terça-feira, 6 de novembro de 2012

A MORTE NÃO TEM A ÚLTIMA PALAVRA


Desesperada com a morte do filho único, uma mulher passava horas e horas em absoluto silêncio, depois saía gritando e chorando pelas ruas, recusando qualquer palavra de consolo.
Um dia bateu à porta de uma cabana, no meio da floresta, onde vivia um homem de Deus. Depois de escutá-la com paciência e amor, o eremita deu-lhe uma tarefa a executar: vá ao povoado e traga um grão de trigo de uma casa onde não tenha morrido ninguém. Depois volte aqui.
Passaram-se dias e ela retornou de mãos vazias. Visitara todas as famílias da aldeia, visitara as moradias do interior e em toda parte havia alguma história de morte. Alguém perdera o pai, outro a esposa, um filho, um irmão... nas circunstâncias mais diversas. Alguns haviam morrido na idade madura, outros haviam tombado na juventude. A própria mulher, em sua peregrinação de casa em casa, dera-se conta que tudo é passageiro neste mundo.
E porque tudo é passageiro neste mundo, a morte faz parte da vida. E na rapidez
das coisas que passam, é inteligente buscar coisas que não passam. A ciência não
tem resposta para esta questão. A única resposta satisfatória vem da fé.
A fé nos ensina que a morte não é a última palavra. Nem a medicina tem a última palavra. De comum, a morte e a medicina têm uma coisa: elas têm a penúltima vitória. A palavra final é da vida. E a fé nos assegura que a morte é o momento mais precioso da vida. É a hora de refazer escolhas, buscar o equilíbrio sempre oscilante na vida, é a hora de pedir e dar o perdão. O que haverá depois da morte? Um Pai nos acolhendo de braços abertos. Mas é em vida que devemos conhecer e dar-nos a conhecer a este Pai.
Não há normas confiáveis em relação à morte. Ninguém aprende a morrer.
Podemos e devemos aprender a viver.
A morte torna definitivo nosso projeto de vida. Deus olhará o que fizemos e –
porque é Pai – levará em conta também nossa boa vontade, mesmo quando ela não chegou a termo.
Não sabemos o dia, nem as circunstâncias, nem o local de nossa morte. O único local decente para morrer é a comunidade cristã. E morre na comunidade cristã aquele que vive na comunidade cristã. 

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