sexta-feira, 29 de abril de 2022

SÁBIAS E SEVERAS ADVERTÊNCIAS.


Em julho de 2021 o grande pensador da complexidade Edgard Morin completou 100 anos. Observador atento ao curso do mundo, entregou-nos um livro-Réveillons-nous! – Despertai! cheio de sábias e severas advertências. Resumiu seu pensamento numa entrevista à Jules de Kiss, publicada em 26 de março de 2022 na Franceinfo e reproduzida em português pelo IHU de 4/4/22. Leitor assíduo de seus escritos, esta entrevista inspirou o presente artigo.

Morin adverte aquilo que venho há muito tempo repetindo: devemos estar atentos, tentar ver e entender o que está ocorrendo. A grande maioria, inclusive chefes de estado, são inconscientes das graves ameaças que pesam sobre o planeta Terra, sobre a vida e o nosso futuro. Parecem sonâmbulos ou zumbis, obcecados pela ideia do crescimento econômico sempre crescente e também de segurança e de mais construção de armas de destruição em massa.

Vivemos sob várias crises, todas elas graves: a mais imediata é a pandemia que afetou todo o planeta cujo sentido último ainda não foi identificado. Para mim, é um sinal de que a Terra viva enviou aos seus filhos e filhas: ”não podem continuar com a pilhagem sistemática da comunidade de vida na qual se encontram os habitats dos vários vírus que nos últimos anos assolaram regiões do planeta”. Com o Covid-19 foi todo o planeta atingido, não outros seres vivos e domésticos. É um sinal de que não está sendo lido pela maioria da humanidade, nem pelos analistas, centrados nas vacinas e nos cuidados necessários. Quem se pergunta pelo contexto em que apareceu o vírus? Ele é consequência do assalto dos seres humanos sobre a natureza especialmente com o desmatamento de vastas regiões, destruindo a casinha onde habitam os vírus que passaram a outros animais e deles a nós.

Grave é a crise climática pois se não cuidarmos até o ano 2030 o aquecimento pode chegar a 1,5 graus Celsius ou mais, comprometendo a maioria dos organismos vivos e grande parte da humanidade. Junto a isso vem a Sobrecarga da Terra (Earth Oveshoot) que foi constatada no dia 29 de julho de 2021: o bens e serviços importantes para a vida estão se esgotando. Já agora precisamos de 1,7 Terra para atender ao tipo de consumo principalmente das classes opulentas. Arranca-se da Terra aquilo que ela já não pode mais dar. Ela reage aumentando o aquecimento, os eventos extremos, a erosão da biodiversidade e mais conflitos sociais.

O que funciona como uma espada de Dámocles é a possibilidade de uma guerra nuclear que pode destruir toda a vida e grande parte da humanidade. Morin escreve: “Penso que entramos em um novo período. Pela primeira vez na história, a humanidade corre o risco de aniquilação, talvez não total – haverá alguns sobreviventes, como em Mad Max –, mas uma espécie de “reinício” do zero em condições sanitárias sem dúvida terríveis”. A guerra na Ucrânia suscitou este fantasma, pois a Rússia como já dizia Gorbachev pode destruir toda a vida com apenas a metade de suas ogivas nucleares. Mas cheio de confiança de que a história anda não foi fechada, Morin afirma esperançoso:” Precisamos esperar o inesperado para saber como navegar na incerteza”.

É de todos conhecida a erosão das ideias democráticas no mundo inteiro. Está se impondo, em muitos países, como no Brasil, um espírito autoritário e fascistoide que faz da violência física e simbólica e da mentira direta, uma forma de governar. A democracia deixou de ser um valor universal e uma forma de viver civilizadamente em comunidade. Este espírito pode provocar um tsunami de guerras regionais de grande de destruição.

Temos a confiança de Morin de que, como a história tem mostrado, o inesperado e o improvável podem acontecer. Já um pré-socrático nos ensinava: ”se não esperarmos pelo inesperado, quando ele vier, não o perceberemos”. E assim o perderemos.



terça-feira, 26 de abril de 2022

TODOS DIAS AGRADEÇO.

Todo dia quando abro os olhos toda manhã a primeira coisa que agradeço é por estar vivo ao redor de tanta coisa e tanta gente morta. Figurativa ou literalmente falando. E agradeço as chances que tive e até as que perdi.

Todo o dia agradeço os amores que consolidados e os que perdi, o filho que fiz e a filha que criei e na minha contribuição pra autoajuda mequetrefe eu diria que demora pra gente perceber que é preciso pouco pra ser feliz porque vivemos numa sociedade em que todo dia se cultua o muito. E muito de muito é pouco. Quase nada.

Então por quase nada a gente perde amigos e oportunidades por ter dito aquilo que devia ter sido calado. Somos uma imensa legião de criaturas querendo fugir dos mal-entendidos, sempre engolfados em julgamentos e julgando.

Por tudo isso agradeço todos os dias por abrir os olhos me percebendo vivo mesmo que a primeira coisa que eu veja seja uma lagartixa agonizando ou um galho que apodrece na árvore vizinha. Um galho que cumpriu o seu caminho. E o galho passou e eu passarinho.

Todos os dias agradeço por existir vinho, arte e poesia mesmo que eu não esteja a altura ou não tenha dinheiro para desfrutar disso. Mas agradeço a paisagem, o vento úmido de chuva em meio ao caos, a sensação de saudade e de nostalgia, a visão de velhos tempos que contam a história da minha cidade.

Todos os dias agradeço por ter sobrevivido a um grave acidente de carro aos 21 anos, uma quase queda de cavalo aos 16, um infarto aos 57 . E acendo simbolicamente velas perfumadas para celebrar e iluminar o caminho da vida mesmo que você, amável leitor, ache essas imagens de uma pieguice fraudulenta.

Sinceramente por mais que eu respeite os que me leiam a essa altura estou cada vez menos me importando com juízos de valores diante da escrita que cometo. Escrevo porque preciso já diria Leminski o poeta paranaense. E diante desse riscado aumento meu grau de tolerância com os escritos de autoajuda porque mesmo que sejam piegas e tolos partem de um pressuposto positivo. Olhar a vida com outros olhos. Mais doces, mais generosos, bem abertos como os que tento manter todos os dias quando levanto mesmo sabendo que não me faltariam motivos para permanecer deitado. Cada vez mais o desafio para todos é ter disposição de se manter firme e ereto ao cair da cama. Sim, cair, porque é um movimento de queda quando devemos converte-lo todos os dias em movimento de ascensão e glória. Por tudo isso me rendo a autoajuda.

sexta-feira, 22 de abril de 2022

PENSE NISSO:

 

UM POUCO DE DESCONTRAÇÃO NÃO FAZ MAL A NINGUÉM ...

1. O inventor da esteira morreu aos 54 anos.

2. O inventor da ginástica morreu aos 57 anos.

3. O campeão mundial de fisiculturismo morreu aos 41 anos.

4. Maradona, grande jogador de futebol, faleceu aos 60 anos.

5 . Mark Huggues fundador da herbalife morreu aos 44 anos

 JÁ...

O criador do frango frito KFC (lanche nada saudável) morreu aos 94 anos.

6. O criador da Nutella morreu aos 88.

7. Imagine, o dono dos cigarros Winston morreu aos 102 anos.

8. Aquele que se encarregou de industrializar o ópio? Morreu aos 116 anos em um terremoto.

9. O fundador dos conhaques Hennessy morreu aos 98 anos.

10. Antônio Delfim Neto, ex-ministro da Fazenda, que pesa 122 quilos e jamais fez qualquer exercício segundo ele mesmo conta, tem atualmente 93 anos e goza de excelente saúde.

 Como os médicos concluíram que o exercício prolonga a vida?

Se o coelho está sempre pulando, mas vive apenas 2 anos e a tartaruga que não faz nenhum exercício, vive 100 anos.

Então vá com calma, descanse um pouco, relaxe, mantenha a calma, ame muito, coma bem, tome seu vinho, sua cervejinha.

Beba um whisky ou uma caninha de vez em quando e aproveite a sua vida com prazer!!!

👍

PS.:  Esqueceram do Hugh Hefner (criador da Playboy)? !!

Morreu aos 91 rodeado de garotas 70 anos mais novas !!!

 Mas não exagere!

24 MANEIRAS PARA ENVELHECER BEM

01- Não se meta na vida dos filhos.

02- Não interfira na educação dos netos.

 03- Ame seu genro e Nora, foi seu filho(a) quem fez a escolha.

04- Nunca tome partido ou opine no casamento deles.

05- Não fique um idoso reclamão.

06- Não seja um idoso com pena de si mesmo.

07- Não fique falando NO MEU TEMPO, ele já passou.

08- Tenha planos pro futuro.

09- Não fique falando de doenças. Tenha a certeza de que ninguém quer saber.

10- Não importa quanto ganhe, poupe todo mês uma quantia.

11- Não faça prestação, idoso não deve pagar carnê.

12- Tenha um plano de saúde ou guarde dinheiro  para despesas médicas.

13- Guarde dinheiro pro funeral ou tenha um plano.

14- Não deixe "problemas" para os filhos.

15- Não fique ligado em noticiário ou política, afinal você não resolverá nada mesmo.

16- Só veja TV para se divertir, não pra ficar nervoso.

17- Se gostar tenha um bichinho de estimação pra te ocupar.

18- Ao se levantar, invente moda: caminhe, cozinhe, costure, faça horta, mas não fique parado esperando a morte.

19- Seja um idoso limpinho e cheiroso. Idoso sim, fedido jamais.

20- Tenha alegria por ter ficado idoso, muitos já ficaram pelo caminho.

21- Tenha uma casa e um modo de vida onde todos queiram ir e não evitar. Isso só depende de você.

22- Use a idade como uma ponte para o futuro e, jamais, uma escada para o passado.

Para a ponte do futuro sempre terá companhia.

23- Lembre-se: é melhor ir deixando saudades do que deixando alívio.

Finalmente,

24- Não deixe "aquele bom vinho" (idosos não devem beber vinho ruim) e nem a cerveja para amanhã, pode ser tarde!🍷🍻.



domingo, 10 de abril de 2022

TRILHOS DE UM HUMANISMO INTEGRAL.

Refletir sobre o atual cenário mundial leva a consolidar a convicção da necessidade urgente de se promover mudanças em diversos âmbitos, por meio de variados recursos cidadãos. Incontestável é a necessidade de se investir na educação integral, capaz de alavancar transformações significativas. A educação integral é obstáculo para aqueles que dificultam os diálogos – inclusive na elaboração e efetivação de políticas públicas essenciais, a exemplo daquelas dedicadas ao campo educacional. É preocupante a cegueira do maquinário estatal, incapaz de reconhecer que a educação impulsiona a sociedade rumo ao desenvolvimento integral.

Está faltando sabedoria e entendimento humanístico para compreender que a tarefa primordial de trabalhar pela educação é responsabilidade governamental em diálogo e articulação com as famílias, as igrejas, as escolas e a sociedade civil. A carência de um humanismo integral na condução de governos obscurece processos de definição das prioridades dos investimentos mais importantes para dar novo rumo à sociedade. Os governantes não podem desconsiderar o campo da educação valendo-se da justificativa de que faltam recursos – um refrão. Precisam reavaliar prioridades, abrindo-se ao diálogo, à escuta, à avaliação de propostas. Para isso, requer-se uma competência humanística que ultrapassa a simples capacidade para fazer funcionar uma máquina estatal e governamental. Não basta simplesmente um modelo de gestão exitoso nas contas.

É fundamental deixar-se presidir por um adequado modelo de sociedade, pela abertura ao diálogo que produz entendimentos lúcidos, capazes de inspirar um novo movimento civilizatório para a humanidade. O equilíbrio das contas e a prioridade da sustentabilidade devem contracenar com um processo educativo que resgate cidadãos do lixo da corrupção, dos comprometimentos na prática da justiça e do desmonte de mecanismos que estão sustentando as exclusões, as desigualdades sociais. O esperado grande movimento transformador do mundo, que contempla a oração e as redes de serviços, envolvendo as dinâmicas dialogais, será possível pela priorização da educação, nos parâmetros do novo humanismo integral. Um humanismo capaz de debelar guerras e conflitos, colocando a civilização contemporânea sobre trilhos novos, condizentes com as suas conquistas científicas e tecnológicas. Trilhos de um humanismo integral.

quinta-feira, 7 de abril de 2022

GUERRA NA UCRÂNIA.

 

No momento em que parecia que a humanidade iria emergir do pesadelo da Covid-19, o anúncio da guerra na Ucrânia caiu como uma bomba. Não há outro assunto na mídia, levantando posições diversas sobre um e outro lado desta guerra. E o que se apresenta aos olhos de todos nós é o saldo de sempre: sangue, destruição, sofrimento, vítimas e mais vítimas, sobretudo crianças e pessoas vulneráveis das vulnerabilidades tantas que compõem o cenário da vida humana neste já avançado século XXI.

Discute-se se a guerra é justa ou não; quem tem razão e quem não tem; quais implicações tem esta ou aquela tomada de posição; que organismos internacionais devem ou não intervir.

É sempre bom ouvir o que dizem sábios e justos de outras épocas que viveram situações semelhantes. Aqui trazemos a reflexão da filósofa Simone Weil, que viveu no século XX. Nascida em 1909, viveu a Primeira Guerra mundial, lutou na Guerra Civil Espanhola e morreu durante a Segunda Guerra mundial, em 1943, aos 34 anos.

Para Simone Weil, na sociedade como no mundo a ordem resulta do jogo das forças e energias que se limitam e se equilibram. Isso para ela é a imagem da pureza, o equilíbrio entre a força da gravidade e a energia da luz. Não é possível, portanto, haver relações justas entre os seres humanos senão na medida em que uns e outros sabem limitar seus desejos e não desejam se apropriar dos objetos finitos. Pois um desejo limitado pode compor com os outros desejos que a pessoa porventura tenha e com os desejos limitados das outras pessoas.

A violência surge precisamente quando o homem começa a desejar o ilimitado, ou seja, perde o freio de seus próprios desejos e/ou quando seu desejo se encontra contrariado pelos outros. Enraíza-se, então, em um desejo ilimitado que esbarra no limite constituído pelo desejo de um outro. Para Simone Weil, a justiça e a paz só podem acontecer no momento em que os seres humanos renunciam a possuir o infinito, renunciam a desejar ilimitadamente. Se não conseguem fazer isso, é preciso que a lei os constranja a isso. A lei será o limite nas questões sociais e de luta pela justiça.

A vida e o pensamento desta pensadora nos interpelam hoje, quando presenciamos nações se enfrentando e medindo forças. Na verdade, a força é, segundo ela, o que determina as relações entre os homens. E não é possível amar e ser justo senão conhecendo o império da força e sabendo não respeitá-lo. Que o mundo consiga aprender essa difícil atitude, é o que resta desejar diante da guerra que se trava neste momento, mobilizando o mundo.