quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

RECEBAM DESTE BLOGUEIRO UM FELIZ 2016.

Desejo um Ano-Novo em que o governo coloque o país nos eixos, livre a população do pesado tributo da degradação social, e tome no colo milhões de crianças precocemente condenadas ao trabalho, sem outra fantasia senão o medo da morte.

Quero um Ano-Novo em que todas as crianças, ao ligarem a tevê, recebam um banho de Mozart, Pixinguinha e Noel Rosa; aprendam a diferença entre impressionistas e expressionistas; vejam espetáculos que reconstituem a Balaiada, a Confederação do Equador e a Guerra dos Emboabas; e durmam após fazer suas orações.

Desejo um Ano-Novo em que, no campo, todos tenham seu pedaço de terra, onde vicejem laranjas e alfaces e voejem bem-te-vis entre vacas leiteiras. Na cidade, um teto sob o qual reluz o fogão de panelas cheias, a sala atapetada por remendos coloridos, a foto colorida do casal exposta em moldura oval sobre o sofá.

Espero um Ano-Novo em que as igrejas abram portas ao silêncio do coração, o órgão sussurre o cantar dos anjos, a Bíblia seja repartida como pão. A fé, de mãos dadas com a justiça, faça com que o céu deixe de concentrar o olhar daqueles aos quais é negada a felicidade nesta terra.

Um Feliz Ano-Novo com casais ociosos na arte de amar, o lar recendendo a perfume, os filhos contemplando o rosto apaixonado dos pais, a família tão entretida no diálogo que nem se dá conta de que o televisor é um aparelho mudo e cego num canto da sala.

Desejo um Ano-Novo em que os sonhos libertários sejam tão fortes que os jovens, com o coração a pulsar ideais, não recorram à química das drogas, não temam o futuro nem se expressem em dialetos ininteligíveis. Sejam, todos eles, viciados em utopia.

Espero um Ano-Novo em que cada um de nós evite alfinetar rancores nas dobras do coração e lave as paredes da memória de iras e mágoas; não aposte corrida com o tempo nem marque a velocidade da vida pelos batimentos cardíacos.

Um Ano-Novo para saborear a brevidade da existência como se ela fosse perene, em companhia de ourives de encantos, cujos hábeis dedos incrustam na rotina dos dias jóias ternas e eternas.

Quero um Ano-Novo em que, a cada um, seja assegurado o direito do emprego, a honra do salário digno, as condições humanas de trabalho, as potencialidades da profissão e a alegria da vocação. Um novo ano capaz de saciar a nossa fome de pão e de beleza.

Rogo por um Ano-Novo em que a polícia seja conhecida pelas vidas que protege e não pelos assassinatos que comete; os presos reeducados para a vida social; e que os pobres logrem repor nos olhos da Justiça a tarja da cegueira que lhe imprime isenção.

Um Ano-Novo sem políticos mentirosos, autoridades arrogantes, funcionários corruptos, bajuladores de toda espécie. Livre de arroubos infantis, seja a política a multiplicação dos pães sem milagres, dever de uns e direito de todos.

Espero um Ano-Novo em que as cidades voltem a ter praças arborizadas; as praças, bancos acolhedores; os bancos, cidadãos entregues ao sadio ócio de contemplar a natureza, ouvir no silêncio a voz de Deus e festejar com os amigos as minudências da vida - um leque de memórias, um jogo de cartas, o riso aberto por aquele que se destaca como o melhor contador de piadas.

Desejo um Ano-Novo em que o líder dos direitos humanos não humilhe a mulher em casa; a professora de cidadania não atire papel no chão; as crianças cedam o lugar aos mais velhos; e a distância entre o público e o privado seja encurtada pela ponte da coerência.

Quero um Ano-Novo de livros saboreados como pipoca, o corpo menos entupido de gorduras, a mente livre do estresse, o espírito matriculado num corpo de baile, ao som dos mistérios mais profundos.

Desejo um Ano-Novo em que o governo coloque o país nos eixos, livre a população do pesado tributo da degradação social, e tome no colo milhões de crianças precocemente condenadas ao trabalho, sem outra fantasia senão o medo da morte.

Espero um Ano-Novo cujo principal evento seja a inauguração do Salão da Pessoa, onde se apresentem alternativas para que nunca mais um ser humano se sinta ameaçado pela miséria ou privado de pão, paz e prazer.

Um Ano-Novo em que a competitividade ceda lugar à solidariedade; a acumulação à partilha; a ambição à meditação; a agressão ao respeito; a idolatria ao dinheiro ao espírito das Bem-Aventuranças.

Aspiro a um Ano-Novo de pássaros orquestrados pela aurora, rios desnudados pela transparência das águas, pulmões exultantes de ar puro e mesa farta de alimentos despoluídos.

Rogo por um Ano-Novo que jamais fique velho, assim como os carvalhos que nos dão sombra, a filosofia dos gregos, a luz do Sol, a sabedoria de Jó, o esplendor das montanhas, a música gregoriana.

Um ano tão novo que traga a impressão de que tudo renasce: o dia, a exuberância do mar, a esperança e nossa capacidade de amar. Exceto o que no passado nos fez menos belos e bons.

NO ANO QUE VEM, TUDO VAI MUDAR

Não é difícil recordar as promessas feitas em anos passados. Foram promessas generosas, que não cumprimos. A lista varia de pessoa para pessoa. Assim como a quantidade. Há uma certa igualdade entre nossos defeitos, que passam de ano para ano, e as promessas que ficam para o ano que vem:

1. No ano que vem vou emagrecer
2. No ano que vem vou parar de fumar (e beber)
3. No ano que vem vou me matricular numa academia
4. No ano que vem não vou me estressar por pequenas coisas
5. No ano que vem vou ler aquele livro que está sobre minha mesa
6. No ano que vem vou cuidar do meu dinheiro, vou parar de gastar com besteiras
7. No ano que vem vou levar a sério o meu estudo
8. No ano que vem vou separar mais tempo para a família
9. No ano que vem vou participar mais da missa 

10. No ano que vem vou dar um jeito na vida

Evidentemente, existem outras promessas que poderiam ser feitas: vou consumir menos chocolate, não vou regressar tão tarde das noitadas, vou dirigir com mais prudência, vou visitar aquele familiar adoentado, vou evitar sair com a turma, não vou mais entrar no cheque especial, não vou me esconder atrás das desculpas, vou parar de jogar as promessas para o outro ano.

Tudo isso soa falso. Quando queremos mudar não jogamos a decisão para o ano que vem. Se a coisa é importante, devemos fazê-la agora. Quando eu crescer, quando eu me formar, depois que casar, quando tiver estabilidade financeira... Aí chegamos ao último estágio: depois que me aposentar... Em seu leito de morte, Georges Bernanos admitiu: “Sou responsável por tudo aquilo que não fiz”.

A desculpa para deixar para mais tarde atormentou o grande Santo Agostinho. “Amanhã, sempre amanhã, por que não hoje?”. O tempo de Deus é infinito, assim como o seu perdão, mas nosso tempo é limitado. O amanhã, o ano que vem, mais tarde, são apostas temerárias. Não sabemos se haverá amanhã para nós. O nosso tempo é hoje.

Hoje - independente do calendário - é o tempo certo para refazer escolhas, para pedir perdão, para recomeçar, para perdoar para sorrir, para amar. Não adianta um Ano Novo se nossas atitudes forem velhas. Imagine uma nova história para sua vida e creia nela!

Nunca é cedo demais para começar, nem tarde demais para recomeçar. Com 20 anos, Alexandre da Macedônia já conquistara o mundo; com 80 anos, o romano Catão começou a estudar grego; com 90 anos, Pablo Picasso pintou obras-primas

A cada dia você escolhe, mesmo que não perceba, se quer mudar ou se quer ficar como está. Se optar pela segunda alternativa, não haverá Ano Novo.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

OS FASCISTAS

"O problema é que os "fascistas" são cidadãos "de bem"pra quem os outros são os maus: os maus elementos, os drogados, os doentes mentais, os de raça inferior, de sexo inferior, de conduta escandalosa, que devem ser isolados, humilhados, estigmatizados, ridicularizados,usados, abusados, oprimidos, assediados, explorados,escravizados, encarcerados, queimados vivos, expulsos de suas terras, enforcados, asfixiados, eliminados, "mandados matar", extintos. Os fascistas controlam a lógica da sociedade estão no comando; são chefes de família, são presidentes de instituições, são amigos do poder, são bajuladores, são ingratos, injustos, agressivos, covardes, manipuladores, intrigueiros. Não aceitam limites, não favorecem a compaixão, falam de lucros imediatistas, não bastasse quererem ganhar de todo mundo, ser o The Best, o Top, o Rei, querem se tornar O Único, O Absoluto !
O problema é que O Autoritário ainda impera em uma sociedade que se crê inferior, que não se valoriza com toda a sua vasta cultura popular , que não valoriza a sabedoria de suas tribos originárias, que permite sua degradação sem o exercício pleno de compreendê-las, que não defende na íntegra as suas florestas, seus rios, seu Patrimônio Ambiental corroborando a lógica devastadora do mercado! Que perpetua políticas de coronéis e não fortalece o trabalhador, o lavrador, o cidadão. Esta lógica institucionalizada no Estado, invade a vida privada, doméstica, as famílias se oprimem, nascemos gerações de neuróticos, depressivos, bipolares, borderlines, psicopatas, dependentes químicos. Doenças deste sistema. Em sociedades igualtárias, em tribos indígenas saudáveis, sem contato com atrocidades de "homens ditos civilizados" ( como se não fosse a tribo uma civilização), essas doenças não aparecem. A ganância mata o amor, o respeito, a compaixão, a alma. Viramos sombras sem sentido! A vida perde sentido! Banalidade matar uma etnia, acabar com um ecossistema, secar nascentes e rios, envenenar o mar, o ar, os alimentos, deixar pessoas morrendo em filas de hospitais, bombardear países, explodir crianças, deixar morrer sem culpa! Vamos nos distrair com a nova sensação forjada pra nos alegrar, vamos nos entupir de guloseimas açucaradas , hiper-processadas, engorduradas , sustentar a indústria farmacêutica das doenças crônicas, ou vamos as compras , transcender nossas mazelas nos últimos lançamentos da praça. Como disse o Renato Russo : Vamos celebrar nossa miséria!"

UM ANO SE DESPEDE E OUTRO CHEGA.

Os dias passaram. O ano chega ao seu final. A sensação é de acentuada rapidez. Fica a impressão de que restou muito por ser feito. O tempo não tem velocidade. Os humanos, sim, têm pressa. A especialidade do tempo é passar, sempre no mesmo compasso. Enquanto o tempo passa, nós passamos. O mais significativo não é passar, mas deixar pegadas. Alguns deixam rastros. Bom mesmo é marcar de forma suave, mas com uma firmeza sem igual, a passagem por esta e outras paragens. As pegadas do bem realizado têm contornos de eternidade. A distância percorrida ensaia necessária despedida. Outros horizontes se apresentam. Um novo ano se aproxima.

A bagagem necessita ser revisada. Não faz bem começar algo novo, com esquemas superados, formatos defasados. No entanto, toda renovação tem um começo. O que necessita ser novo é o coração humano. Foram tantos desencontros, algumas decepções, incontáveis mágoas, insistentes medos, incontidas lágrimas. A cada nova jornada, a superação era invocada, os compromissos repassados, as forças restituídas. Um pouco de alento saboreado. Impossível voltar atrás, quando a única opção é dar um passo adiante.

Enquanto restam ainda alguns dias, bons propósitos se redesenham. Algumas cenas são irretocáveis. Fatos aguardam por molduras. Sentimentos buscam expressão. Laços insistem em abraços. A saudade tem uma certa autonomia: chega e sai sem avisar. A vida não pode se resumir numa coletânea de momentos. Há uma inspiração que sopra suavemente, rumo ao infinito. Viver é encurtar a distância entre o céu e a Terra, mesclando gestos, arquitetando dignidade. O sabor da felicidade merece o melhor brinde. Nem tudo está como fora imaginado, mas há um sentimento de gratidão, que emerge de dentro da serenidade. As projeções para o novo ano devem ser otimistas. Afinal, estar vivo é ser capaz do melhor. A esperança faz acontecer um movimento ascendente. É necessário ir adiante, carregando no peito a certeza da fé, sentindo nos ombros a mão de Deus, imprimindo confiança e fortaleza. Um longo caminho provoca passos lentos e firmes, à margem das facilidades. Os dias sempre terão que acolher o anoitecer. Porém, a madrugada antecipa a claridade. Um dia, o Filho de Deus se apresentou como sendo a ‘Luz do mundo’. De lá para cá, viver é abraçar a luminosidade do amor. É maravilhoso viver e saudar um ano que se despede e outro que chega.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

FELIZ ANO NOVO!

Feliz Ano Novo aos que praguejam sobre o solo árido de suas vida sem garimpar alegrias, e aos que amarram o espírito em teias de aranha sem se dar conta de que os dias tecem destinos. Também aos que desaprenderam o sorriso e abandonaram ao olvido a criança que neles residia.

Feliz Ano Novo aos que perambulam às margens da memória e semeiam ódio no quintal da amargura; guardam dinheiro na barriga da alma e penhoram a felicidade em troca de ambições; são náufragos de lágrimas, cegos aos arquipélagos da esperança, e fantasiam de asas as suas garras, voejando em torno do próprio ego.

Feliz Ano Novo aos que sonegam carinho e ainda cobram atenção, alpinistas da prepotência que os conduz ao abismo; àqueles que, alheios ao que se passa em volta, ilham-se na indiferença enquanto o mar arde em fogo; e a quem gasta saliva tentando se justificar por se disfarçar em pomba e agir como raposa.

Feliz Ano Novo aos que escondem o Sol no armário, sopram a luz das estrelas e põem espessas cortinas no limiar do horizonte. Aos que nunca tiveram tempo para a dança, ignoram por que os pássaros cantam e jamais escutaram um rumor de anjos.

Feliz Ano Novo aos que bordam iras com agulhas afiadas e desperdiçam palavras no furor de suas emoções desabridas; sequestram dignidades e, como os colecionadores de borboletas, sentem prazer em espetá-las no interior de cavernas obscuras.

Feliz Ano Novo aos faquires da angústia e aos que, equilibrados num fio de sal, trafegam por cima de montanhas de açúcar. Também aos que jamais dobraram os joelhos em reverência aos céus e acreditam que a história do Universo tem início e fim neles.

Feliz Ano Novo às mulheres que destilam antigos amores em cápsulas de veneno e aos homens que, ao partir, mostram, às costas, a face diabólica que traziam mascarada sob juras de amor.

Feliz Ano Novo aos jovens enfermos de velhice precoce e aos velhos que, travestidos de adolescentes, bailam aos desafinados acordes do ridículo. E aos que atravessam o tempo sem se livrar de bagagens inúteis e ainda sonham em ingressar numa nova era sem tornar carne o coração de pedra.

Feliz Ano Novo aos que já não sabem conjugar os verbos no plural; agendam sentimentos e estão sempre atrasados na vida; mendigam admiração e se prostituem frente à sedução do poder.

Feliz Ano Novo àqueles que dão "mau-dia" ao acordar, afogam em trevas interiores a alegria que lhes resta, encaram a vida como madastra de história infantil. E aos que julgam que laços de família se cortam com a ponta afiada da língua e ignoram que o sangue escreve letras indeléveis.

Feliz Ano Novo aos que se apegam ao poder como a fuligem ao lixo, infantilizados pelas mesuras, prenhes de mentiras ao agrado do ouvido alheio, solícitos às providências que assassinam a ética. Sejam também felizes os que tentam corromper os filhos com agrados materiais e nunca dispõem de tempo para olhá-los nos olhos do coração.

Feliz Ano Novo aos navegadores cibernéticos, mariposas de noções fragmentadas, amantes virtuais que se entregam, afoitos, ao onanismo eletrônico, digitando a própria solidão.

Feliz Ano Novo aos poetas que não sabem tragar emoções e engolem com ira palavras que trariam vida ao mundo. E aos que abominam a arte por desconhecerem que o ser humano é modelado em barro e sopro.

Feliz Ano Novo a todos que temem a felicidade ou consideram, equivocadamente, que ela resulta da soma dos prazeres. E aos que enchem a boca de princípios e se retraem, horrorizados, diante do semelhante que lhe é diferente.

Feliz Ano Novo às mulheres que se embelezam por fora e colecionam vampiros e escorpiões nos lúgubres porões do espírito. E aos homens que malham o corpo enquanto definha a inteligência, transgênicos prometeus acorrentados ao feixe dos próprios músculos.

Feliz Ano Novo a todos os infelizes, aos que o são e aos que se julgam, cegos às infinitas possibilidades da luz e das rotas. Sejam todos agraciados pela embriaguez da alegria divina, abertos ao Deus que os habita e ao amor que, como um rio cristalino, jamais nega água a quem se ajoelha, reverencia o milagre da vida e aprende a beber do próprio poço.

domingo, 27 de dezembro de 2015

MEDO... MUITO MEDO.

Será que o medo vai vencer a esperança? Medo por todos os lados! Uma criança que nasce hoje vem à luz sob o signo do medo! O medo parece que se tornou o sentimento dominante. Medo, medo, medo!

Medo por todos os lados e por diversos motivos. Medo de desastres ecológicos. Medo de assaltos. Medo do desemprego. Medo de doenças. Medo da mudança climática. Medo da polícia. Medo do outro. Medo do inimigo invisível! Medo do terror. Medo do medo!

O medo nos imobiliza. O medo nos entristece. O medo nos paralisa. O medo nos faz todos retraídos e desconfiados. O medo nos acua! O medo nos recolhe. O medo nos despotencializa. O medo nos oprime. O medo nos torna reféns.

O medo não é um afeto ou sentimento mau em si. A esperança não é um afeto ou sentimento bom em si. Medo e esperança são duas faces da mesma moeda. Não há esperança sem medo e não há medo sem esperança.

O que é o medo? O medo é uma tristeza instável, surgida da ideia de uma coisa futura ou passada, de cuja realização temos alguma dúvida.

O que é a esperança? A esperança é uma alegria instável, surgida da ideia de uma coisa futura ou passada, de cuja realização temos alguma dúvida.

Quem tem esperança tem medo de que a coisa não se realize. Quem tem medo, tem dúvida sobre a realização ou não do que não gostaria que se realizasse e, portanto, tem esperança.

Esses conceitos dialeticamente dispostos são do filósofo Spinoza. Conceitos e relação entre conceitos que captam bem a nossa sensação e dança de afetos nos tempos atuais. Parece que definitivamente entramos na era da incerteza e da insegurança.

Aliás, dois conceitos mais para fechar o quadro. Segurança e insegurança.

Segurança é uma alegria surgida da ideia de uma coisa futura ou passada, da qual foi afastada toda causa de dúvida. Insegurança, é o estado de tristeza surgida da ideia de que o que causa o medo, ainda permanece (Spinoza).

Se assim for, e parece que é, então a tensão entre medo e esperança, segurança e insegurança está longe de ser resolvida e teremos que saber conviver com ela.

Não aceitar seguranças e esperanças ilusórias e medos fictícios, eis ai a tarefa de discernimento que só o pensamento pode operar

sábado, 26 de dezembro de 2015

É AQUI QUE SE CONSTROI O CÉU

Tales de Mileto foi um dos chamados Sete Sábios da Grécia. Numa oportunidade, refletia o significado dos astros para a existência. Absorto, em contemplar o céu estrelado, caiu num buraco e quebrou uma perna. Uma mulher do povo, que tudo assistiu, comentou: esse aí preocupa-se tanto com o que se passa no céu e não sabe o que existe debaixo dos seus pés.
A primeira frase da Bíblia proclama: “no início Deus criou o céu e a terra”. Seria perigoso separar o que Deus uniu. Ele criou o céu e a terra. Na prática, essas duas realidades aparecem separadas. Há os que dão importância absoluta ao céu e esquecem a terra. Outros, ao contrário, tudo apostam na terra, ignorando completamente o céu.
A corrente materialista garante que tudo acontece na terra, o céu é uma utopia, ou seja, lugar nenhum. Karl Marx fala que o céu é uma alienação com objetivos bem definidos: iludir os pobres da terra, o que interessa aos poderosos. O céu da igualdade, sustenta o pensador alemão, deve acontecer aqui com pão, terra e liberdade para todos. Para ele, a religião se constituía no ópio do povo.
A corrente espiritualista só aposta no depois, ignorando totalmente a terra. Vale a pena sofrer agora, aguardando a felicidade definitiva do céu. Nesta perspectiva, a terra é apenas uma estrada, em péssimas condições, mas que nos leva à pátria desejada. O devoto ergue, com fervor, os braços para o alto, mas esquece de estendê-los aos irmãos. Nessa teologia seria suficiente celebrar festivamente, ter uma vida mortificada e de acordo com as leis da Deus e da Igreja. Vale de lágrimas, o mundo não teria jeito.
A terra sem céu se transforma num deserto sem vida e sem horizontes. De alguma maneira, justificaria o absurdo e a vida sem sentido. Mas o céu sem a terra se transforma em religião alienada e triste. De nada adiantaria lutar contra o fatalismo, marcado pela supremacia do mal no mundo. A consciência e a vida individual seriam o santuário de Deus.
Uma religião viva e dinâmica só pode assumir a ligação do céu e da terra, do hoje terreno e do amanhã divino. Tudo o que acontece na terra tem ligação com o céu. E o céu será o resultado daquilo que se viveu na terra. É unir fé e vida. É unir aquilo que celebramos no domingo e aquilo que realizamos durante a semana. É unir festa ao cotidiano. É olhar para o céu, mas cuidar onde caminhamos.
Existe a tendência de separar o sagrado do profano. O templo e as coisas de Deus seriam sagradas, enquanto as demais realidades seriam profanas. Na realidade, podemos profanar as melhores coisas, mas podemos - e devemos – tornar sagradas todas as coisas. O céu se constrói aqui. É uma casa que construímos aqui na terra, mas que habitaremos depois. Devemos, ao longo da vida, olhar as realidades do céu, mas cuidando onde pisam nossos pés.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

VIVER MELHOR E MAIS PLENAMENTE

Buscar algo com vontade, com dedicação, com humildade, com amor, é o verdadeiro caminho para a paz e a felicidade.
Jamais se deixe dominar pelas expectativas exageradas ou infundadas, pois isso gera apenas ansiedade e, não raramente, o desvia de seus caminhos.
Felicidade e inquietação não combinam. São, mesmo, antagônicas uma à outra. Um coração feliz está cheio de paz. Felicidade precisa de paz para existir.
Ser feliz é estar em paz consigo mesmo.
É ter na alma a leveza própria daqueles que confiam na Providência Divina, e que sabem que tudo está certo do jeito que está.
Nada há a temer, nada há com que se angustiar. Tudo faz parte da nossa jornada de crescimento e tudo passará, no devido tempo.
A aceitação da nossa realidade, seja ela prazerosa ou sejam verdadeiras provas para a nossa força e determinação, é o primeiro passo para ampliar a nossa visão de vida e para alcançarmos a paz verdadeira, a paz interior.
Quando a ansiedade se instala em seu coração, seja por que razão for, a felicidade se vai, ou mesmo não tem condições de se estabelecer.
E carrega com ela a sua paz.Estar ansioso é estar descrente do equilíbrio do Universo, é estar com o coração afastado da perfeição da Criação.
Buscar ansiosamente pela felicidade é o mesmo que afastá-la por completo.
É como querer identificar a sua sombra, jogando sobre ela uma luz.
Tornar-se feliz faz parte de um processo de aceitação da vida e de confiança na vida. Tem tudo a ver com a paz que você constrói em seu coração.
E ansiedade passa muito longe disso.
Busque a paz, para encontrar a felicidade.
Seja feliz para manter-se em paz... Dois modos diferentes de chegar ao mesmo objetivo: viver melhor e mais plenamente

A BOA CRIATIVIDADE.

A vida ensina que a mesmice é o caminho para a rotina e a rotina é o túmulo da esperança. Um segundo, um minuto, uma hora, um dia e uma semana depois da outra podem dar a impressão de que estejamos dentro de uma roda que gira e nos devolve sempre no mesmo lugar.

Afinal, o que faz acontecer a mesmice na vida de alguém? Na verdade, essa palavra não é bem-vinda! Ela traduz uma experiência negativa de quem vive de forma automática e age como se fosse um robô sem alma nem sentimentos e sem consciência do que é, do que diz e do que faz.
A mesmice pode ser revelada nas palavras que falamos, nos atos que fazemos e até mesmo nos relacionamentos cotidianos. Por exemplo: quando alguém fala sempre a mesma coisa e não consegue falar de outro assunto a não ser do tempo, das doenças e das desgraças, isso é mesmice.
Mesmice é a teimosia de quem acha que nada de novo tem a inventar e nada tem a acrescentar. Mesmice é bater o pé sempre no mesmo chão e achar que não há mais caminho a percorrer. Mesmice é achar que já sabemos tudo e fechamos a mente e o coração para qualquer aprendizado.
Quero deixar claro que a mesmice não se confunde com fazer as mesmas coisas, nem em repetir as mesmas palavras ou frases, nem mesmo percorrer sempre os mesmos caminhos. O que faz a diferença são as motivações e o conteúdo interior que se cultiva para que tudo o que repetimos seja sempre resultado de renovadas intenções e profundas convicções.
O que deprecia a vida é estagnar na mesmice e não ousar fazer mais nada a não ser o que está estabelecido como obrigação. Há pessoas que trabalham em fábricas e só fazem a mesma coisa há muitos anos, mas conseguem ser criativas dedicando tempo para leitura, trabalhos artesanais e até mesmo no cuidado da horta, do jardim e de sua propriedade.
Conheço operários que se ocupam na mesma atividade durante oito horas por dia e acionam a criatividade para outros cuidados domésticos, transformando sua propriedade em verdadeiros cartões de visita. Os inconformados com a mesmice procuram sempre novas maneiras de ocupar-se. Felizmente, aumenta em nossos dias o número dos voluntários e voluntárias que somam ajudas em obras sociais, em movimentos que defendem e promovem a vida e não cedem à tentação da rotina.
Em todas as nossas regiões, há histórias de pequenas empresas de família que iniciaram de forma muito primária e artesanal. Mesmo produzindo os mesmos produtos e vivendo nos mesmos espaços conseguiram fazer caminhos de criatividade e se tornaram grandes empresas de sucesso.
O melhor da criatividade não é fazer sempre e tudo novo. A boa criatividade é aquela que consegue atualizar, qualificar e aprimorar a partir do chão de nossas conquistas já obtidas

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

ACONTECERÁ

Nos tempos atuais, parece temerário ou diletante falar em futuro".

Temerário, porque a crise ecológica que o ser humano está provocando sobre o planeta Terra parece conduzir à impossibilidade de futuro dada a provável extinção da espécie humana e de outras espécies animais em um futuro não muito distante. Se os humanos continuarmos com o mesmo estilo de vida e consumo, o tempo que nos resta não é longo. Em alguns séculos, não haverá mais humanidade para ficar sonhando com o futuro.

Pensar no futuro, para outros é diletante na medida em que a presente geração de humanos não mais se coloca a questão do futuro. Vivemos a época da exacerbação do presente. Nossa civilização tem como objetivo viver o presente sem se importar nem com o passado e nem com o futuro. O que importa é viver o hoje, o agora, o momento, o instante... As novas gerações tem cada vez mais dificuldade em se conectar com o passado de onde viemos e imaginar o futuro que nos espera.

Mas é na compreensão de futuro que está o problema. Nossa civilização ocidental, especialmente a partir da modernidade, construiu um modo de pensar onde imaginamos que nós humanos somos os construtores de nossa própria história e, por consequência, do futuro de toda a criação. Teríamos então a possibilidade de fazer história – e isso era a demonstração da nossa humanidade – ou a irresponsabilidade de negarmo-nos a construir a história. Seria a negação do humano, sim, mas também uma possibilidade que se apresenta.

O surgimento da ciência ecológica veio mostrar que a compreensão de que o ser humano é centro, senhor e fazedor da história não é um fato, mas uma absurda pretensão que não tem fundamento no modo como a vida se reproduz e sustenta. Quem observa com cuidado o modo como o conjunto da vida se mantém sobre o planeta, constata e afirma que, com ou sem os humanos, a vida sobre o planeta terra continuará e, talvez, seja até melhor sem nós!

Livres da pretensa capacidade de determinar o futuro da vida sobre a terra, nos damos conta que o que a espécie humana pode fazer é, no curto espaço de tempo de nossa existência, tanto individual como coletiva, atrapalhar o futuro da vida ou então colaborar para que o futuro da vida sobre o planeta Terra, tanto humana como a de outras espécies, seja mais favorável.

Entre a pretensão de construir o futuro com o risco de inviabilizá-lo - o que de fato está acontecendo - e a irresponsabilidade de não nos preocuparmos com ele, há uma terceira possibilidade: colocarmo-nos na humilde posição de convivermos com as outras criaturas e, utilizando a capacidade particular ao ser humano que é o de ter consciência e capacidade de decisão, assumir a condição de cuidadores da nossa vida e da vida dos outros.

E aceitarmos com humildade a constatação de que, mais do que fazermos o futuro, somos feito pelo futuro da vida que, sem nós ou com nós, acontecerá.

DECRETO DE NATAL

Fica decretado que, neste Natal, em vez de dar presentes, nos faremos presentes junto aos famintos, carentes e excluídos. Papai Noel será malhado como Judas e, lacradas as chaminés, abriremos corações e portas à chegada salvífica do Menino Jesus.

Por trazer a muitos mais constrangimentos que alegrias, fica decretado que o Natal não mais nos travestirá no que não somos: neste verão escaldante, arrancaremos da árvore de Natal todos os algodões de falsas neves; trocaremos nozes e castanhas por frutas tropicais; renas e trenós por carroças repletas de alimentos não perecíveis; e se algum Papai Noel sobrar por aí, que apareça de bermuda e chinelas.

Fica decretado que cartas de crianças só as endereçadas ao Menino Jesus, como a do Lucas, que escreveu convencido de que Caim e Abel não teriam brigado se dormissem em quartos separados; propôs ao Criador ninguém mais nascer nem morrer, e todos nós vivermos para sempre; e, ao ver o presépio, prometeu enviar seu agasalho ao filho desnudo de Maria e José.

Fica decretado que as crianças, em vez de brinquedos e bolas, pedirão bênçãos e graças, abrindo seus corações para destinar aos pobres todo o supérfluo que entulha armários e gavetas. A sobra de um é a necessidade de outro, e quem reparte bens partilha Deus.Fica decretado que, pelo menos um dia, desligaremos toda a parafernália eletrônica, inclusive o telefone e, recolhidos à solidão, faremos uma viagem ao interior de nosso espírito, lá onde habita Aquele que, distinto de nós, funda a nossa verdadeira identidade. Entregues à meditação, fecharemos os olhos para ver melhor.

Fica decretado que, despidas de pudores, as famílias farão ao menos um momento de oração, lerão um texto bíblico, agradecendo ao Pai de Amor o dom da vida, as alegrias do ano que finda, e até dores que exacerbam a emoção sem que se possa entender com a razão. Finita, a vida é um rio que sabe ter o mar como destino, mas jamais quantas curvas, cachoeiras e pedras haverá de encontrar em seu percurso.

Fica decretado que arrancaremos a espada das mãos de Herodes e nenhuma criança será mais condenada ao trabalho precoce, violentada, surrada ou humilhada. Todas terão direito à ternura e à alegria, à saúde e à escola, ao pão e à paz, ao sonho e à beleza.

Fica decretado que, nos locais de trabalho, as festas de fim de ano terão o dobro de seus custos convertido em cestas básicas a famílias carentes. E será considerado grave pecado abrir uma bebida de valor superior ao salário mensal do empregado que a serve.
Como Deus não tem religião, fica decretado que nenhum fiel considerará a sua mais perfeita que a do outro, nem fará rastejar a sua língua, qual serpente venenosa, nas trilhas da injúria e da perfídia. O Menino do presépio veio para todos, indistintamente, e não há como professar o “Pai Nosso” se o pão também não for nosso, mas privilégio da minoria abastada.

Fica decretado que toda dieta se reverterá em benefício do prato vazio de quem tem fome, e que ninguém dará ao outro um presente embrulhado em bajulação ou escusas intenções. O tempo gasto em fazer laços seja muito inferior ao dedicado a dar abraços.

Fica decretado que as mesas de Natal estarão cobertas de afeto e, dispostos a renascer com o Menino, trataremos de sepultar iras e invejas, amarguras e ambições desmedidas, para que o nosso coração seja acolhedor como a manjedoura de Belém.

Fica decretado que, como os reis magos, todos daremos um voto de confiança à estrela, para que ela conduza este país a dias melhores. Não buscaremos o nosso próprio interesse, mas o da maioria, sobretudo dos que, à semelhança de José e Maria, foram excluídos da cidade e, como uma família sem-terra, obrigados a ocupar um pasto, onde brilhou a esperança.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

NA FILA DE JESUS.

Entrar numa fila é algo normal, já assimilado pela grande maioria. São tantas filas, em tantos lugares, para tantas coisas. Saber esperar na fila é um exercício de paciência. Em algumas épocas, elas se tornam até longas. Nem sempre o bom humor acompanha o lento andar das filas. Nestes dias que antecedem o Natal, as filas são até exageradas e as pessoas um tanto agitadas. Porém, nem todos os que estão nas filas sabem bem o que procuram. Talvez não seja necessário fila para encontrar o essencial.

A fila do Papai Noel é a mais frequentada. O mesmo não acontece com aquela do Menino Jesus. A constatação é a mesma: a cada ano que passa, o material é mais desejado que o espiritual. Há mais Papai Noel do que Menino Jesus. Essa defasagem é sintomática. O caminho do equilíbrio é ainda muito longo. Nem mesmo a crise consegue amenizar o ímpeto consumista. Algo arraigado, estruturado, que parece fugir do controle.

A fila de Jesus não tem atrativos, nem excessos. É muito simples. Porém, a cena é inspiradora: José, Maria e o Menino. O primeiro Natal não foi nada poético. Não havia lugar para eles na hospedaria. Uma simples gruta serviu de acolhida para o Filho de Deus. O coração dos pastores pulsou intensamente, os reis vieram do Oriente. A estrela brilhou com uma intensidade sem fim. Os confins do universo contemplaram um único e decisivo: o céu visitou a Terra. Os anjos cantaram glórias.

A cada Natal a emoção retorna. O coração se enche de alegria. As famílias procuram se encontrar. Os abraços não são dispensados, pelo contrário, se tornam mais intensos. Procurar a fila de Jesus é tarefa de quem provou a espiritualidade e já não encontra sabor em outras filas. Quem encontrou a Luz não consegue mais andar tateando outros caminhos. Quando a espiritualidade aquece o mais profundo do ser, a gratidão se transforma em hino de louvor.

Na fila de Jesus, a vida experimenta a normalidade e a felicidade alcança a plenitude. Nada é mais grandioso do que reavivar o amor de Deus, que assumiu a condição humana. Já não há mais distância entre o céu e a Terra. A alegria é infinita, mesmo que as lágrimas sejam persistentes. Natal é família. Natal é paz. Natal é solidariedade. Natal é espiritualidade. É na fila de Jesus que encontrei a Paz e o Bem deste Natal. Feliz Natal!

O MUNDO MUDOU.

É bastante comum deparar com expressões desta natureza: “O mundo mudou”; “As coisas não são mais as mesmas”; “Os tempos são outros”; “Já não é mais como antigamente”, e muitas outras no presente vocabulário. Há uma constatação óbvia e incontroversa de uma discrepante diferença entre as gerações presentes e passadas. As novas gerações tendem a deixar para o passado culturas, normas e comportamentos que impeçam a identidade do novo, a liberdade. Em sociedade moderna a mudança de mentalidade avança de forma veloz e é necessário consolidar valores de dignidade humana.

É incontroverso. A sociedade apresenta um novo rosto, o da secularidade. A secularidade é uma qualidade e uma condição de quem vive as coisas do mundo e da vida, ou do tempo. A principal característica da secularidade é a defesa de um estado laico, sem a interferência da religião. O espírito secular tende a colocar o homem no centro da própria história. Quanto ao sentido do termo secular, vem do latim secularis, que significa relativo a século. Em linguagem comum significa mundano, relativo ao mundo.

O teórico português Boaventura de Sousa Santos (1940) analisa a atual sociedade sob duas óticas: secularismo e secularidade. Segundo o teórico, o secularismo implica restringir a religião ao estado privado exclusivamente. Isto significa uma experiência religiosa puramente subjetiva, de opção pessoal. E por secularidade entende a permissão das expressões religiosas no espaço público. A experiência religiosa é tolerada quando não fere a liberdade dos cidadãos. Em suma, é possível viver na sociedade secular uma mútua tolerância entre os crentes e não crentes.

Então, ante uma sociedade caracterizada nas livres escolhas e na afirmação da autonomia absoluta do homem, constitui-se um desafiador campo de atuação para qualquer segmento social, sobretudo o religioso. Aceita esta concepção de sociedade, a situação permite o surgimento de muitos movimentos religiosos. Por um lado esses movimentos, em sua maioria compatíveis com os interesses do espírito secular, pregam uma fé subjetiva e desnuda da realidade. Por outro lado, o pluralismo religioso nem por isso deixa de ser bom, mas na maioria das situações sustenta uma falsa disjunção público privado.

Apostar fé em tal liberdade serve de falso patamar das chamadas autonomias das esferas religiosa e estatal. Por conseguinte, a secularidade significa ser do mundo. Isto é, ser responsável por ele. Ou seja, em cada ato humano é impossível a neutralidade. Pois a fé, quando acolhida com profundidade, pensada e vivida, também se faz cultura. Portanto, o homem que acolhe a Deus em sua fé age na sociedade ciente da responsabilidade de superação das situações de injustiças sociais. Então, a virtude da fé liberta do poderio que escraviza e se move na habitação da justiça divina entre os homens e mulheres.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

FELIZ ANO NOVO???

Por que desejar Feliz Ano-Novo se há tanta infelicidade à nossa volta? Será feliz o próximo ano para afegãos, palestinos e os soldados usamericanos sob ordens de um governo imperialista que qualifica de “justas” guerras de ocupações genocidas? Serão felizes as crianças africanas reduzidas a esqueletos de olhos perplexos pela tortura da fome?

A felicidade, o bem mais ambicionado, não figura nas ofertas do mercado. Não se pode comprá-la, há que conquistá-la. A publicidade empenha-se em nos convencer de que ela resulta da soma dos prazeres.
Estimulado pela propaganda, nosso desejo exila-se nos objetos de consumo. Vestir esta grife, possuir aquele carro, morar neste condomínio de luxo — reza a publicidade — nos fará felizes.

A arte da verdadeira felicidade consiste em canalizar o desejo para dentro de si e, a partir da subjetividade impregnada de valores, imprimir sentido à existência. Assim, consegue-se ser feliz mesmo quando há sofrimento. Melhor seria um mundo sem miséria, desigualdade, degradação ambiental, políticos corruptos!

Essa infeliz realidade que nos circunda, e da qual somos responsáveis por opção ou omissão, constitui um gritante apelo para nos engajarmos na busca de “outros mundos possíveis”. Contudo, ainda não será o Feliz Ano-Novo. O ano será novo se, em nós e à nossa volta, superarmos o velho. E velho é tudo aquilo que já não contribui para tornar a felicidade um direito de todos.

Se o novo se faz advento em nossa vida espiritual, então com certeza teremos, sem milagres ou mágicas, um Feliz Ano-Novo, ainda que o mundo prossiga conflitivo; a crueldade, travestida de doces princípios; e o ódio, disfarçado de discurso amoroso.

AOS MEUS LEITORES: TIM-TIM!


Já reparaste que estamos vivendo tempos de exigência permanente de bem-estar e felicidade? Há um imperativo novo no ar: tu deves ser feliz! Na vida cotidiana e nas redes sociais há um exagero na espetacularização da vida feliz. Exploramos ao máximo o belo e suas cores e ocultamos e recalcamos o triste e seu preto e branco. Escondemos de nós mesmos os momentos de dor e sofrimento. A morte então, virou um tabu. Aparecer na rede com cara meditativa, séria demais, sisuda, mal arrumada e trabalhando é quase uma declaração de decadência.

Agora que as festas de final de ano se aproximam, o imperativo de vida feliz parece ser ainda mais exigente. A partir de agora, até o início do ano, está terminantemente proibido ser infeliz, triste, melancólico, meditativo! O que vale para o dia a dia, nesse mundo hiperconectado, vale muito mais para essa overdose de exigência de vida feliz que são as festas de Natal e final de ano. Se não fores feliz, não fique conectado e não vá ao shopping, melhor ir pescar.... Está aberta a temporada proibitiva para a vida triste.

Kant dizia que uma vida bem-sucedida não é uma vida vivida sob o império da vida feliz, mas uma vida honrada de tal forma que a vida feliz possa ser merecida. A vida feliz, se acontecer, deveria ser consequência do bem praticado e não um fim em si mesmo, desenfreadamente desejado. O fim dos fins de toda ação é a felicidade, claro, mas esta não pode ser alcançada senão como consequência ou resultado de uma vida virtuosa. Em longo prazo, o que vale é uma vida virtuosa guiada pela razão e pela boa vontade, que faz com que a vida feliz seja sedimentada no chão do merecimento, dizia Kant. Os tempos atuais mataram Kant, enterrando-o sem merecimento de cantos fúnebres e sem selfie no seu caixão...

E já que o nascimento do Menino se aproxima, recordo aqui uma das passagens mais belas e que dá o que pensar para todos os que não quiserem a ilusão da felicidade imerecida. Veja aí:

"Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos céus. Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados. Bem-aventurados os humildes, pois eles receberão a terra por herança. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos. Bem-aventurados os misericordiosos, pois obterão misericórdia...".

Seja feliz com moderação. E, se possível, modere a carne e o álcool, mesmo que isso não te faça lá tão feliz! Tim-Tim!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

A VÍTIMA É QUE JULGA.

Os filósofos têm a mania de distinguir o que o senso comum, geralmente, mistura e trata como se fosse a mesma coisa. Juízos éticos e juízos estéticos e eróticos são parte dessa confusão. Desculpe aí, viver não é preciso, mas distinguir é preciso.

Não raro se ouve dizer que cada um tem seu ponto de vista, cada um tem opinião e preferências pessoais, cada um tem seu conceito de bom, cada um tem seu juízo sobre o que deve e o que não deve fazer e que tudo é relativo.

Não está de todo errado. Mas sutilmente se introduz, nessa forma de dizer, a indistinção entre coisas diferentes.

Não há dúvida que cada um tem seu ponto de vista sobre o que acha belo ou feio, bom ou mau, agradável e desagradável do ponto de vista estético e erótico.

Uma obra de arte nos divide em opiniões e todas são legítimas. Há quem não goste de música sertaneja, e há quem goste. Eu mesmo não gosto... Há os que gostam de esculturas, outros nem sequer param frente a uma. Há quem goste de homens magros, mas há quem goste de homens fortes e gordos. Uns gostam de pessoas de outro sexo, mas há quem goste e ame pessoas do mesmo sexo.

Há quem gosta de banana, mas não gosta de abacaxi e o que gosta de chocolate não é tolerante ao suco de uva, preferindo vinho ou cerveja. A lista é infinda e cada uma das preferências tem sua legitimidade e não há por que querermos universalidade. A imposição de um dever comum nesse campo da ação humana só pode ser fruto de uma violência, injustificada, portanto. Viva a diferença na ordem estética e erótica!

Mas, e os valores morais? E os juízos morais do certo e errado, do bom e do mau, do belo e feio, também são subjetivos e particulares como os do campo estético e erótico?

Os juízos e valores estéticos e eróticos são subjetivos e relativos ao sujeito da ação e não são recrimináveis porque, via de regra, o seu bem-estar, prazer, opinião, preferência e realização de felicidade em nada diminui ou interfere negativamente na vida do outro. Se eu gostar de Pedro ou de Maria, em nada isso vai diminuir e prejudicar a vida de Paulo e Joana. Se eu gostar de maçã e não gostar de chocolate, em nada isso interfere e causa sofrimento a vida de outros. Nesse caso, e tantos outros, o meu bem não implica no mal do outro.

E aqui entram os valores e juízos éticos. A ética entra quando a minha ação beneficia ou prejudica o outro. A ética é a inclusão do outro. A ética me dá sinal verde ou vermelho, permite-me ou me impõe interditos, porque meu bem-estar, prazer, gosto e desejo necessita ser confrontado com o mal que eu possa eventualmente causar a outro. Nesse campo, nem tudo é relativo.

E eu posso sim julgar o outro por uma ação que considero recriminável e ele haverá de aceitar esse meu juízo. No âmbito da ética o peso está no outro e, sobretudo, na vítima. É a vítima quem julga e não o vitimador. Eu posso gostar e desejar Maria, mas se ela já estiver comprometida com outra pessoa e ela amar e gostar dessa outra e não de mim, devo agir moralmente e limitar o meu gosto e desejo. Eu posso desejar escravizar e possuir o corpo da outra pessoa, mas não devo e devo me impor o limite de não avançar sem a permissão do outro.

Onde os gostos e desejos causam vítimas, então a ética deveria ser nossa referência de ação. O prazer, o gosto e o desejo necessitam ter em conta se há vítimas. Se há vítimas, então eu devo parar. Se eu não parar, devo pelo menos saber que estou fazendo o que não deveria fazer. Quem me julga é a vítima. Eu gosto de comer um churrasco, eu gosto de comer um doce de leite, eu gosto de comer um hambúrguer, eu gosto e desejo comer carne, vestir couro e visitar zoológicos, mas e os animais será que gostam de sofrer e morrer por minha causa?

Se há vítima, então quem deveria falar mais alto são os valores éticos e não os valores estéticos ou eróticos. Podemos continuar matando e vitimando, pois somos os mais fortes. Os fortes vencem a história, mas a vítima a julga!

domingo, 20 de dezembro de 2015

UM CASO DE NATAL

Dia 25 de dezembro de 1. Jacó acordou tarde. Chegara cansado, na véspera, da viagem que o trouxera de Cafarnaum a Belém. Viera convocado pelo recenseamento decretado pelo imperador Tibério. Cada cidadão deveria retornar a seu lugar de origem.

Para Jacó, tratava-se também de uma oportunidade de deitar uma vista d’olhos na pequena propriedade rural que mantinha nas cercanias da cidade de Davi. Ali nascera, ali nutria o sonho de terminar seus dias, longe da azáfama comercial que o prendia à Galileia.

Zacarias, o capataz, correu esbaforido em direção ao patrão. Aguardara ansioso que Jacó despertasse. Queria, o quanto antes, colocá-lo a par do que ocorrera na propriedade ao longo da madrugada.

― Tens cara de não haver cerrado os olhos esta noite, Zacarias! – observou Jacó.

― É verdade, patrão. Tive uma noite muito atribulada.

― O que sucedeu, homem? As ovelhas romperam a cerca?

― Que nada! Já a noite ia adiantada, quando empunhei o candeeiro para verificar se tudo andava em ordem na propriedade. Eis que avistei dois vultos próximos ao curral.

― E quem eram os intrusos? Tratou de expulsá-los?

― Era o que pretendia fazer, patrão. Mas ao me acercar do curral, vi que a mulher estava grávida e já se dobrava às dores do parto.

― O que fizeste, homem?

― Acomodei-a com o marido junto ao cocho das ovelhas. Corri à casa em busca de bacia, água quente e panos limpos. Logo ela deu à luz um lindo bebê.

― Macho ou fêmea?

― Macho, patrão.

― E passaram a noite aqui?

― Sim, e tão logo o menino nasceu surgiu no céu uma estrela tão brilhante que meu candeeiro já nem tinha precisão. E chegaram três cameleiros.

― Cameleiros! Que diabos vieram parar aqui?

― Disseram ter vindo do Oriente conduzidos pela estrela brilhante. Queriam adorar o salvador.

― Que salvador, Zacarias? Tua cabeça não te confunde por falta de sono?

― Acho que se referiam ao Messias esperado por Israel.

― Ora, então achas que o Messias viria a nós como um intruso invasor de terra alheia? Um deus sem eira nem beira?

― Não acho nada, patrão. Sei apenas que vi um dos cameleiros oferecer ao menino um punhado de ouro; outro, um pouco de incenso;e o terceiro, mirra.

― E sabes quem são os pais do menino?

― Logo que os cameleiros partiram, fui à cidade em busca de pão. Na fila do forno de Tobias, comentei sobre o casal e o parto. Neemias, a quem nada passa despercebido, me contou que o pai, um tal de Zé, é natural de Belém. Há tempos deixou a região e se empregou como carpinteiro lá pras bandas de Nazaré, na Galileia. Andava de namoro com Maria, a mãe do bebê. O casamento nem sequer tinha sido anunciado, quando ela apareceu grávida. Neemias desconfia de que o filho talvez nem seja do próprio Zé. O fato é que este apareceu aqui atraído pelo censo e buscou abrigo em casa de seus familiares. Ao verem a barriga avantajada de Maria, seus parentes consideraram uma pouca vergonha Zé ter vindo com a moça, pois nem casamento houve. Bateram-lhes a porta na cara.

― Deve ser por isso – ponderou Jacó – que vieram parar aqui no meu terreno.

― Com certeza, patrão. A moça já chegou que não se aguentava.

― E ainda estão por aí?

― Dei feno ao burrico que montavam e, hoje cedo, partiram no rumo do Egito.

― Melhor assim, Zacarias. Receio essa gente sem terra que entra sem licença na propriedade alheia. Se a moda pega... Também vou partir, Zacarias. Sele meu cavalo. Tenho audiência com Herodes em Jerusalém. Direi a ele que o Messias nasceu em minhas terras. Garanto que se divertirá com a notícia...Boas Festas e um ano novo cheio de amor no coração.

sábado, 19 de dezembro de 2015

JAMAIS SE ESQUEÇA DO CÉU

As duas meninas tinham aguardado ansiosamente o grande dia: seriam aias na cerimônia de casamento. Estavam impecáveis. Ambas seguravam balão vermelho, em formato de coração. Com o olhar um pouco tímido, percorreram o longo corredor. Assim, cumpriram honrosamente o papel de coadjuvantes do momento ímpar do jovem casal. No término do cerimonial, uma insistente brisa fez com que um balão se soltasse da trêmula mãozinha. Os olhares acompanharam o coração vermelho alcançando as alturas. De imediato alguém consolou a menina, prometendo outro balão.

Enquanto o balão se afastava, o olhar alcançou, aos poucos, o céu. Fazia tempo que não contemplava tal imensidão. Quanto mais o balão tomava distância, tornando-se minúsculo, mais o céu mostrava a sua porção de infinito. Além de enorme, o céu é maravilhoso. Dizer céu é dizer muitas coisas. Usa-se com facilidade a palavra céu, mas nem sempre nos damos conta do quanto o céu nos remete para uma outra realidade que pode ser internalizada. A espiritualidade nos recorda que o céu é também uma atitude que eleva e que se torna fonte de esperança.

Ao longo dos dias, praticamente nos esquecemos de olhar para o céu. Ocupados e preocupados excessivamente com as coisas da terra, não elevamos o olhar para reavivar a chama da fé, que elimina a distância entre o céu e a terra. A vida aguarda por equilíbrio. Céu e terra necessitam de harmoniosa conjugação. O céu inspira e alimenta a dimensão espiritual. Tudo o que existe de melhor pode ser inserido na dinâmica do céu. Impossível viver bem sem carregar dentro de si um pouco do céu.

Novamente o olhar tenta encontrar o balão que se soltou da pequena mão. Nem rastro deixou. Talvez um anjo estivesse procurando algo para brincar. Aquele balão cumpriu seu papel: além de adornar as festividades do matrimônio, fez com que os convidados, mais atentos, olhassem para o céu. Feliz de quem se permite olhar para o céu. Os pés devem pisar firmemente o solo existencial, mas o olhar pode e deve buscar o infinito. Tomara que muitos balões alcancem as alturas e que incontáveis corações olhem para o céu. Claro, o céu até pode esperar. Mas que essa espera não se transforme em esquecimento. Talvez a aia, ao longo da festa, tenha esquecido do balão que voou. Que o olhar e o coração, de todas as idades, jamais se esqueça do céu.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

VAMOS SONHAR...

Se há um direito sagrado que Deus imprimiu no coração humano é o direito de sonhar. Todos os bons sonhos alimentam a esperança e a esperança procura concretizá-los com paciência, luta e perseverança. Quem tem esperança sonha e quem sonha renova a energia da esperança. É assim que vamos adiantando o futuro e investindo com amor para que tudo se realize, conforme a dignidade do que sonhamos.
Para que os sonhos sejam bons e verdadeiros e animem a esperança precisam estar ligados ao presente e à realidade. Uma condição para chegar ao topo de uma escada é ir subindo degrau por degrau. Passo a passo, vamos chegando aonde desejamos. Seria ridículo ficar sonhando a chegada no cimo de uma montanha e permanecer imóvel na planície. É trágico o engano quando o sonho se converte em pura evasão e fuga, sem assumir as reais etapas a serem dadas com responsabilidade.
A esperança só é autêntica quando parte da realidade e do presente para levá-lo ao mundo dos sonhos. Com realismo e idealismo é bem mais fácil investir energia e amor, esforço e heroísmo, para que as metas sonhadas se concretizem. Os bons sonhos da esperança é que garantem aquela coragem que supera lutas e sofrimentos.
Dois perigos podem acontecer na caminhada humana. Um deles é viver só administrando o real, sem ter sonhos. Essa atitude leva as pessoas à monotonia da vida, ao desalento e à acomodação. Outro é viver longe da realidade, somente no mundo dos sonhos. Isso torna a pessoa alienada, fora do mundo real e iludida sem os pés no chão.
A vida nos mostra a necessidade de colocar os bons sonhos no dinamismo da esperança, que nunca nos tira da realidade e sempre nos mantém motivados e animados a alcançar novas metas em vista de outras sempre maiores.
Ao escrever este texto sobre os bons sonhos da esperança, lembrei-me de uma canção que todos gostam de entoar. Seu título é “Sonhar”  Algumas frases merecem ser registradas: “Ninguém pode prender um sonho e impedir alguém de sonhar. Ninguém pode cortar a esperança de um povo sofrido a lutar... Todo o sonho alimenta a história e a vitória do povo a chegar... Ninguém pode prender um sonho, como a luz do sol que nasceu. Ele brilha inventando caminhos, e desvela o que a noite escondeu”.
Na verdade, podemos até discordar dos sonhos de alguém, mas jamais poderemos impedir que possa sonhar. É possível que poucos sonhos sejam realizáveis, mas é melhor sonhar muito para que se concretizem poucos, do que sonhar pouco e não se concretizar nenhum.
Os bons sonhos movimentam a história; fazem evoluir os projetos e vão aprimorando as decisões e as obras das pessoas. É bonito quando um casal de namorados sonha sua casa. Quando um arquiteto capta o sonho e o apresenta em projeto a ser construído. Os bons sonhos profissionais ajudam a definir rumos de especialização. Os bons sonhos dos pobres motivam associações, cooperativas e organizações não governamentais. Enfim, sonhar é preciso!

TERMINAR SÓ.

A descoberta do fogo mudou a história do homem das cavernas.
O calor que aquecia, a luz que permitia enxergar durante a noite, a proteção contra animais ferozes, a possibilidade de assar alimentos, de estar com a prole e acima de tudo a meditação. É, de tanto olhar para a chama, entravam em transe e recebiam mensagens fundamentais que proporcionariam a evolução da raça humana.
Já o advento da Internet e da tecnologia da informação mudou os rumos da humanidade.
Da mesma forma, quando olhamos, hoje, um ser humano em transe, desconectado do mundo exterior, ao olhar a tela do computador, do tablet ou do smartphone, acessando e se comunicando através de redes sociais, percebemos que nada será como antes.
Agora, se, quando em transe, a comunicação dos homens das cavernas era com seres superiores, espiritualmente elevados, que transmitiam mensagens para o progresso da raça humana, hoje, quando em transe, à frente da tela do computador, a comunicação do internauta não é com seres superiores, mas com seres encarnados até inferiores a ele. Trava-se diálogos inúteis, fúteis, joga-se joguinhos que podem promover tudo, menos evolução espiritual.
Pior, a tecnologia está nos afastando de quem está próximo. Vocês já tentaram falar com um filho enquanto ele manuseia o smartphone?
Pois é, o ser humano percorreu um longo caminho para terminar sozinho

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

IMPOSSÍVEL, POR QUE?

Santa Bárbara, na Califórnia, é uma cidade de porte médio, com menos de 90 mil habitantes. Como toda a cidade, tem seus contrastes. Lá existem também os sem-teto, dormindo no banco do jardim, na soleira das portas ou numa calçada qualquer. Joe é dos sem-moradia. Sua companhia inseparável: um cão. Um dia, um gato sem dono juntou-se aos dois. Entre o gato e o cão surgiu uma tranquila parceria. Depois foi a vez de um rato branco que se associou a eles. Os quatro iam fazendo sua vida, repartindo com tranquilidade a pouca comida que lhes era dada.
O fato de animais, historicamente vistos como inimigos, vivendo juntos em harmonia, começou a chamar a atenção de todos. Num certo dia, alguém ofereceu ao sem-teto vinte dólares para fotografar os seus animais. Nasceu daí um meio de vida para eles. As fotografias se multiplicaram e todos deixam sua contribuição. As fotos acabaram no youtube e percorrem o mundo. O cachorro, o mais forte dos três, na maior parte do dia carrega o gato e o rato para que eles não precisem caminhar tanto. Os gestos de carinho são rotineiros. À noite eles se acomodam do melhor jeito possível, aquecendo-se mutuamente. Hoje eles são visita obrigatória para os turistas que passam por Santa Bárbara. Com direito a uma fotografia.
Um mundo diferente é possível. É isto o que esses animais nos ensinam. Costumamos dividir o mundo em classes: ricos e pobres, brancos e negros, homens e mulheres, sábios e ignorantes, bons e maus, amigos e inimigos. E apostamos nessas divisões. Seguimos uma tendência já manifestada na primeira página da Bíblia; trata-se da Lei de Caim. Esta lei determina a destruição do irmão. Ainda não nos damos conta que a melhor maneira de vencer o inimigo não é derrotá-lo, mas fazê-lo amigo.
Jesus coloca o amor como a lei fundamental da convivência humana. O amor não tem contraindicações. Mas a humanidade ignorou o caminho do amor e, hoje, vive sob a lei do temor. Os outros são vistos como inimigos. E assim os tratamos e eles acabam inimigos de verdade.
Francisco de Assis preferiu outro caminho, o caminho da fraternidade. Foi assim que ele venceu – conquistou – o lobo, chamando-o de irmão. Foi assim que, contrariando a filosofia dos Cruzados, teve entrada franca no palácio do sultão. Foi assim que ele reconciliou cidades em guerra.
Uma das dificuldades é a pressa. Queremos que a semente do amor germine imediatamente. É necessário que, antes da proposta, exista uma vida que legitime o amor. São João da Cruz lembrava: “Onde não há amor, plante amor e, um dia, colherá amor”. 
Não desanime, não pense que é impossível se a primeira vez não deu certo. Tente de novo. Uma vez plantada, a semente do amor germinará, mas não fixe tempo para isso. 
Olhe o quarteto de Santa Bárbara e caminhe nessa direção.

A VÓZ DA CONSCIÊNCIA NINGUÉM CONSEGUE CALAR.

O corrupto ama a escuridão e abomina a luz. Ele sabe o quanto é condenável o que pratica. É nesse ponto que se anuncia a consciência. Fizeram-se inumeráveis interpretações do fato da consciência. Tentaram derivá-la da sociedade, dos superegos das tradições e das religiões, do ressentimento face aos fortes e outros. Os manuais de ética referem infindáveis discussões sobre a origem, a natureza e o estatuto da consciência. Entretanto, por mais que tentemos derivá-la de outras realidades, ela se mantém como instância irredutível e última.
Ela possui a natureza de uma voz interior que não consegue ser calada. Exemplifiquemos: em 310, o imperador romano Maximiano mandou dizimar uma unidade de soldados cristãos porque, depois de uma batalha, se negaram a degolar inocentes. Antes de serem executados, deixaram uma carta ao imperador: “Somos teus soldados e temos as armas em nossas mãos. Entretanto, preferimos morrer a matar inocentes a ter que conviver com a voz da consciência nos acusando” (Passio Agaunensium). A 3 de fevereiro de 1944 escreve outro soldado alemão e cristão a seus pais: “Fui condenado à morte porque me neguei a fuzilar prisioneiros russos indefesos. Prefiro morrer a levar pela vida afora a consciência carregada com o sangue de inocentes. Foi a senhora, minha mãe, que me ensinou a seguir sempre primeiro a voz da consciência e somente depois as ordens dos homens (Letzte Briefe zum Tode Veruteilter).
Que poder possui essa voz interior a ponto de vencer o medo natural de morrer e aceitar ser morto? Ela admoesta, julga, premia e castiga. Com razão Sócrates e Sêneca testemunhavam que a consciência “é Deus dentro de ti, junto de ti e contigo”. Kant, o grande mestre do pensamento ético, dizia que “a consciência é um tribunal interno diante do qual pensamentos e atos são julgados inapelavelmente”. Foi esse filósofo que introduziu claramente a distinção entre preço e dignidade. Aquilo que tem preço pode ser substituído por algo equivalente. Entretanto há uma instância em nós que está acima de todo preço e que, 
por isso, não admite nada que a substitua: essa é a “dignidade humana”, fundada na consciência de que “o ser humano é um fim em si mesmo e que não pode jamais servir de meio para qualquer outra coisa”.
O mau e o corrupto se escondem sem que ninguém os procure e fogem sem que ninguém os persiga. Donde lhe vem esse medo e pavor? Quem é esse que vê os dinheiros escondidos e para os quais não existem cofres secretos nem senhas para abri-los? Para ela não há segredos em quatro paredes palacianas ou em obscuro quarto de hotel. O corrupto sabe e sente que a consciência é maior que ele mesmo. Não possui poder sobre ela. Não a criou. Nem pode destruí-la. Ele pode desobedecer ao seus imperativos. Negá-la. Violentá-la. Mas o que ele não pode é silenciá-la.
Por que aventamos esse clamor íntimo? Porque estamos interessados em conhecer os tormentos que a má consciência inflige ao coração e à mente daquele corrupto que desviou dinheiro público, que se apropriou 
das poupanças dos trabalhadores e dos idosos e que, desmascarado, teve que inventar mentiras e mais mentiras para esconder o seu malfeito. Mas não há nada escondido que um dia não seja revelado.
Mesmo que saia absolvido em um tribunal, porque contratou advogados hábeis em fazer narrativas tão lógicas que encobriram seu crime e convenceram os magistrados, ele não consegue escapar do tribunal interior que o condena. Uma voz o persegue para onde for, acusando-o de indigno diante de si mesmo, incapaz de olhar com olhos límpidos para sua esposa e filhos e conversar com coração aberto com seus amigos. Uma sombra o acompanha e lhe rouba a irradiação que nasce da bondade originária de uma consciência serena e feliz. A vida o amaldiçoa porque traiu a verdade, violou sua própria dignidade e se fez desprezível diante de sua própria consciência.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

EMSINAMENTOS DA ARCA DE NOÉ.

Nas primeiras páginas da Bíblia encontramos o episódio de Noé e sua aventura no Dilúvio. Durante 40 dias e 40 noites uma colossal chuva inundou a Terra. Noé estava preparado. A arca, com o comprimento de 150 metros, 25 metros de largura e 15 de altura, salvou sua família e um casal de cada ser vivo. Passados alguns milênios, a arca de Noé continua nos ensinando.

01 -Não percas o barco. Não contes demais com o amanhã. É possível que lhe digam: agora é tarde demais.

02 -Estamos todos no mesmo barco. Nada do que acontece ao nosso redor deve ser indiferente. Ninguém é uma ilha. Se um grão de areia cai no mar, o Continente fica menor.

03 - Planeja o futuro. Não estava chovendo quando Noé construiu a arca. Na vida das pessoas, há causas e consequências. Podemos escolher as sementes que vamos semear, mas a colheita é obrigatória. Aquilo que semeamos, teremos de colher.

04 -Mantém-se em forma. Noé era bem idoso quando surgiu a ocasião. Amanhã ou depois, alguém poderá pedir para realizar algo de grande.

05 - Não dês ouvidos aos críticos negativos. Continua a fazer o que deve ser feito, As sugestões, no entanto, são sempre bem vindas.

06 - Constrói o teu futuro em terreno alto. O Evangelho vai mais longe. Pede construir sobre a rocha. As aves sabem que é perigoso construir os ninhos nos ramos mais baixos.

07 - Por segurança, nunca viajes sozinho. Noé, além da família, levou um casal de cada ser vivo. Somos feitos para partilhar a vida e viver em comunidade O céu é a pátria do amor, o inferno a cidade da solidão. Homem e Natureza são parceiros inseparáveis.

08 - A velocidade nem sempre é vantagem. Tanto os caramujos como as avestruzes estavam na arca de Noé. Não é a velocidade que determina o sucesso. Importante é estar caminhando e no caminho certo.

09 -Quando estiver estressado, flutua. Isto significa: férias, um dia diferente, um livro, uma pescaria... A pessoa não é de ferro. As próprias máquinas precisam, de vez em quando, parar.

10 - A arca de Noé foi construída por amadores. O colossal Titanic foi construído por profissionais segundo as normas mais seguras da engenharia. O amor é mais dinâmico que a técnica.

Observação final. Não importa a tempestade. Quando você se deixar conduzir por Deus, o barco não vai afundar e ao arco-íris, cedo ou tarde, aparecerá.
O autor

VOCE É A DIFERENÇA;



No final dos seis simbólicos dias da Criação, Deus olhou sua obra e viu que tudo era bom . A bondade inicial daquela primeira manhã não durou muito. Adão e Eva pisaram na bola. Naturalmente ninguém quis assumir a responsabilidade. E isto continua no dia de hoje. Todos estão cheios de boa vontade e todos querem reformar o mundo. Mas começam no lugar errado: os outros. A tese é ilustrada por quatro irmãos, de nomes e vida complicados. Assim se chamavam: Alguém, Ninguém, Qualquer Um e Todo Mundo.

Diante de um trabalho a ser feito, Todo Mundo tinha certeza que Alguém o faria. Qualquer Um poderia tê-lo feito, mas Ninguém fez. Diante do impasse, Alguém ficou zangado porque era um trabalho que Qualquer Um podia fazer, mas Ninguém imaginou que Todo Mundo deixaria de fazê-lo. No final, Todo Mundo culpou Alguém porque Ninguém fez o que Qualquer Um poderia fazer.

Somadas as atitudes dos quatro irmãos, o mundo ficou como está. Por vezes, se imagina que pecar é fazer algo de errado. Eu não fiz nada, justificam-se muitos. Porque muitos não fazem nada, a confusão é geral. Trata-se do grande pecado de omissão. Pilatos não fez nada e até mostrou isso lavando as mãos. Mesmo assim foi cúmplice da maior injustiça praticada na Terra. Martin Luther King lamentava-se: “O que me assusta não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”.

São minúsculos grãos de areia que desenham praias imensas; o mar é formado por pequenas gotas de água; letras e mais letras originam poemas; com pobres centavos formamos um milhão e reduzidos minutos somam horas, dias, séculos e milênios. Uma eleição pode ser ganha por um voto e alguns segundos significam a vitória ou a derrota numa competição olímpica.

E não devemos desejar o reconhecimento do vizinho, a citação no jornal, o diploma da Prefeitura. Depois que tivermos feito a nossa parte, com tranquilidade, admitamos: “Somos servos inúteis, fizemos apenas o que devíamos fazer” .

Não conseguiremos mudar o mundo, mas mudamos alguma coisa, a partir de nós mesmos. E nem teremos ganhos em acusar os outros. Quem são os outros? São eles, os políticos, os filhos, os pais, os vizinhos, os funcionários públicos, os padres... os outros. Deixe Todo Mundo em paz, não acuse a Ninguém, nem vire o rosto para Alguém porque Qualquer Um poderia fazer isto. Você fez a diferença

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

DIFERENTE.

Alguns acusam como imprudentes as pessoas que têm a mania de fazer comparações; outros dizem que comparar é um resultado do senso crítico. Na verdade, o fato de fazer comparações de pessoas, de lugares e mesmo de fatos, é sempre um perigo de fazer juízos errados e até de provocar intrigas e favorecer fanatismos.

Quando usamos o critério do “melhor”, ou “pior”, mexe-se com um juízo de valores que não é conveniente nem a quem julga e nem a quem é julgado. Muitas vezes eu já fui interrogado por pessoas de bem, com estes critérios, para avaliar pessoas, lugares e comunidades . Tal lugar, onde está agora, é melhor do que o outro, onde viveu e trabalhou antes? O povo de lá é melhor do que o de cá? O clima de lá era mais saudável do que o de cá? Tal pessoa é melhor do que esta? Etc.

Afirmar que é “melhor”, ou “pior” exige uma análise que justifique e clareie os motivos de tal avaliação. Essa conduta poderá ser provocada por um jogo de conveniência, simplesmente para agradar o interlocutor. Nada tem a acrescentar, nem mesmo a ajudar em alguma coisa. Viver fazendo comparações nos coloca em um terreno perigoso e suspeito.

Diante destas possíveis perguntas, aprendi que a melhor resposta que se pode dar é esta: “Nem melhor, nem pior, mas diferente!”. Ocorre que o diferente pode me deixar na insegurança, mas será sempre uma oportunidade de crescimento e aprendizado. Tudo o que é diferente, novo e desconhecido necessita ser domesticado para ir fazendo parte da paisagem de minha vida. Será sempre benéfico permitir que o diferente me provoque a sair da acomodação e da rotina.

Na verdade, o melhor lugar do mundo é aquele onde se está! O melhor momento da vida é aquele que se chama “presente”. As melhores pessoas de nossa convivência são aquelas com convivemos agora. O melhor jeito de viver é dinamizar a vida com novas provocações e novas energias adormecidas que foram se acomodando no tempo e no lugar.

Todo o tipo de mudança, seja de lugares, de comunidades, de atividades e situações, carrega consigo a lógica do novo. Instintivamente, diante do novo, chega a tendência natural de julgar, como um mecanismo de justificação de nosso estado de espírito. Quando nos defrontamos com o novo, rotulando com o título de “pior” ou “melhor”, poderemos ser surpreendidos pelo imprevisível. Menos mal quando desponta o melhor, mas, se for o pior, quando esperamos o melhor, o desânimo poderá nos frustrar.

A lógica da vida e da convivência, o imprevisível a que todos estamos sujeitos, deverá nos ensinar a abraçar o diferente como uma graça que nos é colocada no caminho da vida. Quando se crê de verdade, tudo é graça e, até mesmo a desgraça poderá ser agraciada.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

ESPERANDO AS FESTAS DE FIM DE ANO.

Conheço uma história bem antiga que conta de um menino nascido em Belém, que veio libertar toda a humanidade do domínio do mundo... o menino é Jesus, e seu nascimento é comemorado em 25 de dezembro, numa comemoração conhecida por Natal.

Por uma questão de “Amor ao próximo”, nos permitimos trocar presentes no Natal.
Simples assim!


Por outro lado, em http://pt.wikipedia.org/wiki/Papai_Noel podemos ler:

“... Atualmente Papai Noel é geralmente retratado como um homem rechonchudo, alegre e de barba branca trajando um casaco vermelho com gola e punho de manga brancos, calças vermelhas de bainha branca, e cinto e botas de couro preto. Essa imagem se tornou popular nos EUA e Canadá no século XIX devido à influência da Coca-Cola, que na época lançou um comercial do bom velhinho com as vestes vermelhas. Essa imagem tem se mantido e reforçado por meio da/dos mídia (português brasileiro) ou meios (português europeu) publicitária(os), como músicas, filmes e propagandas.Conforme a lenda, Papai Noel mora no Extremo Norte, numa terra de neve eterna.
Na versão americana, ele mora em sua casa no Polo Norte, enquanto na versão britânica frequentemente se diz que ele reside nas montanhas de Korvatunturi na Lapônia, Finlândia. Papai Noel vive com sua esposa Mamãe Noel, incontáveis elfos mágicos e oito ou nove renas voadoras. Outra lenda popular diz que ele faz uma lista de crianças ao redor do mundo, classificando-as de acordo com seu comportamento, e que entrega presentes, como brinquedos ou doces, a todos os garotos e garotas bem-comportados no mundo, e às vezes carvão às crianças mal-comportadas, na noite da véspera de Natal. Papai Noel consegue esse feito anual com o auxílio de elfos, que fazem os brinquedos na oficina, e das renas que puxam o trenó.O personagem foi inspirado em São Nicolau Taumaturgo, arcebispo de Mira na Turquia, no século IV. Nicolau costumava ajudar, anonimamente, quem estivesse em dificuldades financeiras. Colocava o saco com moedas de ouro a ser ofertado na chaminé das casas. Foi declarado santo depois que muitos milagres lhe foram atribuídos.
Há bastante tempo existe certa oposição a que se ensine crianças a acreditar em Papai Noel. Alguns cristãos dizem que a tradição de Papai Noel desvia das origens religiosas e do propósito verdadeiro do Natal. Outros críticos sentem que Papai Noel é uma mentira elaborada e que é eticamente incorreto que os pais ensinem os filhos a crer em sua existência. Ainda outros se opõem a Papai Noel como um símbolo da comercialização do Natal, ou como uma intrusão em suas próprias tradições nacionais.”

Isto posto...

Sou Cristão e acredito que o Natal é, em primeiro plano, o ANIVERSÁRIO DE JESUS CRISTO.
Outrossim, aprendi que, diante de um episódio envolvendo uma moeda de ouro, com a face do Imperador romano impressa, Jesus teria dito: -“Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.”
Isto posto, vejo que nada posso ter contra a nota de alegria e cor, conferida à comemoração natalina pela mídia e até gosto de toda a movimentação comercial... gosto de vitrines enfeitadas, de luzinhas acesas pela cidade...apesar de considerar tudo comercial demais.
Concluo por uma inversão de “papéis”, numa festa cristã onde “César” está “ganhando” de Deus.
Cumpre a nós, cristãos adultos, tentarmos “virar o jogo”, conscientizando as crianças, de maneira festiva e colorida e engrandecendo o nascimento do Menino Deus, aproveitando a “jogada” colorida de “Cesar”. Complicado assim!

Ah, faltou o Ano Novo...
Eu só sei que não se deve comer carne de ave (cisca pra trás...) mas sim carne de porco (fuça pra frente) ;-)
Penso que também podemos optar por uma bela salada vegetariana e correr o risco de ficarmos "plantados". ;-)
Melhor provarmos de tudo um pouco, sem muita comilança...

PENSAMENTOS DE DALAI LAMA - Recebi e publico.

Dê mais às pessoas, MAIS do que elas esperam, e faça com alegria.
· Decore seu poema favorito.
· Não acredite em tudo que você ouve, gaste tudo o que você tem e durma tanto quanto você queira.
· Quando disser “Eu te amo” olhe as pessoas nos olhos.
· Fique noivo pelo menos seis meses antes de se casar.
· Acredite em amor à primeira vista.
· Nunca ria dos sonhos de outras pessoas.
· Ame profundamente e com paixão.
· Você pode se machucar, mas é a única forma de viver a vida completamente.
· Em desentendimento, brigue de forma justa, não use palavrões.
· Não julgue as pessoas pelo seus parentes.
· Fale devagar mas pense com rapidez.
· Quando alguém perguntar algo que você não quer responder, sorria e pergunte: “Porque você quer saber?”.
· Lembre-se que grandes amores e grandes conquistas envolvem riscos.
· Ligue para sua mãe.
· Diga “saúde” quando alguém espirrar.
· Quando você se deu conta que cometeu um erro, tome as atitudes necessárias.
· Quando você perder, não perca a lição.
· Lembre-se dos três Rs: Respeito por si próprio, respeito ao próximo e responsabilidade pelas ações.
· Não deixe uma pequena disputa ferir uma grande amizade.
· Sorria ao atender o telefone, a pessoa que estiver chamando ouvirá isso em sua voz.
· Case com alguém que você goste de conversar. Ao envelhecerem suas aptidões de conversação serão tão importantes quanto qualquer outra.
· Passe mais tempo sozinho.
· Abra seus braços para as mudanças, mas não abra mão de seus valores.
· Lembre-se de que o silêncio, às vezes, é a melhor resposta.
· Leia mais livros e assista menos TV.
· Viva uma vida boa e honrada. Assim, quando você ficar mais velho e olhar para trás, você poderá aproveitá-la mais uma vez.
· Confie em Deus, mas tranque o carro.
· Uma atmosfera de amor em sua casa é muito importante. Faça tudo que puder para criar um lar tranquilo e com harmonia.
· Em desentendimento com entes queridos, enfoque a situação actual.
· Não fale do passado.
· Leia o que está nas entrelinhas.
· Reparta o seu conhecimento. É uma forma de alcançar a imortalidade.
· Seja gentil com o planeta.
· Reze. Há um poder incomensurável nisso.
· Nunca interrompa enquanto estiver sendo elogiado.
· Cuide da sua própria vida.
· Não confie em alguém que não fecha os olhos enquanto beija.
· Uma vez por ano, vá a algum lugar onde nunca esteve antes.
· Se você ganhar muito dinheiro, coloque-o a serviço de ajudar os outros, enquanto você for vivo. Esta é a maior satisfação de riqueza.
· Lembre-se que o melhor relacionamento é aquele em que o amor de um pelo outro é maior do que a necessidade de um pelo outro.
· Julgue seu sucesso pelas coisas que você teve que renunciar para conseguir.
· Lembre-se de que seu carácter é seu destino.
· Usufrua o amor e a culinária com abandono total.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

VIVER É UM ESPETACULO IMPERDÍVEL.

Um homem sábio descreveu certa vez seus conflitos internos:

Dentro de mim existem dois cachorros, um deles é cruel e mau, o outro é muito bom e dócil. Os dois estão sempre brigando.

Quando, então, lhe perguntaram:

Qual dos cachorros vai ganhar a briga?

O sábio homem parou, refletiu e respondeu:

Aquele que eu alimentar.

É, é difícil, diante da dureza dos dias atuais, do estresse, da falta de tempo e da ausência de solidariedade, alimentar o nosso lado bom, dócil e pacífico.

Eu mesmo tenho dificuldade, mas, se não agir assim, estarei ferindo meus semelhantes, transformando minha vida num caos, me isolando, adoecendo e encurtando minha passagem por aqui.

Muita gente egoísta, materialista e desumana alimenta a vida toda o cachorro mau, para, no fim, por ele ser mordida.

Não sabem que a velhice só é boa se resultado de uma vida digna, se preenchida por amigos e histórias para contar.

E que o dinheiro necessário é só o suficiente para realizar os sonhos da última etapa.


 Gente...Viver é um espetáculo imperdível!

Mas a vida não é fácil. É caminho com acidentes, trabalho com fadigas e relacionamentos com decepções.

Além disso, a maioria de nós é insaciável. Mesmo para quem, aparentemente, tem tudo, sempre falta alguma coisa.

Por isso, é normal ficarmos de baixo astral.

Baixo astral porque tem a conta pra pagar ou porque não ganhamos o suficiente. Porque não temos a aparência que gostaríamos de ter ou porque ainda não encontramos o parceiro ideal.

Sempre estamos insatisfeitos! Sempre olhando para a escuridão.

Por isso, vale o exemplo do girassol. Na natureza, ele sempre se volta para onde o sol estiver. Mesmo que ele esteja escondido atrás de uma nuvem.

Nossa atitude deveria ser a mesma: focar na luz que é a vida, no que somos, no que temos e o no que já realizamos. Na nossa vitalidade, força e coragem.

Olha, a diferença entre quem vence e quem perde na vida não é força ou conhecimento, mas motivação e gratidão.

PRESTA ATENÇÃO.

A vida é uma viagem. É caminhar por um caminho desconhecido, ao longo do qual encruzilhadas exigem decisões que podem mudar nosso destino.

Neste caminhar, o sonho é que nos mantém em pé, no ritmo, ultrapassando obstáculos e nos mantendo no rumo do lugar no qual tanto queremos chegar.

Pena que muitos de nós, tão preocupados com a chegada, não prestam atenção no caminho. Quanto tempo faz que você não levanta a cabeça para apreciar o azul do céu, as árvores, os pássaros, a perfeição da natureza? Há quanto tempo não presta atenção na fala de um filho, não visita os pais ou não telefona a um amigo? Acorde. A vida é agora. Não existe vida no passado ou no futuro. Um dia vamos perceber que a vida é o caminho. Tomara que não seja tarde. Como dizia o poeta: tudo fica e tudo passa, mas nosso destino é passar. Caminhante, o caminho são tuas pegadas e nada mais. Não existe caminho, se faz caminho ao andar.

A forma como caminhamos, como lidamos com o presente, é que define o nosso destino. Se no nosso presente houver dedicação, alegria, entusiasmo e otimismo, fatalmente resultará num futuro melhor.

Hoje é quinta-feira. Levante a cabeça, amigo, e não perca a esperança. Ela é uma ótima companheira de viagem e o que diferencia os vivos dos que, mesmo estando entre nós, já morreram.

Preste atenção!

As palavras são embalagens do pensamento. Mas muita gente as usa para humilhar ou ofender, seja no trabalho, no trânsito ou mesmo no lar.

O poder das palavras já fez nascer impérios, sucumbir nações, exércitos se levantarem, milhões de pessoas se ajoelharem, mas ainda não aprendemos o seu impacto.

Sim e não são palavras muito curtas e fáceis de serem ditas, mas aquelas que trazem as mais pesadas consequências.

Por isso, me lembro sempre que uma fala que não é mais bonita do que o silêncio, não merece ser proferida. E de uma definição de diplomata: diplomata é a pessoa que pensa duas vezes antes de não dizer nada.

Ser comedido nas palavras não é defeito, mas virtude. Uma característica das grandes mentes. E o exercício do silêncio é uma arte. São necessários só dois anos para o ser humano aprender a falar e toda uma vida para aprender a ficar em silêncio.

Por vezes, o silêncio é confundido com fraqueza, apatia ou indiferença.

Mas não. Na natureza, tudo acontece com silêncio e poder. O sol, as estrelas e mesmo o oxigênio, vital para a vida, agem em profunda quietude, que muitas vezes sequer lhes prestamos atenção.

Por isso, aprenda com o silêncio a respeitar a vida, valorizar seu dia, observar suas qualidades e equilibrar seus defeitos. Que gritar não traz respeito, que ouvir é melhor que muito falar e que o verdadeiro poder chega sem ruído, sem alarde e sem violência.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

BONDADE TAMBÉM SE APRENDE

"Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice.
E digo pra você, não pense.
Nunca diga estou envelhecendo, estou ficando velho. Eu não digo.
Eu não digo estou velho, e não digo que estou ouvindo pouco.
É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso.
Procuro sempre ler e estar atualizado com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida.
O melhor roteiro é ler e praticar o que lê.
O bom é produzir sempre e não dormir de dia.
Também não diga pra você que está ficando esquecido, porque assim você fica mais.
Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótimo.
Eu não digo nunca que estou cansado. Nada de palavra negativa.
Quanto mais você diz estar ficando cansado e esquecido, mais esquecido fica.
Você vai se convencendo daquilo e convence os outros.
Então silêncio!
Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velho não.
Você acha que eu sou?
Posso dizer que eu sou a terra e nada mais quero ser.
Sei que alguém vai ter que me enterrar, mas eu não vou fazer isso comigo.
Tenho consciência de ser autêntico e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.
O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade.
Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça.
Digo o que penso, com esperança.
Penso no que faço, com fé.
Faço o que devo fazer, com amor.
Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende!”

QUEM VAI FICAR COM O FILHO?

Quando você e eu nos tornarmos admiradores, a maravilha do Natal vai nos surpreender. Então, quando nós nos tornamos movedores, nossas necessidades de consolo e perdão serão cumpridas. E, quando levamos o nosso papel como mensageiros a sério, estaremos em condições de introduzir outros para o Cristo do Natal - para que eles, por sua vez podem encontrar o que você estava esperando.

Amigos, em poucas palavras, o Natal é uma mensagem maravilhosa, em movimento! Como não podemos encontrar o que estamos procurando? E, como podemos manter silêncio sobre o assunto? Uma vez que você tem o Filho, você tem tudo.

Quem vai ficar com o Filho?
Muitos anos atrás havia um homem muito rico que compartilhava uma paixão por colecionar arte com seu filho. Eles tinham inestimáveis obras de Picasso e Van Gogh decorando as paredes da propriedade da família.

Quando o inverno se aproximou, a guerra tomou conta da nação, e o jovem saiu para servir o seu país. Depois de apenas algumas semanas, seu pai recebeu um telegrama. Seu filho tinha morrido.

Atormentado e solitário, o velho enfrentou os próximos Natais com angústia e tristeza. A alegria do natal havia desaparecido com a morte de seu filho.

Na manhã de Natal, uma batida na porta despertou o velho deprimido. Enquanto caminhava para a porta, as obras de arte nas paredes só lembrava-lhe que seu filho não estava voltando para casa. Quando ele abriu a porta, ele foi saudado por um soldado com um grande pacote em suas mãos, que disse: "Eu era um amigo de seu filho. Era eu que ele estava resgatando quando ele morreu. Posso entrar por alguns momentos? Eu tenho uma coisa para te mostrar".

O soldado mencionou que ele era um artista e depois deu ao velho o pacote. O papel deu lugar para revelar um retrato do seu filho. Embora o mundo nunca consideraria o trabalho de um gênio, a pintura caracterizou o rosto do jovem em detalhes impressionantes. Tomado pela emoção, o homem colocou o retrato sobre a lareira, afastando milhões de dólares em arte. Sua tarefa concluída, o velho sentou-se em sua cadeira e passou o Natal olhando para o presente que ele tinha recebido.
A pintura de seu filho logo se tornou seu bem mais precioso, eclipsando qualquer interesse nas peças de arte para a qual museus ao redor do mundo clamavam.

Na primavera seguinte, o velho morreu. O mundo da arte esperava com expectativa para o próximo leilão. De acordo com a vontade do velho, todas as obras de arte seriam leiloadas no dia de Natal, o dia em que ele recebeu o maior presente.
O dia chegou e colecionadores de arte de todo o mundo reuniram-se para ofertar em algumas das pinturas mais espetaculares do mundo. Sonhos seriam realizados naquele dia.

O leilão começou com uma pintura que não estava na lista de ninguém. Era a pintura do filho do velho. O leiloeiro pediu um lance de abertura, mas a sala estava em silêncio. "Quem vai abrir o lance com 100 dólares?" Ninguém falou. Finalmente alguém disse: "Quem se preocupa com essa pintura. É apenas um retrato de seu filho. Vamos seguir em frente para as coisas boas".
O leiloeiro respondeu: "Não, nós temos que vender este primeiro. Agora, quem vai ficar com o filho?". Finalmente, um vizinho do velho homem ofereceu 10 dólares. "Isso é tudo que eu tenho. Eu conhecia o menino, então eu gostaria de tê-lo".
O leiloeiro disse: "Dou-lhe uma, dou-lhe duas... se foi". Bateu o martelo.

Elogios encheu a sala e alguém exclamou: "Agora podemos oferecer nossos lances nos verdadeiros tesouros!”.

O leiloeiro olhou para a sala cheia de pessoas e anunciou que o leilão tinha terminado. Todo mundo estava atordoado. Alguém falou e disse: "O que você quer dizer, é o fim? Nós não viemos aqui para uma pintura do filho de alguém. Há milhões de dólares em arte aqui! O que está acontecendo?”.

O leiloeiro respondeu: "É muito simples. De acordo com a vontade do Pai, quem leva o filho... fica com tudo”.

Coloca as coisas em perspectiva, não é? A mensagem é a mesma neste Natal. Por causa do amor do Pai... quem leva o Filho recebe tudo.

Você vai levá-lo neste Natal?

Você está convidado para uma festa de aniversário no dia 25. É o aniversário de Jesus. É a festa dele, mas Ele quer dar-lhe um presente. Ele quer dar-lhe o dom de Si mesmo. Você vai levá-lo? Você vai ficar com ele?

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

O ESPÍRITO DE NATAL

Deixa eu ver se o espírito do Natal já está na sua casa.

Não, não quero ver a árvore iluminada na sala nem quero saber quanto você já gastou em presentes,quero sim, sentir no ambiente a mensagem viva do aniversariante desse Dezembro mágico.
Toda a família está unida?
O perdão já eliminou aquelas desavenças que ocorrem no calor das nossas vidas?
Não quero ver a sua despensa cheia, quero saber se você conseguiu doar alguma coisa do que lhe sobra, para quem tem tão pouco, as vezes nada.
Não exiba os presentes que você já comprou, mesmo com sacrifício.
Quero ver ai dentro de você a preocupação com aqueles que esperam tão pouco, uma visita, um telefonema, uma carta, um email...
Quero ver o espírito do Natal entre pais que descobrem tempo para os filhos,em amigos que se reencontram e podem parar para conversar, no respeito do celular desligado no teatro,na gentileza de quem oferece o banco para o mais idoso, na paciência com os doentes,na mão que apoia o deficiente visual na travessia das ruas, no ombro amigo que se oferece para quem anda meio triste, perdido.
Quero ver o espírito de Natal invadindo as ruas, respeitando os animais, a natureza que implora por cuidados tão simples, como não jogar o papel no chão, nem o lixo nos rios. Não quero ver o Natal nas vitrines enfeitadas, no convite ao consumo, mas no enfeite que a bondade faz no rosto das pessoas generosas. Por fim, mostre-me que o espírito do Natal entrou definitivamente na sua vida, através do abraço fraterno, da oração sentida, do prazer de andar sem drogas e sem bebidas, do riso franco, do desejo sincero de ser feliz e de tão feliz, não resistir ao desejo de fazer outras pessoas, também felizes.
Deixe o Natal invadir a sua alma, entre os perfumes da cozinha que vai se encher de comidas deliciosas, no cheiro da roupa nova que todos vão exibir, abrace-se à sua família e façam alguns minutos de silêncio, que será como uma oração do coração, que vai subir aos céus, e retornar com um presente eterno, duradouro:o suave perfume do Senhor, perfume de paz,amor, harmonia e a eterna esperança de que um dia, todos os dias serão como os dias de Natal !