quinta-feira, 27 de junho de 2013

FOGUEIRAS E FESTAS POR TODO LADO

Junho tem fogueira, pipoca, quadrilha! Nas escolas, os alunos empenham-se na confecção de bandeirinhas, que enfeitam os salões que recebem a comunidade para celebrar. O chapéu de palha ganha visibilidade como acessório. É tempo de festa junina, uma das mais fortes expressões do folclore nacional. O Brasil inteiro festeja, cada região a seu modo, com variações nas músicas, nas danças, nas comidas típicas e até nas roupas.
O Nordeste faz as mais populares festas juninas, embaladas principalmente pelo frevo e pelo forró. Uma das mais famosas do país é a de Caruaru, em Pernambuco, onde foi construída a Vila do Forró. Trata-se de uma réplica de uma pequena cidade do Sertão, com casas coloridas e simples, teatro, capela. Na vila; muito forró, além de quadrilhas, grupos de xaxado e baião. Há ainda desfile de carros alegóricos e o Trem do Forró, que diverte os passageiros com muita música.
No Sul, as pessoas se reúnem em torno de fogueiras, saboreando pratos típicos, como arroz de carreteiro, batata-doce e pinhão. Uma das tradições é a dança das fitas, herança dos colonizadores portugueses e espanhóis. Os participantes dançam ao redor de um mastro enquanto fazem um trançado com as fitas. No Rio Grande do Sul, a indumentária gaúcha invade os festejos juninos, animados por ritmos como vanerão e fandango. 
Na região Norte, a comemoração é bem diferente. A festa do boi-bumbá, do Festival de Parintins, cidade do Amazonas, atrai multidões. O povo se reúne para ver as apresentações de dois grupos, o Boi Garantido e o Boi Caprichoso, que preparam músicas, fantasias, danças e encenações. Enquanto assistem ao espetáculo, as pessoas saboreiam comidas típicas como a tapioca, os bolos, o pé-de-moleque.
No Sudeste, a maioria das cidades promove quermeses inspiradas nas festas de fazenda, com venda de comidas típicas, jogos, brincadeiras, sorteios e quadrilhas. A música é sertaneja. 
As tradições do Centro-Oeste se misturam com os costumes de países da fronteira, principalmente do Paraguai. Nas festas juninas há canções sertanejas e música típica conhecida como polca paraguaia. A dança mais famosa é a catira, em que os homens sapateiam ao ritmo de viola e de cantos cheios de rimas.

EXISTE UMA LUTA DE CLASSES NA RUA?

É claro que há uma luta de classes na rua. Embora ainda concentrada na disputa ideológica. E o que é mais grave, a própria juventude mobilizada, por sua origem de classe, não tem consciência de que está participando de uma luta ideológica.
Vejam, eles estão fazendo política da melhor forma possível, nas ruas. E ai escrevem nos cartazes: somos contra os partidos e a política? Por isso tem sido tão difusa as mensagens nos cartazes. Está ocorrendo em cada cidade, em cada manifestação, uma disputa ideológica permanente da luta dos interesses de classes. Os jovens estão sendo disputados pelas idéias da direita e pela esquerda. Pelos capitalistas e pela classe trabalhadora.
Por outro lado, são evidentes os sinais da direita muito bem articulada, e de seus serviços de inteligência, que usam a internet, se escondem atrás das mascaras e procuram criar ondas de boatos e opiniões pela internet. De repente uma mensagem estranha alcança milhares de mensagens. E ai se passa a difundir o resultado como se ela fosse a expressão da maioria.
Esses mecanismos de manipulação foram usados pela CIA e o departamento de estado Estadunidense na primavera árabe, na tentativa de desestabilização da Venezuela, na guerra da Síria. E é claro que eles estão operando aqui também para alcançar os seus objetivos.

E quais são os objetivos da direita e suas propostas?

A classe dominante, os capitalistas, os interesses do império Estadunidense e seus porta-vozes ideológicos que aparecem na televisão todos os dias, tem um grande objetivo: desgastar ao máximo o governo Dilma, enfraquecer as formas organizativas da classe trabalhadora, derrotar qualquer propostas de mudanças estruturais na sociedade brasileira e ganhar as eleições de 2014, para recompor uma hegemonia total no comando do estado brasileiro, que agora está em disputa.

Para alcançar esses objetivos eles estão ainda tateando, alternando suas táticas. As vezes provocam a violência, para desfocar os objetivos dos jovens. As vezes colocam nos cartazes dos jovens a sua mensagem. Por exemplo, a manifestação do sábado em São Paulo, embora pequena, foi totalmente manipulada por setores direitistas que pautaram apenas a luta contra a PEC 37, com cartazes estranhamente iguais e palavras de ordem iguais.
Certamente a maioria dos jovens nem sabem do que se trata. E é um tema secundário para o povo, mas a direita está tentando levantar as bandeiras da moralidade, como fez  a UDN (União Democrática Nacional) em tempos passados. Isso que já estão fazendo no Congresso, logo logo, vão levar às ruas.

Tenho visto nas redes sociais controladas pela direita que suas bandeiras, além da PEC 37, são a saída do Renan do Senado, CPI e transparência dos gastos da Copa, declarar a corrupção crime hediondo, e fim do Foro especial para os políticos. Já os grupos mais fascistas ensaiam Fora Dilma e abaixo-assinados pelo impechment.

Felizmente essas bandeiras não tem nada ver com as condições de vida das massas, ainda que elas possam ser manipuladas pela mídia. E objetivamente podem ser um tiro no pé. Afinal, é a burguesia brasileira, seus empresários e políticos que são os maiores corruptos e corruptores. Quem se apropriou dos gastos exagerados da Copa? A Rede Globo e as empreiteiras!

O RESULTADO DAS MASNIFESTAÇÕES

Nutro a convicção de que a partir de agora se poderá refundar o Brasil a partir de onde sempre deveria ter começado, a partir do povo mesmo que já encostou nos limites do Brasil feito para as elites. Estas costumavam fazer políticas pobres para os pobres e ricas para os ricos. Essa lógica deve mudar daqui para frente. Ai dos políticos que não mantiverem uma relação orgânica com o povo. Estes merecem ser varridos da praça e das ruas. Escreveu-me um amigo que elaborou uma das interpretações do Brasil mais originais e consistentes, o Brasil como grande euforia e empresa do Capital Mundial, Luiz Gonzaga de Souza Lima. Permito-me citá-lo: "Acho que o povo esbarrou nos limites da formação social empresarial, nos limites da organização social para os negócios. Esbarrou nos limites da Empresa Brasil. E os ultrapassou. Quer ser sociedade, quer outras prioridades sociais, quer outra forma de ser Brasil, quer uma sociedade de humanos, coisa diversa da sociedade dos negócios. É a Refundação em movimento".

Creio que este autor captou o sentido profundo e para muitos ainda escondido das atuais manifestações multitudinárias que estão ocorrendo no Brasil. Anuncia-se um parto novo. Devemos fazer tudo para que não seja abortado por aqueles daqui e de lá de fora que querem recolonizar o Brasil e condená-lo a ser apenas um fornecedor de commodities para os países centrais que alimentam ainda uma visão colonial do mundo, cegos para os processos que nos conduzirão fatalmente à uma nova consciência planetária e a exigência de uma governança global. Problemas globais exigem soluções globais. Soluções globais pressupõem estruturas globais de implementação e orientação. O Brasil pode ser um dos primeiros nos quais esse inédito viável pode começar a sua marcha de realização. Daí ser importante não permitirmos que o movimento seja desvirtuado. Música nova exige um ouvido novo. Todos são convocados a pensar este novo, dar-lhe sustentabilidade e fazê-lo frutificar num Brasil mais integrado, mais saudável, mais educado e melhor servido em suas necessidades básicas.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

VAMOS DETONAR A DILMA

NÃO SEI QUEM FEZ ESTE TEXTO...MAS MEUS PARABÉNS...MAGNÍFICO!

"Vamos detonar a DILMA, pois o PT propiciou as condições para geração de 18 milhões de empregos e isso não pode!!!

Vamos detonar a DILMA, pois o PT reduziu os impostos e isso não pode...

Vamos detonar a DILMA, pois o PT é vergonha internacional e somente 60 países vem buscar com o PT, no Brasil, subsídios para administrar seus países...

Vamos detonar a DILMA, pois este PT, decidiu criar os direitos para empregadas (os) domésticos (as), e isso é um sacrilégio.

Vamos detonar DILMA, pois o PT, tirou mais de 40 milhões de pessoas da pobreza e isso não pode...

Vamos detonar a DILMA, pois o PT trouxe 6000 médicos cubanos, para atender onde os Mauricinhos e Patricinhas se negam a trabalhar.

Vamos detonar a DILMA, pois com o PT no governo mais de 1,5 milhões de trabalhadores, viraram doutor com o PROUNI e isso não pode...

Vamos detonar a DILMA, pois ela o LULA e o PT, criaram mais de dois milhões de casas para os pobres e isso não pode...

Vamos detonar a DILMA, pois ela, baixou os juros (na era FHC, 1999 era de 44%, hoje de 8%) e isso não pode...

Vamos detonar a DILMA, pois ela, o LULA e o PT, baixaram os preços da energia elétrica, e, isso não pode...

Vamos detonar com a DILMA, pois ela o LULA e o PT, estão realizando a copa do mundo no BRASIL, e isso comparando o investimento e o retorno terá um retorno de mais de 600%, e isso não pode...

Vamos detonar a DILMA, pois, ela o LULA e o PT, reduziram a inflação e reajustaram em mais do que o dobro o salário mínimo, dobrando o poder aquisitivo, e isso não pode...

Vamos detonar a DILMA, o LULA e o PT, pois eles estão quase finalizando a duplicação da BR 101 sul, e isso não pode...

Vamos detonar a DILMA, o LULA e o PT, pois estes criaram meia centena de universidades federais. E mais de 250 extensões universitárias, e isso não pode...

Vamos detonar a DILMA, pois ela, o LULA e o PT, facilitaram o acesso dos pobres à internet. E isso não pode, já viram dar direito a pobre de reclamar alguma coisa ou opinar?? Isso é inadmissível...

Vamos detonar a DILMA, o LULA e o PT, pois estes criaram o bolsa desconto do IPI, na compra de veículos, e isso não pode...

Vamos detonar a DILMA, o LULA e o PT, pois estes falam com os pobres. E isso é coisa do demônio, quando é que pobre teve direito de conversar com Presidente Da República...

Vamos detonar a DILMA, o LULA e o PT, pois estes, fizeram com que brasileiros, pobre viajassem de avião por todos os estados do BRASIL e até para o exterior e isso antes era só coisa de ricos...


POR ISSO QUE DIGO ESSE MOVIMENTO GOLPISTA NÃO ME REPRESENTA NUNCA. NUNCA, NUNCA.

CÂMARA DOS DEPUTADOS ARQUIVA PEC 37 POR VOTAÇÃO DE AMPLA MAIORIA

Sob pressão de protestos de rua, a Câmara arquivou uma proposta de emenda constitucional que tirava poderes de investigação do Ministério Público.
No Congresso, entraram em regime de votação acelerada outros itens mencionados em manifestações, como investimento em educação e combate à corrupção.
Plenário lotado e manifestações nas galerias liberadas. Gritos e aplausos, que normalmente são proibidos, foram permitidos nesta terça-feira (25).
Todos os partidos orientaram os deputados a rejeitarem a chamada PEC 37, que foi derrubada por 430 votos.
Na comemoração, o hino nacional foi cantado por estudantes, procuradores e por parlamentares.
Com o arquivamento da chamada PEC 37 pelos deputados, fica mantido o poder de investigação do Ministério Público, que foi estabelecido na Constituição de 1988.
Foi a primeira resposta da Câmara aos pedidos feitos pelos manifestantes nas ruas nos protestos dos últimos dias.
O Senado também resolveu direcionar a pauta de votações aos pedidos feitos nas ruas.
O presidente Renan Calheiros apresentou um projeto que prevê passe livre para estudantes matriculados e que tenham frequência comprovada.
O dinheiro para financiar a proposta viria dos royalties do petróleo.
Calheiros também anunciou a votação de outros projetos. Um deles deve ser votado na quarta-feira (26). É o que torna corrupção crime hediondo.
Também estão prontos para votação o que destina 10% do Produto Interno Bruto para educação e o que pune juízes e membros do Ministério Público condenados em crimes.

COMO AS DÍVIDAS LEVARAM EIKE BATISTA À BEIRA DO PRECIPÍCIO

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À medida que o império industrial de Eike Batista desmorona, sua situação cada vez mais se parece com a construção do Porto de Açu, um dos empreendimentos mais visíveis do empresário e que se assemelha a um monte de areia no meio de um pântano.
Para construir o terminal, estaleiro e parque industrial de petróleo e minério de ferro de 2 bilhões de dólares, localizado a 300 km do Rio de Janeiro, o maior navio de dragagem do mundo atravessou a praia e escavou 13 quilômetros de docas entre dunas e restinga.
O complexo, uma vez e meia do tamanho de Manhattan, tem um outro cais, de 3 km, que pode receber meia dúzia dos maiores petroleiros e cargueiros do mundo ao mesmo tempo.
No entanto, apesar de todo esse trabalho e de um país desesperado por portos e outras infraestruturas pesadas, os investidores consideram quase sem valor as três empresas do grupo EBX com participações em Açu.
Todas as seis empresas do grupo EBX, com exceção de uma, perderam mais de 90 por cento de seu valor desde que atingiram suas cotações máximas.
E as ações da OGX Petróleo e Gás, principal empresa do grupo, estão sendo negociadas a níveis que sugerem que um calote é iminente.
Eike, que foi o mais bem sucedido empresário do Brasil durante a década do boom das commodities, tem sido obrigado a ver uma das maiores fortunas do mundo desaparecer.
No ano passado, quando a revista Forbes classificou sua fortuna como a sétima maior do mundo, Eike se vangloriou e disse que se tornaria o homem mais rico do mundo.
O Brasil, que durante o boom cresceu em seu ritmo mais rápido em três décadas, estagnou. Conversas sobre um “milagre brasileiro” foram substituídas por protestos.
A fortuna pessoal de Eike encolheu em mais de 20 bilhões de dólares e isso lhe custou o título de homem mais rico do Brasil.
“A situação de Eike é incrível, no sentido verdadeiro da palavra”, diz Chris Kettenmann, analista de petróleo e gás da Prime Executions, uma corretora de ações de Nova York. “É espetacular ver o quanto de valor foi corroído.”
Os empreendimentos da EBX em petróleo, construção naval, energia e transporte podem sobreviver em uma versão reduzida.
Eike, porém, provavelmente não será o controlador, sendo obrigado a vender sua parte para pagar dívida.
“Eu não sei o que vai acontecer com Eike”, diz o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico do Rio de Janeiro, Julio Bueno, cujo governo tem ajudado Eike a desapropriar terras para o porto.
“Nós precisamos do porto e outros investidores querem construir portos nas proximidades. O porto ainda será construído? Sim. É uma boa ideia? Sim. Será Eike seu controlador? Isso eu não posso dizer.”

CUBA X BRASIL DOIS MODELOS DE EDUCAÇÃO

1. O exemplo cubano:
A UNESCO, em seu relatório mundial sobre educação em 2011, fez uma radiografia do sistema cubano e explicitou porque este país é um exemplo concreto para o mundo de uma educação exitosa.
O artigo 205 da constituição cubana garante a educação pública, gratuita e de qualidade para todos os seus cidadãos, independente da posição socioeconômica na qual se encontram.
Mas é o artigo 39 o que chama mais atenção, quando afirma três princípios básicos revolucionários de uma educação de qualidade: a. Garantia de avanço na ciência e na tecnologia; b. Referencial marxista e martiano de ser social que se pretende formar; c. Demarcação da tradição pedagógica progressista cubana e universal.
Juntos, os dois artigos explicitam o teor do público-gratuito-de qualidade. A sustentação em conteúdo de um posicionamento político que garante o direito à reflexão crítica e à formação continuada, com centralidade dos gastos do governo em educação.
2. Os aspectos qualitativos dos dados cubanos
Com uma população de 11.247.925, Cuba conta com 2.193.312 matriculados nas respectivas faixas etárias educativas.
São 9.673 escolas públicas, 298.508 professores, 170 mil bolsistas, e 908 mil estudantes em escolas semi-internas.
Segundo os dados oficiais referentes a 2010 e 2011, formaram-se 85.757 cubanos, 23,4% em cursos técnicos, 31,4% em ciências médicas, 14,9% em pedagogia, 9.9% em economia e 20,4% em outras áreas.
A participação em cursos de pós-graduação em 2010 merece destaque. Havia mais de 500 mil cubanos matriculados em cursos continuados após a graduação. 307.932 em cursos gerais; 144.640 em mestrados e especializações; 41.048 em diplomados; 27.047 em profissionalizantes, 5.776 em doutorados.
Para isto, são gastos 30% do PIB cubano, que é de U$60 bilhões, com educação, saúde e garantias sociais.
Vale destaque a ação internacionalista de Cuba, que recebe na escola latino-americana vários filhos da classe trabalhadora, tanto para cursos da área de ciências e humanidades, quanto de ciências médicas.
Com uma política concreta de educação pública de qualidade, Cuba aparece, nos dados comparativos da ordem mundial burguesa, como o primeiro país em controle do analfabetismo e exportador do modelo de alfabetização “sí yo puedo”, em que, com recursos didáticos magistrais, ensina como ler nas letras o que já se lê no cotidiano.
Será o exemplo cubano um mero acaso? Um caso especifico? Ou será a confirmação da incompatibilidade entre desenvolvimento do capitalismo e pensamento crítico, com educação pública universalizada e princípios políticos claros sobre o ser social que se deseja (trans)formar?
3. E o caso brasileiro? O que temos a dizer?
O modelo educacional brasileiro é oposto de Cuba. O cotidiano manifesta, por si só, o fracasso da universalidade, gratuidade e supremacia do público no sistema educativo brasileiro, sendo oposto ao modelo cubano.
A atual falência do modelo brasileiro de educação está diretamente relacionada à vitória do capital transnacional na conduta política da ordem e do progresso brasileiro, a partir dos anos 90.
As reformas educacionais foram revendo os princípios constitucionais de garantia pública, gratuita e de qualidade, e direcionando seu sentido para a privatização da educação, cujo rumo é dirigido pelos princípios ético-morais do capital contando com o financiamento público, para a realização de sua orgia.
O vergonhoso piso mínimo salarial dos professores da educação básica e média, a política de contratação de temporários como regra e as inúmeras parcerias público-privadas são a gênese da atual educação “pública” brasileira.
Basta olharmos o cotidiano nacional de greves para constatarmos o absurdo. Nessa luta se insere a defesa dos 10% do PIB para a educação PÚBLICA.
O Brasil figura entre as sete maiores economias do mundo. O orçamento público de 2011 foi de aproximadamente R$1,5 trilhões. Deste total, 45% foram gastos com o pagamento de dívidas e amortizações e 3% foram gastos com educação, seja ela pública ou em parceria privada, segundo a auditoria cidadã da dívida.
O artigo 214 da constituição não prevê ser obrigação total do Estado a universalização da educação. Tem como objetivos a  erradicação do analfabetismo; universalização do atendimento escolar; melhoria da qualidade do ensino; formação para o trabalho; promoção humanística, científica e tecnológica do País; e estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto.
Chama a atenção, na página do MEC, o financiamento da educação, FIES, como outro aspecto claro de mercantilização deste direito social.
4. Exemplos concretos de mercantilização da educação
Para fortalecer a campanha pela melhoria da educação em que o poder público não assume seu protagonismo, a organização Todos pela educação, apresenta-se como uma entidade-apoio ao desenvolvimento brasileiro. Entre seus mantenedores-parceiros estão: Instituto Camargo Corrêa, Santander, Fundação Bradesco, Rede Globo, Suzano Papel Celulose, Gerdau, Itaú BBA, Instituto Ayrton Sena, Faber Castell, BID, HSBC, etc.
O canal Agência do Estado noticiou, esta semana, a fusão entre dois grandes capitais da educação brasileira: Kroton e Anhanguera. Juntas, faturam anualmente R$ 4,3 bilhões, através das 800 unidades de ensino superior e as 810 escolas associadas distribuídas pelo País.
No site da Anhanguera lemos sua missão: “ser uma das maiores instituições de ensino superior do mundo e oferecer aos seus alunos a melhor relação custo versus qualidade”. Para isto, conta com financiamento, crédito educativo, e amplas formas de transações, enquanto uma empresa de capital aberto, para facilitar a permanência-conclusão dos estudantes no ensino.
No site da Kroton, além do mapa do Brasil ocupado pela empresa, reitera, via fundação Pitágoras, sua ação na “responsabilidade social”, tendo como parcerias para a auto-sustentação financeira: Embraer, Grupo Gerdau, Instituto Camargo Correia, Grupo Votorantim, Fundação Arcelor Mittal e Instituto Unibanco”.
5. Cuba x Brasil: dois modelos opostos de educação
A educação pública virou um grande negócio. Cantinas terceirizadas, venda de uniformes e de materiais escolares, sucateamento da merenda escolar. Isto, somado à falta de recursos para a qualificação profissional e às péssimas condições da superexploração da força de trabalho, mostra a real face mercantil da educação pública brasileira.
Esse Brasil da ordem e do progresso do capital transnacional evidencia o atual estágio de desenvolvimento do capitalismo brasileiro, em que a regra é a financeirização da riqueza e a internacionalização da produção-circulação das mercadorias, às custas de uma maior opressão das condições de vida da classe trabalhadora brasileira.
Entre o exemplo cubano e a realidade brasileira, façam suas escolhas. Nesse quesito, não tenho dúvida: sou cubano, bolivariano, latino-americano, na educação, na saúde, no modelo de desenvolvimento, antes que a morte anunciada pelo capital nos mate.

terça-feira, 25 de junho de 2013

PENA QUE ALGUNS CONFUNDEM: SOBRE O AMOR

Amor. Amar.

Amor é a forma perfeita de DEUS. Amar, é expressá-LO.

O amor traz para nós o que há de melhor. Amar, faz-nos levar a outros o nosso melhor.

Amar é dar-se sem esperar algo em troca. Apenas dar.

Amar é exceder o bem, é emanar de si o mais puro e perfeito desejo, pensamento, pensamento que vem dos céus.

O amor é a origem das belas emoções, das mais profundas e inesquecíveis canções. O amor faz-nos viver mais, sorrir mais, agradecer mais.

Amar é entender que somos parte de um todo, árvores de um mesmo bosque, flores de um mesmo jardim.

Amar é não fazer distinção, é não ser parcial. É entender o outro, calar-se quando não se tem razão.

O amor transpõe quaisquer barreiras, sejam elas de nacionalidade, cor, sexo, religião. O amor está além.

Amar é abraçar quem de um afeto necessita. É beijar a alma de quem te toca. É acariciar o rosto de quem te olha.

Amar é caminhar com o vento, dançar com a música, é pintar-se com as cores, é fluir com as águas.

O amor é tudo. Amar é para todos. O amor é DELE e também é nosso. Amar vem DELE e deve sair de nós.

O amor é assim. Amar também.

ALIADOS APOIAM E OPOSIÇÃO CRITICAM PROPOSTA DE DILMA.

Brazilian president Dilma Rousseff public transport
A proposta da presidenta Dilma Rousseff de convocar um plebiscito para realizar a reforma política agradou aos líderes dos principais partidos aliados, mas a oposição lembrou que Dilma já havia defendido uma mudança no sistema político do país ao tomar posse e não mobilizou sua ampla base aliada.
A presidenta propôs o debate sobre a realização de um plebiscito durante a reunião nesta segunda-feira com governadores e prefeitos de capitais em que debateram o que fazer para responder à crescente onda de manifestações populares pelo país que já levaram milhões às ruas.
“Quero, nesse momento, propor o debate sobre a convocação de um plebiscito popular que autorize o funcionamento de um processo constituinte específico para fazer a reforma política que o país tanto necessita”, propôs Dilma.
O líder do PMDB na Câmara, maior partido da coalizão do governo no Congresso, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que Dilma está indo “por um bom caminho” ao fazer propostas concretas e que a tendência do partido é apoiar suas propostas, que ainda terão que ser debatidas com os parlamentares.
“Sem dúvida é uma mudança de atitude (da presidenta). Isso devia ser uma constante e não apenas em momentos de crise”, afirmou à Reuters o peemedebista, que tem oferecido resistência às propostas do governo recentemente.
Apesar da declaração de apoio de Cunha, um outro peemedebista disse à Reuters que o anúncio de Dilma sugerindo uma constituinte exclusiva para tratar da reforma política pegou de surpresa o partido e contrariou algumas de suas lideranças.
O líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS), elogiou a disposição da presidente de se envolver no debate da reforma política.
“Mas ela deveria convocar logo uma constituinte exclusiva, ela tem prerrogativas para isso”, disse ele.
“Aliás, devia ser uma constituinte exclusiva para debater além da reforma política, a reforma tributária também.”
Albuquerque criticou a falta de um pacto para a questão da segurança pública entre os pactos propostos pela presidente.
Dilma propôs um acordo nacional com governadores e prefeitos por responsabilidade fiscal, saúde, mais recursos para educação e transporte público, além da reforma política.
“O PSB apoia os pactos, mas vai cobrar o pacto pela segurança”, disse Albuquerque.
O líder do PT na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou que o partido apoiará as iniciativas lançadas pela presidente, mas acredita que o Congresso poderá ampliar a pauta sugerida por Dilma, incluindo por exemplo a reforma tributária.
Segundo ele, a reforma política deve envolver o debate sobre o financiamento público, aumentar as possibilidades para consultas populares, incluir a fidelidade partidária como cláusula pétrea da Constituição e modificar o sistema eleitoral.
Já o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), disse que a presidente está fazendo uma “proposta oca”.
“Quando ela assumiu, veio ao Congresso e fez um discurso dizendo que apoiaria a reforma política e depois não deu um pio sobre isso”, disse o tucano, lembrando do discurso de posse de Dilma.
Segundo ele, a presidente está “jogando areia nos olhos dos brasileiros” e “colocando suas responsabilidades sobre as costas dos outros, decretando a falência do seu governo”.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

ESTADO DE SAÚDE DE NELSON MANDELA É CRÍTICO

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O estado de saúde de Nelson Mandela, que está internado em um hospital em Pretória, se tornou crítico, segundo um comunidade divulgado pelo presidente da África do Sul, Jacob Zuma.
O primeiro presidente negro da África do Sul, que tem 94 anos de idade, foi hospitalizado no início do mês, com uma infecção de pulmão recorrente.
O comunicado diz que Zuma visitou Mandela no hospital na tarde deste sábado. Ele recebeu a notícia de que o estado de saúde do ex-presidente piorou nas últimas 24 horas.
“Os médicos estão fazendo todo o possível para melhorar sua condição e asseguram que Madiba está sendo bem cuidado e está confortável. Ele está em boas mãos”, disse Zuma, usando o nome pelo qual Mandela é amplamente conhecido na África do Sul.
Zuma fez um apelo por orações para Mandela e seus médicos.
Mandela é reverenciado por ter liderado a luta contra o poder de uma minoria branca na África do Sul e depois por ter pregado a reconciliação, apesar de ter permanecido preso por 27 anos. Ele deixou o poder após ocupar a Presidência por cinco anos.
O ex-presidente e Nobel da Paz teria sofrido danos nos pulmões enquanto trabalhava em uma pedreira na prisão.
Ele contraiu tuberculose nos anos de 1980 enquanto era mantido preso em uma unidade prisional na ilha de Robben, que fica muito exposta a correntes de vento.
Mandela se retirou da vida pública em 2004 e dificilmente era visto em eventos públicos desde então.
No sábado, foi revelado que a ambulância na qual Mandela era levado para o hospital no último dia 8 de junho quebrou. Ele teve que ser removido para outro veículo.
Zuma negou que Mandela tenha sofrido um ataque cardíaco.

domingo, 23 de junho de 2013

"BUNDA PINTADA" QUE FICOU NUA CONTRA FHC VOLTA A ATOS COM ROUPA

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Na semana em que caras, pintadas ou não, ajudaram a desenhar o maior movimento da juventude brasileira dos últimos 20 anos, alguém se lembra da “bunda-pintada”?
Carla Taís dos Santos, 33, ou Carlinha, para os mais chegados, recorda-se como se fosse ontem do dia em que “parou tudo” em Brasília, ao desfilar nua em frente ao Congresso Nacional.
Era 2001. A garota tinha 21 anos.
Ao tirar a roupa contra o segundo governo de FHC (1999-2002), Carla, então presidente da Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), ganhou fama nacional de “bunda-pintada”.
Na semana passada, ela participou de uma manifestação em Novo Hamburgo (RS) que fechou a BR 116.
Dessa vez, 12 anos depois da nudez, de roupa.
Considera a redução das tarifas uma grande vitória que deve ser comemorada e “servir de impulso para mais organização e novas conquistas”, embora “ainda não inverta a lógica das máfias do transporte”. Rechaça a proibição ou hostilidade às bandeiras de partidos nos atos.
“É um absurdo. Lutamos por 21 anos contra uma ditadura que fez exatamente o mesmo. Está na contramão da liberdade de expressão tão defendida nos protestos.”
Acha que a depredação de bancos, grandes redes de lojas e ônibus não se justifica, mas “se explica”. “Serão os empresários que mais lucram que pagarão a conta.”
Já a do patrimônio público, “não faz o menor sentido, pois, além de ser mais um dinheiro que deixará de ser investido na educação e na saúde, divide e afasta o movimento”. Só serve ao “prazer egoísta de quem se acha ultrarrevolucionário”.
Formada em letras pela USP, Carla hoje assessora uma das diretoras da Ancine (Agência Nacional do Cinema), Rosana dos Santos Alcântara.
“Hoje, sou uma outra mulher”, diz, mas os sonhos continuam os mesmos da época de “bunda-pintada”.
“Se mudanças não começarem a acontecer, a rua continuará a aumentar o volume de seu grito. E eu estarei em todas as manifestações com a perspectiva de construir um Brasil socialista.”
“Tirar a roupa sempre me pareceu um gesto natural”, diz Carla, que hoje só se despe para o namorado, com quem está há três meses, ou numa praia de nudismo, “pra extravasar”.

sábado, 22 de junho de 2013

"EM QUE POSSO LHE AJUDAR?"

Somos seres em permanente necessidade de ajuda. Em momento algum de nossa vida podemos dizer: “Eu não preciso da ajuda de ninguém!”. Desde a nossa concepção e até a nossa partida deste mundo, necessitamos ser ajudados a todo o instante. Mas na mesma proporção podemos e devemos ajudar, pois “quem guarda a vida para si, perde-a!”
Por incrível que pareça, é comprovado que, entre os humanos, é mais fácil ajudar do que reconhecer a necessidade de ajuda. A autossuficiência é uma tentação que ronda em todas as idades. Reconhecer-nos necessitados parece uma certa afronta à nossa autoafirmação. A rebeldia de apropriar-se de todas as possibilidades por conta própria é um impulso natural. Porém, a lógica da vida não concorda com esta tendência. 
Num ímpeto de vaidade, dizem que um famoso artista de sucesso internacional, ao chegar numa localidade onde iria apresentar-se, foi abordado por um humilde cidadão. Este lhe disse: “Bem-
vindo em nossa cidade! Em que posso lhe ajudar?” O artista, cheio de sucesso e orgulho, lhe disse: “Eu não preciso de ninguém! Todo o sucesso do mundo é meu, e pronto!”
O humilde cidadão era um homem sábio e logo lhe disse: “Que ridícula sua afirmação ‘Eu não preciso de ninguém!’. Quem lhe deu a vida? Quem lhe garante o ar para sua respiração, a luz do sol de cada dia e a água benfazeja? Quem lhe faz as brilhantes roupas e sapatos para se apresentar às multidões e lhe dá os aplausos para o sucesso? E o alimento para seus banquetes?... Quem cultiva os campos e semeia o trigo para o pão de cada dia?”
Se existe algo ridículo para os humanos é a autossuficiência. A interdependência é um constitutivo normal e lógico da vida e, principalmente, da convivência. Toda a natureza é um hino à vida em comunhão. Como poderia germinar a semente sem água, e para que serviria a água se nada germinasse?
Quando nos reconhecemos como necessitados de muitas e permanentes ajudas, teremos mais facilidade de entender as pessoas que também experimentam a mesma lógica para viver. Se nos sentimos agraciados pelas muitas ajudas de cada dia que nos vem dos outros, certamente nos abriremos para ajudar a quem necessita de nós. E quem não necessita?!
A fé cristã é o melhor argumento para a gratidão em relação a toda forma de ajuda. O que temos nós que não recebemos de Deus? E o que devemos fazer com tudo o que d’Ele recebemos? Nosso reconhecimento só será justo se toda a ajuda recebida vai se transformando em ajuda para os outros. O dom recebido se multiplica quando se fizer doação e ajuda para os outros.
Ajudar e ser ajudado é uma via de duas mãos que possibilita o trânsito livre para a promoção da vida e a harmonia de uma convivência solidária. Superando a autossuficiência e o egoísmo, podemos ir construindo a civilização do amor com a mente, o coração e as mãos.
Quem na vida não passa por horas de duras provações, onde nos vemos carentes e necessitados de algo? Como é importante quando alguém chega e nos pergunta: “Em que eu posso lhe ajudar?”

É O DOENTE E NÃO O SÃO QUE PRECISA DE MÉDICO

O refeitório do convento de Santa Maria delle Grazie, em Milão, no norte da Itália, guarda uma das mais extraordinárias e famosas pinturas do mundo. Trata-se da Última Ceia, assinada pelo imortal Leonardo da Vinci, que consumiu três anos (de 1495 a 1497) neste impressionante trabalho. A obra foi imitada por outros pintores e reproduzida milhões de vezes. Retrata um dos momentos mais tensos da vida de Jesus, quando Ele anuncia aos doze apóstolos que um deles o haveria de trair . Cristo está no centro e nos rostos dos apóstolos aparecem a preocupação, o espanto e a tristeza.
Os monges reclamavam pela demora na conclusão da pintura. O quadro estava quase completo, faltando apenas um personagem: Judas. Da Vinci recusava-se a continuar o trabalho antes de encontrar um modelo que personificasse, em seu rosto, os traços misteriosos, mesquinhos e maldosos de traidor. Por fim o personagem foi encontrado: um certo Pietro Bandinelli, que aceitou servir de modelo. No final do trabalho, Bandinelli fez uma revelação: ele já servira de modelo a outro personagem do quadro: cerca de dois anos antes, Leonardo usara seus traços para a figura do apóstolo João, o discípulo amado.
Nesses dois anos sua vida havia mudado. Esquecera seus valores, sua vida cristã e afundara em toda espécie de vícios. Dois anos foram suficientes para ver seu projeto de vida ser substituído por uma realidade desordenada e miserável.
Nossa vida é feita de escolhas e as escolhas fazem nossa vida. Escolhas bem feitas encaminham para a felicidade e para a realização; escolhas mal feitas levam para a frustração e para a infelicidade. Enquanto temos tempo, nossas escolhas podem ser refeitas, para o melhor e para o pior.
O livro do Apocalipse ilumina este quadro. O Anjo da Igreja de Éfeso, avaliando a conduta da comunidade, após ressaltar pontos positivos, adverte: “Devo reprovar-te, contudo por teres abandonado teu primeiro amor. Recorda-te pois, de onde caíste, converte-te e retoma a conduta de outrora” 
O Evangelho é um permanente convite para recomeçar. Nossas escolhas podem ser refeitas. O fatalismo não tem lugar no projeto de Jesus. O cego recupera a visão, o surdo começa a ouvir, o mudo a falar, a mulher adúltera readquire sua dignidade e a própria morte é obrigada a ceder diante da vida. Na cruz, ao lado do Senhor, o bom ladrão percebe sua chance, refaz sua vida 
e alcança o paraíso.
Em vez do Deus da ira, do Senhor dos exércitos, Jesus anuncia um Pai que perdoa setenta vezes sete vezes. Garante que Ele não veio para condenar, mas para salvar, exemplificando: “É o doente, e não o são, que precisa do médico”.

EQUÍVOCOS E SOLUÇÕES PARA AS DROGAS

O fenômeno das drogas atinge todos nós. Ainda que você não tenha um dependente químico na família, o perigo reside no assalto. Nada pior do que ser assaltado por uma pessoa drogada. Qualquer gesto pode representar na cabeça dele uma reação que merece a morte.
Não é apenas nas ruas que a existência de grande número de viciados preocupa. Em todas as classes sociais há quem seja dependente de drogas. Não somente das proibidas, como cocaína e ópio, mas também das que se podem adquirir em farmácias (com receitas falsas) ou em hospitais (por desvio). Nos dois casos, uma grana extra faz do funcionário um corrupto, e a droga de tarja preta chega fácil às mãos do usuário.
Famílias de classes média e alta conhecem a tortura do que significa ter um parente dependente químico. Já o poder público, incomodado com a paisagem urbana das cracolândias, advoga a internação compulsória. Medida, aliás, adotada por famílias com recursos para pagar internação em clínicas de (suposta) recuperação.
Restam as perguntas que não querem calar, mas que famílias e poder público insistem em abafar: o que induz uma pessoa a consumir drogas? Qual a solução para o problema?
Se amanhã a hóstia de igreja, que é oferecida gratuitamente, virar grife, terá preço de mercado, como jeans esfarrapados vendidos hoje em lojas sofisticadas. Ocorre que só quem comunga por razões religiosas consome hóstias. Do mesmo modo, o narcotráfico – que deve ser combatido com todo rigor – só existe porque há um amplo e voraz mercado de consumo.
O que leva uma pessoa a consumir drogas é a carência de autoestima. Sentindo-se inferior, desamada, pressionada pelo estresse competitivo, ela encontra nas drogas o recurso para alterar seu estado de consciência. Assim, se sente bem melhor do que ao enfrentar, de cuca limpa, a realidade. Sobretudo com certas drogas, como a cocaína, que imprimem sensação de onipotência.
Todo drogado é um místico em potencial. Sabe que a felicidade é uma experiência da subjetividade. Dê a um dependente químico barras de ouro para que abandone a droga e inicie vida nova. Ele logo tratará de vendê-las para comprar drogas.
A droga decorre de nossa escala de valores. Há nisso forte componente educativo. Se um jovem é educado priorizando como valores riqueza, sucesso, poder e beleza, tende a se tornar vulnerável às drogas. Elas funcionarão, periódica e provisoriamente, como cobertor ao frio de suas ambições frustradas.
Alerto meus amigos que têm filhos pequenos: deem a eles muita atenção e carinho, especialmente até os 12 anos. Todo drogado grita em outra linguagem: “Eu quero ser amado!”
E o poder público, o que fazer diante desta epidemia química? Internação compulsória? Funciona provisoriamente como limpeza da paisagem urbana. Em um país como o nosso, com sistema de saúde precário, difícil acreditar que existam clínicas de internação para atender todos os dependentes e com suficiente pedagogia de recuperação.
A solução talvez não seja fácil para aqueles que já romperam vínculos familiares. Contudo, há, sim, solução preventiva se o poder público cumprir seu dever de assegurar a todas as crianças e jovens educação de qualidade. Um jovem que sonha ser um profissional competente jamais entrará nas drogas se tiver educação garantida, sobretudo centrada em valores altruístas, solidários, espirituais.
Morei cinco anos em favela. Aprendi que nenhum traficante deseja que seu filho siga os seus passos. O sonho é que o filho seja doutor. Portanto, no dia em que o poder público levar aos ninhos do tráfico mais escolas, música, teatro, academias, bibliotecas, e menos batidas policiais e balas “perdidas”, teremos menos viciados e traficantes.
Portugal ensinou muito ao Brasil: o idioma, o prazer do queijo, a religiosidade cristã, a arte sacra, o gosto pela literatura etc. É hora de aprendermos também com Portugal como lidar com as drogas. Lisboa é a capital europeia com menor índice de homicídios.

PARA PENSAR: SER RADICALMENTE POBRE, É SER PLENAMENTE IRMÃO.

A pobreza de cada um é um desafio para o outro cuidar dele e buscar-lhe, pela esmola ou pelo trabalho, o mínimo necessário

Uma das primeiras palavras do Papa Francisco foi: “Gostaria de uma Igreja pobre para os pobres”. Este desiderato está na linha do espírito de São Francisco, chamado de Poverello, o Pobrezinho de Assis. Ele não pretendeu gestar uma Igreja pobre para os pobres, pois isso seria irrealizável dentro do regime de cristandade, onde a Igreja detinha todo o poder. Mas criou ao seu redor um movimento e uma comunidade de pobres com os pobres e como os pobres.
Francisco pertencia à afluente burguesia local. Seu pai era um rico mercador de tecidos. Como jovem liderava um grupo de amigos boêmios que viviam em festas. Já adulto, passou por uma forte crise existencial – quando irrompeu nele uma inexplicável misericórdia e amor pelos pobres, especialmente pelos hansenianos. Largou a família e os negócios, assumiu a radical pobreza evangélica e foi morar com os hansenianos. O Jesus pobre e crucificado e os pobres reais foram os móveis de sua mudança de vida. Passou dois anos em orações e penitências, até que interiormente ouviu um chamado do Crucificado: “Francisco, vai e reconstrói a minha Igreja que está em ruínas”.
Custou a entender que não se tratava de algo material, mas de uma missão espiritual. Saiu pelos caminhos pregando nos burgos o evangelho em língua popular. Mas o fez com tanta jovialidade, “grazie” e força de convencimento que fascinou alguns de seus antigos companheiros. Em 1209 conseguiu do Papa Inocêncio III a aprovação de sua “loucura” evangélica. Começou o movimento franciscano que em menos de vinte anos chegou a mais de cinco mil seguidores.
Quatro eixos estruturam o movimento: o amor apaixonado ao Cristo crucificado, o amor terno e fra-terno para com os pobres, a “senhora dama” pobreza, a genuína simplicidade e a grande humildade.
Tentemos compreender como Francisco via e convivia com os pobres. Nada fez ‘para’ os pobres (alguma obra assistencial); muito fez ‘com’ os pobres, pois os incluía na pregação do evangelho e onde podia estava junto deles; mas fez mais: viveu ‘como’ os pobres. Assumiu sua vida, limpava suas feridas e comia com eles. Fez-se um pobre entre os pobres.
A pobreza não consiste em não ter, mas na capacidade de dar e mais uma vez dar até se expropriar de tudo. Não é um caminho ascético. Mas a mediação para uma excelência incomparável: a identificação com o Cristo pobre e com os pobres com os quais estabeleceu uma relação de fraternidade.
Francisco havia intuído que as posses se colocam entre as pessoas, impedindo o olho no olho e o coração com o coração. São os interesses, o que fica entre (inter-esse) as pessoas, que criam obstáculos à fraternidade. A pobreza é o permanente esforço de remover as posses e interesses de qualquer tipo para que daí resulte a verdadeira fraternidade. Ser radicalmente pobre para poder ser plenamente irmão: este é o projeto de Francisco; daí a importância da radical pobreza.
Convenhamos que a pobreza assim extrema era pesada e dura. A existência no corpo e no mundo coloca exigências que não podem ser contrafeitas. Como humanizar esta desumanização real que comporta este tipo de pobreza? As fontes da época testemunham que os frades pareciam “silvestres homines (uns selvagens) que comem pouquíssimo, andam descalços e se vestem com as piores roupas”. Mas, por espanto, nunca perdem a alegria e o bom humor.
É neste contexto de extrema pobreza que Francisco valoriza a fraternidade. A pobreza de cada um é um desafio para o outro cuidar dele e buscar-lhe, pela esmola ou pelo trabalho, o mínimo necessário, dar-lhe abrigo e segurança. Francisco quer que cada frade cumpra a missão de mãe para com o outro, pois as mães sabem cuidar, especialmente dos doentes. Só o cuidado recíproco humaniza a existência. Para quem vivia totalmente desprotegido, a fraternidade significava efetivamente tudo.
São muitas as lições que se poderiam tirar desta aventura espiritual. Fiquemos apenas numa: para Francisco as relações humanas devem se construir sempre a partir dos que não são e não têm na visão dos poderosos. Devem ser abraçados como irmãos. Só uma fraternidade que vem de baixo e que a partir daí engloba os demais é verdadeiramente humana e tem sustentabilidade. A Igreja, como a temos hoje, nunca será como os pobres. Mas pode ser para e com os pobres, como o sonha o Papa Francisco.

A FORÇA QUE TEM O AMOR.

O amor é uma das ideias mais revolucionárias, capaz de garantir condições de vida em segurança. O medo, valor tão propagado e vivenciado por conta da violência cotidiana, não pode nos apequenar diante dos desafios de sempre construir vida na dignidade, a partir de relações de respeito, consideração e apreço de um para com o outro. 
Nossa civilização “encaixotou” o afeto. O afeto estimula a criar as condições para a plena realização. O ser humano é um ser em construção, por isso mesmo exige investimentos afetivos a vida toda. O cuidado, como algo essencial e que constitui a nossa condição humana, deve ser resgatado se quisermos devolver à humanidade o verdadeiro sentido de sua existência. 
Não sobrevivemos se não somos bem cuidados. Na escala dos seres vivos, somos os mais dependentes. Saímos da barriga da mãe, caímos nos braços de uma família. Aos poucos vamos crescendo e nos integrando aos grupos sociais da escola, da vizinhança, dos amigos, dos colegas de trabalho. E cada fase de nossa vida exige que sejamos cuidados e que saibamos cuidar, da gente e dos outros.
A necessidade do cuidado e as carências afetivas, próprias do ser humano, não constituem nenhuma fraqueza. O que nos torna fortes e capazes de superar as contradições é a coragem de assumirmos nossas carências, pois estas é que nos desafiam para o crescimento e discernimento pessoal, afetivo e social. As relações que se constituem na partilha, na compreensão, na doação, na gratuidade e na confiança são oportunidades que muitos constroem por acreditarem que sua realização depende da integração, convivência e complementariedade a serem construídas junto com os outros.
Redescobrir-se em permanente relação com os outros é a grande contribuição que cada um pode oferecer para a elevação de uma consciência de humanidade. Reconhecer e vivenciar valores como a solidariedade, a amizade, o amor, a partilha e a alteridade pode nos possibilitar um mundo com menos violentos e menos violentados.
A solução para os problemas de convivência social não passa pela construção de novos presídios e nem pelo endurecimento de nossas leis. Passa pela promoção da vida e da humanidade, através do cultivo de relações de respeito, amor e afeto. Romantismo? Não para os que acreditam que o amor é sempre maior do que o medo e a dor. O amor foi a inspiração dos grandes mestres como Jesus Cristo, Tereza de Calcutá, Gandhi, Dallai Lama, Chico Xavier e outros tantos. Aprendamos com eles se quisermos sobreviver plenamente realizados e livres.

EM NOME DO RESPEITO.

O pretexto foi o transporte urbano. Milhares de pessoas tomaram ruas de Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro na semana passada para protestar contra os valores das tarifas e o serviço oferecido. Houve excessos de manifestantes, alguns mascarados, que depredaram patrimônio e cometeram outros abusos. Mas também houve descontrole de policiais, que reagiram com o uso excessivo de força. O que se assistiu foram cenas comparadas a uma guerra civil.
No final de semana, em especial em Brasília e no Rio, palcos de jogos pela Copa das Confederações, evento que atrai os olhos do mundo, o inconformismo ganhou novos contornos, com mobilizações contra os gastos excessivos em obras de duvidosa utilidade, contra a corrupção e deficiências em setores como saúde e segurança pública. Percebeu-se, então, uma revolta que estava acobertada pelo silêncio e aparente resignação, e que irrompe e se espalha pelo país.
Essa sequência de ações cria um ambiente de contestações que se alastra pelas ruas, praças e chega aos estádios. É ainda difícil uma projeção que indique até onde irão os protestos. Motivos para que eles existam há de sobra. A insatisfação permeia todas as camadas sociais. O grito das ruas é um alerta aos políticos.
Como afirmou o sociólogo espanhol Manuel Castells, que participou do Fronteiras do Pensamento 2013, assim como todos os movimentos sociais na história, os atuais são principalmente emocionais, e não pontualmente indicativos. Em São Paulo, não é sobre o transporte. Em algum momento, um fato traz à tona uma indignação maior e quando as pessoas sentem a possibilidade de estarem juntas, surge a esperança de fazer algo diferente. O quê? Ainda não se sabe. Mas, basicamente, os cidadãos do mundo não se sentem representados pelas instituições democráticas. Mais do que isso: não se sentem respeitados pela classe política.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

O MOVIMENTO PASSE LIVRE DEU UMA AULA DE SABEDORIA POLÍTICA AO SE RECOLHER EM SP;

São Paulo mandou um recado claro
Os garotos do MPL de São Paulo deram uma aula de sabedoria política ao decidir encerrar os protestos.
A agenda progressista deles tinha sido tomada por grupos conservadores com motivações opostas aos ideais igualitários do movimento.
Isso ficou dramaticamente exposto ontem na avenida Paulista. Extremistas de direita se comportaram como se fossem os responsáveis por uma mobilização da qual eles tentavam ser apenas usurpadores.
O MPL estava sendo claramente usado, e ao se recolher isso acaba.
Os conservadores não têm capacidade aglutinadora nenhuma, e isso quer dizer que, para eles, a festa acabou.
Poderia ter havido uma tragédia em São Paulo, como ficou claro. O próprio Presidente do Pt aparentemente reconheceu o mau passo ao retirar o tuíte no qual fizera a convocação inoportuna.
Pela força de São Paulo, é presumível que a calma se espalhe pelo país a partir de agora.
Ficou a lição de que a política brasileira, tal como está empacotada hoje, é amplamente rejeitada por uma parcela expressiva da sociedade – sobretudo entre os jovens.
O Brasil progressista está cansado de pactos que inibem avanços sociais – Lula e Maluf, Dilma e ruralistas, Afif no governo paulista e ao mesmo tempo no gabinete presidencial etc.
O Brasil progressista não quer aturar a vida toda Sarneys, Delfins. E deseja outro tratamento para brasileiros desprotegidos, como os indígenas e os moradores de ajuntamentos como Pinheirinho.
Que o governo fez pelas comunidades removidas para obras da Copa do Mundo?
Esse tipo de política se esgotou – e não adianta o PT percorrer o país em festas autocongratulatórias para comemorar conquistas que são muito mais imaginárias que reais, como se vê em todos os levantamentos internacionais que comparam índices de desenvolvimento social.
O país quer mais do que o PT tem dado em termos sociais. Se o PT não for capaz de fazer mais, estará aberto um espaço formidável para quem fizer o que as ruas demandaram estes dias todos.
Essa é a mensagem principal do MPL de São Paulo.

UM DIA APÓS: A IMPLICAÇÃO DE UMA VITÓRIA

A vitória superlativa das ruas com a reversão do reajuste tarifário em SP foi saboreada pelos dirigentes do MPL com um misto de euforia e alívio. A continuidade dos protestos evidenciava uma crescente diluição do movimento nas tinturas de uma desqualificação do governo federal e das conquistas econômicas e sociais dos últimos dez anos. A jovem liderança do MPL, que se declara de esquerda, admite que já não sabia como reverter a usurpação martelada pela emissão conservadora. Há atitudes óbvias. Incompreensivelmente ainda não adotadas por quem dispõe de todos os holofotes da boa vontade nesse momento. Uma sugestão prosaica: convocar uma entrevista coletiva e desautorizar o dispositivo midiático conservador, que surfa na onda dos novos cara-pintadas para rejuvenescer a narrativa de um antipetismo histórico. A abusada antecipação da campanha de 2014 inclui cenas -e ameaças-- de invasão de palácios, mesmo quando ocupados por governantes já comprometidos com a redução tarifária. Essa era a agenda da 'comemoração' no RS, nesta 5ª feira. Qual o propósito dessa sessão de fotos com data e hora marcada? Aos integrantes do MPL não cabe o bônus da ingenuidade. Embora jovens, souberam fixar um alvo de notável pertinência histórica. A mobilização de massa em defesa da tarifa zero e por uma cidade dos cidadãos carrega a promessa de um chão firme do qual se ressente o planejamento democrático no país. Só um movimento urbano forte, capaz de disputar a construção da cidade com a lógica do lucro imobiliário poderá reverter o caos das grandes metrópoles. Se for a semente disso, o batismo de fogo do MPL, com todas as suas lacunas, já terá valido a pena. Antes, porém, precisa se desvencilhar da carona oportunista que hoje embaralha a sua extração histórica e pode ferir de morte a credibilidade conquistada nas ruas.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

QUEM É O HOMEM POR TRÁS DESTA MÁSCARA



E Guy Fawkes é uma presença dominante nos protestos no Brasil.Você vê Guy – fala-se Gui porque Guy vem de Guido – nas máscaras que as pessoas associam a duas coisas: o filme V de Vingança e o grupo de hacker Anomymous.

Mas é Guy Fawkes que está ali, tal como idealizado na história em quadrinhos de Alan Moore que serviria de base para V de Vingança.

A expressão zombeteira e altiva de quem é invencível em qualquer circunstância, especialmente na derrota.

Mas quem é ele?

Guy Fawkes foi o herói da Conspiração da Pólvora, ocorrida na Inglaterra no começo dos anos 1600 e até hoje lembrada com paixão.

O que os conspiradores queriam não era pouca coisa: simplesmente explodir o Parlamento britânico no momento em que o Rei Jaime I abriria, formalmente, os trabalhos, em 5 de novembro de 1605.

Na essência do complô estava a raiva e a frustração que Jaime despertara entre os católicos ingleses.

Ele sucedera Elizabete, filha de Henrique 8.

Elizabete, feia e indesejada, morreu virgem e sem sucessores, e com ela chegou ao fim a dinastia Tudor.

Ela perseguira cruelmente os católicos, como seu pai. Imaginava-se que Jaime, escocês da família Stuart que ascendera por conta de laços familiares com um ramo dos Tudor, facilitaria a vida dos católicos.

Não facilitou.

Os católicos logo o detestaram – não só por manter a perseguição como porque ele era escocês.

Logo começou uma trama para matá-lo – e a todos os parlamentares.

Os conspiradores compraram uma casa ao lado do Parlamento, em Westminster, e foram aos poucos, em completa discrição, enchendo de pólvora.

Fawkes, alto, forte, bonito, um guerreiro provado em várias guerras nas quais atuou como mercenário, tomava conta da casa, e estava preparado para explodir a si próprio, com a casa, caso fosse descoberto.

Uma fraqueza pessoal de um dos conspiradores pôs o plano a perder.

Na tentativa de salvar um amigo, o conspirador relutante mandou a ele um recado cifrado e anônimo. Recomendou-lhe que não fosse à abertura do Parlamento, no dia 5 de novembro.

O destinatário estranhou.

A carta chegou a Jaime, e o plano foi descoberto. Fawkes foi impedido, na ação de surpresa da polícia, de explodir a casa. Ele bem que tentou, para evitar que os conspiradores fossem descobertos, presos e punidos.

Ele foi levado à presença de Jaime, e nasceram aí frases memoráveis. O rei perguntou por que o objetivo era matar tanta gente – a família real, todos os parlamentares etc?

“Tempos desesperadores exigem medidas desesperadas”, respondeu Fawkes.

O rei insistiu perguntou: para que tanta pólvora? “Era a maneira mais rápida de mandar todos os escoceses de volta à Escócia”, disse Fawkes.

A coragem de Fawkes assombrou. Foi condenado à morte por enforcamento e esquartejamento.

Submetido a uma sessão infernal de torturas, não revelou nada que já não fosse conhecido.

Em sua História da Inglaterra para Crianças, Dickens o define como um “homem de ferro”. (De Jaime, diz que era o mais feio, o mais ridículo e o mais inepto dos mortais.)

O dia 5 de novembro passou a ser comemorado na Inglaterra com uma queima de fogos.

Aos poucos, a imagem de Fawkes de vilão foi se transformando na de um justiceiro, de um guerreiro heroico e libertário.

No filme V de Vingança é assim que ele aparece, reencarnado num homem que usa sua máscara e, para punir um Estado totalitário, faz o que Fawkes não conseguiu: explode o Parlamento.

A máscara de Fawkes aparece, hoje, em manifestações de protesto mundo afora, incluídos os do Movimento Passe Livre.

É também utilizada pelos hackers do grupo Anonymous, junto com este lema: “Nós não esquecemos, nós não perdoamos”.

A história é escrita pelos vencedores. Fawkes perdeu, e por isso foi inicialmente tratado como um traidor vil e inclemente.

Mas, num caso raro, a posteridade transformou o perdedor esquartejado num exemplo de coragem, bravura e justiça — num personagem que inspira lutas contra a opressão dos Jaimes que se espalham pelo mundo em todas as épocas.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

PROTESTAR CONTRA TUDO É O MESMO QUE PROTESTAR CONTRA NADA



Excluíram as bandeiras dos partidos de esquerda do movimento para que ele fosse “apartidário”. Ok. Mas desde que elas saíram, o volume de pessoas nas ruas aumentou e as manifestações perderam em conteúdo. Vejo gente saltando diante das câmeras de TV que nem no carnaval e assisto a entrevistas onde os participantes não conseguem concatenar meia dúzia de ideias para justificar por que estão ali. Resumem-se a dizer que protestam “contra tudo”. Contra tudo o quê, cara-pálida? É mentira que o Brasil esteja totalmente ruim para que seja preciso protestar contra TUDO. É contra a Copa? Ótimo. Pelo menos é UMA razão. Quem protesta contra tudo, a meu ver, não está protestando contra coisa alguma. Afinal, o protesto é à vera ou é só para postar no Facebook?

Uma manifestação se distingue de uma turba pelas reivindicações e pelas causas que possui. Uma manifestação sem rumo e sem causa pode se transformar facilmente em terreno fértil para aproveitadores e arruaceiros, como vimos diante da prefeitura de São Paulo na terça-feira e, na noite anterior, diante do Palácio dos Bandeirantes. Sim, eles são minoria, mas uma minoria de gente perigosa que agora já parte para saques e destruição do patrimônio público e privado. Sou totalmente contra o uso da violência em manifestações. Numa democracia, é perfeitamente possível protestar sem partir para a ignorância.

Sou e sempre serei a favor do povo nas ruas, batalhando por seus direitos, protestando e exigindo um futuro melhor. Isso é exercitar a cidadania. Mas eu aprendi que manifestações têm pautas. Qual é exatamente a pauta destes protestos? Se for pela tarifa, o pessoal do Movimento Passe Livre deve se sentar para negociar com o prefeito Fernando Haddad, que, a meu ver, errou em não fazer isto desde a primeira hora. Se for por algo mais além da tarifa, como sentimos, os manifestantes precisam encontrar um caminho, apresentar queixas concretas, reivindicações factíveis. Vivemos em um país democrático, não há governo tirano para derrubar. Se isso que estamos vivendo é uma “primavera”, é primavera do quê?

SUSPEITO É FILHO DE EMPRESÃRIO DO TRANSPORTE


A Polícia Civil prendeu o jovem identificado como Pierre Ramon, que aparece em imagens como um dos integrantes do grupo que destruiu a entrada da Prefeitura de São Paulo durante os protestos contra o aumenta da tarifa na terça-feira (18).

O rapaz, cuja idade não foi revelada, é estudante de arquitetura de uma universidade privada e filho de um empresário da área de transportes. A polícia diz que ele não é ligado a nenhum partido político nem ao Movimento Passe Livre.

O GATO SOCIALISTA

Um gato que bancava o socialista,
com o fim de chegar a deputado,
estava a comer um frango assado
na cozinha de um capitalista.

Outro gato, com lógica sectária
ao primeiro afirmou: - Estou contigo.
Pensa tu que eu também, querido amigo,
pertenço à mesma classe proletária.

E bem sei que se nestas revoadas,
eu quiser esse frango que dispões,
o partirás já, já, em duas porções,
pois não somos, debalde, camaradas.

- Isso não, disse o outro sem pudor,
eu não divido nada, ó meu artista.
Porque, se em jejum sou socialista,
comendo, sempre sou conservador.

Do poeta satírico italiano Carlo Alberto Salustri (1871-1950). 

PAZ SEM VOZ. NÃO É PAZ, É MEDO.

São muitas as vozes descontentes no país. Afinal são muitos os motivos. Essa anarquia, entretanto, também traz seus riscos. Quando todos os descontentes saem às ruas e cada um de seus ativistas leva consigo a sua própria bandeira, o movimento corre sério risco de se perder.
Tenho visto na Internet as mais variadas manifestações. Até quinta-feira, parte considerável da mídia, muitos dos meus amigos reacionários e outros órfãos da TFP defendiam o fim daquilo que chamaram de baderna. Bradavam pelo direito de ir e vir e defendiam maior energia e intolerância das autoridades e seus aparatos policiais. Os editoriais da Folha e do Estadão foram a senha para que o Governador autorizasse a polícia a descer o cacete nos manifestantes.
O problema é que hoje a Internet, mais especificamente, as redes sociais permitiram que grande parte da população tivesse acesso ao outro lado da notícia. A violência desproporcional e sem precedentes da polícia foram escancaradas. A tal depredação do patrimônio público virou motivo de chacota depois que flagrou-se policiais quebrando a própria viatura e prendendo “terroristas” que portavam vinagre. Diante dos fatos, não há argumentos e os reacionários de plantão perderam a mais importante das batalhas. A batalha da comunicação. As imagens deram legitimidade à manifestação. O movimento ampliou sua capacidade de conquistar novos corações.
Mas os reacionários não estão derrotados ainda. Com sua força repressora desmoralizada, eles estão se reorganizando em outro front. Partiram agora para a dispersão das bandeiras. E alerto que esse é muito mais perigoso para o movimento. Navegando pelas redes sociais tenho visto diversos vídeos, textos, cartazes conclamando para a manifestação. Dizem que não se trata de 20 centavos, não se trata se quer de um transporte coletivo gratuito. A bandeira agora é dizer que o aumento é só a última gota. Defendem que os manifestantes, na realidade, não toleram mais “bolsa isso, bolsa aquilo”, são contra os mensaleiros, contra a política fiscal do governo, contra os “tentáculos do governo nas empresas estatais”, contra os impostos, contra a inflação, etc. Trata-se de um claro objetivo de capitalizar o movimento para as bandeiras da direita reacionária desse país.
O libertário movimento deve deixar claro. O aumento de 20 centavos é sim a última gota. Mas nosso “copo” está cheio é de um modelo econômico que não democratiza as oportunidades, que não democratiza a terra, que não democratiza a educação, que não democratiza a sociedade. Deve deixar claro que o direito de ir e vir passa obrigatoriamente pela gratuidade do transporte coletivo e que este deve ser pago por aqueles que dele se beneficiam (ou seja, todo cidadão) e não pelos seus usuários. Somos contra a corrupção, mas não somos idiotas. A corrupção está entranhada em toda a sociedade. Vamos abrir os olhos. 
O maior patrimônio de um país é o direito de seus cidadãos gritarem por um país melhor. Esse patrimônio que queremos resgatar. Essa é a nossa bandeira.
“Paz sem voz, não é paz, é medo”

terça-feira, 18 de junho de 2013

FHC E LULA FALAM DOS PROTESTOS EM TOM CONCILIADOR

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (17) em sua página do Facebook que “ninguém em sã consciência pode ser contra manifestações da sociedade civil porque a democracia não é um pacto de silêncio, mas sim a sociedade em movimentação em busca de novas conquistas”.
Segundo ele, “não existe problema que não tenha solução”. “A única certeza é que o movimento social e as reivindicações não são coisa de polícia, mas sim de mesa de negociação.”
Lula afirmou que espera que o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), negocie com os ativistas.
“Estou seguro, se bem conheço o prefeito Fernando Haddad, que ele é um homem de negociação. Tenho certeza que dentre os manifestantes a maioria tem disposição de ajudar a construir uma solução para o transporte urbano.”
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) também divulgou um texto em que diz que desqualificar os protestos “como ação de baderneiros é grave erro”.
“Os governantes e as lideranças do país precisam atuar entendendo o porquê desses acontecimentos nas ruas”, escreveu FHC. “Desqualificá-los como ação de baderneiros é grave erro. Dizer que são violentos nada resolve. Justificar a repressão é inútil: não encontra apoio no sentimento da sociedade.”
Segundo ele, as razões dos protestos são a “a carestia, a má qualidade dos serviços públicos, a corrupção e o desencanto da juventude frente ao futuro”.

GLOBO TIRA A MARCA DE MICOROFONES NA COBERTURA DE PROTESTOS

Os muitos protestos espalhados pelo Brasil não pediam apenas melhor transporte público e o fim da PEC 37.
Muitos dos manifestantes queixavam-se do tratamento dispensado pelas emissoras, especialmente a Globo, sobre o assunto.
Nesta segunda-feira (17), parte dos participantes do movimento se dirigiu à sede da emissora com palavras de contestação.
Surpreendentemente, o telejornal exibiu uma espécie de editorial sobre o tema para garantir ‘a isenção’ dos fatos que reporta.
Patrícia Poeta garantiu que tudo tem sido mostrado de maneira ‘imparcial’.
Um comentário de Arnaldo Jabor na semana passada irritou profundamente os manifestantes.
Não chegou a ser surpresa o patético pedido de desculpas de Jabor, ontem, em vista da posição oficial da Globo.

UM CONSELHO AOS VIOLENTOS NOS PROTESTOS

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Optar pela violência é como abandonar nossos valores e nos rendermos ao lado negro da força. Não é fácil se manter íntegro quando tudo à sua volta demonstra o contrário. Luther King e Gandhi também tiveram desertores em suas causas, aqueles que preferiram o combate, a luta armada, o revide ao invés de optar pelos atos não violentos. Contudo, o que a história nos mostra é que só aqueles que se mantiveram íntegros e corajosos é que alcançaram a vitória. Dos soldados armados, mesmo que com objetivos justos, não ouvimos falar, eles foram derrotados.
Então, qual a melhor saída? Sem dúvida, petições online e ativismos virtuais por si só não conseguirão resultados efetivos. É necessário, sim, sair às ruas, empunhar bandeiras e mudar estilos de vida. Organização e planejamento para ações nacionais e coordenadas. Pensadores, artistas e religiosos unidos em propósitos específicos e acima de tudo os métodos corretos do lado da verdade e da honestidade.
Depois que a sede de vingança passa, o conselho se transforma: “Filho, você precisa ser mais corajoso que eles. Resista, mas não revide. O final vai mostrar quem ganhou. Se você nunca desistir, você nunca vai perder”.
É urgente a ação e disso não temos dúvidas, mas o sucesso depende da forma. Do contrário, nos transformamos naquilo que mais odiamos e terminamos por lutar contra nós mesmos.

A VIRADA NA VIDA DE FELIPÃO E DA DILMA

Como é a vida... Apenas 15 dias atrás, a presidente Dilma  Rousseff surfava no alto das pesquisas de aprovação popular e Felipão e sua seleção só recebiam críticas e vaias por onde passavam.
Virou tudo neste breve intervalo: bastaram duas convincentes vitórias da seleção (contra França e Japão), para Felipão ser aplaudido e elogiado, com seus jogadores recuperando o apoio da torcida, enquanto Dilma caía nas pesquisas, recolhia notícias ruins na economia e terminava a semana vaiada na abertura da Copa das Confederações, em Brasília.
Todos queriam saber o que teria provocado a mudança no humor da população, revelada não apenas nas pesquisas, mas nas manifestações de insatisfação popular que pipocaram por todo o País na semana passada, pulando das redes sociais para as ruas, e atingindo níveis de violência como há muito não se via no nosso País.
Na opinião quase geral, a questão do aumento das tarifas de ônibus foi apenas o pretexto imediato que mobilizou os internautas a extravasar sua insatisfação com os rumos do País, um sentimento difuso, uma espécie de "de saco cheio genérico contra tudo e contra todos", que fica evidente nos comentários cada vez mais agressivos que circulam na grande rede. Os protestos deixaram de ser virtuais para se tornarem reais, sem que um fato grave e determinante fosse registrado neste período.
A economia já vem rateando há algum tempo e as denúncias de corrupção em diferentes 
latitudes não chegam a constituir uma novidade, mas de uma hora para outra, assim como Felipão conseguiu acertar seu time, parece que a presidente Dilma perdeu o controle do jogo, o que ela contesta, veementemente, em cada pronunciamento. De fato, nada aconteceu que justifique este clima de véspera de fim de mundo que se instalou no País nos últimos dias, com cada qual correndo para um lado e ninguém se entendendo.
Parece que hoje, finalmente, os dois lados vão conversar em São Paulo para evitar a repetição das cenas de vandalismo e de violência policial, mas nunca se sabe o que pode acontecer quando 200 mil pessoas manifestam pela internet sua vontade de participar do ato desta segunda-feira marcado para o Largo da Batata, em Pinheiros.
À primeira vista, trata-se de uma questão municipal e estadual, mas como as manifestações se repetem e se multiplicam por todo o País, pelas mais diferentes razões, chegando hoje a interditar uma importante rodovia em Minas Gerais, em protesto contra a má qualidade do transporte público, claro que isto se reflete também no governo federal, encarregado primeiro de zelar pela manutenção de um clima de ordem e paz no País.
Não dá mais para ninguém, nem qualquer instituição, fingir que não é com ele, como estão fazendo o Congresso Nacional, os principais partidos políticos do País, as centrais sindicais, os lideres religiosos e até os da UNE, que simplesmente sumiram de cena desde que os revoltosos botaram a cara nas ruas. Entre os manifestantes e os policiais, não se viu mediação para evitar a violência.
É exatamente esta falta de interlocução e de representatividade por parte das instituições que pode estar na raiz do problema, quando as pessoas já não sabem para onde canalizar suas demandas e buscar soluções para os males que as afligem