeiro ano de governo de Dilma Rousseff, na época da chamada "faxina", quando a presidente teve que demitir oito ministros acusados de irregularidades diversas.
Desta vez, a presidente Dilma Rousseff agiu de forma fulminante para espantar uma nova crise envolvendo denúncias sobre uma rede de corrupção no governo federal.
Supreendida pela Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, deflagrada na sexta-feira, Dilma não esperou o fim de semana passar.
Entre os 18 indiciados pela Polícia Federal, oito são servidores públicos e cinco estão presos. É mais uma demonstração de que as instituições estão funcionando plenamente no país, um dos motivos que podem explicar a alta popularidade do governo, apesar das dificuldades vividas pelo PT em consequência do julgamento do mensalão.
Prova disso é a pesquisa espontânea do Ibope sobre a sucessão presidencial, divulgada no último fim de semana, em que Dilma aparece com 26% das intenções de voto, pela primeira vez à frente do ex-presidente Lula (19%) e bem distante dos possíveis candidatos da oposição, José Serra (4%) e Aécio Neves (3%).
Dos 2002 eleitores ouvidos pelo Ibope entre 8 e 12 de novembro, 55% indicaram espontâneamente a sua preferência _ e 4 entre cada 5 eleitores citaram os nomes de Dilma ou Lula.
O saldo positivo do governo de Dilma saltou 19 pontos entre julho de 2011, no meio da "faxina", e setembro deste ano, com o índice de bom e ótimo passando de 48 para 62 pontos percentuais.
A 22 meses da sucessão, a presidente eleita com o apoio decisivo do ex-presidente Lula, que deixou o governo com mais de 80% de popularidade, ganha agora vôo próprio para enfrentar as turbulências que vêm pela frente no caminho da reeleição.
À oposição só resta repetir um velho ritual cada vez que aparecem denúncias envolvendo membros do governo: convocar ministros e pedir explicações. Só que Dilma chegou antes e antecipou as providências.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

UM DIA AS ELITES VÃO FAZER CONOSCO O QUE FAZEM EM GAZA



Gaza é a janela de nossa futura distopia. A crescente divisão entre a elite do mundo e sua miserável massa de humanidade é mantida por meio de uma violência em espiral. Muitas regiões empobrecidas do planeta, que caíram no abismo econômico, começam a assemelhar-se a Gaza, onde 1,6 milhões de palestinos vivem no maior campo de concentração do planeta.
Essas zonas de sacrifício, cheias de pessoas deploravelmente pobres, presas em favelas miseráveis ou em aldeias cujas casas têm paredes de barro, cada vez mais vêm sendo sitiadas por cercas eletrônicas, monitoradas por câmeras de vigilância e drones, e rodeadas por guardas de fronteira ou unidades militares que atiram para matar.
Essas distopias de pesadelo se estendem da África subsaariana ao Paquistão e à China. Nesses locais, assassinatos propositais são executados, ataques militares brutais são feitos a pessoas deixadas sem defesa, sem exército, sem marinha e sem força aérea. Todas as tentativas de resistência, embora ineficazes, deparam com a carnificina que caracteriza a moderna indústria da guerra.
No novo cenário global, como nos territórios ocupados por Israel e nos projetos imperialistas dos EUA no Iraque, no Paquistão, na Somália, no Iêmen e no Afeganistão, massacres de milhares de inocentes indefesos são classificados como “guerra”.
A resistência é denominada provocação, terrorismo ou crime contra a humanidade. O respeito às leis, assim como as mais básicas liberdades civis e o direito à autodeterminação, é uma ficção usada como relações-públicas para aplacar a consciência de quem vive nas zonas de privilégio.
Prisioneiros são rotineiramente torturados ou “desaparecidos”. A falta de alimentos e de suprimentos médicos são uma tática de controle aceita. Mentiras permeiam as ondas eletromagnéticas (rádios e TVs). Grupos religiosos, raciais e étnicos são demonizados. Chovem mísseis sobre casebres de alvenaria, unidades mecanizadas atiram em aldeões desarmados, canhoneiras esmagam campos de refugiados com bombardeios pesados, e os mortos, incluindo crianças, enfileiram-se em corredores de hospitais aos quais faltam eletricidade e medicamentos.
O colapso iminente da economia internacional, os ataques ao clima e suas consequências, como secas, alagamentos, declínio rápido de safras e aumento no preço dos alimentos estão criando um universo onde o poder se divide entre elites restritas, que têm nas mãos sofisticados instrumentos de morte, e massas enraivecidas.
As crises vêm incentivando uma guerra de classes que sobrepujará tudo aquilo que Karl Marx poderia ter imaginado. Elas estão construindo um mundo onde a maioria terá fome e viverá com medo, enquanto poucos irão se empanturrar com delícias em fortins protegidos. E mais e mais pessoas serão sacrificadas para manter esse desequilíbrio.
Por ter poder para isso, Israel – assim como os Estados Unidos – desrespeitam o direito internacional para manter na miséria uma população dominada. A presença continuada das forças de ocupação israelenses [nos Territórios Palestinos Ocupados- TPOs] desafia quase cem resoluções do Conselho de Segurança da ONU pedindo sua retirada [dos TPOs].
O bloqueio israelense a Gaza, estabelecido em junho de 2007, é uma forma brutal de punição coletiva que viola o artigo 33 da IV Convenção de Genebra, que determina as regras para a “proteção de civis em tempo de guerra”.
O bloqueio transformou Gaza num pedaço de inferno, num gueto administrado por Israel onde milhares morrem, incluindo os 1,4 mil [são quase 1,5 mil] civis assassinados na incursão israelense de 2008. Com 95% das fábricas fechadas, a indústria palestina virtualmente parou de funcionar. Os restantes 5% operam com 25% a 50% de sua capacidade. Até o setor pesqueiro está moribundo. Israel recusa-se a permitir que os pescadores ultrapassem três milhas náuticas da costa, e dentro desse limite os barcos pesqueiros com frequência são alvo dos tiros israelenses.
As patrulhas de fronteira israelenses confiscaram 35% das terras cultiváveis de Gaza para criar nelas zonas-tampões.

A HUMANIDADE CAMINHA ASSIM.


“Quando a gente tem todas as respostas vem a vida e muda todas as perguntas”, li essa frase pela primeira vez há muito tempo, e de tempo em tempo, em função de algum acontecimento, ela volta a povoar meus pensamentos, quase como um mantra ou uma constatação “interna”.
Mas, na vida de maneira geral, o que é mais importante? Ter todas as respostas, ou saber formular as perguntas certas? Vivemos numa época das respostas prontas, dos livros de auto-ajuda com as dicas para se viver, ser melhor, ter mais sucesso, das fórmulas prontas (todo mundo tem a sua e garante que ela funciona). A educação contemporânea, apesar de muito distinta das mais tradicionais, não ensina a questionar. E questionar não é necessariamente ir contra. Para questionar, precisamos ter uma boa habilidade de observar, aprender com as experiências, escutar, refletir; e a maioria das pessoas não aprendeu a fazer isso. Mesmo com a internet que permite mais possibilidades de escolha do que a televisão, as pessoas acabam escolhendo os textos curtos, as frases de impacto, a leitura fácil que traz em si todas as “respostas”. Mas a vida não é assim.
A vida está sempre nos tirando do lugar, nos questionando, nos abrindo possibilidades de perceber o mundo por outros vieses. Não existem respostas prontas ou certas. O que existe são possibilidades: às vezes muitas, às vezes poucas. E se, ao longo da vida, não aprendermos a escolher diante desse emaranhado de informações, tropeçaremos muitas vezes nas nossas próprias respostas (ou certezas). É muito sedutor saber a resposta: quem não gostaria de ter uma bula com informações sobre nosso semelhante? Quem não gostaria de ter a “bola de cristal” com as respostas sobre o futuro ou sobre o que poderia acontecer se tomássemos determinado caminho?
E a resposta? Quase sempre estará dentro de nós mesmos. O que a vida nos faz através das perguntas que nos coloca ou nos impõe é permitir que possamos aprender a trilhar nosso próprio caminho e nos responsabilizar pelas escolhas que fazemos, porque garantias não temos, nem nunca teremos. Por isso, viver é um desafio, um grande desafio para os que têm coragem de olhar para si mesmos na busca por respostas que só trarão novas perguntas.

E assim deveria caminhar a humanidade.

OBAMA: O SHOW ELEITORAL DO BOM MENINO


Barack Obama representa a esperança mitigada, o que - noves fora - não quer dizer coisa alguma. A esperança é uma dimensão do sonho da cidadania que jamais pode ser sonegada, nem na parte nem no todo. Se ela se constitui numa mera peça de propaganda para captar votos no espetáculo bilionário do processo eleitoral, se trata de uma esperança prostituída, portanto, sem nenhuma validade corrente para a cidadania. Quem protagonizou essa farsa é um fraudador daquilo que é o bem maior dos despossuídos e desassistidos - a aposta e a luta por um futuro digno e menos injusto de milhões de trabalhadores jovens, aposentados, idosos, negros, latinos e uma faixa crescente da classe média que resvala para a indigência e a necessidade.
O primeiro presidente negro dos EUA é o mesmo que vai ratificar sua política militarista e agressiva pelo mundo afora, o mesmo que permitirá que os seus mariners cometam mais massacres de civis nas aldeias famintas e empoeiradas do Afeganistão, o mesmo que vai manter as cerca de mil bases militares do País pelo mundo afora, o mesmo que irá continuar expulsando imigrantes, o mesmo que irá fazer vista grossa para execução em massa das fatídicas hipotecas imobiliárias (usina de homeless) e favorecer o sistema especulativo de Wall Street sem nenhuma contrapartida social pelo auxílio que o Estado lhe prestou no momento crítico e falimentar de sua existência.
A aparência de Obama, sua negritude, seu charme, sua simpatia, sua popularidade, sua performance como ator dramático e sobretudo como mediador do contrato social (leonino e desequilibrado) cai como uma luva para o establishment branco e endinheirado estadunidense. Ele representa uma síntese da nacionalidade multicultural do País, representa a imagem (e somente esta) que o verniz democrático do Império quer exibir ao mundo, representa com riqueza de detalhes a terra de oportunidades que o capitalismo ianque quer brindar a civilização ocidental, representa a legitimação de uma ética social que promete glórias aos vencedores, mas infunde perseverança infinita aos perdedores (especialmente quando estes aumentam em proporção geométrica a cada crise do capital).  
Mais um bilionário show eleitoral terminou nos Estados Unidos. Venceu o mais do mesmo, ainda que esse mesmo não tenha se dado conta que se encontra num plano inclinado, sem rota de retorno.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

BRASIL O PAIS QUE NÃO TEM TROCO

O Brasil é um país que não tem troco. E no país que não tem troco, não sei por que cargas d’água, ao invés de arredondar o preço, decidiram colocar tudo quebrado. Tudo nesse país custa 9,99, 19,99, 29,99. Já percebeu que você nunca vê uma coisa custando, por exemplo, 12 reais? Não. É 11,99. O mais curioso é que o tal do 1 centavo não está em circulação há um bom tempo. Sei lá, acho que desde a copa de 2010 nunca mais se viu aquela moedinha minúscula de 1 centavo.
Outro dia fui numa  loja e perguntei pra caixa se, em caso de um objeto custar 9,99 e o freguês der uma nota de 10 o que ela faz. Ela explicou que se o freguês insistir muito, fizer questão mesmo do troco, ela vai “lá no depósito” e busca a moeda de 1 centavo. Ora, ao invés de ir no depósito buscar a moedinha não seria mais fácil ter um punhado delas dentro da gaveta do caixa?
Todo mundo sabe que o tal do 99 é para enganar cliente. Uma vez vi uma mulher dizendo que um produto custava “19 e pouco”. Na verdade, custava 19,99. Quer dizer, custava 19 e muito. Mas para ela aquele 19,99 era muito, muito menos que 20 reais. O mais curioso de tudo é que agora as coisas custam 136,90. Ora, por quê 136,90? Para fingir que não custa 137? Qual é a diferença?
Antigamente só algumas coisas tinham o preço quebrado. Agora não. É tudo. Uma empadinha pode custar 4,99, um cafezinho 3,99 e um estacionamento em São Paulo 9,99 a hora. Não é 10. É 9,99! Nos cartórios então, os preços quebrados fazem a festa. Uma autenticação? 2,91! Um reconhecimento de firma? 4,93! e por ai vai. Nos postos de gasolina a coisa fica pior ainda. O litro de gasolina custa 2.513! Outro dia passei numa livraria e vi o preço da caixa com todos os vinis dos Beatles: 3.399,90. E na porta de uma concessionária estava lá estampado o preço do carrão: 61.999.90!
Ultimamente tenho andado muito de ônibus e de graça. Dou uma nota de 10 reais pro cobrador, ele abre a gavetinha e me olha assustadíssimo.
- Não tenho troco!
Ótimo. Fico ali na frente sentadinho e na hora de descer pergunto a ele se já tem o troco pros meus 10 reais.
- Nem pensar!
Então desço pela porta da frente, sem o menor problema. Que vontade que tenho de chegar em algum lugar e perguntar quanto custa o litro do leite e o vendedor responder:
Três reais!
Exatos 3 reais redondinhos! Mas não é assim. O litro do leite custa 3,09.
Espero que esses quebrados fiquem apenas nos preços porque já pensou daqui a pouco a Caninha se chamar 50,99, o uísque se chamar Vat 68.90, aquele velho seriado de TV passar a ser Casal 19.90, o banco virar Banco 23 horas e 59, a estrada americana mudar para Rota 65,99? Já pensou quando lembrarmos do saudoso carnavalesco, a gente lembrar do Joãosinho 29,99?
Já pensou se um médico daqueles da antiga colocar o aparelhinho nas suas costas para medir o frêmito toraco-vocal e pedir:
Fala 32,99!
Já pensou?

A IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA FAMILIAR NA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR

Apesar de ter mais de 50 anos de existência, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) só teve seu marco legal [Lei 11.947] sancionado em 2009, graças à mobilização da sociedade civil, sobretudo por meio do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). A disputa travada no Senado não foi fácil, devido à força de setores privados das indústrias de alimentos, refeições coletivas e da bancada ruralista que tentaram, mais uma vez, monopolizar o mercado institucional da alimentação escolar. Com a lei algumas conquistas foram atingidas, como o reconhecimento da alimentação como um direito humano e a obrigatoriedade de que no mínimo 30% dos recursos sejam destinados à compra de alimentos da agricultura familiar através de chamadas públicas de compra, com dispensa de licitação. O PNAE garante a alimentação escolar dos alunos da educação básica em escolas públicas e filantrópicas. Seu objetivo é atender as necessidades nutricionais dos alunos para contribuir na aprendizagem e rendimento, bem como promover hábitos alimentares saudáveis 
Segundo o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão responsável pelo programa, a união repassa a cada dia letivo aos estados e municípios R$ 0,30 a R$ 1,00 por aluno, de acordo com a etapa de ensino. O investimento é calculado com base no censo escolar do ano anterior ao atendimento. A sociedade acompanha e fiscaliza o programa por meio de conselhos, do tribunal de contas e do ministério público, dentre outras instituições. O orçamento de 2012 atingiu R$ 3,3 bilhões para beneficiar cerca de 45 milhões de estudantes, sendo que aproximadamente R$ 900 milhões devem ser direcionados para a compra diretamente da agricultura familiar. A liberação do orçamento de 2013 está previsto para meados de janeiro, com estimativa de cerca de R$ 3,5 bilhões, o que significa R$ 1 bilhão para a agricultura familiar. 
O cardápio a ser oferecido às escolas e os procedimentos para aquisição pública de alimentos também foram alterados pela lei. A comida deve levar em consideração a produção local, a sazonalidade e conter alimentos variados, frescos e que respeitem a cultura e os hábitos alimentares saudáveis, como frutas três vezes por semana. Só podem comercializar com o PNAE os agricultores que possuem a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP). Até julho deste ano, cada agricultor poderia comercializar até R$ 9 mil por ano para o programa, mas a partir da resolução nº 25, do FNDE, o limite passou para R$ 20 mil. A mudança é fruto de um acordo com as mulheres do campo durante a Marcha das Margaridas, segundo a Secretaria de Agricultura Familiar (SAF). As prefeituras e secretarias estaduais são obrigadas a publicar os editais de compras dos alimentos em jornais de circulação local ou na forma de mural em lugar público.
De acordo com o estudo realizado em 2010 pelo FNDE em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), no qual foram encaminhados para as secretarias municipais e estaduais de educação 5.565 formulários, com resposta de 3,136 (14 estados), as regiões sul e sudeste lideram o ranking de compra da agricultura familiar. No sul, mais de 50% dos municípios que responderam compram da agricultura familiar, enquanto no norte apenas 15%. Os gestores da educação apontam como desafio, por município: a falta de DAP das organizações (557), dificuldade de logística (1.094), falta de informação dos atores envolvidos (701), etc. As hortaliças, legumes e verduras, seguidas das frutas, lideram as compras, e as gorduras e óleos com os orgânicos e cereais são os menos comprados. Até o fechamento da matéria o FNDE não disponibilizou dados mais atualizados. 

VEJA SÓ QUE GRANDE IDÉIA: GASES AROMATIZADOS


A tecnologia não pára de avançar, mesmo nos temas mais escatológicos.
Duas marcas inventaram um autocolante, para colocar na roupa interior, que propõe-se a neutralizar o odor dos gases.
Uma das marcas, Subtle Butt (Rabo Sutil), vende pacotes com cinco unidades descartáveis, que irão neutralizar o odor graças a uma camada de carvão ativado aplicada ao autocolante; cada pacote custa US$11,00.
O criador, Kim Olenicoff, explicou a uma revista que este produto “é ideal para usar num avião, no escritório, elevadores, com a namorada depois de uma refeição picante ou, até mesmo, para usar no seu cão” (?!).
A outra marca é a Flatulence Deoderizer (desodorizante da flatulência), que também vende autocolantes com carvão ativado (US$29,00).

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

COISAS QUE SE APRENDE LÁ PERTO DO FIM

Amor não se implora, não se pede não se espera...
Amor se vive ou não.
Ciúmes é um sentimento inútil. Não torna ninguém fiel a você.
Animais são anjos disfarçados, mandados à terra por Deus para
mostrar ao homem o que é fidelidade.
Crianças aprendem com aquilo que você faz, não com o que você diz.
As pessoas que falam dos outros pra você, vão falar de você para os outros.
Perdoar e esquecer nos torna mais jovens.
Água é um santo remédio.
Deus inventou o choro para o homem não explodir.
Ausência de regras é uma regra que depende do bom senso.
Não existe comida ruim, existe comida mal temperada.
A criatividade caminha junto com a falta de grana.
Ser autêntico é a melhor e única forma de agradar.
Amigos de verdade nunca te abandonam.
O carinho é a melhor arma contra o ódio.
As diferenças tornam a vida mais bonita e colorida.
Há poesia em toda a criação divina.
Deus é o maior poeta de todos os tempos.
A música é a sobremesa da vida.
Acreditar, não faz de ninguém um tolo. Tolo é quem mente.
Filhos são presentes raros.
De tudo, o que fica é o seu nome e as lembranças a cerca de suas ações.
Obrigada, desculpa, por favor, são palavras mágicas, chaves que
abrem portas para uma vida melhor
O amor... Ah, o amor...
O amor quebra barreiras, une facções,
destrói preconceitos,
cura doenças...
Não há vida decente sem amor!
E é certo, quem ama, é muito amado.
E vive a vida mais alegremente...

APROVEITAR O TEMPO QUE AINDA FALTA


Mais um ano está por acabar... Mas calma, até lá, temos mais de um mês! Nessa época do ano o que mais escuto (ou no que tenho colocado minha atenção) é que o cansaço prevalece. Muita gente, na torcida de que o ano se encerre para que logo cheguem as férias e com ela a possibilidade de descanso, de recarregar a bateria... que, pelo visto, está nas últimas marquinhas!Mas a realidade é que o ano ainda não acabou, as férias ainda não chegaram e um mês separa a primavera do verão. Até lá muita água passa pelo rio, muitos dias e noites, algumas semanas... E o que você ainda quer fazer antes do ano terminar, antes de colocar sua energia para pensar nos desejos do próximo ano que ainda não chegou?
Uma possibilidade é pensar naquilo que ainda pode ser feito até o ano encerrar. E, quem sabe, finalizar o ano mais satisfeito, realizado, com aquela sensação de dever cumprido... Nem sempre se consegue realizar o que se deseja, mas, quando existem verdadeiras tentativas de solucionar as pendências, ao menos a sensação é de que tudo o que se podia fazer foi feito... e a cabeça pode descansar mais tranquila sobre o travesseiro.
Nem tudo pode ser feito em um dia, a lua leva 4 semanas para voltar a brilhar cheia no céu, as crianças para virem ao mundo esperam cerca de 9 meses nas barrigas de suas mães, e o ano tem seus 12 meses. Assim como cada fase da lua é precedida e seguida por outra, a cada semana de gestação o bebê vai completando sua formação, e a cada mês do ano é possível construir algo que poderá ser completado nos meses subsequentes...
Ainda temos tempo! O tempo que nos resta para o resto que pode ser um belo INÍCIO, um pertinente FIM, ou um bom MEIO para:
fechar pendências e abrir novos rumos;
aparar arestas e colocar pingos nos “is”;
plantar sementes e preparar caminhos;
fechar portas e abrir janelas;
doar aquilo que não serve e sacudir a poeira;
liberar espaços e construir pontes;
desatar nós e criar laços ...para que aí, então, possamos começar tudo novo de novo

COMO DISSE PAULO NOGUEIRA: TODAS AS CRIANÇAS SÃO IGUAIS, MAS ALGUMAS SÃO MAIS IGUAIS QUE AS OUTRAS


Michael Gove, ministro da Educação do Reino Unido, é um conservador. Faz parte do gabinete do premiê David Cameron. Não há nele, portanto, nenhum resquício do que o PIB, o Perfeito Idiota Brasileiro, classificaria de esquerdismo.
Considere, diante disso, o que Gove disse a respeito da mobilidade social entre os britânicos.
Gove colocou o foco na educação. Apenas 7% dos britânicos são educados em escolas privadas. São os filhos das famílias ricas, é claro.
O que acontece, então? Os alunos saídos das escolas particulares têm, na vida adulta, imensa vantagem sobre os demais.
“Mais do que em quase todo país desenvolvido, na Inglaterra o berço dita o progresso da pessoa”, disse Gove. “Aqueles que nasceram pobres provavelmente permanecerão pobres e aqueles que herdaram privilégios provavelmente transmitirão os privilégios a seus filhos. Para aqueles de nós que acreditam em justiça social, esta estratificação e esta segregação são moralmente indefensáveis.”
Justiça social?
Nosso PIB tremeria diante dessa expressão de comunistas ateus que comem criancinhas e amordaçam a “imprensa crítica”, para usar a nova e engraçada expressão usada pela Folha de S. Paulo. E correria para ler o que Reinaldo Azevedo diz sobre “justiça social”, para se sentir protegido e reassegurado em suas convicções.
Mas atenção. Michael Gove é, repito, conservador, exclamação. Jornalista de formação, articulista do Times, de Murdoch, Gove é 100% capitalista.
Mas, ao longo da história, muitas vezes homens públicos liberais como Gove se viram na obrigação de defender o capitalismo dos capitalistas.
Ted Roosevelt, presidente americano do começo do século 20, foi um caso clássico. Ele inaugurou a chamada Era Progressista, nos Estados Unidos, ao longo da qual os monopólios foram desfeitos e os direitos dos trabalhadores e dos negros começaram a ser afirmados.
Seus amigos magnatas reclamaram dele, e Roosevelt lamentou, certa vez, que eles não percebessem que ele estava agindo em benefícios dos queixosos mesmos, para evitar transtornos sociais que poderiam levar à esquerdização do país.
O Instituto Millenium, reduto da vanguarda do atraso nacional, poderia ouvir Michael Gove.
O Millenium, uma espécie de Tea Party caipira, fala em meritocracia, mas como você pode falar nisso, sem cair no ridículo, quando você vive num país cuja transmissão de privilégios pela via da educação em escolas privadas é muito maior do que aquela descrita pelo ministro da educação da Inglaterra?
Considere agora.
Onde está esse debate no Brasil? Me refiro à perpetuação de privilégios pelo berço e pela escola, e pela intrínseca negação à meritocracia encerrada nela?
Em nenhum lugar?
Talvez fosse o momento então de iniciá-la.

BRASIL: UM NOVO TEMPO


Nem faz tanto tempo, o Brasil fazia papel de gandula e de pedinte na cena política internacional.
Na viagem de quatro dias à Espanha para participar da 22ª Cúpula Ibero-Americana, encerrada nesta segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff mostrou que o Brasil inverteu estes papéis nos últimos anos.
De devedores a credores do FMI, percorremos um longo caminho de afirmação até Dilma entrar no Palácio Real para ouvir do rei da Espanha, Juan Carlos, um pedido para o Brasil contratar mais profissionais espanhóis, que enfrentam um dos índices mais altos de desemprego da Europa, e aumentar os investimentos das empresas brasileiras no país.
Quem poderia imaginar o rei da Espanha pedindo ajuda ao Brasil para tirar o país da maior crise da sua história recente?
Acontecia exatamente o contrário até outro dia, quando levas de brasileiros deixavam o nosso país em busca de emprego na Europa, e capitais espanhóis investidos aqui batiam em 80 bilhões de dólares.
Agora, Juan Carlos quer inverter o fluxo de capitais, argumentando que seu país tornou-se "a base europeia para muitas empresas ibero-americanas e queremos que seja também para as brasileiras".
Em questões migratórias, hoje estamos empatados: enquanto 100 mil espanhóis estão vivendo no Brasil, 100 mil brasileiros moram na Espanha.
O diálogo de igual para igual entre Juan Carlos e Dilma, com o Brasil dando exemplos de como enfrentar a crise econômica mundial e oferecendo ajuda à Europa, era algo impensável alguns anos atrás.
A presidente lembrou o que aconteceu nos anos 80 do século passado quando o Brasil era devedor do FMI e enfrentava uma estagnação econômica, como hoje acontece em vários países europeus.
"Só conseguimos sair de uma situação de crise e modificar a situação do Brasil quando combinamos robustez fiscal, ou seja, controle dos gastos públicos com crescimento; quando combinamos controle da inflação com distribuição de renda; quando apostamos no nosso mercado interno e desenvolvemos também uma política de exportações".
Em Madri, ao abrir o seminário "Brasil na senda do crescimento", Dilma defendeu um "amplo pacto global para a retomada do crescimento" e advertiu que "se todos fizerem ajustes simultâneos, o resultado é a recessão".
A presidente fez ainda em seu discurso uma veemente defesa da União Europeia, definida por ela como "uma das maiores conquistas da humanidade" e, antes de retornar ao Brasil, deixou claro que não vai deixar a Espanha na mão, como relata Clóvis Rossi, enviado especial da "Folha":
"A visita da presidente Dilma Rousseff à Espanha foi, acima de tudo, um esforço para demonstrar que o Brasil não tem a intenção de deixar o parceiro abandonado à própria sorte".
São outros tempos, bons tempos para o Brasil.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

NO OUTRO LADO DO RIO


Há poucos dias, ouvi um conto que me chamou muito a atenção pela simplicidade e profundidade das palavras. Era a história de dois monges que iam atravessar um rio. Quando chegaram à margem do rio, havia uma menininha que lhes pediu ajuda para poder atravessá-lo. Entretanto, havia uma regra para essa congregação de monges: eles não podiam tocar em uma mulher. Apesar de estar infringindo essa regra, um dos monges pôs a menina nos ombros e a levou até a outra margem do rio. Ao chegarem ao monastério, o outro monge estava muito contrariado e disse que teria de tomar providências, pois uma das regras havia sido transgredida e ele deveria ser punido por isso. O monge que havia levado a menina nos ombros lhe disse: “eu atravessei o rio com a menina e a deixei na outra margem, você ainda a está carregando” . Apesar de saber que minha tradução do conto não é tão fiel quanto a versão original, o impacto dele permanece. Não sei dizer ao certo se pelo simbolismo ou se também pelo contexto: sábias palavras proferidas por uma grande mulher, até hoje ele ecoa em meus pensamentos.
Acho que uma das mensagens mais interessantes contidas nessa parábola é a questão de como e o quanto nos apegamos a regras e leis. É certo que necessitamos delas para viver em sociedade, mas precisamos aprender a relativizar. Outra e talvez a mais interessante das mensagens contidas nesse conto é sobre o quanto carregamos coisas, de como custa livrarmo-nos de pré-conceitos, avaliações e de tudo aquilo que não nos serve, mas que passamos a vida carregando.
O que somos hoje foi construído ao longo dos anos que vivemos, um amontoado de crenças, regras, auto-conceitos, tudo o que utilizamos para fazer referência ao que somos e quem somos e todos os “porquês” daquilo que fazemos.  Mas, dentre todas essas coisas que utilizamos e, muitas vezes, a que nos apegamos para fazer referência a nós mesmos, algumas delas foram incorporadas sem nenhuma avaliação prévia, não filtramos, apenas absorvemos. E, dessas coisas, muitas não nos servem mais, e sobre elas precisamos colocar nossa atenção, pois carregar aquilo que não corresponde ao que acreditamos, somente nos impede de sermos mais fluidos e leves.
Carregar pré-conceitos, que apenas são uma repetição de hábitos culturais ou familiares, é só uma forma de mantermos as coisas como sempre foram, engolindo sem mastigar, e isso pode ser realmente indigesto. É fato que olhar para nossas próprias crenças e formas de viver pode gerar uma certa apreensão e ansiedade, mas livrarmo-nos do peso desnecessário que carregamos nos ombros pode ser compensador: quero ser aquele que faz o que julga correto e segue seu caminho.

DEMOCRACIA DIRETA: UM EXEMPLO DE UM PAÍS ESTRANHO

A Islândia é uma ilha com pouco mais de 300 mil habitantes que parece decidida a inventar a democracia do futuro.
Por uma razão não totalmente clara, esse país que fora um dos primeiros a quebrar com a crise financeira de 2008 sumiu em larga medida das páginas da imprensa mundial. Coisas estranhas, no entanto, aconteceram por lá.
Primeiro, o presidente da República submeteu a plebiscito propostas de ajuda estatal a bancos falidos. O ex-primeiro-ministro grego George Papandreou foi posto para fora do governo quando aventou uma ideia semelhante. O povo islandês, todavia, não se fez de rogado e disse claramente que não pagaria nenhuma dívida de bancos.
Mais do que isso, os executivos dos bancos foram presos e o primeiro-ministro que governava o país à época da crise foi julgado e condenado. Algo muito diferente do resto da Europa, onde os executivos que quebraram a economia mundial foram para casa levando no bolso "stock options" vindos diretamente das ajudas estatais.
Como se não bastasse, a Islândia resolveu escrever uma nova Constituição. Submetida a sufrágio universal, ela foi aprovada no último fim de semana. A Constituição não foi redigida por membros do Parlamento ou por juristas, mas por 25 "pessoas comuns" escolhidas de maneira direta.
Durante sua redação, qualquer um podia utilizar as redes sociais para enviar sugestões de leis e questionar o projeto. Todas as discussões entre os membros do Conselho Constitucional podiam ser acompanhadas do computador de qualquer cidadão.
O resultado é uma Constituição que estatiza todos os recursos naturais, impede o Estado de ter documentos secretos sobre seus cidadãos e cria as bases de uma democracia direta, onde basta o pedido de 10% da população para que uma lei aprovada pelo Parlamento seja objeto de plebiscito.
Seu preâmbulo não poderia ser mais claro a respeito do espírito de todo o documento: "Nós, o povo da Islândia, queremos criar uma sociedade justa que ofereça as mesmas oportunidades a todos. Nossas diferentes origens são uma riqueza comum e, juntos, somos responsáveis pela herança de gerações".
Em uma época na qual a Europa afunda na xenofobia e esquece o igualitarismo como valor republicano fundamental, a Constituição islandesa soa estranha. Esse estranho país, contudo, já não está mais em crise econômica.
Cresceu 2,1% no ano passado e deve crescer 2,7% neste ano. Eles fizeram tudo o que Portugal, Espanha, Grécia, Itália e outros não fizeram. Ou seja, eles confiaram na força da soberania popular e resolveram guiar seu destino com as próprias mãos. Algo atualmente muito estranho.

O BATMAN DO "PIB"

Presidente Joaquim Barbosa.
Juro. Como eu gostaria de ver Joaquim Barbosa ceder à tentação e concorrer à presidência em 2014.
Teríamos uma real oportunidade de ver o quanto a voz rouca das ruas verdadeiramente admira o nosso Batman, aspas.
Era previsível que a candidatura de JB fosse ventilada e desejada pelo PIB, o Perfeito Idiota Brasileiro. Aos antigos heróis do PIB — Ali Kamel, Reinaldo Azevedo, Jabor, Dora Kramer, Augusto Nunes, Merval Pereira, Ricardo Setti e semelhantes – somou-se agora, em seu uniforme de Batman e seu palavreado pernóstico, Joaquim Barbosa.
Uma breve pausa para risos.
Na falta de candidato forte, com o sepultamento das esperanças em Serra, ele próprio um PIB, o Perfeito Idiota Brasileiro se agarraria a qualquer esperança que aparecesse, como doentes terminais que correm a cirurgias mediúnicas na busca do milagre.
O que o PIB não percebe é que JB é um problema e não uma solução. Qualquer candidato que queira ser viável no Brasil contemporâneo tem que ser versado em justiça social.
Em todo o mundo civilizado, e o Brasil não é exceção, o maior desafio dos homens públicos é enfrentar a brutal concentração de renda ocorrida nas últimas décadas – e a abjeta iniquidade decorrente dela.
Romney perdeu de Obama, mesmo com os Estados Unidos numa crise econômica que em geral derruba presidentes em busca de segundo mandato, porque Obama explorou nele o símbolo da desigualdade americana, um magnata que despreza os pobres e paga impostos ridiculamente baixos.
François Hollande bateu Sarkozy também porque os franceses viram em Sarkozy o representante do 1% cada vez mais rico à custa dos 99%. Na Venezuela, Caprilles se apropriou dos programas sociais de Chávez, que ele desprezara antes como assistencialistas, e ainda assim foi derrotado por ampla margem porque Chávez vem tendo um enorme sucesso na redução da miséria venezuelana.
Na China, a troca de poder que está se fazendo agora depois de dez anos, como tem acontecido lá, a expressão mais utilizada é “justiça social”. O governo chinês entende que o maior desafio, para o futuro, é evitar que a sociedade se divida entre poucos ricos e muitos pobres, porque isso significa riscos para a coesão do país.
Na Inglaterra, hoje mesmo, os presidentes das filiais de três grandes multinacionais – Google, Starbucks e Amazon – estão explicando ao Parlamento por que suas empresas pagam tão pouco imposto. “É como se as multinacionais pagassem impostos voluntariamente”, disse um parlamentar.
Também por trás desse movimento (que se vai internacionalizando) de cerco a grandes corporações que fazem todos os truques possíveis para evitar impostos está a busca de justiça social.
Dentro deste mundo novo, a figura engalanada de Joaquim Barbosa surge absurdamente deslocada. É um heroi apenas para ele, o nosso PIB, o Perfeito Idiota Brasileiro.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

NÃO ESQUEÇA: TODOS NÓS TEMOS PRAZO DE VALIDADE

Em absoluto silêncio, o casal estava diante do túmulo de sua filha de 19 anos recentemente falecida. A dor era quase insuportável. Tudo parecia ter desabado em suas vidas e a fé, que ainda se mantinha acesa, navegava em meio às brumas. A esposa quebrou o silêncio e comentou: haverá mesmo outra vida? E ela mesma respondeu: ninguém voltou para confirmar.
Não longe dali, no ventre de uma mulher grávida, dois bebês dialogavam. - Você acredita mesmo na vida após o nascimento? O segundo bebê respondeu: - com toda a certeza. Algo deve haver após o nascimento. Talvez estejamos aqui nos preparando para aquilo que seremos depois. O primeiro bebê insistiu: - bobagem, não há vida após o nascimento. E, se houver vida, como seria? - Eu não sei exatamente, mas imagino um lugar cheio de luz, de encanto, de maravilhas, de surpresas, onde caminharemos com nossos pés, quem sabe comeremos com nossa boca.
Após um período de silêncio, o bebê cético voltou a argumentar. - Tudo isso é ilusão. O cordão umbilical é muito curto, a possibilidade de uma vida após o nascimento é uma ilusão. O diálogo prosseguiu: - talvez seja uma vida diferente, mas haverá uma mãe que nos cuidará. - Mamãe? Você acredita em mamãe, contra-atacou o irmão, onde ela está? Eu nunca vi a mamãe, é claro que não existe nenhuma mãe. - Bem, às vezes, quando estamos em silêncio, tenho a impressão de ouvi-la cantarolar canções cheias de ternura, de alguma maneira sinto seu carinho, ela nos ama. E antes de adormecer, declarou: - eu penso que a verdadeira vida nos espera, estamos apenas nos preparando para ela.
Diante do primeiro túmulo da humanidade surgiram as primeiras perguntas sobre a vida e a morte e sobre a vida que vem depois da morte. Na realidade, desde que nascemos caminhamos para a morte. Temos prazo de validade, morremos um pouco a cada dia. Acostumados a coisas concretas, temos dificuldade em imaginar um futuro diferente. É a lagarta insaciável que jamais imagina um dia tornar-se borboleta. Mas no mais íntimo de nós há uma certeza: a vida não pode terminar assim, o amor que vivemos não pode acabar. Temos desejos infinitos, embora não saibamos estabelecer os limites destes horizontes.
Um dia o véu da eternidade foi levantado, por uns instantes, para o apóstolo Paulo. E na incapacidade de exprimir a realidade, ele garantiu: “Os olhos jamais viram, os ouvidos jamais escutaram, o coração jamais imaginou as surpresas que Deus reserva aos que o amam” (1Cor 2,9). Aqui está a chave da vida futura: as surpresas de Deus. 

É NA SUBJETIVIDADE QUE RESIDE A FELICIDADE

O tráfico de drogas no mundo movimenta, por ano, US$ 400 bilhões. Há cálculos que dobram o valor. Os dados são do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime. O consumo de drogas mata 200 mil pessoas/ano.
O Brasil é, hoje, o segundo maior consumidor de cocaína, atrás apenas dos EUA. Dados de 2010 indicam que 0,6% dos brasileiros já consumiram o pó derivado da folha de coca. Entre 2004 e 2010, foram aprendidas, no país, 27 toneladas de cocaína.
Um debate se impõe: como lidar com a questão? O número de usuários e dependentes aumenta, o tráfico dissemina a violência, as medidas repressivas não surtem efeito.
O Reino Unido deve mudar sua política em relação às drogas que, a cada ano, levam às prisões 42 mil pessoas e, ao cemitério, 2 mil. O gasto anual é de 3 bilhões de libras (R$ 9,8 bilhões).
A proposta dos especialistas ingleses que analisaram a questão por seis anos é não considerar crime o consumo de pequenas quantidades, e sim delito civil. O usuário seria multado, obrigado a comparecer a reuniões sobre o uso de drogas e, em caso de dependência, encaminhado a tratamento.
No Brasil, já conta com mais de 120 mil assinaturas o anteprojeto à mudança da lei 11.343-2006, proposta pela Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia que, com o Viva Rio, apoia a campanha “Lei de drogas: é preciso mudar”.
O anteprojeto diferencia usuário e traficante. O usuário seria advertido, prestaria serviços à comunidade e, caso necessário, encaminhado à reeducação. O traficante, obviamente, continuaria penalizado.
A Comissão Global de Políticas sobre Drogas, da ONU, presidida pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, enfatiza o fracasso das políticas de combate ao tráfico e defende a descriminalização do consumo. O consumo cresce muito mais rápido que as medidas tomadas para coibi-lo. Entre 2009 e 2011, foram identificadas, em países da União Europeia, 114 novas drogas psicoativas, cujo comércio é facilitado pela internet.
A proposta dos peritos ingleses é descriminalizar o cultivo doméstico de maconha para uso pessoal. Porém, continuariam criminalizados o consumo de cocaína e heroína.
Portugal aboliu, desde 2001, todas as penas criminais para a posse de drogas. Já os traficantes e produtores, mesmo domésticos, continuam penalizados. Os usuários flagrados com grande quantidade são encaminhados a tratamento. Nos EUA, os estados de Oregon, Colorado e Washington decidem, neste mês, se legalizam a maconha.
Encontrar a solução adequada não é fácil.Quem lida vários anos com dependentes químicos sabe  o quanto é inútil manter, no Brasil, a atual legislação proibitiva e repressiva. Ela só favorece o narcotráfico e os policiais corruptos.
A descriminalização do consumo me parece uma medida humanitária. Todo dependente químico é um doente e precisa ser tratado como tal. Mas como evitar que o consumo não anabolize a assombrosa fortuna dos traficantes? Ainda que se mantenha a proibição das chamadas drogas pesadas, em geral caras, como estancar a disseminação do crack, mais barato e tão devastador?
Há uma questão que merece ser aprofundada por todos os interessados no problema: por que uma pessoa usa drogas? O que a motiva a buscar uma alteração de seu estado normal de consciência? Por que ela experimenta sensação de felicidade apenas sob efeito de drogas?
A droga é um falso sucedâneo para quem carrega um buraco no peito. Esse buraco resulta do desamor e das frustrações frequentes numa sociedade tão egocêntrica e competitiva.
Uma cultura que se gaba de ter fechado o horizonte às utopias, a “outros mundos possíveis”, às ideologias libertárias, ao sonho de que, “daqui pra frente, tudo pode ser diferente”, encurrala, sobretudo os jovens, em ambições muito mesquinhas: riqueza, fama e beleza.
Como diz Jesus, “onde está seu tesouro, aí está seu coração”. Muitos que não têm a sorte de ver seu sonho tornado real, sabem como fazê-lo virtual... E ainda que disto não tenham consciência, estão gritando a plenos pulmões ter ao menos uma certeza: a de que a felicidade reside na subjetividade.

CONTINUAR CHAMANDO CARMINHA DE MALVADA É TER ENTENDIMENTO E SENSIBILIDADE DISTORCIDA.

Acabou Avenida Brasil. O país parou para ver o último capítulo e saber quem matou Max e qual seria o destino final de Carminha. Ao chegar ao fim quero trazer aqui minha leitura, uma a mais na enxurrada de comentários já feitos sobre a grande obra de João Emanuel Carneiro.
Jamais me convenceu a interpretação de que Carminha era a vilã e Nina a mocinha da trama. Vejo minha intuição confirmadíssima. Carminha vilã? Quem somos nós para apontar o dedo na direção de uma mulher que ainda em tenra idade viu com seus olhinhos virgens de maldade o pai matando friamente a mãe com um tiro no peito? E que depois foi atirada por esse pai no lixão como quem se livra de um traste, de um escolho indesejável?
Onde estamos com a cabeça – e com o coração? - ao condenar Carminha, essa mulher não medíocre, essa sobrevivente do próprio pai bandido, que um dia fugiu do lixão em busca de uma vida mais digna? E teve que viver na rua, mendigar até ser recolhida por uma cafetina que a empregou como prostituta na Vila Mimosa? Alguém se atreve a fazer a radiografia desse coração de menina e mulher para ver o tamanho das chagas que o feriram de morte para sempre e lhe deram a garra sobre-humana para superar qualquer obstáculo a fim de manter-se viva e com a cabeça fora da lama?
Todos esses horrores a levaram a uma trajetória impiedosa para alcançar seus objetivos. E esses se resumiam em sair da pobreza asquerosa onde a haviam jogado a irresponsabilidade e a crueldade paternas e encontrar um lugar ao sol. É verdade que ela procedeu sem dó nem piedade com Nina e muitos outros.
Enquanto isso, qual o itinerário de Nina? Sofrido também, com a perda da mãe, a entrada de uma madrasta odiada em sua casa e a perda do pai e a ida para o lixão levada por Max, sob a orientação de Carminha. É compreensível a raiva que a menina sentiu. Porém Nina – aliás, Rita – tem amor a recordar. Pode lembrar-se do amor da mãe, do desvelo do pai, do carinho de ambos que lhe foram subtraídos pela morte e não a abandonaram a um destino implacável. Nina ficou pouco tempo no lixão, sendo logo adotada por um rico e carinhoso argentino, que a criou entre os montes e vinhedos de Mendoza. Ali ela pôde participar da colheita da uva, e pisoteá-la com seus pés, juntamente com as irmãs e os amigos. Ali ela descobriu sua vocação de “chef” e aprendeu a fazer iguarias. Ali recebeu uma herança que lhe permitiu voltar ao Brasil e viver com conforto, para poder trabalhar por diletantismo, enquanto preparava a vingança que desfechou sobre Carminha.
Nina está longe de ser uma pessoa ética. Fica à vontade com Max e com os garotos de programa da cafetina Neide. Trama e faz alianças com Deus e o diabo para levar adiante seus planos. Envolve Nilo e outros pobres diabos do lixão em sua trama. Cheia de ódio, centra a vida na vingança que quer perpetrar. E nem o amor de e por Jorginho consegue afastá-la daquilo que se tornou o centro de sua vida: acabar com Carminha.
Quem condenará Carminha, quem lhe atirará a primeira pedra? O devasso Leleco ou a neo-burguesa deslumbrada Muricy? O egoísta Tufão, que durante doze anos prestou tão pouca atenção à mulher com quem se casara que sequer percebeu que ela o traía debaixo de seu teto? E que atropelou o pobre Genésio e omitiu socorro para não atrapalhar sua vida de super craque?
Quem, no lugar de Carminha, seria capaz de ter a nobre atitude final do último capítulo? Quem abriria mão do último golpe em nome da vida dos outros, inclusive da pior inimiga? Continuar chamando Carminha de malvada é ter o próprio entendimento e sensibilidade distorcidos. Entre Carminha e Nina existe uma coisa que é clara. A vilã não é Carminha.

CRER OU NÃO CRER, EIS A QUESTÃO.


Com frequência ouvem-se desabafos angustiantes e sinceros de muitos pais, avós e até religiosos que lamentam a distância de seus filhos e das novas gerações das práticas religiosas. Ao experimentar certas situações não faltam expressões como estas: “A fé está se indo!”... “Não é mais como antigamente!”... “Estamos perdidos!”
Não faltam aqueles que compram brigas, insistindo na obrigação das práticas e até acenam para desgraças que ameaçam os indiferentes. A tática da imposição e a apelação para o medo parece ser uma estratégia que produz efeito contrário. É bom lembrar o que nos diz a carta de João: “No amor não há temor; ao contrário, o perfeito amor lança fora o temor, porque o temor implica um castigo, e o que teme não chega à perfeição do amor”
Não podemos esquecer que houve um tempo em que todo o mundo ocidental era cristão. Todas as atividades se deixavam orientar pelo cristianismo, mais precisamente pela Igreja: a ciência, a literatura, as artes, as instituições políticas e sociais etc. Por ser um fenômeno de massa, o cristianismo era mais uma religião sociológica do que fruto de uma adesão pessoal livre, consciente e responsável.
Hoje, vivemos uma situação contrária. Pretende-se retirar Deus do mundo, da cultura e das instituições. No entanto, o que se constata é que as razões de crer e não crer se tornam cada vez mais fortes e mais vivas. Não nos enganamos quando afirmamos que o clima de nosso tempo favorece mais o ateísmo ou a indiferença religiosa do que a fé cristã. Nesta realidade, para muitos a situação se torna uma ocasião de aprofundamento da fé e para outros tantos, uma ocasião de abandono.
Nesta “mudança de época” o que nos cabe pensar e fazer? Seria melhor nos situar como assistentes passivos ou deixar passar o tempo para ver as consequências? Poderíamos voltar a ser combativos e bater de frente com a descrença, ou até polemizar com os que pensam de modo diferente? Quais seriam os caminhos para uma fé renovada?
Diante das muitas inquietações da fé, lembrei-me da parábola da árvore na montanha. Quando estava no meio do bosque cerrado, podiam chegar ventos fortes e tempestades que ela se sentia protegida pelas outras que lhe davam segurança. Porém, quando o agricultor derrubou o bosque e a deixou sozinha no descampado, as coisas mudaram. Cada vento e cada tempestade eram uma ameaça a sua queda, pois não tinha mais a proteção ao seu redor. Depois de uma longa crise ela decidiu firmar e aprofundar as raízes. Só então se sentiu segura para crescer e se expandir.
Não podemos mais fazer depender a qualidade da fé pela unanimidade dos que creem. Todo o tipo de ventania se abate sobre a humanidade em tempos de mudanças rápidas, profundas e globais. Nesta fase da história os novos ventos de Pentecostes estão a exigir decisões pessoais conscientes e livres para que as raízes da fé garantam a fecundidade geradora de novas comunidades.

CLIMA ESPALHA DESTRUIÇÃO.


Das peripécias climáticas ninguém escapa, nem o poderoso Estados Unidos, atingido pela supertempestade Sandy na terça 30 de outubro - e nem municípios gaúchos (leia abaixo)..
Nada, na atualidade, se compara à devastação causada pela supertempestade Sandy, que matou 112 pessoas em 15 Estados norte-americanos, uma no Canadá e 67 no Caribe, até segunda 5. Inicialmente denominada furacão de média intensidade, passou a ser considerada pior, no volume de danos, que o furacão Katrina, que dizimou a costa sudeste americana em 2005 e fez cerca de mil mortos.
A fúria da tempestade ganhou fama por deixar suas marcas na Costa Leste, em especial Nova York. Em sua passagem, espalhou sujeira, amontoou lixo, deixou sem eletricidade milhões de pessoas em toda a região, além de seis milhões de casas e empresas; provocou incêndios e fez com que a água do mar invadisse a cidade americana mais populosa, Nova York, com mais de 8 milhões de habitantes. Até estações de metrô ficaram submersas, cena absolutamente incomum para aquela metrópole.
Como se não bastasse, em meio à escassez e à falta de energia, o frio chegou. O governador do Estado de Nova York, Andrew Cuomo, disse que, com as temperaturas geladas, dezenas de milhares de pessoas afetadas pela Sandy podem precisar de moradia em breve.
Os prejuízos para os norte- americanos superam os US$ 50 bilhões, o que levou o presidente Barak Obama a afirmar: que “A tempestade ainda não acabou.” Há registros de danos ainda nas refinarias de petróleo, oleodutos, terminais e portos. Tudo isso na véspera das eleições presidenciais, realizadas nesta terça 6. A supertempestade, como era de se esperar, ganhou ares políticos.


Previsão para o Sul
A previsão climática de consenso para o trimestre novembro e dezembro de 2012 e janeiro de 2013 indica maior probabilidade de chuvas na categoria acima da normal (40%), devido à previsão de persistência do aquecimento das águas superficiais adjacentes à costa das regiões Sul e Sudeste brasileiras. As temperaturas previstas situam-se dentro da normalidade. Nas demais áreas, entre nomal e acima do normal.

JUVENTUDE TEM JORNADA MUNDIAL

No dia 31 de outubro foram acolhidos, aqui no Rio Grande do Sul, dois símbolos de fé que caracterizam a Jornada Mundial da Juventude: a Cruz Peregrina e o Ícone de Nossa Senhora. Esses símbolos percorrerão todo o Estado durante o mês de novembro. Em cada diocese estará acontecendo programação específica marcada por momentos de formação, celebração e oração, além de experiências de solidariedade.
Trata-se de uma oportunidade impar para cultivo da dimensão místico-religiosa – dimensão esta constitutiva do ser humano. Mas não só! A Cruz é expressão de tantas cruzes que caracterizam nossa juventude: a cruz da drogadição, do extermínio de jovens, da carência de postos de trabalho; a falta, muitas vezes, de referências e referenciais seguros, além das dificuldades de acesso à educação e formação intelectual com qualidade.
Por isso, esse tempo nos está sendo oferecido para, em torno da Cruz e do Ícone, criarmos condições para que nossa juventude se sinta sempre mais motivada a assumir o protagonismo que lhe compete na construção de uma sociedade mais humana e cristã. É um tempo especial, privilegiado.
Os jovens representam o potencial de uma sociedade, tanto no presente quanto para o futuro. A partir da experiência de encontro com a pessoa de Jesus Cristo, a Igreja crê estar cooperando para a construção de caminhos sólidos e indicando horizontes, nos quais os jovens de hoje possam ser os homens e as mulheres do amanhã, autenticamente engajados na construção de uma sociedade orientada e sustentada por valores éticos, cristãos, universais.
Oxalá todas as forças da sociedade - igrejas, governos, escolas, formadores de opinião, entidades diversas – se disponham a investir na juventude. Por isso, a Jornada Mundial da Juventude, que será celebrada no Rio de Janeiro em julho de 2013 e que estamos já vivendo no Rio Grande do Sul, se une em coro com os jovens de todo o Brasil, formando como que uma grande sinfonia, cujo tema é a proclamação do valor da vida, e a necessidade de promovê-la em todas as suas dimensões.

O BRASIL TEM 101 MILHÕES DE ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO


O Brasil tem a segunda maior população de cães e gatos do mundo, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet). O mercado nacional é também o segundo, atrás somente dos Estados Unidos. O setor movimentou R$ 12,2 bilhões no ano passado, 8% dos US$ 86 bilhões que o setor faturou no planeta. 
A maior fatia do bolo de R$ 12,2 bilhões refere-se à alimentação animal, que responde por 69% do faturamento total. Outros 16% devem-se à prestação de serviços. E o restante é dividido entre medicamentos veterinários, acessórios e equipamentos.
O Brasil conta com população superior aos 101 milhões de animais de estimação (pets), conforme a Abinpet, o que coloca o país na quarta colocação mundial. A preferência nacional são os cães, que correspondem a 37,1 milhões desse total. Os aquários abrigam 25 milhões de peixes. Já os amantes dos gatos cuidam de 21,4 milhões de indivíduos e 18,5 milhões de aves povoam viveiros e gaiolas, enquanto as outras espécies domésticas somam 2,1 milhões de bichos.
Já no mundo, os gatos são mais populares que os cães: são 204 milhões de bichanos ante 173 milhões de cachorros.
Curiosidade - A palavra pet tem mais de um sentido. Quer dizer animal domesticado ou, conforme verbo em inglês, significa mimado, favorito. Por conta disso, os animais domésticos são chamados de pet.

PRODUÇÃO: SUL PERDE PARA O CENTRO-OESTE


Algo inimaginável há alguns anos, Mato Grosso acaba de assumir a liderança isolada como o maior produtor agrícola do país. Ele foi o responsável, na última safra, por 24% de toda a produção nacional de grãos, o que representa, em números redondos, que o desempenho deste Estado atingiu a marca de 40 milhões de toneladas. Os dados foram apurados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Soja, milho e algodão comandam a arrancada mato-grossense. A qualidade da terra, a mecanização e o regime favorável de chuvas contribuem para um contínuo crescimento da fronteira agrícola. Na economia do Estado é importante também a pecuária.
A produção de grãos no país – apesar dos problemas climáticos – também é recorde com 165,92 milhões de toneladas no ciclo de 2011/2012. O Paraná perdeu a liderança e ficou em segundo, com 31,7 milhões de toneladas (19%), seguido pelo Rio Grande do Sul (que, devido a anomalias do clima, em particular a estiagem, produziu apenas 21 milhões de toneladas, com queda de 27% sobre a colheita anterior). Como Goiás também se destacou (18 milhões de toneladas), o Sul deixou de ser o celeiro agrícola brasileiro, título agora ostentado pelo Centro- Oeste.

"EM TEMPOS DE CRISE: VIVER JUNTOS, PARA VIVER MELHOR"

Cada vez mais italianos adultos estão vivendo com os pais. E não se trata de uma questão exclusiva de comodismo. Segundo especialistas, o fenômeno cresce principalmente devido à crise econômica na Europa - o desemprego médio no país gira em torno de 10%, índice que pula para 30% entre os jovens de 20 aos 30 anos.
Chamados de “bamboccioni” (crianças grandes), cerca de 30% dos italianos moram hoje com os pais. Dado foi apurado por pesquisa da Coldiretti, associação nacional de produtores agrícolas, e da Censis, empresa de pesquisa de mercado. Se for tomada apenas a faixa etária entre 18 e 29 anos, o percentual salta para 61%.
Essa situação não é nova. A Itália sempre valorizou muito a união familiar, a mãe conserva um papel destacado na sociedade e os italianos, independente de classe social e idade, têm apego muito forte com a região de origem – exagerado, em muitos casos. Prova desse apego é que os jovens italianos viajam muito menos do que seus contemporâneos na Grã- Bretanha, Alemanha, ou Austrália. Mas a tendência cultural foi se acentuando em razão da crise - o número de jovens italianos que moram com os pais cresceu muito em comparação aos 48% de 1990.
Os italianos precisam permanecer juntos mais do que nunca por causa do aumento cada vez maior dos combustíveis e dos alimentos, das demissões e do rigoroso pacote de austeridade montado pelo governo de Mario Monti, o primeiro-ministro tecnocrata que substituiu o desacreditado Silvio Berlusconi.
É simplista demais, e até injusto, afirmar que os italianos que moram com os pais são preguiçosos. Mas há uma geração que luta apenas para se alimentar e se vestir. São os chamados Neet – nada de emprego, educação e nem treinamento -, sem possibilidades de morar por conta própria. Nessa condição, vale o título do relatório da Coldiretti e da Censis: “A crise econômica - viver melhor, vivendo juntos”.

VIOLÊNCIA NO TRANSITO SÓ MELHORA COM EDUCAÇÃO

A morte de 40 mil pessoas a cada ano no trânsito brasileiro é um atestado de imprevidência e incapacidade. É inadmissível que um país conviva com uma tragédia dessas proporções sem uma reação enérgica. Já foi pior, podem argumentar conformistas com esta realidade, citando os efeitos da Lei Seca, em vigor desde junho de 2008. Mas mesmo estes sabem que o total de vítimas continua alto e que é no mínimo preocupante a proporção de motoristas flagrados com teor alcoólico acima do permitido.
Dirigir bêbado, desrespeitar limites de velocidade e outras irregularidades são cometidas diariamente ao volante de milhares de veículos no país. O resultado quase sempre é triste. Mas não só para esses motoristas. 32,8% das vítimas fatais são motociclistas, os ocupantes de carros representam 27,8% e os pedestres, os mais indefesos, 29,1%. Isso significa que a cada hora morre mais de um brasileiro atropelado.
Estudos revelam que a maioria das mortes no trânsito poderia ser evitada. A de pedestres, então, poderia ter índice zero. Bastaria ao motorista dar preferência a quem tenta atravessar a via. Não se trata de boa vontade ou gentileza – o que seria normal esperar-se de quem conduz um veículo motorizado -, mas de cumprimento da lei. O artigo 214 do Código de Trânsito Brasileiro diz que não dar preferência ao pedestre é infração gravíssima, com perda de sete pontos na carteira e multa. Mesmo assim, os atropelamentos se sucedem em escala cada vez maior.
Em algumas cidades surge a esperança de uma guinada nessa rotina do trânsito. Motoristas estão parando e dando espaço ao sinal do pedestre. Trata-se de uma demonstração de civilidade, de humanismo, de educação. Os frutos colhidos são os melhores possíveis: nessas cidades reduziu o número de pedestres vítimas do trânsito. Este é o caminho - a agressividade e a ignorância ao volante apenas constroem um atalho que conduz à tragédia.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

URGE EDUCAR PARA A PAZ.


Enquanto a mídia não se converter e não parar de mostrar violência, enquanto a escola não educar para a paz, enquanto não curvarem os traficantes, enquanto os juízes não punirem, a polícia não vai fazer diferença alguma, porque prenderão e alguém soltará os infratores violentos.
Não estamos sabendo o que fazer pelo circo Brasil. Enchemos o povo de ilusão, modas, cantos, ousadia, nudez escancarada, violência como espetáculo, igrejas sensacionalistas e cheias de promessas e magias, abrimos as jaulas, há pó e o veneno vendido como pipoca nas plateias e há toda uma geração educada sem disciplina. Quando esses jovens começam a fazer o que lhes dá na telha apelamos às Pastorais do Menor, que calem a boca, à policia que os prenda, aos juízes que nunca mais os soltem. Que tal pedir uma reforma na TV que gasta mais tempo mostrando pancadas ou cenas de discussão e de alcova do que diálogos educativos?
Sugiro que haja mais uma lei no Congresso. Que se exija em todas as escolas a matéria “Educação para a paz”. Faz tempo que o Brasil anda sendo educado para a violência, para a vingança e para a retaliação. Mostrem mais paz e quem sabe teremos menos violência. Não é significativo que a maioria dos filmes e desenhos violentos são importados do país que mais se envolveu em guerras e continua um dos mais armados do planeta?
É esse o modelo de sociedade que desejamos copiar? Criemos aqui um país solidário. Mas se a escola, a fé e a mídia não se envolverem a fundo com a paz, não vai dar! De que adianta passar culto e missa de manhã se no dia anterior mostraram - e no dia seguinte aqueles canais mostrarão - violência?

MÍDIA PREPARA BOTE CONTA LULA.

Há quem afirme que o julgamento do chamado “mensalão do PT” deve deixar os holofotes da mídia. Afinal, ele já teria cumprido o seu objetivo de evitar uma derrota ainda mais acachapante da oposição demotucana nas eleições de outubro. Não concordo. O julgamento midiático no STF tinha dois objetivos: um imediato, tático, eleitoral. Outro mais estratégico, visando desmoralizar as forças de esquerda. Para atingir este segundo objetivo, o ex-presidente Lula, como principal referência das esquerdas, precisa ser abatido.Delação premiada de Valério
Nesta semana, a mídia “privada” já deu mostras que prepara o bote contra o Lula. Ela não está satisfeita apenas com a condenação e o “fuzilamento” de José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares. Hoje o Estadão estampou em sua capa que o publicitário Marcos Valério prestou um depoimento ao sinistro procurador-geral da República, Roberto Gurgel, acusando o ex-presidente e o ex-ministro Antonio Palocci de envolvimento no esquema do “mensalão”. Ele teria pedido “delação premiada” para confirmar as suas “denúncias”’.
“Valério informou que tem o que dizer. Em troca de proteção, ele se dispõe a colaborar. Tomado pelos nomes que levou à mesa, o provedor das arcas do mensalão é portador de segredos insondáveis. Citou Lula e o ex-ministro Antonio Palocci, dois nomes que não constam do processo sob julgamento no STF… Informou que foi ameaçado de morte. E insinuou que dispõe de informações sobre outro caso: o assassinato do ex-prefeito petista de Santo André, Celso Daniel, em 2002”, descreve, excitado, Josias de Souza, da Folha.
PSDB, DEM e PPS exigem “apuração”
Ontem, o mesmo Estadão – que declarou em editorial seu apoio ao tucano José Serra e, num outro editorial, lamentou a popularidade de Lula ao eleger Fernando Haddad em São Paulo – publicou entrevista com Clara Becker, ex-esposa de José Dirceu e mãe do deputado Zeca Dirceu (PT-PR). Abatida, ela teme pela prisão do ex-marido, garante que “Dirceu não é ladrão” e afirma que o ex-ministro sempre agiu em defesa do “projeto do Lula, que mudou o Brasil em 12 anos”. A estranha entrevista é utilizada, lógico, para incriminar Lula.
Esta nova onda midiática já começa a produzir os seus frutos políticos. Nesta semana, PSDB, DEM e PPS – que são pautados pela mídia – solicitaram oficialmente ao procurador-geral da República que o ex-presidente seja investigado. “É público e notório que, à época dos fatos, existia uma íntima ligação política e pessoal entre o representado [Lula] e o ex-ministro José Dirceu”, afirma o documento, assinado por Alberto Goldman, presidente em exercício do PSDB, Agripino Maia, do DEM, e Roberto Freire, do PPS.
A oposição demotucana, que encolheu em número de prefeitos e vereadores nas eleições de outubro, vai partir para a desforra. Ela pede a imediata abertura de uma nova ação penal, já que o Ministério Público havia rejeitado outra solicitação com o mesmo intento golpista. Alega que agora “há novos elementos” que exigem “profunda” investigação, sempre tendo como base artigos e “reporcagens” da mídia demotucana. Ou seja: as condenações de Dirceu, Genoino e Delúbio não encerram a guerra. E Dilma que se cuide! Ela também está na lista.
                                                                                                                                                                                         Por Altamiro Borges

AS RAÍZES DO GOLPISMO DA DIREITA BRASILEIRA


Até 1930 a direita brasileira dispunha a seu bel prazer do Estado, colocava-o totalmente a serviço dos interesses primário-exportadores, desconhecendo as necessidades das classes populares. Getúlio fez a brusca transição de um presidente – Washington Luiz, carioca adotado pela elite paulista, como FHC – que afirmava que “Questão social é questão de polícia”, para o reconhecimento dos direitos dos trabalhadores pelo Estado.Com o surgimento da primeira grande corrente de caráter popular, a direita passou a ficar acuada. A democratização econômica e social foi seguida da democratização politica, com o processo eleitoral consagrando as candidaturas com apoio popular, Sucessivamente, em 1945, 1950, 1955, a direita foi derrotada e acostumou-se a bater na porta dos quarteis, pedindo golpe militar.
Sentido-se esmagada pelas derrotas, a direita chegou a pregar o voto qualitativo, em que, segundo eles, o voto de um médico ou de um engenheiro valeria 10, enquanto o de um trabalhador (“marmiteiro”, diziam eles, zombando dos trabalhadores que levavam marmitas pro trabalho) devia valer 1. Só assim poderiam ganhar.
A efêmera vitória de 1960, com a renúncia do Jânio, foi sucedida pela nova tentativa e golpe militar de 1961 e, logo depois, pelo golpe efetivamente realizado em 1964. Só pela força e pelo regime de terror a direita conseguiu triunfar e colocou em prática sua revanche contra o povo, pela repressão e pela expropriação dos direitos da grande maioria.
Foi no final da ditadura, com uma votação indireta, pelo Colégio Eleitoral, passando pela morte de Tancredo, que a direita deu continuidade a seus governos, agora com um híbrido de ditadura e de democracia, mas que favoreceu a eleição de Collor, outra versão da direita. Tal como Jânio, teve presidência efêmera.
O governo FHC foi a melhor expressão da direita, renovada, reciclada para a era neoliberal. Naqueles 8 anos a direita brasileira pode realizar seu programa, que terminou numa profunda e prolongada recessão e a derrota sucessiva da direita, por três vezes.
A direita repete, na Era Lula, os mesmos mecanismos da Era Getúlio. Enquanto os governos desenvolvem políticas econômicas e sociais que favorecem à grande maioria, recebem dela o apoio majoritário e derrotam sistematicamente a direita, resta a esta atividades golpistas. Se antes batiam às portas dos quartéis (eram chamadas de “vivandeiras de quartel”), agora usam a mídia para bater às portas do Judiciário.
São partidos e mídias cada vez mais minoritários, derrotados em 2002, em 2006, em 2010, voltaram a ser derrotadas agora em 2012. São governos que os derrotam com o apoio das grandes maiorias beneficiárias das suas políticas sociais. Quem não tem povo, apela para métodos golpistas, ontem com os militares e a mídia, hoje com a mídia e o Judiciário.
                                                                                                  Do Blog de Emir Sader

VINHO: ACORDO ENCERRA SALVAGUARDA E PROJETA CONSUMO

O consumo de vinho dos brasileiros poderá aumentar de duas para oito garrafas per capita por ano, tornando o país um dos maiores mercados da bebida no mundo. A meta foi calculada com base no potencial de mercado, que é de 30 milhões de pessoas com condições de comprar uma garrafa por semana, e no preço médio gasto pelo brasileiro com vinho, que é R$ 25.
Esse aumento de consumo é possível (embora dificílimo) com a desistência do governo em impor salvaguardas ao vinho importado. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior confirmou que o governo desistiu de impor salvaguardas para restringir a entrada de vinhos estrangeiros. Com isso, encerra a investigação para a aplicação de salvaguarda às importações do produto.
O pedido de investigação foi encaminhado em 2011 pelo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), a Federação das Cooperativas do Vinho (Fecovinho) e o Sindicato da Indústria do Vinho do Estado do Rio Grande do Sul (Sindivinho). Mas, para evitar reclamações sobre medidas de protecionismo, o governo desistiu da medida e deve promover campanha envolvendo os segmentos para aumentar a exposição do vinho brasileiro.
Quem pediu o cancelamento da medida foi o próprio Ibravin, órgão que antes defendia restrições aos produtos estrangeiros. O fim das exigências ocorreu após um acordo entre os principais grupos de importadores e fabricantes brasileiros, na segunda 22.
Como contrapartida, os importadores concordaram em aumentar para 25% a presença de vinhos finos nacionais nos supermercados e para 15% no comércio varejista. O objetivo destas ações é buscar a comercialização de 27 milhões de litros de vinhos finos brasileiros em 2013 crescendo paulatinamente até atingir 40 milhões de litros em 2016.
O presidente do Conselho Deliberativo do Ibravin, Alceu Dalle Molle, considera o acordo de cooperação “um avanço importante em prol do desenvolvimento do mercado de vinhos no Brasil, que vai possibilitar crescimento sustentável da produção nacional de vinhos finos.” Para o presidente da Comissão Interestadual da Uva, Olir Schiavenin, todos saem ganhando. “O acordo vai ampliar a competitividade, melhorar a qualidade da uva e promover a indústria nacional”, destaca.
Tributos - Fabricantes e importadores afirmam que a carga tributária sobre o vinho ainda é o maior empecilho para o desenvolvimento do mercado no Brasil. O setor pede a redução do ICMS de 25% para no máximo 18%. O presidente da Vinícola Miolo, Darcy Miolo, diz que o desinteresse do brasileiro em consumir vinho se deve às altas taxas, que encarecem o produto. “Com redução de impostos, a quantia que conseguiríamos baixar seria repassada ao consumidor”, declara.

750 ALIMENTOS EM RISCO DE EXTINÇÃO



Espécies e as subespécies da flora e da fauna mundiais desaparecem todo o dia ou fazem parte dos ameaçados de extinção. Agora, são alimentos que integram lista de produtos em risco no planeta. Existem mais de 750 produtos alimentícios com risco de extinção em 48 países. Os números são da ONG internacional Slow Food, com sede na Itália e que faz esse tipo de levantamento desde 1996. A entidade atua no Brasil desde 2006.
Batizado de Arca do Gosto, o mapeamento confirma que as principais razões que levam o alimento à zona de risco são a perda da tradição no modo de preparo; a produção complexa; coleta não sustentável; localização do produto em área devastada; e desinteresse mercadológico, que fazem com que produtores desistam de cultivar determinadas espécies.
A nutricionista Neide Rigo, membro da comissão brasileira que analisa a entrada de produtos na lista negra, diz: “Além do risco de sumir do mapa, para estar na lista o alimento deve ter excelência gastronômica (rico em cheiro, sabor e textura), estar ligado ao contexto e à memória de uma comunidade, ser feito de modo artesanal e, de preferência, sustentável.”
O Brasil tem 24 produtos alimentícios em risco de extinção, segundo o catálogo Arca do Gosto, que lista sabores em risco de desaparecer. Além dos catalogados, outros dois estão em estudo, ambos do semiárido.
O Slow Food procura sinalizar para a volta a uma gastronomia, que começa com a escolha dos alimentos considerando a forma de produção sustentável e o respeito aos produtores artesanais, chegando até a mesa, onde a convivência e a celebração valorizam a história do alimento”, explica Roberta Marins de Sá, presidente da comissão Arca do Gosto no Brasil.
A Arca do Gosto identifica, localiza, descreve e divulga sabores quase esquecidos de produtos que estão em risco de desaparecer, mas ainda vivos e com potenciais produtivos e comerciais.
Paralelamente, a Arca do Gosto realiza trabalho de alerta e preservação, envolvendo comunidades produtoras. Na região Sul, por exemplo, 12 estão em andamento.