terça-feira, 28 de junho de 2022

SOCIÓLOGO ITALIANO DOMENICO DE MASI, CONSTATA O REBAIXAMENTO DA INTELIGÊNCIA COLETIVA BRASILEIRA.

Leia trechos da entrevista:

“Esta ditadura reduz a inteligência coletiva do Brasil. Durante esta pandemia, Bolsonaro se comportou como uma criança, de um jeito maluco. Ou seja, o ditador conseguiu impor um comportamento idiota em um país muito inteligente. Porque é isso que fazem as ditaduras.

Este me parece um fato tão óbvio que às vezes nos passa despercebido. Quando o país é comandado por pessoas tão tacanhas, a tendência é o rebaixamento geral do nível cognitivo da sua população.

É fácil entender por quê. Sob Bolsonaro, Damares, Araújo, Pazuello, Salles, Guedes & Cia, vemo-nos obrigados a retomar debates passados, alguns situados na Idade Média, ou no século 19, como se fossem novidades.

Terraplanismo, resistência à vacinação e a medidas básicas de segurança sanitária, pautas morais entendidas como questões de Estado, descaso com o meio ambiente, tudo isso remete a um passado que considerávamos longínquo.

Quando entramos nesse tipo de debate entre nós, ou com as “autoridades”, é como se voltássemos da pós-graduação às primeiras letras do curso elementar. Somos forçados a recapitular consensos estabelecidos há décadas, como se nada tivéssemos aprendido.

É como forçar cientistas a provar de novo a esfericidade da Terra ou a demonstrar eficácia da vacinação. Ou defender, outra vez, a necessária separação entre Igreja e Estado, mais de 230 anos depois da Revolução Francesa.

É muita regressão e ela nos atinge. De repente, nos surpreendemos discutindo o óbvio, gastando tempo com temas batidos e desperdiçando energia arrombando portas abertas séculos atrás na história da humanidade.

À parte a necessária luta política para nos livrarmos o quanto antes dessa gente, entendo que existe uma luta particular e que depende de cada um de nós: a luta para não emburrecer.

Manter a lucidez e a inteligência através da leitura de bons autores e da escrita. Manter viva a sensibilidade pela conversa com pessoas normais e pela boa música. Assistir a bons filmes para contrabalançar a barbárie proposta pela vida diária e pelas redes sociais.

Enfim, mantermo-nos íntegros e fortes para a reconstrução futura do país. Não podemos ser como eles. Não devemos imitá-los em sua violência cega. Não podemos nos deixar contaminar por sua estupidez. Eles passarão. E estaremos aqui, para recomeçar.

Provavelmente, o que leva a esse rebaixamento é o ódio e o ressentimento por levar as pessoas a se sentirem, no fundo, perdedoras (é o caso de todos os bolsonaristas que conheci mais de perto) e ter de encontrar bodes expiatórios para culpá-los. A cultura competitiva, que estabelece, com critérios perniciosos, o que é ter sucesso, faz com que quem entra nesse jogo perverso, sinta-se, no final das contas, sempre um perdedor.”

No destaque, o sociólogo Domenico de Masi (Foto: Ricardo Stuchert)

segunda-feira, 27 de junho de 2022

EM 100 ANOS SABERÁS!

Em 2122, quando a faxineira do Palácio do Planalto for limpar o gabinete do presidente da República, vai encontrar todas as fraudes do governo Bolsonaro.

É que o presidente, com os decretos de sigilo, está jogando para debaixo do tapete, por 100 anos, todas as trapalhadas do seu governo.

- Ocupado, presidente?

- Não. Estava respondendo a um cidadão que ‘cuestionou’ se há algum assunto espinhoso que eu estou tentando esconder com a ‘cuestão’ dos sigilos.

- Isso tá dando o que falar. Estão dizendo até que seu governo não é tão transparente como o senhor diz que é, e que só não aparecem as corrupções no seu governo porque o senhor não deixa investigar.

- Pois eu vos digo-lhe… Isso daí é narrativa da esquerda marronzista - vociferou. - Vamos ao que interessa. Quero que você publique no Diário Oficial da União um decreto de sigilo de 100 anos no caso do assassinato do Genivaldo de Jesus em câmara de gás da PF, taokey?

- Presidente, isso vai parecer, com perdão do trocadilho, mais uma de suas cortinas de fumaça. A imprensa já está em cima do senhor por causa desses sigilos. O senhor já decretou sigilo de 100 anos no caso dos encontros com Valdemar da Costa Neto, presidente do seu partido, que foi preso no ‘Mensalão’; no caso dos encontros dos lobistas de armas e o advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef com o senhor; nos casos das reuniões entre o senhor e pastores que teriam negociado recursos do Ministério da Educação com prefeitos.

- E daí?? É uma prerrogativa do presidente, isso daí…

- Tem mais - continuou o secretário. - O senhor também decretou sigilo no caso do ato político, em seu favor, do general Eduardo Pazuello; no caso dos crachás de acesso de Carlos e Eduardo Bolsonaro no Palácio do Planalto; no caso do seu cartão de vacinação que também está em sigilo por um século; no caso dos gastos com o seu cartão corporativo e até no caso da matrícula da sua filha no Colégio Militar de Brasília, quando o ingresso ocorreu sem que ela passasse por processo seletivo.

- Por que o senhor não libera todas essas informações e acaba logo com essa história de sigilo? - quis saber o secretário.

- Em 100 anos saberás - disse.

sexta-feira, 24 de junho de 2022

MAIS DE 100 ANOS ATRÁS, ARTISTAS FORAM CONVIDADOS PARA RETRATAR O ANO 2000. VEJA ALGUNS RESULTADOS.

 


Por Pensar Contemporâneo

Aqui está algo que acho interessante: essas imagens malucas foram criadas pelo artista francês Jean-Marc Cote e algumas outras em 1899, 1900, 1901 e 1910.

Eles foram convidados a imaginar como seria a vida no ano 2000. Segundo a Evolution-Collective , essas obras de arte eram originalmente na forma de cartões postais ou cartões de papel colocados em caixas de cigarros e charutos.

As imagens retratam o mundo como se imaginava no ano 2000. Algumas dessas ilustrações únicas são na verdade uma visão bastante precisa da era atual, incluindo máquinas agrícolas, equipamentos robóticos e máquinas voadoras. Agora ainda não começamos a montar cavalos-marinhos gigantes.



















segunda-feira, 20 de junho de 2022

A PRÓXIMA MISSÃO DO CAPITALISMO É SE LIVRAR DE METADE DA POPULAÇAO DO PLANETA.


Entrevista com Aílton Krenak - Thais Reis Oliveira - CartaCapital. Interessante ler toda a entrevista:
Antes da pandemia, Ailton Krenak mantinha uma agenda intensa. Escritor finalista do Prêmio Jabuti com seu livro Ideias para Adiar o Fim do Mundo, também lançou A Vida Não É Útil e O Amanhã Não Está à Venda, todos pela Companhia das Letras. Por conta da produção, viajava com frequência pelo Brasil. Desde a chegada do vírus, Krenak cumpre, porém, a quarentena na terra indígena de sua etnia, a 200 quilômetros de Belo Horizonte. “Mantemos as nossas famílias próximas. Podem encontrar-se no quintal, podem comer juntos, não precisam usar máscara. Temos um regime orientado por um protocolo comunitário”, conta. No oásis à margem esquerda do Rio Doce, em meio ao caos sanitário, ele segue alerta para os dramas do mundo, como demonstra na entrevista a seguir.

CartaCapital: Você e os Krenak passam juntos a quarentena. Como tem sido a experiência?
Ailton Krenak: A pandemia não é um evento local. Posso estar sem contágios na minha aldeia, mas há vários casos no entorno. Nos grandes centros urbanos há alguma vigilância. Mas nas bordas do Brasil, na periferia, nas beiradas, no Porto de Manaus, no Porto de Belém, ninguém controla aquele fluxo. Lá na reserva, observamos preocupados. Não adianta nos protegermos se o lado de fora está bagunçado. O recrudescimento da Covid-19 é um risco grave para nossas vidas. Temos consciência, mas tememos que os vizinhos não tenham. Somos uma sociedade do contágio. Por mais que um de nós tome cuidado, sozinho não consegue evitá-lo. Mantemos nossas famílias próximas, as irmãs, os cunhados, podem encontrar-se no quintal, podem comer juntos, não precisam usar máscara. Temos um regime orientado por um protocolo comunitário, tomamos decisões juntos. Lá não há decisões individuais. Se alguém põe em risco o coletivo, pode sofrer algum tipo de sanção, inclusive posto para fora.

CC: Quais são as consequências e as lições desta pandemia?
AK: A morte deixa um trauma tão mal resolvido que ninguém consegue sair ileso. Há perda de identidade, de memória e acomodação em uma condição de sobrevivente. Isso não é bom para uma comunidade que precisa administrar suas necessidades materiais. Voltar a trabalhar, voltar a cuidar da rotina doméstica. Muitos não conseguirão. E isso é muito ruim. Estamos vivendo um tempo no qual ser otimista é falta de educação. É sinônimo de estar alheio ao sofrimento dos outros.

“ESTAMOS NO BRASIL EM UMA SITUAÇÃO DESGRAÇADA, QUE MISTURA O CORONAVÍRUS E A MISÉRIA POLÍTICA”

CC: Você protagonizou uma das cenas mais memoráveis da Assembleia Constituinte. Dói, 33 anos depois, ver tantos ataques à Constituição?
AK: O trato dos poderes com a Constituição piorou. Mas não é algo que acontece só nos últimos tempos. Havia PECs tramitando há anos para mudar o capítulo dos índios, tirar o direito dos quilombolas, reduzir políticas públicas. Essa fúria contra a Constituição piorou nos últimos dois anos. E deixou de ser tentativa para se tornar fato. É o desaparelhamento interno do Estado brasileiro. Das condições necessárias para fiscalizar e proteger os territórios indígenas. E um estímulo crescente à violência contra nós, banalizando a ideia de proteger o meio ambiente, como se fosse coisa de gente boba. Quem é sabido mesmo passa o trator, passa a boiada. Esse ministro do Meio Ambiente é um playboy fazendo fantasias tecnológicas do que ele acha que é administrar. É uma ofensa à história da luta ambientalista no Brasil o que esse sujeito faz.

CC: Ainda é possível firmar consensos no Brasil?
AK: Estamos no Brasil em uma situação desgraçada, que mistura pandemia e essa miséria política. Fora do Brasil, ao menos, há esperança de abrir outros debates acerca das desigualdades que a pandemia agravou, as mudanças climáticas, os refugiados… Essa é uma questão muito importante até para entender a pandemia. Essa movimentação de gente, atravessando fronteiras no mundo inteiro, pode ser um vetor de novas pandemias que podem arrasar a gente.

CC: O mundo está mais tribal?
AK: O mundo não é uma pessoa. O mundo, idealmente, seria a humanidade, constituída por gente igual. Como não somos nada iguais… No livro Ideias para Adiar o Fim do Mundo, eu ponho em questão o tópico da humanidade. Pode ser um propósito, uma intenção, mas não existe. Antes, havia uma divisão por classes. Os ricos e os pobres, os brancos e os pretos, o rural e o urbano. Eram divisões bem primárias. Agora temos coletivos, dentro de uma mesma cidade, hostilizando um ao outro. Intolerância religiosa… Há uma guerra entre esses mundos que se articula com as outras irritações de diferentes setores dessa coisa que somos nós todos, mas que não constitui uma comunidade. Somos ajuntamento de povos sem nenhuma afinidade. Se não quisermos desembocar em uma guerra civil, precisamos construir consensos, mas os políticos estão todos perdidos, feito cegos em tiroteio. Ninguém sabe o que está fazendo, nem o governo nem os que estão fora.

CC: Muitos estudiosos veem neste momento de crise sinais de queda do capitalismo. Você concorda?
AK: Vivemos uma fase grotesca do capitalismo, mas não acho que estamos em uma crise que vai diminuir a potência dele. O capitalismo tem produzido uma mudança em si mesmo porque não fomos capazes de produzir uma mudança fora. Ele vai destruir o mundo do trabalho como conhecemos, e vai dispensar a ideia de população. Essa, para mim, é a próxima missão do capitalismo: se livrar de ao menos metade da população do planeta. O que a pandemia tem feito é um ensaio sobre a morte. É um programa do necrocapitalismo. A desigualdade deixa fora da proteção social 70% da população do planeta. E, no futuro, não precisará dela sequer como força de trabalho. Quem promete um mundo de pleno emprego é cínico ou doido. Não existe nenhuma possibilidade material de as coisas voltarem a funcionar assim.

CC: Mas não há nada positivo nisso? Por exemplo, a chegada de grupos marginalizados ao poder. Mais gente preocupada em repensar a relação com o consumo…
AK: O fato de ter parlamentares indígenas, LGBTs e etc. mostra um endurecimento desse processo de transição. Isso não muda as coisas, apenas será integrado ao processo de desestruturação programada em que estamos todos metidos. Quanto à renúncia à vida de consumismo de quem, como um hamster, só se preocupa em comer e consumir, sem saber de onde vem, só uma parcela notou que está errado. Não representa mudança no sistema global, no aquecimento do planeta, na erosão da vida. Os cientistas mais ilustres dos anos 1980 em matéria de mudança climática, quando viram o tempo que nos resta, foram para suas fazendas no Texas, no Maine, deram no pé. Hoje, vários acreditam em redução de danos, mas é difícil encontrar algum que afirme ser possível contornar a degradação.

sexta-feira, 17 de junho de 2022

DESVALORIZAÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO



O atual governo acabou com a política nacional de valorização do salário mínimo (inflação + PIB) - Lei 12.382, de 2011. O que foi um grave erro, pois o impacto, direta e indiretamente, está sendo muito forte na vida de mais de 100 milhões de pessoas e na economia do país.

Quando da sua vigência, obtivemos os mais altos ganhos, alcançando cerca de US$ 350. Um fato inédito. Isso só foi possível pela determinação política e econômica voltada para o desenvolvimento social. Hoje, está em cerca de US$ 250.

Conforme a consultoria Tullet Prebon Brasil, o atual governo vai encerrar o seu mandato com o salário mínimo valendo menos do que quando assumiu. É a primeira vez, desde o Plano Real (1994), que o salário mínimo perde poder de compra: 1,7%. Mas a perda poderá ser ainda maior.

Há uma explosão inflacionária. Tudo está aumentando: gasolina, diesel, luz, água, transporte, aluguel, carne, verduras, arroz. A cesta básica de alimentos consome 60% do salário mínimo. É a volta da recessão e da carestia.

Paulo Paim "Apresentamos o Projeto de Lei nº 1231, de 2022, que retoma a política nacional de valorização do salário mínimo de longo prazo, extensiva aos benefícios dos aposentados e pensionistas do Regime Geral da Previdência Social. O país não pode abdicar dessa importante ferramenta de inclusão."

O salário mínimo é um poderoso instrumento de distribuição de renda. Funciona como referencial para valores pagos ao trabalhador. O aumento da renda faz aumentar o consumo e a produção, criando um círculo virtuoso.

Ele opera como gerador de empregos, propiciando uma melhora na situação dos comércios locais - mercados, padarias, bodegas, bares, lanchonetes, feiras, lojas - aplicando oxigênio na arrecadação dos municípios. Todos ganham.

O INSS possui 35 milhões de aposentados. Setenta por cento deles sobrevivem com um salário mínimo; 43% dos brasileiros com mais de 60 anos são arrimos de família; 64% dos municípios dependem da renda desses beneficiários. Vejam a importância.

A crise econômica e social é gigantesca. O desemprego e a pobreza são tristes realidades. Temos pela frente um desafio: "colocar o Brasil de volta nos trilhos. A nossa responsabilidade com as gerações presentes e futuras é enorme."

 



terça-feira, 7 de junho de 2022

GRATIDÃO (3)



Mais do que um sentimento transitório e efêmero, para Inácio a gratidão é uma visão permanente de gratidão que reconhece o dom de tudo. A gratidão não é possível até que sejamos capazes de aceitar conscientemente que necessitamos de outros seres, que a vida é dar e receber, que é necessário suportar a frustração dos próprios limites para poder gozar de um mundo imenso de possibilidades que se estendem para mais além de mim mesmo.

O teólogo moral William C. Spohn captura o entendimento inaciano de gratidão quando ele fala de gratidão como “o eco da graça”. Pode parecer óbvio afirmar que a gratidão é um elemento que define a espiritualidade inaciana. No entanto, a centralidade da gratidão recebeu escassa atenção nas publicações escritas. Monika Hellwig afirma que “porque baseada nos Exercícios Espirituais, a espiritualidade inaciana está baseada numa gratidão intensa e reverência”. “Ela começa e reverte continuamente em uma consciência da presença e poder e cuidado de Deus em toda parte, para todos e em todo tempo”. Esta gratidão que perpassa todos os EE se mostra sobremaneira na CAA entendida como meditação que reassume todo o processo dos EE como um aprendizado da gratidão.

Qual é a dinâmica básica inaciana que culmina no serviço e nas obras de justiça que está em ação na Contemplação para Alcançar Amor e revela uma estratégia que está presente em todos os Exercícios? Esta dinâmica engloba um tríplice movimento:

Parte de um olhar contemplativo que aprecia o dom de toda realidade
Dirige-se às disposições afetivas ou atitudes de gratidão e amor
Atitudes que conduzem ao serviço, dado que, para Inácio, o amor agradecido se manifesta mais em obras do que em palavras.
Em breve, para Inácio, a gratidão é o limiar para o amor. Em troca, o amor se torna um trampolim para o serviço!

domingo, 5 de junho de 2022

UM NOVO HUMANISMO.

O momento atual requer da sociedade redobrada atenção e comprometimento para enfrentar os graves retrocessos civilizatórios. Esses retrocessos são evidentes e estão, claramente, na contramão dos avanços da ciência e da tecnologia. Constata-se que as conquistas científico-tecnológicas ainda não conduzem a humanidade a parâmetros civilizatórios capazes de garantir a justiça e a defesa de direitos – urgências gritantes. Por isso mesmo, deve-se trabalhar para que esses avanços possam contribuir na recomposição do tecido social, vergonhosamente esgarçado, especialmente quando se olha de perto a sociedade brasileira. 

Esta mensagem é, pois, indicada para todos os segmentos da sociedade, sobretudo para líderes de todo matiz, políticos, educadores, pais e mães. Recomendada também para profissionais que procuram investir sempre mais nas suas competências, considerando a exigência contemporânea de se superar o conceito de que “bem-sucedido” seja associado apenas àqueles que conquistam o lucro, ostentando muitos bens. No horizonte amplo das crises mundiais, multiplicando cenários de guerra e exclusões que descompassam as relações sociais, torna-se ainda mais urgente vencer o individualismo, acolhendo a convocação  para se viver um novo humanismo, ancorado em atitudes e palavras coerentes com o Evangelho.

Nesse sentido, as mudanças radicais e impactantes deste tempo precisam ser entendidas a partir de critérios que promovam nova lucidez, capaz de dar rumo diferente a instituições que configuram contextos locais e globais. Igualmente importante, a partir de um novo humanismo deve-se cultivar esperança e, assim, encontrar forças para resgatar a civilização contemporânea do caos. Sensibilizar-se ante o desafio de se enfrentar os problemas atuais, acolhendo indicações para a construção de um tempo novo condizente com as conquistas científico-tecnológicas deste terceiro milênio. Esta obra – O novo humanismo: Paradigmas civilizatórios para o século XXI  – é uma escola de formação e de diálogo, aberta àqueles que reconhecem a própria responsabilidade na transformação do mundo. O momento atual exige a sabedoria para reconhecer a centralidade da vida, em contraposição às lógicas de destruição do planeta. Sem a assimilação e a promoção de um novo humanismo não serão rompidas as barreiras estreitas e prisionais do cenário atual, que impõem retrocessos civilizatórios.

Os retrocessos são muitos, multiplicados por diferentes mecanismos que priorizam interesses mesquinhos em prejuízo do adequado exercício da cidadania. O horizonte interpelante da obra O novo humanismo: Paradigmas civilizatórios para o século XXI, precisa ser conhecido por todos, a exemplo da manipulação de letras que deveriam garantir a justiça – e não objetivar favorecimentos lucrativos; ou os ataques irracionais à democracia, pela opção de precipitar tudo e todos no caos, incoerentemente defendendo valores intocáveis, mas com posturas que negam esses mesmos valores. É preciso reagir, investindo no estudo, nas reflexões e ações fecundadas por um novo humanismo – caminho para vencer a avalanche de retrocessos civilizatórios da atualidade.