domingo, 31 de janeiro de 2016

O JEITO DE CAMINHAR

Morando numa chácara do interior, um homem ganhou um valioso presente: três cachorros. Foi buscar os animais com sua carroça. Amarou os três na parte traseira do carro de bois e iniciou a viagem que devia durar cerca de duas horas. Um dos animais rebelou-se contra a coleira, contra a corda, contra a carroça, contra a viagem. Mordia a corda, caia, era arrastado. Outro cachorro após examinar a situação, convenceu-se que não havia remédio, a não ser obedecer. Seguiu tranquilamente o carro de bois. Mas o terceiro pulou para dentro da carroça e, confortavelmente, seguia viagem.

De alguma maneira, essa alegoria retrata a vida das pessoas. Temos todos um ponto de partida e um ponto de chegada. A nós cabe escolher a melhor maneira de viajar. O primeiro grupo é dos revoltados. Estão convencidos que o mundo está contra eles, que o destino os tratou mal ou, na melhor das hipóteses, eles não têm sorte. Caminham na vida resmungando, arrastando a cruz, na sua opinião, a mais pesada. O segundo grupo é integrado pelos conformistas. Já que está assim, deixa assim. Passam pela vida sem grandes paixões, sem grandes revoltas, sem grandes alegrias. Existem, enfim, aqueles que aceitam a situação e tratam de descobrir as melhores soluções para a viagem da vida. Se o destino me deu um limão, pensam eles, nada como transformá-lo em limonada.

As três alternativas se repetem em toda a parte. É, por exemplo, o caso do casamento. O sonho não se realizou e passam a vida praguejando: maldito o dia em que casei. Mas não têm forças para a separação. O conformismo marca o segundo grupo. A rotina predomina na viagem a dois. Podem até parecerem felizes, mas são dominados por um grande tédio, sem ódio, sem paixão. Por fim, a atitude inteligente. A partir da situação concreta, da vida familiar, as pessoas tratam de conseguir o melhor jeito, com diálogo ou por vezes calando, outras vezes fingindo não ver e perceber.

Na caminhada da fé, o primeiro grupo segue as leis, por obrigação, criticando tudo e todos. O segundo grupo é marcado por uma constante rotina. São bons cristãos, missa dominical e um mínimo de entusiasmo. O terceiro grupo busca na fé a força e o melhor meio de caminhar.

Há na vida coisas que não podemos mudar e outras que devemos mudar. A sabedoria é saber distinguir uma da outra, a virtude é escolher a melhor alternativa. E em todas as situações, jamais pode faltar o amor. O caminho está traçado, o jeito de caminhar, nós escolhemos.

COMO É GOSTOSO O INVERNO NA PRAIA

Gosto da praia. Não só no verão. Gosto da praia o ano inteiro. Em todas as estações. Aqueles que frequentam a praia apenas no verão talvez não entendam. Mas eu, que sou frequentador da praia o ano interno, confesso-lhes que no inverno a praia tem um sabor especial que a maioria das pessoas desconhece. É o sabor da solidão.

Quando a agitação do trabalho e do encontro cotidiano com tantas e tantas pessoas começam a pesar nos braços, na mente e no coração, a praia no inverno é o lugar ideal para deixar de sentir saudades de si mesmo, olhar para dentro e ver por onde andam as forças, as razões e, sobretudo, e emoções. As areias desertas pelos humanos - salvo os raros pescadores que insistem em buscar nas águas as tainhas e corvinas - e esporadicamente visitadas pelos extraviados pinguins e lobos marinhos, são um lençol onde podemos descansar os pesos e os pesares que nos acompanham no dia a dia da atribulada urbe.

Claro que o inverno na praia é frio, ainda mais quando o vento gélido descamba dos Aparados da Serra e sopra em direção às ondas como querendo empurrá-las de volta para o meio do Atlântico. Mas quanto mais frio o ar, maior o aconchego da casa, mais quente o calor da chama a crepitar na lareira, mais saliente o sabor do cabernet, do tannat, do merlot, do chiraz que acompanham o pinhão, o amendoim e a batata assados à beira do fogo. E claro, o calor maior vem da conversa solta e desinteressada dos amigos e amigas sobre futebol, política, música, viagens, comidas, flores, cachorros, cavalos, gatos... Falar de tudo, menos de trabalho, compromissos, obrigações.

Mas o inverno na praia também tem seus “veranicos”: aqueles dias de sol, sem vento, calmos, de sol brilhante, céu azul, transparente, horizonte apenas delimitado pelo encontro entre as águas do oceano e as nuvens do céu... Maravilhosos! Caminhar displicentemente pela areia brincando de escapar das ondas que insistem em subir cada vez mais e mais em direção aos escombros é algo que remete às brincadeiras da infância. Passar horas e horas fazendo a mesma coisa sem que ela perca a graça porque o prazer está em não ter outra preocupação a não ser fazer o que se está fazendo.

E não se pode esquecer os pássaros que habitam a praia no inverno. Desde o amanhecer aleteiam pelos ares, alguns em voos retilíneos, outros em círculos, outros em volteios que confundem todas as formas geométricas. Mais cedo ou mais tarde, a maioria acaba por pousar na areia. Alguns solitários. Outros aconchegados em bandos. Alguns apenas para espichar as pernas e estender as asas. Quase todos para a grande e farta mesa. Na areia ou nas águas está para eles o leve “café da manhã” ou a comida substanciosa da tarde. Há as marrecas - a piadeira e a do-pé-vermelho - os biguás, as garças – a vaqueira, a moura, a branca-grande, a maria-faceira, a branca-pequena -, o maçarico-de-cara-pelada, os biguás, as batuíras – a batuiraçu, a da-axila-preta, as de-bando, as de-olheira, as de-peito-de-tijolo -, os maçaricos – os de-perna-amarela, os vira-pedra, os de-papo-amarelo, o branco, o miúdo, o de-sobre-branco -, a gaivota e o gaivotão, os trinta-reis de variados tamanhos, as andorinhas-da-praia, a coruja-buraqueira, o carcará e o chimango e, de vez em quando, para não serem esquecidos, os enormes albatrozes e o quero-quero para dar o seu recado campeiro.

Ah! Como é gostoso o inverno na praia. Mais gostoso é quando lembramos dele no verão, sob a sombra do guarda-sol, besuntados de protetor, tomando um gostoso chimarrão, vendo o multidão desfilar pela areia sob o tórrido sol de fevereiro.

sábado, 30 de janeiro de 2016

PARTES E PARTIDOS

Iniciamos o ano em que teremos eleições para escolha de nossos representantes no legislativo e executivo municipal. É um ano político porque uns candidatos reapareceram e outros se apresentarão pela primeira vez. Eles vêm, infelizmente, com os mesmos discursos, entoando suas vozes em prol do desempregado, do estudante etc. Nos discursos, afirmam melhoria na saúde, na segurança pública, incentivos à agricultura, bem como da cultura e dos esportes, etc. Os candidatos colocam-se ao lado do povo parecendo sentir na pele suas dores e necessidades. E, de bom grado, oferecem-se como representante na luta por melhorias para a população.

São muitos bonitos e empolgantes os discursos, mas, na prática, pouco se percebe de realidade por parte de alguns dos nossos representantes. O que se vê é mais a luta e busca pela parte, ou seja, pelo interesse de seu partido.

A palavra partido indica parte do todo, não é o todo. A proliferação de partidos e coligações em nosso país é grande e confunde o eleitorado desavisado. Qual a causa dessa proliferação partidária? É importante e necessária a diversidade de partidos, os denominados de esquerda e de direita, porque, assim, há maior fiscalização na administração do executivo. O problema está em os partidos, muitas vezes, defenderem mais seus interesses do que o bem comum.

Por outro lado, torna-se relevante o cidadão conhecer as bases de cada partido, isto é, suas origens e seus projetos, porque em muitos existe mais interesse em pequenos grupos do que em iniciativas em prol da população.

É muito comum esta expressão: “O povo tem o governo que merece”. Contudo, acredita-se numa mudança em nosso país em relação à construção da consciência política através da educação, pois, aos poucos, o brasileiro está crescendo em acesso a cultura. Acredita-se que um dos caminhos mais seguros para uma mudança do cenário político é a ética e a educação.

Elas tecem uma consciência crítica da realidade e, só assim, vê-se com mais profundidade as reais intenções dos candidatos que visam, de fato, lutar pelo povo ou pelo interesse do partido. Isso porque, devido à preocupação de projeção partidária, muitos projetos que vem ao encontro das necessidades do povo vão para a gaveta, porque se não é “do meu partido”, o plano não é aprovado. Então, pergunta-se: você acompanhou o trabalho daquele que recebeu o seu voto na última eleição? O que seu representante eleito têm feito em benefício da cidade? Eles foram eleitos para administrar aquilo que é seu, pois o patrimônio público é seu, é de todos. Sem forçar a expressão, quem fiscaliza o trabalho de seus empregados? Os representantes eleitos são os empregados, por isso devem ser averiguadas suas atitudes.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

O QUE AINDA ESTÁ FALTANDO?

Sem título Seca, enchentes, zika, dengue: o que ainda falta?


O primeiro mês do ano, lamento constatar, chegou ao final deixando um tsunami de más notícias. Era melhor que 2016 nem tivesse começado. Sem falar do cenário político e econômico, que continua se deteriorando a cada dia, temos agora os desastres da natureza, multiplicando-se por toda parte.

Em matéria de tragédias, estamos superando todas as previsões, e o novo ano está só começando. Temos de tudo: epidemias, enchentes, chuvas de granizo, tornados, largas regiões assoladas por estiagem severa, alagamentos, deslizamentos, colapso no sistema de saúde e no abastecimento de água. No mesmo dia, parte do país fica debaixo d´água; outra, sofre com a seca prolongada. O que ainda falta?

Abaixo, um breve resumo da situação neste momento, segundo levantamento feito pela Folha desta terça-feira

* De cada cinco municípios brasileiros, um está em situação de emergência ou em estado de calamidade pública. Em 77% deles (792 municípios), localizados em sua maioria no Nordeste e em Minas Gerais, o problema é a falta de chuvas.

* Em 236 cidades, principalmente no Sul, o excesso de chuvas tem provocado enxurradas, alagamentos, inundações, vendavais e até tornados.

* A infestação do mosquito aedes aegypti faz crescer geometricamente os casos de dengue, do vírus zika e da chikungunya, que já atingem nove Estados. No ano passado, batemos o recorde: foram registrados 1,6 milhão de casos, com 863 mortes. E o drama da microcefalia se alastra.

Prefeitos e governadores fazem romarias a Brasília toda semana para pedir ajuda ao governo federal, que também está com os cofres vazios, cortando despesas, e não tem a quem pedir socorro.

Estamos, literalmente, no mato sem cachorro. Até rimou...

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

A FÉ REMOVE MONTANHAS


Uma mulher acordou uma manhã após a quimioterapia, olhou no espelho e percebeu que tinha somente três fios de cabelo na cabeça. Bom, disse ela, acho que vou trançar meus cabelos hoje. Assim ela fez e teve um dia maravilhoso. No dia seguinte ela acordou, olhou no espelho e viu que tinha somente dois fios de cabelo na cabeça. Hummm, disse ela, acho que vou repartir meu cabelo ao meio hoje. Assim ela fez e teve um dia magnífico.

No dia seguinte ela acordou, olhou no espelho e percebeu que tinha apenas um fio de cabelo na cabeça. Bem, disse ela, hoje vou amarrar meu cabelo como um rabo de cavalo. Assim ela fez e teve um dia divertido. No dia seguinte ela acordou, olhou no espelho e percebeu que não havia um único fio de cabelo na cabeça e exclamou: hoje não tenho que pentear meu cabelo. Assim ela foi encaminhando seus dias, até restabelecer a saúde.

Algumas situações são inevitáveis. As surpresas consomem muitas lágrimas. O mundo pode desabar de uma hora para outra. Ninguém está isento de abalos emocionais. Diagnósticos são inesperados. Tudo é muito rápido: entre o melhor e o pior, a distância é mínima. Os sentimentos se alternam em questão de segundos. Todos podem provar profundamente a dor, sem abdicar de um amor que faz viver e que inspira superação. Nem sempre é possível tomar distância do sofrimento, mas sempre será adequado reunir motivos para continuar vivendo.

As reações fazem parte dos diversos contratempos e do modo como os problemas se apresentam. Pessoas mais espiritualizadas acabam respondendo de forma mais confiante. Nem todos conseguem controlar a emoção, para adequar respectivos encaminhamentos. Tudo se parece com um pesadelo, o mundo simplesmente desaba. A fé não elimina a dor, mas conforta e inspira o desejo de continuar apostando na superação. Para quem acredita, o impossível poderá se tornar possível. Independentemente do que possa acontecer, os dias são magníficos. O desespero nunca serviu para aliviar e nem para curar. Provar o amargo da dor, faz parte da condição humana. Há dias em que a tristeza se instala. Em outras ocasiões, a alegria se estabelece de forma suave e leve. Recuperar a saúde é uma dádiva que passa também pelo esforço e determinação em não desanimar, de jeito nenhum. Sim, a fé é capaz de remover montanhas

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

UM SONHO


Ha uma discussão pelo mundo afora sobre a “sociedade do cansaço”. Seu formulador principal, é um coreano que ensina filosofia em Berlim, Byung-Chul Han, cujo livro com o mesmo título acaba de ser lançado no Brasil (Vozes 2015). O pensamento nem sempre é claro e, por vezes discutível, como quando se afirma que “cansaço fundamental” é dotado de uma capacidade especial de “inspirar e fazer surgir o espírito” (cf. Byung-Chul Han, p. 73). Independentemente das teorizações, vivemos numa sociedade do cansaço. No Brasil além do cansaço sofremos um desânimo e um abatimento atroz.

Consideremos, em primeiro lugar, a sociedade do cansaço. Efetivamente, a aceleração do processo histórico e a multiplicação de sons, de mensagens, o exagero de estímulos e comunicações, especialmente pelo marketing comercial, pelos celulares com todos os seus aplicativos, a superinformação que nos chega pelas midias sociais, nos produzem, dizem estes autores, doenças neuronais: causam depressão, dificuldade de atenção e uma síndrome de hiperatividade.

Efetivamente, chegamos ao fim do dia estressados e desvitalizados. Nem dormimos direito, desmaiamos.

Acresce ainda o ritmo do produtivismo neoliberal que se está impondo aos trabalhadores no mundo inteiro. Especialmente o estilo norteamericanmo cobra de todos o maior desempenho possível. Isso é regra geral também entre nós. Tal cobrança desequilibra emocionalmente as pessoas, gerando irritabilidade e ansiedade permanente. O número de suicídios é assustador. Resuscitou-se, como já referi nesta coluna, o dito da revolução de 68 do século passado, agora radicalizado. Então se dizia: “metrô, trabalho, cama”. Agora se diz: “metrô, trabalho, túmulo”. Quer dizer: doenças letais, perda do sentido de vida e verdadeiros infartos psiquicos.

Detenhamo-nos no Brasil. Entre nós, nos últimos meses, grassa um desalento generalizado. A campanha eleitoral turbinada com grande virulência verbal, acusações, deformações e reais mentiras e o fato de a vitória do PT não ter sido aceita, suscitou ânimos de vindita por parte das oposições. Bandeiras sagradas do PT foram traídas pela corrupção em altíssimo grau, gerando decepção profunda. Tal fato fez perder costumes civilizados. A linguagem se canibalizou. Saiu do armário o preconceito contra os nordestinos e a desqualificação da população negra. Somos cordiais também no sentido negativo dado por Sergio Buarque de Holanda: podemos agir a partir do coração cheio de raiva, de ódio e de preconceitos. Tal situação se agravou com a ameaça de impeachment da Presidenta Dilma, por razões discutíveis.

Descobrimos um fato, não uma teoria, de que entre nós, vigora uma verdadeira luta de classes. Os interesses das classes abastadas são antagônicos aos das classes empobrecidas. Aquelas, historicamente hegemônicas, temem a inclusão dos pobres e a ascensão de outros setores da sociedade que vieram ocupar o lugar, antes reservado apenas para elas. Importa reconhecer que somos um dos países mais desiguais do mundo, vale dizer, onde mais campeiam injustiças sociais, violência banalizada e assassinatos sem conta que equivalem em número à guera do Iraque. Temos ainda centenas de trabalhadores vivendo sob condição equivalente à escravidão.

Grande parte destes malfeitores se professam cristãos: cristãos martirizando outros cristãos, o que faz do cristianismo não uma fé mas apenas uma crença cultural, uma irrisão e uma verdadeira blasfêmia.

Como sair deste inferno humano? A nossa democracia é apenas de voto, não representa o povo mas os interesses dos que financiaram as campanhas, por isso é de fachada ou, no máximo, de baixíssima intensidade. De cima não se há de esperar nada pois entre nós se consolidou um capitalismo selvagem e globalmente articulado o que aborta qualquer correlação de forças entre as classes.

Vejo uma saída possível, a partir de outro lugar social, daqueles que vem debaixo, da sociedade organizada e dos movimentos sociais que possuem outro ethos e outro sonho de Brasil e de mundo. Mas eles precisam estudar, se organizar, pressionar as classes dominantes e o Estado patrimonialista, se preparar para eventualmente, propor uma alternativa de sociedade ainda não ensaiada mas que possui raízes naqueles que no passado lutaram por um outro Brasil e com projeto próprio. A partir daí formular outro pacto social via uma constituição ecológico-social, fruto de uma constituinte exclusiva, uma reforma política radical, uma reforma agrária e urbana consistentes e a implantação de um novo design de educação e de serviços de saúde. Um povo doente e ignorante nunca fundará uma nova e possível biocivilização nos trópicos.

Tal sonho pode nos tirar do cansaço e do desamparo social e nos devolver o ânimo necessário para enfrentar os entraves dos conservadores e suscitar a esperança bem fundada de que nada está totalmente perdido, mas que temos uma tarefa histórica a cumprir para nós, para nossos descendentes e para a própria humanidade. Utopia? Sim. Como dizia Oscar Wilde: “se no nosso mapa não constar a utopia, nem olhemos para ele porque nos está escondendo o principal”. Do caos presente deverá sair algo bom e esperançador, pois esta é a lição que o processo cosmogênico nos deu no passado e nos está dando no presente. Em vez da cultura do cansaço e do abatimento teremos uma cultura da esperança e da alegria.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

TENHA UM FOCO NA VIDA

Atualmente um termo muito empregado em qualquer atividade é a palavra foco. Praticamente em todas as áreas de atuação humana o termo ganhou significativa importância. No mercado e nos negócios não faltam profissionais para tratar da questão. Em qualquer organização e em planos de governo o termo está presente. Porém, por detrás do termo foco esconde-se uma pergunta fundamental: para onde pretende ir? Muitas são as respostas, mas a de dimensão pessoal exige maior valorização e crenças no potencial das pessoas.

Próximo ao termo foco usa-se outros, como por exemplo, planejamento estratégico. Geralmente, o planejamento é apresentado por escrito, tendo objetivos e atividades prioritárias para o crescimento, consideradas estratégicas. Enfim, planejar é o alinhamento de objetivos e de atividades considerados importantes para um setor. Logo, exige uma prévia resposta à pergunta onde se pretende chegar com tal empenho. Restrita às exigências da vida, a resposta precisa ser a mais real possível para não permanecer na utopia, sem nunca alcançar realização e felicidade. Então, o termo foco pode ser aplicado eficazmente a todas circunstâncias da vida das pessoas e da sociedade.

No campo religioso, o papa Francisco elegeu como centro de seu pontificado uma Igreja “em saída”, com cheiro do povo. A partir disto o pontífice acredita na primeira experiência de Igreja: a do mais pobre, a serviço destes, comprometida com a defesa da vida e usando nas relações sempre da misericórdia divina. Em dimensões de geopolítica mundial é de compreensão global que faltam grandes estadistas internacionais justamente pela ausência de um foco em política pública, do tipo eleger o bem comum, a garantia dos direitos humanos a todos os povos, paz mundial.

Em níveis de conjuntura política do país, setores da imprensa criticam os partidos de oposição porque não têm um foco central de combate ao governo. Em nível pessoal, ao observar seres humanos sem motivação, registra-se a falta de horizontes. Portanto, de um foco no qual persistir e depositar energias.

Então, o foco tem como objetivo ajudar as pessoas a encontrar os valores que sejam essenciais para a vida e para seus projetos. Os valores são um conjunto de elementos que caracteriza uma determinada pessoa, comunidade, sociedade, povos e até organizações. Através dos valores se estabelecem comportamentos com outros indivíduos e com os espaços sociais da vida. Ao praticar os valores ganha-se em significado em dimensão de merecimento, reputação, coragem, valentia, talento, etc. Logo, os valores estão associados à missão, a crenças em atingir um determinado foco. Acredita-se que toda atividade humana será executada tendo um foco definido. Entre os muitos caminhos que a vida oferece é preciso saber escolher o melhor. A vontade de Deus é um ótimo itinerário para a felicidade e para a realização da vida.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

1% DA POPULAÇÃO MUNDIAL, DETEM A MESMA RIQUEZA QUE OS DEMAIS 99%.

A riqueza acumulada pelo 1% mais abastado da população mundial agora equivale, pela primeira vez, à riqueza dos 99% restantes.

Essa é a conclusão de um estudo da organização não-governamental britânica Oxfam, baseado em dados do banco Credit Suisse relativos a outubro de 2015.

O relatório também diz que as 62 pessoas mais ricas do mundo têm o mesmo – em riqueza – que toda a metade mais pobre da população global.

O documento pede que líderes do mundo dos negócios e da política reunidos no Fórum Econômico Mundial de Davos, que começa nesta semana, na Suíça, tomem medidas para enfrentar a desigualdade no mundo.

A Oxfam critica a ação de lobistas – que influenciam decisões políticas que interessam empresas – e a quantidade de dinheiro acumulada em paraísos fiscais.

Segundo o estudo da Oxfam, quem acumula bens e dinheiro no valor de US$ 68 mil (cerca de R$ 275 mil) está entre os 10% mais ricos da população. Para estar entre o 1% mais rico, é preciso ter US$ 760 mil (R$ 3 milhões).

(…)

A Oxfam verificou que a proporção de riqueza do 1% dos mais ricos vem aumentando a cada ano desde 2009 – depois de cair de forma gradual entre 2000 e 2009.

A ONG britânica pede que os governos tomem providências para reverter esta tendência. A Oxfam sugerem a meta, por exemplo, de reduzir a diferença entre o que é pago a trabalhadores que recebem salário mínimo e o que é pago a executivos.

A organização também quer o fim da diferença de salários pagos a homens e mulheres, compensação pela prestação não remunerada de cuidados a dependentes e a promoção de direitos iguais a heranças e posse de terra para as mulheres. A ONG britânica quer também que os governos imponham restrições ao lobby, reduzam o preço de medicamentos e cobrem impostos pela riqueza em vez de impostos pelo consumo


Da BBC.

sábado, 23 de janeiro de 2016

O ENVELHECIMENTO E O AGORA.

Passa tempo e as conversas continuam as mesmas, o deficit da previdência. Os custos dos velhos desse país. A conta não fecha. É preciso enrijecer as regras de acesso. O Brasil é muito generoso. E por aí podíamos passar um texto inteiro.

Mas no fundo, nada disso é tão relevante quanto realizar uma escolha sensata e realista. Que Brasil queremos para nós?

Um dia o mundo escolheu deixar as crianças do continente africano morrendo à míngua de saneamento, de educação, de alimento e todos aquiesceram. Essa foi uma escolha da qual todos hoje pagam o preço.

A próxima escolha que precisa ser tomada em cada um dos países e, por fim, em todo o mundo, é relativamente a seus idosos. O que fazer com eles? Considerá-los apenas um custo? Deixá-los à própria sorte?

As consequências existem para todos os lados. Se optarmos por deixá-los a sua própria sorte, veremos muitos morrendo nas ruas, sozinhos, sem alimento, sem medicamento, sem condições mínimas de irem e virem e, até mesmo, sem condições de se lavarem e realizarem o asseio diário. Os veremos mendigando, sem dentes, fétidos pelas ruas. E isso será uma escolha.

Mas podemos escolher nos responsabilizarmos por eles. Abrirmos mão de algumas coisas para vermos decência na vida que se desenrola e naturalmente leva à velhice. Podemos escolher garantir aposentadorias dignas, saúde de qualidade, suporte para as demandas diárias de qualquer cidadão que, quando envelhece, precisa de um pouco mais de atenção.

Mas, e os custos? Bom, vamos pensar um instante. O mundo não irá parar de produzir riquezas. As gerações continuarão crescendo e se multiplicando. Portanto, o dinheiro continuará circulando. A pergunta que se faz é: nas mãos de quem

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

QUE A PAZ SEJA A NOTÍCIA DO DIA.

Estar na paz é meta de todo ser humano. Na ausência da paz a vida seria muito sofrida e sem esperança. Na sociedade contemporânea a superação da violência, guerras, conflitos, intolerâncias, exclusão social e degradação do meio ambiente seria um sonho coletivo. Entretanto, a paz é uma construção dos povos, comunidades, grupos e pessoas. Por conseguinte, a condição real para realizar tal sonho está próxima de todos.

Almejar um estado de paz é imprescindível para o futuro da humanidade. Dada a sua importância até existem no calendário civil e religioso datas e feriados que fomentam ideias e atitudes de paz. Entre tantas, as datas religiosas incluem a festa da Páscoa e do Natal, e no ano civil temos o 1º de janeiro. Essas datas convergem motivações e chamamento para a paz universal. A presente realidade da sociedade mundial impõe razões para a conquista da paz.

Ao assistir aos noticiários, ler os jornais, ouvir relatos das pessoas, constata-se que o crescimento da violência é uma realidade perturbadora. Como se não bastasse a situação global com tendência ao crescimento da violência, dos conflitos, constata-se que também o coração e o espírito das pessoas andam na insegurança e na intranquilidade. Os entraves pela paz não deixam de ser fruto do mercado bélico e do negócio ilegal desses produtos que provocam transtornos pelo mundo.

O maior dos empecilhos para a conquista da paz é a guerra entre os países poderosos com o objetivo de maior controle no negócio global e ampliar poderes em áreas geopolíticas estratégicas para a economia. No encalço da ferrenha batalha incalculáveis quantias são destinadas à produção de armas, equipamentos e tecnologia militar como a da fabricação de munições, mísseis, aviões e veículos militares, navios e sistemas eletrônicos. Em 11 de dezembro de 2015, em Seul, o líder norte-coreano Kim Jong-un anuncia que o país possui uma bomba de hidrogênio. Isto representa além de um avanço no programa de armamento nuclear, o aumento do poder de controle econômico, social e moral no panorama mundial. Por outro lado, a própria pobreza, marginalização e exclusão social acabam se tornando um ambiente que prospera a partir de situações favoráveis a crimes, violência, conflitos, insegurança.

Neste cenário desenha-se uma falsa ideia de que o sonho coletivo pela paz parece estar distante de ser alcançado. Mas, para São Paulo apóstolo a paz não está presa a circunstâncias. Em Deus é credível que em todas as circunstâncias a paz seja capaz de efetuar transformações. A bem da verdade, Paulo apóstolo diz que todas as circunstâncias podem ser pensadas a partir do sentimento da paz. Logo, mesmo quando parece estar distante sua conquista, estará sempre presente naqueles que experimentam a graça de Deus. Em tal condição a paz é real no sentimento e na alma dos que desejam ver o mundo mais aprimorado para a solidariedade, a moral, a reconciliação, a fraternidade universal, o respeito à vida humana e do planeta. Dessa forma, quando a maioria da população mundial vestir esperança neste sonho a paz pode virar a boa notícia para todos.

O ELEITOR DO DIABO.

João Dória, o eleitor do diabo, faz parte prazerosamente da elite que odeia os pobres passeando na Avenida Paulista e dando rolezinho nos espaços que a apodrecida e racista elite branca imagina delirantemente como de sua propriedade.

O eleitor do diabo prefere mil vezes o apodrecimento dos pobres do que sua ascensão ao direito de estudar, de crescer intelectual e socialmente como cidadãos criativos e inteligentes na construção democrática do Brasil.

João Dória declarou com aquele sorriso de hiena que vota no diabo, mas não vota em Lula.

Seu testemunho é inconteste como autêntico direitista burguês que despreza o povo e seus líderes, por isso sente orgasmo em votar no diabo.

Antes que me imagines piegas e supersticioso do tipo desses crentes que vêm diabo como entidade absoluta e de poder espiritual transcendental capaz de fazer-se um monstro presente em todos os lugares, sempre disposto a quebrar os pescoços das pobres e indefesas criaturas humanas, te explico o que é o diabo, no qual vota o fanfarrão burguês João Dória.

A palavra diabo tem origem na língua grega. Lá, desde seu nascimento, diabo – “dia- blós” – significa divisão, acirramento de sentimentos e divisão inconciliável. Ao contrário de “sim-bolós” – de onde símbolo – que une, que converge, que agrega, que congraça, “diablós” destrói a unidade entre os seres.

É nisso que vota João Dória.

João Dória é parte da elite dominante que se empenha diuturnamente na destruição social, da unidade nacional, na comunhão do povo e na tomada do poder pelos que realmente trabalham.

João Dória não só vota no monstro diabólico que destrói pela manipulação, pela exclusão e pela divisão, como também é um dos que se candidata a diabo, procurando enganar a sociedade ao pedir-lhe votos para o cargo de prefeito de São Paulo, atropelando companheiros de seu próprio partido, antro do diabo por natureza.

Imagino o inferno em que se transformaria a vida do povo de São Paulo se, por uma desgraça, João Dória vencesse as eleições e se tornasse prefeito da maior capital da América Latina.

Suas alianças com as máfias do transporte coletivo, do sistema financeiro e dos racistas fariam de São Paulo permanente espetáculo que o diabo gostaria, já que ele seria o principal.

A tentativa de diabos como João Dória é a de dialoblizar toda a sociedade com o objetivo de que os diabos em quem ele e sua escória votam sejam os mais fortes na desconstituição da democracia.

• Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz sociais.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

A MIGRAÇÃO DE AVES E OUTROS BICHOS.

Um dos fenômenos que os moradores do sul do Brasil temos o privilégio de observar anualmente é o da migração de aves. Todos, algum dia, já tomamos um tempo para levantar os olhos ao céu, especialmente num fim da tarde emoldurado por um belo pôr-do-sol, e ficar acompanhando o voo dos pássaros na típica formação de flecha em que um vai na frente abrindo o ar para que os outros que o seguem possam movimentar-se com mais facilidade.

E quando o da frente está cansado, o seguinte o substitui e assim sucessivamente num disciplinado balé que encanta os olhos e nos faz pensar na importância da cooperação harmoniosa para o bom êxito de um empreendimento.

Na primavera, a migração é do norte para o sul. Fugindo do frio ártico, os pássaros deslocam-se em busca de temperaturas mais amenas e de alimentação. Há espécies, como o maçarico-de-papo-amarelo, que partindo do norte do Canadá, em sucessivas escalas, percorre mais de 13.000 quilômetros até o sul da Argentina. Em uma das escalas, da Bahia de Hudson até o Caribe, eles percorrem nada mais nada menos que 5.000 quilômetros em oito dias!

Para realizar tamanha proeza, o maçarico-de-papo-amarelo tem uma preparação remota e outra imediata. A remota lhe é fornecida pela própria evolução e está inserida na sua genética: corpo aerodinâmico, ossos pneumáticos, sistema respiratório e cardiovascular eficiente, musculatura bem desenvolvida... A preparação imediata consiste em comer o máximo possível nas semanas que antecedem a grande viagem para acumular gordura e, consequentemente, energia que será dispendida ao longo do caminho. No fim do percurso, o animal perde, em média, a metade do peso que ao alçar voo no norte. Por isso, as paradas no caminho não são aleatórias. Os pit stop são feitos onde há possibilidade de alimentação abundante e descanso tranquilo.

No Rio Grande do Sul, um dos lugares frequentados por estes turistas anuais é a região lacustre litorânea. A Lagoa do Peixe e o Banhado do Taim vivem anualmente a algazarra produzida por várias espécies de aves migratórias, entre elas o nosso maçarico-de-peito-amarelo. Setembro e outubro são os melhores meses para observá-los de perto já que na volta, no outono, a viagem é muito mais rápida e as paradas ainda mais breves.

Além das aves, outra espécie animal realiza, anualmente, no Rio Grande do Sul, um significativo movimento migratório. Mais curto, é certo e, diferentemente dos nossos pássaros, eles não se movem no eixo norte-sul, mas no leste-oeste. Alguns grupos destes bípedes implumes que normalmente residem na região metropolitana da capital não se deslocam muito mais que cem quilômetros. Outros, da região serrana, entre duzentos e trezentos. Os do centro e oeste do estado, entre quatrocentos e seiscentos quilômetros. Em alguns anos aparecem grupos provenientes da distante Argentina. Mesmo que ainda não haja comprovação científica, muitos afirmam que esta migração também é motivada por predisposições genéticas.

Para observá-los, o melhor posto é a beira da estrada nas tarde de sexta-feira, quando acontece a ida, e no domingo pela tarde, quando se dá a volta. Mas, diferentemente das aves, o movimento, infelizmente, não é sincronizado e cooperativo. Cada qual quer chegar antes que os outros e pouco se preocupa com aqueles que ficam para trás. E por causa da insana competição que se estabelece, alguns resultam mortos. E por isso, diferentemente daquele dos pássaros, o espetáculo nem sempre é prazeroso...

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

B.B.B NOSSO DE CADA ANO

E vai começar mais uma edição do Big Brother Brasil. A maior fabrica de celebridades instantâneas patrocinadas pela mídia. Para não ser tão injusto, devo confessar que algumas dessas celebridades até que deram certo. Casos de Juliana Alves e Grazy Massafera, que hoje são duas atrizes de talento reconhecido. Em compensação, a tal fábrica forneceu para a nossa câmara federal um representante que se julga o ser mais culto e inteligente do planeta, mas que como político, continuando sendo um grande B.B.B.

É uma pena que não tenhamos eliminação de deputados no congresso, através do voto popular. Seria interessante assistir a um daqueles discursos "léu com créu" do Pedro Bial na tribuna da câmara, após o painel eletrônico anunciar que a votação estava encerrada. E num paredão triplo entre Eduardo Cunha, Bolsonaro e Jean Willys, ele diria: "E o povo decidiu que quem sai da casa são vocês três". Viva a democracia!

A rejeição à atração se tornou grande. Motivo mais do que suficiente para pedir o seu impeachment e tirá-la do ar. A questão é que não se trata apenas de um programa de TV, mas sim de um tratado mundial de manipulação das massas. O tal reality é exibido em quase todos os países do mundo, como o mesmo formato, com a mesma intenção e sob as mesmas ordens superiores.

Portanto, esqueçam a possibilidade dele sair do governo. Nem adianta bater suas panelas na varanda quando o programa começar. Ele não vai cair tão cedo. Bem que o Vasco poderia trocar o seu escudo e colocar a logomarca do B.B.B na camisa. Talvez isso evitasse o seu entra e sai na programação da série A do campeonato brasileiro. O que já virou uma novela da vida real.

Eu temo que essa rejeição ao programa possa suscitar em seus produtores, alguma ideia maquiavelicamente brilhante para resgatar a perdida audiência. Imagina se alguém tem a ideia de criar um reality só com políticos corruptos? Todos confinados e sendo espiados durante 24 horas por toda a nação. Sem poder negociar propina, sem poder fazer transferências bancárias para a Suíça, sem poder superfaturar licitações públicas, sem poder armar esquemas de corrupção. Pensando bem, acho que não daria certo. O programa terminaria no segundo dia por desistência dos participantes. Eles não conseguiriam ficar mais de um dia sem roubar o nosso dinheiro.

Levando-se em conta que alguns programas de TV gostam de visitar penitenciárias para entrevistar assassinos, vai que algum produtor cisme de colocar no ar um B.B.B só com brothers psicopatas e queridinhos da mídia? Já pensou se colocarem confinados na mesma casa o ex-goleiro Bruno, Suzane Richtoffen e Guilherme de Pádua? Nem Jack, o estripador passaria por perto dessa residência. Mas acho que a ideia não teria sucesso. Os participantes se matariam antes do final do programa. Bom! Já que não tem jeito, o melhor mesmo é trocar de canal. Afinal, a casa mais vigiada do Brasil deve ser sempre a nossa. Devemos zelar integralmente por ela e só permite a entrada de quem a gente gosta e daquilo que nos edifica. Seja pela porta ou pela televisão.


Neggô Tom

DA EMBRIAGUEZ À SOBRIEDADE.

Agora que estamos em meados de janeiro, tomo a liberdade para dizer publicamente que faço parte daquele grupo de pessoas bizarras que não gostam das festas de Natal e Ano Novo. Mesmo que em reduzido número, sei que há outros que, como eu, tem alergia a “papais noéis”, árvores de Natal, músicas melosas tipo “Jingle Bells”, “So this is Christmas” e suas versões nacionais, presentes de Natal e, horror dos horrores, os fogos de artifício que começam a espocar no dia 23 de dezembro e só cessam sua algazarra infernal que tira o sono dos humanos, dos pássaros e dos cães depois do dia três ou quatro de janeiro.

Quero deixar claro que meu desprazer com as festas de Natal e Ano Novo não se fundamenta num desgosto de estar em companhia de pessoas alegres, de comer em família ou com amigos, de festejar ao som da música, do estouro e das borbulhas de espumante. Gosto de tudo isso! Gosto também da Missa do Galo, da celebração de Ação de Graças no último dia do ano ou do Dia da Paz no primeiro do ano e de todo o ciclo de Natal que se estende até a Festa da Epifania ou dos Reis no dia seis de dezembro.

Minha razão para sentir-me desconfortável entre 23 de dezembro e seis de janeiro é que a festa cristã que celebra a presença de Deus na condição humana, no meio de nós, nascido num casebre na beira da estrada que conduz de Nazaré a Belém, foi sequestrada e substituída pela adoração ao Deus-mercado. Se prestarmos atenção às propagandas que invadem a internet, a televisão, o rádio, os jornais, os outdoors e qualquer outro meio de comunicação, veremos que nelas o lugar mais importante não é o presépio de Belém e muito menos as igrejas onde se celebra a fé cristã. No mundo da religião do consumo, o lugar mais importante são os shopping centers. Neles está o trono do Papai Noel que, do alto da sua divindade atemporal, nos intima a comprar, comprar, comprar... para, supostamente, através dos objetos adquiridos, levar felicidade às pessoas queridas. Do Deus-pai que se compadece da humanidade sofredora e envia seu Filho com a mensagem de paz, justiça e esperança, nada mais se fala. Até porque estas três realidades – paz, justiça e esperança – não podem ser compradas nem vendidas. Elas só se fazem presentes quando somos capazes de construir novas relações que não passam pelo comércio, mas pela gratuidade e doação.

No último Natal e final de ano, como em anos anteriores, passei o Natal em um lugar sem muitos barulhos das comemorações natalinas para tentar viver este momento do ano na reflexão e retomada da vida. Mas neste ano tive uma alegria especial. E foi na noite de Natal. Na Missa do Galo, o Papa Francisco, em mais uma de suas falas que mesclam a simplicidade e a profundidade, veio confirmar minha intuição. Na sua homilia, ao falar do Deus-menino que se faz presente no meio de nós, ele disse, literalmente que, “numa sociedade frequentemente embriagada de consumo e prazer, de abundância e luxo, de aparência e narcisismo, Ele (o Deus-menino) chama-nos a um comportamento sóbrio”. Sobriedade que significa, acima de tudo, adquirir apenas o que é necessário e não fazer da capacidade ou incapacidade de comprar a razão para viver ou deixar de viver. Se não formos capazes de dar este passo, continuaremos na embriaguez do Deus-mercado que nos levará à cirrose existencial e à morte espiritual.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

A VIDA NA SUA TOTALIDADE

Uma característica da antropologia cristã moderna reside na superação da inimizade da alma contra o corpo, do espírito contra a matéria ou a carne. A modernidade tão palatável aos olhos acentua a natureza corporal. O estilo moderno não apenas acentua a corporalidade, mas também afastou todos os tropeços da carnalidade. Isto é, sacrificar o corpo diminui as esperanças de dias melhores. Essa postura não deixa de ser anseio por novos paradigmas de vida humana.

Sacrificar o corpo em benefício da natureza espiritual encontra poucos adeptos na cultura moderna. As concepções modernas de valorizar a natureza corporal não são meras fantasias do prazer e sim desejo de novas relações com a própria vida. Ela tem relevância ao valorizar a natureza carnal em favor da personalidade das pessoas. A natureza humana corporal não é um cativo desnatural de corruptibilidade, como pensavam os teóricos gregos e a teologia cristã reforçou por bom tempo.

Desde Platão até os modernos, desvaloriza-se o corpo e privilegiam-se dimensões subjetivas: eu, sujeito, consciência, razão, ideia, etc. Na antropologia platônica, a natureza do homem é racional. A razão realiza o homem e a sua humanidade. Somente a razão realiza o sumo bem, que para Platão é, ao mesmo tempo, felicidade e virtude. O corpo humano é obstáculo para a natureza racional. O intelecto encontra obstáculo nos sentidos, na vontade dos impulsos, nos desejos. A realização humana consiste na superação destes obstáculos, morrerem os sentidos, o corpo, para o espírito, o inteligível, a ideia. Explica-se assim o dualismo filosófico-religioso da alma e do corpo. Já o filósofo Nietzsche, na contramão desse pensamento, valoriza o corpo, entendido como fio condutor para a compreensão de todas as questões humanas. As duas visões podem ter exagerado em dimensões opostas, mas o essencial é entender que o ser humano é constituído por forças vitais, como intelecto, afetivas, espirituais, instintivas, psíquicas, corporais. Em todo o caso, essas concepções não podem roubar o sentido e o que suporta a existência humana.

sábado, 16 de janeiro de 2016

HÉSTIA...

Héstia significa em grego a lareira com fogo aceso: aquele lugar ao redor do qual todos se agrupam para se aquecerem e conviverem. Portanto, é o coração da casa, o lugar da intimidade familiar, longe do tumulto da rua. Héstia protege, dá segurança e aconchego. Além disso, a ela cabe a ordem da casa e detém a chave da despensa para que sempre esteja bem fornida para familiares e hóspedes.

Nas cidades gregas e romanas mantinha-se sempre um fogo acesso, para expressar a presença protetora de Héstia (a Vesta dos romanos). Se o fogo se apagasse, era presságio de alguma desgraça. Também não se começava a refeição sem fazer um brinde à Héstia: “para Héstia” ou “para Vesta”.

Héstia, concretamente, significava também aquele canto para onde alguém se recolhe para estar só, ler seu jornal ou um livro e fazer a sua meditação. Cada um tem o seu “lugarzinho” ou sua cadeira preferida. Para saber onde se encontra a nossa Héstia devemos nos perguntar quando estamos fora de casa: ”qual é a imagem que melhor lembra o nosso canto, onde Héstia se oculta? Aí está o centro existencial da casa. Sem a Héstia a casa se transforma num dormitório ou numa espécie de pensão gratuita, sem vida. Com Hestia há afeição, bem-estar e o sentimento de estar “finalmente em casa”. Ela era tida como uma a aranha, por tecer teias que unem a todos, repassando as informações.

\Héstia era por todos venerada e no Olimpo a primeira a ser reverenciada. Júpitér sempre defendeu sua virgindade contra o assédio sexual de alguns deuses mais assanhados.

A nossa cultura patriarcal e a masculinização das relações sociais tornaram Héstia grandemente enfraquecida. As mulheres fizeram bem em sair de casa, desenvolver sua dimensão de animus (capacidade de organizar e dirigir). Mas tiveram que sacrificar, em parte, a sua dimensão de Héstia. Nelas se mostrou a dimensão de Hermes que se comunica e se articula. Levaram para o mundo do trabalho as virtudes principais do feminino: o espírito de cooperação e o cuidado que tornaram as relações menos rígidas. Mas chega o momento de voltar para casa e de resgatar a Héstia.

Ai da casa desleixada e desordenada! Aí emerge a vontade de que Héstia se faça presente para garantir a atmosfera boa, íntima e familiar. Esta não é apenas tarefa da mulher mas também do homem. Por isso em todo homem e em toda a mulher deve se equilibrar o momento de Hermes, estar fora de casa para trabalhar com o momento de Héstia, de voltar ao centro e ter o seu refúgio e aconchego.

Hoje, por mais feministas que sejam as mulheres, elas estão resgatando mais e mais esta fina dosagem vital.

Héstia não significava somente a lareira acesa do lar ou da cidade. Também designava o centro da Terra onde está o fogo primordial. Hoje não é mais crença mas dado científico. No centro há ferro incandescente. Logicamente, quando se estabeleceu o heliocentrismo e se invalidou o geocentrismo, houve uma abalo emocional para o pensamento de Héstia, a Casa Comum. Mas lentamente ele foi reconquistado. Se a Terra não é mais o centro físico do universo, ela continua sendo o centro psicológico e emocional. Aqui vivemos, nos alegramos, sofremos e morremos. Mesmo indo aos espaços exteriores, os astronautas sempre revelavam saudades da Mãe Terra, onde tudo o que é significativo e sagrado está lá.

Hoje temos que resgatar a Héstia, protetora da Casa Comum, manter seu fogo vivo e conferir-lhe sustentabilidade. Não estamos rendendo-lhe as honras que merece, por isso ela nos envia seus lamentos com o aquecimento global e as calamidades naturais. Não devemos rebaixar Héstia como mero repositório de recursos mas como a Casa Comum que deve ser bem cuidada para que continue a ser nosso Lar aconchegante e benfazejo.


Frei L. Boff

CONFUSÃO ENTRE UM PÊNIS E UM PEIXE.

Uma piadinha inocente dos meus tempos de juventude pode muito bem ilustrar a confusão que as pessoas fazem quando suas mentes se entulham de dicas distorcidas propositalmente a respeito da realidade social, política e econômica.

A anedota conta que um cidadão foi a uma feira comprar um peixe. Ao passar por um bar, convidado insistentemente pelos amigos, parou para beber cerveja. Não tendo onde guardar o peixe o enfiou sob a cinta na cintura. Mais tarde precisou ir ao banheiro. Graças à ingestão de grande quantidade de bebida alcoólica confundiu seu órgão urinário com o peixe comprado momentos antes. Cumprindo a sina de todos os bêbados que conversam com seus fantasmas, disse:

– eu te conheço há mais de quarenta anos e nunca reparei que tens dois olhinhos de peixe morto.

Pois é, o discurso que rola pela mídia, que passa de boca em boca, de ouvido a ouvido, de pessoa a pessoa, invariavelmente falso, sem nexo com a verdade, força as pessoas a confundirem as coisas da vida, como no caso da anedota.

As fraudes praticadas pelos jornais, pelas televisões, pelas rádios e revistas de propriedade de pessoas da classe dominante, oligárquicas e de má fé compõem material intencionalmente feito para cumprir o papel de confundir a sociedade. E confunde mesmo.

A congestão mental coletiva tem raízes nos grandes interesses internacionais, sempre girando para salvar as gulas dos poderosos.

A confusão força o senso comum a se atrapalhar entre quem é inimigo e quem é amigo.

A mídia internacional, muito poderosa e sem caráter, tumultua a verdade ao defender, por exemplo, a guerra como imperativo para evitar monstros que os poderosos criam e engordam com muita mentira ingerida mundialmente.

Há quem acredite que Sadan Hussein era realmente inimigo da humanidade e monstro a ser abatido pelo exército "santo" dos Estados Unidos. Da mesma forma Muammar Abu Minyar al-Gaddafi, presidente da Líbia, assassinado por mafiosos e assaltantes de petróleo.

A mídia mundial, controlada pelas motivações da guerra de rapina, não cansa de falar mal da Síria e de seu Presidente Bashar al-Assad. Os órgãos de comunicação do Brasil são ridículos em chamar o Presidente democrático de ditador, com a mais descarada intenção de confundir a opinião pública. Chega a ser nojenta essa atitude.

Agora a onda se levanta contra a República Democrática da Coréia – conhecida como Coréia do Norte. Chamam seu jovem Presidente de ditador e de suceder uma família tradicional, dona do País.

Assim é com relação à Venezuela, à Argentina, à Bolívia e, principalmente, à Cuba.

O objetivo é o de confundir peixe morto com pênis vivo, propositalmente.

Com as divulgações da Lava Jato, comandadas pelo suspeito juiz Sérgio Moro, empresas midiáticas e jornalistas desonestos pretendem causar balbúrdia de tal ordem no Brasil, que levem os que confundem pênis com peixe, motivados pela ingestão de notícias mentirosas jogadas em mentes vazias de consciência cidadã, a se vender aos maus contra os bons, acusados e enlameados por calúnias e injúrias.

Nessa confusão rolam pelos esgotos a justiça e a verdade.

Ora, sem justiça e sem verdade a sociedade corre sérios riscos de cair nas mãos do nazifascismo cruel e desumano, contando sempre com a ingestão de mentiras e de fraudes veiculadas pela mídia.

A ante sala de um regime de direita é o corte de direitos sociais, do emagrecimento da justiça social, do desemprego e do esfacelamento das organizações populares.

Basta nos informarmos um bocado mais para vermos o que aconteceu com os Países atropelados por essa onda de mentiras, como o Iraque, a Líbia, o Afeganistão, a Síria etc.

Todos caíram vitimados nos braços dos cartéis de petróleo. Empobreceram sem direitos, divididos e em guerra. Suas conquistas de anos e com muitos esforços viraram escombros sobre milhões de cadáveres de crianças, de mulheres, de jovens e de trabalhadores.

Uma bebida amarga é servida ao nosso povo bom. A bebida que congestiona de mentiras que divide irmãos brasileiros contra irmãos brasileiros, arrastados pelo ódio sem razão e sem motivo, a não ser o motivo da calúnia e da injúria a cavalo das fraudes dos fatos, promovidas pela mídia para proteger seus corruptos preferidos e mimados e os privilégios dos que sempre exploraram nossos trabalhadores e nossas riquezas.

Para não cairmos na confusão do homem da anedota é preciso nos descongestionarmos com a desconfiança com o que a mídia noticia.

A desconfiança é fácil, basta nos informarmos quem são os seus donos, o que fizeram ao longo da história das comunicações no Brasil e com o que se comprometeram. Um bom início é conhecermos a origem da TV no Brasil com Assis Chateaubrian, um maníaco, chantagista, corrupto e mentiroso reconhecido. Usar peixe como alimento é correto. Usar o pênis para urinar e fazer sexo, idem. Confundir um com o outro a partir da mente atingida por conteúdo que distorce as funções é alterar a ordem natural das coisas e falsificar os papeis dos dois.



Dom Orvandil

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

COMO VEJO A DELAÇÃO PREMIADA

Sou contra a delação premiada em todos os aspectos.O pior das delações premiadas é que estão sendo feitas por bandidos que roubaram a vida inteira, saquearam os cofres públicos e agora querem se apresentar como mocinhos, como anjos do bem, quando sabemos que as delações feitas implicam outras pessoas que possivelmente praticaram ações criminosas mas não sabemos até onde os delatores colaboram para que seja esclarecida sua própria participação.

Será que a Lava Jato está realizando investigações pra saber como é que estes delatores aumentaram seu patrimônio? Como é possível que não se preocupem em demonstrar que continuam a viver nababescamente mesmo depois de condenados por corrupção, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha ? Ou Moro só investiga rotineiramente a José Dirceu, porque esta é uma maneira de atingir a honra petista ?

É de estarrecer a festa de casamento feita recentemente pelo lobista Julio Camargo - um dos delatores da Operação Lava Jato - para sua filha, onde, segundo a imprensa, gastou mais de R$1 milhão. Isso é um tapa na cara da sociedade. É uma demonstração de que o crime compensa no Brasil, especialmente para os delatores.

Não sou o único a criticar as delações premiadas. Muitos juristas são contra. Eles afirmam que o Ministério Público está inovando e que, na verdade, as delações premiadas não tem previsão legal.

O conhecido advogado brasiliense, Antonio Carlos de Almeida, o Kakay, qualifica a medida como inconstitucional, ilegal, não republicana. Em entrevista à Revista Época, em 2015, ele comentou que no acordo de delação premiada do ex-diretor Paulo Roberto Costa constou que aquela pessoa que estava presa teria direito a uma prisão domiciliar.

O advogado foi categórico: Não existe previsão legal para isso. Quem decreta prisão é o Judiciário e só o Judiciário pode revogar essa prisão. Os procuradores não têm poder para isso. No momento em que o MP coloca na delação que o sujeito terá direito a uma prisão domiciliar, ele está substituindo o Poder Judiciário e isso é ilegal.

Outro aspecto inaceitável é que uma delação que demorou, por exemplo, mais de um mês, com oito horas de depoimento por dia, envolvendo vários delegados e procuradores, possa ter, como vem ocorrendo, sua homologação feita em apenas 24 horas ?

Onde estão os procedimentos formais investigatórios a respeito para saber se as declarações foram voluntárias ou houve uma pressão interna ou externa, ou ambas, para forçar as pessoas a falar?

O Estado tem de se estruturar para fazer investigações de forma científica seja contra quem for. Não pode condenar baseado apenas em delações premiadas.

E quem nos garante que um ladrão, corrupto e que se dispõe a ser um dedo duro, que passou a vida fazendo atos ilícitos e que agora está prestes a ser condenado, ou já foi há muitos anos de cadeia, não continuará mentindo para agradar a quem possa lhe favorecer?

É necessário que iluminemos esse louvor à delação premiada. Olhando para a história, vemos que na Itália, depois de um período em que a delação premiada era vista como salvação, muitos processos foram anulados após comprovações de falsas acusações.

No caso da Lava Jato, advogados dos investigados se queixam de não terem acesso e não conhecerem o teor das delações premiadas, com exceção daqueles trechos estrategicamente vazados para a grande imprensa obedecendo ao plano da direita de anular as chances do PT para 2018.

Corremos o risco de retroceder na manutenção das conquistas sociais e políticas deste país e da nossa frágil democracia se não lutarmos contra este momento obscurantista, desmascarando de todas as formas e todos os dias cada um dos passos da direita para aniquilar as esquerdas no Brasil.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

A ESPERANÇA É A ÚLTIMA QUE MORRE.

Dizem os estudiosos que a pior crise do nosso tempo não é econômica, nem social e nem política, mas crise de esperança. Se essa, como atitude criadora da vida, está em crise, o próprio dinamismo da vida se vê ameaçado. Daí a constatação real de que estamos, hoje, ameaçados pela cultura da morte. Não é difícil constatar que andamos oscilando entre o entusiasmo e o desencanto diante da vida, entre a euforia pelo avanço técnico e a impotência diante do destino, entre o sentimento de domínio da natureza e a deterioração do meio ambiente.

Não é possível viver sem esperança ou sem esperanças. Sejam elas vitais ou triviais, esperanças pequenas ou grandes, a curto prazo ou a longo prazo. É evidente que cada tempo tem seus acertos e seus erros, suas esperanças e suas decepções, seu desejo de viver e seus cansaços existenciais, seu dinamismo de criatividade e suas acomodações. Conhecer as aventuras da esperança é envolver-se na íntima aventura do ser humano no que tem de admiração e desconcerto.

A esperança está profundamente enraizada no coração humano. Gabriel Marcel, um filósofo cristão, dizia que a esperança é a matéria da qual está tecida a nossa alma. Mesmo que as previsões do futuro humano não sejam das melhores, ninguém arranca da alma humana a força criadora da esperança. Continua verdadeira a frase dos antigos: “A esperança é a última que morre”.

A esperança, como atitude criadora da vida, necessita superar o pessimismo reinante e a desconfiança da vida cotidiana. Esta esperança desponta e se renova numa constante relação com a fé e a caridade. Cada uma das virtudes teologais fecunda a outra para um dinamismo de vida incontida que vai se eternizando no amor.

Não é em vão que a simbologia da esperança é uma âncora. Ela é a âncora de todas as virtudes, o apoio interior necessário, não só porque salva do desespero o pobre no deserto, mas também porque é o apoio de todos os que caminham na fé e se dirigem a Deus numa atitude de busca e de agradecimento. A fé põe a pessoa a caminho, mas a esperança a mantém e a impele na marcha, mesmo que seja depois a caridade que decide as leis do jogo do homem peregrino.

A esperança mantém em tensão a pessoa de fé e o projeta para o futuro. Graças à esperança, a vida humana se transforma em busca e em desejo infinito. Não ter mais nada e ninguém a esperar é o caminho da anulação do mais precioso potencial que a vida possui como dom e responsabilidade.

O desejo de infinito, que sempre nos impele para o mais e o melhor, não é uma paixão inútil, nem um ímpeto psicológico, mas uma força e um impulso que Deus mesmo imprimiu no ser humano. Santo Agostinho viveu esta realidade e a expressou quando afirmava que o nosso coração anda sempre inquieto até que não repouse no Senhor. Porém, necessitamos cuidar para não nos equivocar, imaginando que algo finito venha saciar nossa sede do infinito. Com o olhar fixo no futuro, o cristão administra o presente e impregna de sentido tudo o que faz e tudo o que é.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

SOFRER...

Passar a vida sem sofrimento é sonho da sociedade moderna. No intento deste sonho as dores são anestesiadas, os sofrimentos suprimidos e registra-se uma autoprivação da paixão pela vida. Faz parte do labor das ciências este sonho da sociedade moderna de alcançar a felicidade sem sofrimento. Porém, a vida humana é marcada por sofrimentos de toda natureza. Responder a cada sofrimento aproxima a vida humana da cruz de Cristo.

O termo sofrimento deriva do latim sufferre, formado de sub – “sob”, “embaixo” — e ferre – “levar”, “conduzir”. Os antigos romanos usavam o termo para designar quem estava “sob ferros”, submetido à força, o que é próprio do escravo ou prisioneiro. É a experiência de sentir-se por baixo, empurrado para o chão. O sofrimento é fruto de situações de medo da morte, das impotências, das doenças, das perdas, etc. Infelizmente temos dificuldade em lidar com o sofrimento e consequentemente não sabemos como ajudar aos sofredores.

Nos sofrimentos confrontamos a natureza humana completa e limitada em carne, espírito e psique. O sofrimento assume também o confronto com o potencial presente nas pessoas. A luta contra os sofrimentos demonstra a estima e resistência da natureza humana. Na tentativa de superação dos sofrimentos apresenta-se a expectativa de irrupção do novo, consciência da fragilidade e de possibilidade de reflexão para um novo nascimento. Isto é, o sofrimento adquire um significado capaz de determinar nova expectativa de vida. Ante o sofrimento, por um lado a sociedade moderna busca meios de superá-lo ou reduzi-lo ao mínimo. E por outro lado, parecer ser essa luta inglória perante um cenário social, humano, que revela cruéis e novas faces de sofrimentos infrutíferos.

Ademais, criar situações de sofrimento às pessoas — tais como escravidão, opressão, exploração humana e social — é postura eticamente abominável. O teólogo contemporâneo alemão Jürgen Moltmann lembra que “os sistemas de injustiça humana na economia mundial e na hegemonia política custam, anualmente, a vida de milhões de pessoas, em primeiro lugar de crianças no terceiro mundo”. Também são refutáveis os sistemas de exploração técnico-científico que destroem a biosfera da Terra e centenas de espécies da flora e fauna, lembra o papa Francisco na encíclica Laudato Si. Nesta direção, igualmente são detestáveis a alienação e a manipulação das pessoas.

A sociedade moderna busca rejeitar a teologia da cruz e as tribulações da vida. Contudo, é incapaz de evitar o sofrimento infrutífero da fome, da injustiça, da miséria. Logo, é preciso buscar o sofrimento frutífero por uma nova humanidade alicerçada no amor e na solidariedade. O ensinamento do sofrimento que vem da cruz de Jesus indica essa condição, justifica esperança futura de nova vida para toda a humanidade.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

RELIGIÃO PARA 2016.

Aviso prévio: se alguém espalhar que o que segue não é uma revelação especial alcançada após profunda meditação e contemplação, não acredite, possivelmente esse alguém já esteja tomado pelo pensamento fraco fragmentado e pluralista dos tempos pós-metafísicos e pós-modernos. Acredite, esse suposto alguém não é crível! Ele só crê em pequenas satisfações e em verdades sem densidade e de exigência de vinculação de vida e morte. Contudo, não o hostilize. Os que não estão com nós, podem não estar contra nós...

Muitos já imaginaram novos céus e nova terra. Muitos já criaram deuses para nos conter da fúria natural e violência desmedida. Muitos fundadores de religiões fizeram o que deveria ser feito. E no que deu? Continuamos lá atrás, e sem muito para comemorar. Mas sem deus e sem mandamentos, pior seria. Por isso lá vai o meu deus e meus mandamentos para esse ano que inicia.

1 - Ame a humanidade. Não ame a humanidade. Ame Pedro João, Maria e Roberta. Amar em abstrato é fácil, difícil é amar o vizinho e, sobretudo, os feios e as feias e os que não são agradáveis. Amar os ricos, os bem educados e as bonitas e os bonitos, que mérito há nisso? A prova do amor é amar os de fora do círculo da raça, cor, sexo, nacionalidade e religião. E sobretudo, os feios!

2 - Respeite a natureza. Respeitar não significa não derrubar árvores, isso quase ninguém mais faz, ou quase ninguém. Não significa apagar a luz ou fechar a torneira para poupar. Isso até criança faz. Tem que consumir o necessário. E o desejo? Canalize o desejo de consumo em outros bens, os que não degradam a natureza. Há tantos desses bens....

3 - Ame os animais. Mas não ame só os gatos e os cachorros. Ame os que matamos. Mas quem ama não mata. Se continuar matando, não amas. Se não amar a formiga, a barata, o porco, a galinha e a vaca, não entrarás no reino dos céus.

4 - Ame e deseje o desconhecido. A vida é curta demais para ficar se repetindo sem fim.

5 - Leia, leia, leia. Se não for para revolucionar o mundo, que seja para se livrar de ter que somente comentar as notícias do dia filtradas pela grande imprensa.

6 - Invente pratos novos e fique mais tempo à mesa conversando, sem o celular, se conseguir!

7 - Arrume um tempo para cuidar do corpo e outro maior para cuidar do espírito. Rico não é o que tem coisas, mas o que tem tempo. Seja um novo rico...

8 - Seja gentil, gentileza gera gentileza. Evite pessoas grosseiras, elas só nos roubam a alma. Não tente convencer um fascista, ele é incorrigível....

9 - Desligue a TV, prefira um papo, a internet ou um livro. A TV emburrece e nos deprime. Ouça música, mas não a que toca na TV. Sertanejo universitário te faz regredir na capacidade de ouvir e de sonhar....

10 - Se assim procederes então amarás a Deus.

Eu sei, a lista é só mais uma lista. Bom, mas quem sabe tu fazes a tua e socializas com alguém. Quem faz lista se compromete. Ou vai ser mais um ano sem comprometimento algum?

domingo, 10 de janeiro de 2016

A MESMA TENTAÇÃO.

Diante o cenário político brasileiro, faço a seguinte afirmação: todos sofrem das mesmas tentações! Quais tentações? A tentação do poder e do ter. Parece que todos os seres humanos são atraídos pelo desejo de poder e ter.

Possuir casa, um bom emprego e salário justo e digno, não é tentação negativa, mas uma necessidade. Porém, o mal se encontra em como é adquirido, pois muitos enriquecem de forma ilícita, como muitos de nossos representantes políticos, que gastam absurdo para se elegerem e, depois, usufruem regalias.

O enriquecer de forma irregular é manifestado pela ganância, corrupção. Mas isso não é um “privilégio” dos políticos. Todos têm tendências a irregularidades. Quem garante que, se tivesse chance, não faria o mesmo se estivesse entre os políticos e ou em outros segmentos da sociedade? Muitos não engordam seus salários de forma “fácil” devido à falta de oportunidades.

Platão (427-388 a. C.), filósofo grego, discípulo de Sócrates, ao tratar da condição humana, usa o recurso mitológico: dois cavalos e um cocheiro, o mito da parelha alada que se encontra no diálogo Fedro. Os dois cavalos são conduzidos pelo cocheiro. Um deles é excelente, correto, mas o outro, não. Um vai pelo caminho certo, o outro ao contrário. Assim, o filósofo entende e explica o ser humano.

Nesse mito percebe-se a explicação da conduta humana. O mito diz que o ser humano tem duas fortes tendências: a prática do bem, da justiça e a outra totalmente contrária ao bem. Conforme Platão, quem nunca teve diante de si a chance de possuir algo fácil ou irregularmente, mas não se aproveitou da ocasião? Com isto, não quero justificar dos políticos, mas apenas refletir sobre a condição humana que sofre da mesma tentação.

sábado, 9 de janeiro de 2016

VAMOS ABRIR CAMINHOS...

“O caminho se faz caminhando”, aconselha o ditado popular. “A vida é um caminho de sombras e luzes. O importante é que se saiba vitalizar as sombras e aproveitar as luzes”, orienta Bergson Henri (1859-1941), filósofo e diplomata francês. “Devemos seguir sempre o caminho que conduz ao mais alto”, motiva Platão (427-347), filósofo grego. O mundo moderno oferece muitos caminhos, escolher o mais digno de felicidade é sabedoria humana.

Em 31 de outubro de 2011, a população que povoa a terra atingiu o número de sete bilhões. São pessoas semelhantes e diferentes. Porém, todas merecedoras de dignidade humana. Entre o período de 1760 a 1840 aconteceu a transição dos processos de trabalho manufaturado para a produção por máquinas, chamado de Revolução Industrial. A revolução teve início na Inglaterra e espalhou-se rapidamente pela Europa, sendo caracterizada pela importância das fábricas para a produção de capital. O processo de industrialização do trabalho teve como resultado a massificação de pessoas, culminando em prejuízos e discriminação do gênero humano.

O termo massificação expressa e denuncia os efeitos negativos do processo, como a anulação da individualidade, alienação, desprezo dos valores particulares de povos e de indivíduos, até o desaparecimento de culturas. Os teóricos da Universidade de Frankfurt, na Alemanha, Theodor (1903 – 1969) e Max Horkheimer (1895 – 1973), teceram fortes críticas a essa sociedade industrializada, por interferir nos processos de educação e nas relações sociais.

Nas últimas décadas, a industrialização fez a transição para a era da informática digital e virtual. E mais, consolidou a situação das pessoas e de povos submetidos à subserviência do exacerbado consumismo. Hoje em crise, este processo capitalista pede reflexão e caminhos alternativos. Assente, pensar caminhos que fujam dos padrões sociais tidos como normais da sociedade moderna, como o do consumo. Em tempo presente propor caminhos novos significa partir de um novo DNA de sistema, não o de mais ou menos capital, o da mais valia, mas do ser humano enquanto essência.

A palavra caminho no termo hebraico derek significa estrada, jornada, refere-se a um caminho gasto, batido, de tanto andar-se nele. Em analogia ao sistema capitalista em crise de produção e de consumo, seus caminhos estão gastos, batidos. Portanto, pouco ou nada mais oferecem para a maioria da população excluída dos benefícios do trabalho industrializado e automatizado. Trocar de sistema não basta se a humanidade inteira não mudar seus hábitos e estilos de vida. Logo, para que haja no futuro condições dignas e direitos para as pessoas é preciso um sistema cujos frutos do trabalho sejam partilhados. Somente assim superaremos crises e teremos avanços humanos e tecnológicos. Para isto, valem as orientações sobre os caminhos dos filósofos citados inicialmente.

CRIANÇAS TROCAM TV POR TABLET E SMARTPHONE

Se de um lado os aparelhos de TV não param de ganhar telas maiores, com mais nitidez de imagem, do outro, os futuros telespectadores se prendem às pequenas telas. Crianças preferem cada vez mais tablets ou celulares do que a TV convencional.

Esse é um dos resultados apontados por um estudo realizado neste ano, nos EUA, pela Miner & Co Studios, empresa especializada em reposicionamento de marca e desenvolvimento de novos produtos.

De acordo com a pesquisa, a TV não é a primeira tela de escolha para crianças que têm acesso a tablets e smartphones. Mais da metade (57%) dos pais entrevistados disseram que seus filhos agora preferem assistir a vídeos em um dispositivo portátil em vez de ver na TV.

Os dispositivos móveis são tão populares entre as crianças que quase metade dos 800 pais questionados na pesquisa relataram que confiscam tablets e celulares como punição de castigo para as crianças. Antes, os pais proibiam de ver televisão.

Entre os entrevistados, 41% dos pais disseram que seus filhos olham celulares e tablets enquanto lancham.

Como tudo isso vai impactar o negócio de TV tradicional em um futuro distante, é difícil dizer. Mas o impacto de curto prazo já é possível notar nas audiência de TV aberta e paga nos EUA. E já começa a aparecer no Brasil também.

O estudo foi realizado com pais e mães de crianças com idades entre 2 e 12 anos, nos EUA, que possuem tablet ou smartphone.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

JÁ OUVIU FALAR EM EPIMETEU E PROMETEU?

Epimeteu e Prometeu são dois irmãos na mitologia grega. Ambos imortalizados pelos seus feitos. Prometeu muito mais célebre, mas Epimeteu não pode ser relegado ao esquecimento. Ambos são arquétipos da alma humana. Ambos representam a seu modo, um modo de ser do humano. Quer ver?

Epimeteu e Prometeu foram encarregados pelos deuses a distribuir as características e dons particulares para cada um dos seres, no exato momento em que viessem à luz. Mas como Epimeteu é metido, ele se escala para fazer a distribuição e deixa para Prometeu a função de fazer uma revisão final geral.

Na distribuição dos dons, Epimeteu dá a alguns seres a força sem a velocidade. Para outros, por serem pequenos e presas fáceis, dá asas para a fuga rápida ou então os habilitam a viver debaixo da terra. O que mune com tamanho grande, salva-os por isso mesmo, sem lhe dar outros dotes especiais. Elefante voador, nem pensar! Alguns ele cobre com densas peles e espessos cabelos capazes de suportar invernos rigorosos e dias de sol cáustico. A alguns ele calçou com garras e a outros revestiu com peles duras e sem sangue. Para alimentação, raízes, frutas e ervas. Aos carnívoros, cuidou para que tivessem pouca descendência. Aos de descendência numerosa, cuidou para que a salvação fosse da espécie, sem preocupação com os indivíduos. Epimeteu se mostrou hábil na equilibrada distribuição. Mas, lhe faltou sabedoria. Quando chegou a vez do homem surgir da terra, percebeu que seu estoque de capacidades e habilidades tinham se esgotado e ele não sabia o que fazer. Logo com a criatura humana? Que coisa feia Epimeteu!...

Epimeteu significa: aquele que primeiro faz, depois pensa. Primeiro faz, depois vai ver o que fez. Primeiro faz, depois inspeciona. Primeiro faz, no impulso, depois vai ver os estragos e as conseqüências. Epimeteu é o nosso lado impulso, iniciativa, inventividade, criatividade, sagacidade, intuição etc. Mas é também o nosso lado inconseqüente e falta de planejamento. A vida sem Epimeteus seria sem graça. Mas, perigosa, sem Prometeu.

Prometeu foi então inspecionar a obra de Epimeteu e percebeu a imprudência de seu irmão. O que fazer agora, pensou Prometeu? Não teve dúvida. Rouba o fogo de Hefesto e Atenas, exímios nas artes, e entrega de presente aos humanos. O fogo é símbolo do saber, do pensamento, do planejamento e da ciência para fazer frente a falta de outras qualidades que os animais possuem mas nós somos privados. Por isso Prometeu é símbolo do planejamento antecipado e estratégico, muito importante para qualquer ação medida e ponderada.

E mais, Prometeu providenciou também a arte da política e do senso moral, distribuídos de forma universal e não agraciando a uns e não a outros. Com a ciência, a política e a moral, o que temos de deficiência do ponto de vista fisiológico, superamos do ponto de espiritual. Pelo menos estamos munidos para superar, cabendo sempre uma decisão livre, consciente e civilizacional. É necessário querer sermos humanos que será sempre uma conquista e um fazer-se, nunca um ato da própria natureza.

Com ciência do planejamento, da antecipação, da previsão e com a arte política e moral, nosso lado Prometeu, a vida não nos surpreenderá “de calças curtas”. Mas, cuidado, a vida não tem graça sem o improviso e a inventividade de um Epimeteu.

Nesse tempo de virada de ano, ano velho se indo e ano novo entrando, é oportuno pensar nesses dois arquétipos para um balanço e para uma projeção.

Prometeu e Epimeteu!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

DDINHEIRO NA MÃO É VENDAVAL...

Embora a mais grave crise do momento entre Países do Oriente Médio (Arábia Saudita e Irã – outros ) com proporções e perspectivas reais de guerra armada entre eles, em breve, esteja movida e "justificada" a partir de ódios seculares religiosos e políticos entre Sunitas e Xiitas, a Midia Ocidental oculta que, por trás deste grande perigo reside o interesse da indústria bélica armamentista, um dos mais rentosos negócios do PIB americano. Se tudo isso fosse pouco, no contexto global, a crise econômica no Mundo atolando Países de todos os Continentes se mantém fomentada pelo capital predador em detrimento do capital produtivo. O Brasil, os BRICs em si, são também novas vítimas.

Vamos combinar que, ainda há como pano-de-fundo deste imbróglio altamente complicado, a existência na retaguarda dos Estados Unidos, Rússia e China com interesses distintos e avalistas dos embates contemporâneos, portanto, divergentes no apoio às duas posições antagônicas entre Arábia Saudita e Irã.

A INDÚSTRIA ARMENTISTA SE RETROALIMENTANDO

Não há dúvidas nenhuma que, tanto da parte das renomadas empresas americanas quanto da Rússia, o segmento de fabricação e comercialização das novas armas produzidas para fomentar guerras está rindo à toa ou, como queiram, com a alta perspectiva de bilionários negócios porquanto ele vive dos conflitos de morte no Mundo.

Arábia Saudita, Iemen, Kuwait, etc passam a ser desde quando estourou a nova crise entre Arábia e Irã um potencial ambiente de fartura em renovação de sua estrutura de defesa bélica para atacar e se defender. A reciproca é verdadeira da parte do Irã.

O Oriente Médio sempre foi do século passado para cá um grande "mercado" e laboratório de exploração das "novidades" armamentistas sobretudo porque, esse segmento precisa "desovar" suas invenções aprimoradas, sem contar que, este ambiente geopolítico já tem no Petróleo o vetor da "guerra sem fim" se sobrepondo aos interesses nacionalistas de cada uma dessas Nações.

Sem tirar nem por, embora a Imprensa Ocidental ignore – este é um dos principais fatores para o estimulo ao sentimento e realidade de guerra no Oriente Médio "justificado" pelo ódio secular entre povos.

O MUNDO ESTREMECIDO PELO CAPITAL ESPECULATIVO

Em torno da grave tensão entre Países do Oriente Médio reside ainda uma forte crise deflagrada com os problemas internos vividos pela China – esta, desde há muito, verdadeiro fator de instabilidade ao sabor de seus dramas no controle de sua economia que, a cada "gripe" contamina todo o resto do Mundo.

A China chegou ao patamar máximo dos negócios e investimentos internos retroalimentadores gerando nos ultimos tempos a desvalorização da moeda, retraindo fortemente as negociações de importação, logo tudo se transformando numa incógnita sem dimensão exata do que está por vir.

Neste contexto todo,sem dúvidas, quem mais incentiva e agrava o quadro é capital especulativo, predador, sem pátria, bem distante do capital produtivo gerador de divisas renováveis.

Eis um quadro preocupante sem tempo para ser superado.

ÚLTIMA

"Dinheiro na mão é vendaval..."

PELAS RUAS SE COMHECE OS HABITANTES.

O título parece não ter nada a ver com política, mas tem, pois a palavra política tem sua origem no grego politikós em no latim politicus. Ambas dizem respeito à arte de bem governar e administrar a cidade pelos governantes escolhidos democraticamente pelos cidadãos.

O filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.) diz que “o homem é um animal político”. Ele vive na cidade, e depende dela e o seu dever é cuidá-la. Segundo ele, todos os cidadãos são políticos e, por sua vez, tendem à arte de governar ou, ao menos, de se sentirem responsáveis pelo ambiente em que vivem. Não obstante, percebe-se em muitos cidadãos um descaso pelo patrimônio público, pois se sentem alheios a ele. Além disso, possuem uma mentalidade errônea e distorcida do ser político.

Então pergunto: quais as causas do descaso pelas coisas públicas e da distorção original da política? Pode-se, no mínimo, apontar duas causas: primeira, não faz muito tempo que o país se libertou de um período de ditadura; segunda, o desconhecimento dos direitos e deveres resguardados por Lei na Constituição Federal, sobretudo, o artigo 5°.

A ausência de liberdade, no período da ditadura (1964-1985), trouxe drásticas consequências para os cidadãos, como o medo e a insegurança. Agora com a liberdade, muitos a extrapolam, a ponto de haver desatenção pelos bens públicos.

Outro fator preocupante é a negligência com a limpeza. Os cidadãos jogam o lixo em terrenos baldios ou às margens das rodovias. Frequentemente encontramos também pelas ruas e calçadas aves e animais mortos, papéis, plásticos, garrafas, alimentos, etc. Cuidar da limpeza da cidade também é consciência política e, acima de tudo, ecológica.

Perante a necessidade de uma consciência ecológica, por parte de cada cidadão, penso naquele velho ditado: “pelas ruas da cidade se conhece o prefeito”. Isso é verdade, porém, o mais real parece ser: “pelas ruas da cidade se conhecem seus habitantes”.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

O REAJUSTE DO SALÁRIO MÍNIMO.


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E a Presidente Dilma Roussef, ainda tomada pelo espírito natalino, assinou um decreto que reajusta o valor do salário mínimo vigente no país para R$ 880,00, a partir de 1º de janeiro de 2016. Um pequeno mimo de R$ 92,00 que mamãe Noel oferece para o povo brasileiro nessa época de crise econômica. Mas, que crise mesmo? Andando pelas ruas durante esses dias que antecederam as festas de fim de ano, pude constatar, através das lojas e supermercados lotados e pessoas se empurrando e até mesmo se agredindo para fazer compras, que não existe crise. Ou então as lojas estavam sendo saqueadas e eu não percebi. Não quero com isso, dizer que tudo está indo às mil maravilhas com o nosso governo, porque não está. E nunca esteve, desde quando debutamos para o mundo. Mas esse papo de crise precisa ser revisto.

O reajuste no salário mínimo, assim como um gol da seleção brasileira numa copa do mundo, sempre foi algo muito desejado e comemorado quando acontecia. Mas vivemos tempos tão estranhos, que até quando o salário aumenta o povo reclama. Claro que o valor do aumento ainda é pífio. Tenho certeza que a manicure da presidenta cobra mais do que R$ 92 reais para fazer-lhe as unhas. Mas ainda sim é mais considerável do que os reajustes efetuados no governo FHC, o que de certa forma deveria servir de parâmetro para se avaliar os dois governos. Mas as reações a este aumento têm sido inusitadas. Pincei alguns comentários de leitores  no facebook e me assustei com que li.

Um deles dizia o seguinte: "Louca e irresponsável fazendo a mesma política populista da outra louca que quebrou a Argentina. Coitadas das empresas que vão ter que se virar pra pagar esse salário com a inflação nas alturas e o consumo em queda. É mesmo uma grande irresponsável!". Outro cidadão escreveu o seguinte: "A troco de quê? Lojas fechando, movimento baixo. Lamentável! Ela aumenta por que não é ela quem paga. Pra ajudar uns acabam com outros". Por fim, ainda tivemos um editorial de O Globo, no qual a família Marinho, uma das mais ricas do País, chama de "tosco" o argumento usado pelo governo para reajustar o mínimo acima da inflação e alerta que a conta vai chegar alta depois. Relembrou uma manchete do jornal O Globo, em 1962, se posicionando contra a instituição do 13º salário.

Tim Maia já dizia que só no Brasil existe pobre de "direita", mas agora percebo pelo que tenho lido e ouvido falar sobre o reajuste do salário mínimo, que também temos até alguns trabalhadores rejeitando o aumento e aceitando ganhar menos, pensando no bem estar dos empresários e em como estes terão que se virar para lhes pagar. Típico caso onde o oprimido se apaixona pelo opressor. Uma espécie de Síndrome de Estocolmo das relações trabalhistas. Lembra-me uma personagem da escolinha do Professor Raimundo, a dona Santinha Pureza, que apanhava violentamente e era humilhada por seu companheiro. E quando o Professor lhe perguntava o porquê dela aceitar tudo aquilo, ela respondia: "Sabe o que é? Eu Gosto!" No Brasil, além dos tradicionais opressores não abrirem mão de continuar oprimindo, eles ainda tentam convencer, os oprimidos de que a opressão que eles lhes impõem é para o seu próprio bem. E às vezes conseguem.

E assim tem gente dizendo que a presidenta vai falir o País com esse aumento, que a inflação vai disparar e que vai gerar mais desemprego. Também que não vão poder mais comer carne porque o preço vai disparar e etc.... Será mesmo? O país ainda não faliu com 513 deputados federais ganhando 33,7 mil reais de salários, fora os demais benefícios, que somados chegam a mais de R$ 147 mil por mês para cada um. Multiplicando isso por 12 meses temos um montante de quase um bilhão de reais por ano. Sem contar os 81 senadores com o mesmo salário e iguais benefícios e os "não sei quantos" ministros que ganham 30 mil reais por mês e também dispõe das mesmas "benesses". E ainda temos 1.059 deputados estaduais e mais de 55 mil vereadores espalhados pelo Brasil e todos pagos com dinheiro público. Isso sem acrescentar o roubo, as propinas, os desvios, e os superfaturamentos.

Não sou economista, mas não sou tão idiota assim para acreditar que 880 reais de salário mínimo vai quebrar o país. Não me subestimem tanto, por favor! Reajuste de salário mínimo não gera inflação e nem quebra a economia, apenas diminui o lucro dos empresários e de muitos empregadores que querem enriquecer pagando um salário de fome e explorando quem precisa trabalhar. O que impede o país e a nós mesmos de crescermos é a nossa alienação. É a preguiça de buscar a informação. Ninguém precisa ser formado em ciências políticas para entender que está sendo enganado e que estão escondendo o ouro de nós. E quando temos um governo, que apesar de muitas falhas, ainda tenta diminuir um pouco a diferença abismal entre as classes, vemos um parte da elite se enfurecer e bater panelas contra o mínimo de justiça social que se tenta praticar.

O ano de 2016 vai passar, mas os opressores do direito do povo NÃO PASSARÃO!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

A ÉTICA NO DIA A DIA.

A ciência moderna tem estabelecido diferenças de temática sem conceitos claros. A natureza da reflexão científica é determinar maior compreensão do objeto em questão e dirimir dúvidas sobre práticas específicas. No caso das temáticas da ética, da moral e do direito, embora tenham vínculos, há diferenças entre elas, aponta a ciência. Devido a sua importância, a produção científica tende a acontecer incorporada a um conjunto de deveres e de responsabilidades e assim auxiliar um bom desempenho em todos os campos, ofício que dela se espera.

Na reflexão das ações éticas, morais e do direito realizadas no cotidiano, exige-se que haja o mais adequado comprometimento e deveres a cumprir. Nessas ações cotidianas fundamentais é imprescindível estar sempre bem informado. Exige-se que, além do conhecimento de seus aspectos teóricos e práticos, haja absoluta aplicação nas dimensões legais e normativas. Então, ao cidadão contemporâneo pressupõe-se que tenha em mente uma série de atitudes, ainda que não tenha a clareza da gravidade de infringir certos códigos éticos, morais e de direito. Para sua aplicação, são considerados conhecidos e comuns a todos os comportamentos e atividades que uma pessoa pode exercer ou não.

Portanto, a postura ética, moral e de direito não fica restrita apenas às tarefas que foram dadas ao cidadão, às pessoas ou ao profissional, mas inclui contribuir para o engrandecimento das ações humanas. Neste sentido, a moral e o direito contribuem com as regras que estabelecem condições para as ações humanas, ainda que ambas se diferenciem. No tocante à moral, são regras que visam o bem-viver das pessoas e que ultrapassam fronteiras geográficas e culturais. Ao direito, cabe estabelecer o regramento de determinada sociedade. Isto é, suas leis valem para uma base territorial. Quanto à ética como ciência, se ocupa da reflexão do que é correto ou incorreto, bom ou mau, adequado ou inadequado, justo e injusto. Isto é, a reflexão ética discorre sobre as regras estabelecidas pela moral e pelo direito. No contexto atual há um anseio crescente por ver na sociedade um comportamento ético adequado, essencial para o crescimento da humanidade. Em suma, a ética faz parte de nosso cotidiano e deve ser um compromisso permanente de todos.

sábado, 2 de janeiro de 2016

PIOR OU MELHOR?

Alguns acusam como imprudentes as pessoas que têm a mania de fazer comparações; outros dizem que comparar é um resultado do senso crítico. Na verdade, o fato de fazer comparações de pessoas, de lugares e mesmo de fatos, é sempre um perigo de fazer juízos errados e até de provocar intrigas e favorecer fanatismos.

Quando usamos o critério do “melhor”, ou “pior”, mexe-se com um juízo de valores que não é conveniente nem a quem julga e nem a quem é julgado. Muitas vezes eu já fui interrogado por pessoas de bem, com estes critérios, para avaliar pessoas, lugares e coisas por onde passei. Tal lugar, onde está agora, é melhor do que o outro, onde viveu e trabalhou antes? O povo de lá é melhor do que o de cá? O clima de lá era mais saudável do que o de cá? Tal pessoa é melhor do que esta? Etc.

Afirmar que é “melhor”, ou “pior” exige uma análise que justifique e clareie os motivos de tal avaliação. Essa conduta poderá ser provocada por um jogo de conveniência, simplesmente para agradar o interlocutor. Nada tem a acrescentar, nem mesmo a ajudar em alguma coisa. Viver fazendo comparações nos coloca em um terreno perigoso e suspeito.

Diante destas possíveis perguntas, aprendi que a melhor resposta que se pode dar é esta: “Nem melhor, nem pior, mas diferente!”. Ocorre que o diferente pode me deixar na insegurança, mas será sempre uma oportunidade de crescimento e aprendizado. Tudo o que é diferente, novo e desconhecido necessita ser domesticado para ir fazendo parte da paisagem de minha vida. Será sempre benéfico permitir que o diferente me provoque a sair da acomodação e da rotina.

Na verdade, o melhor lugar do mundo é aquele onde se está! O melhor momento da vida é aquele que se chama “presente”. As melhores pessoas de nossa convivência são aquelas com convivemos agora. O melhor jeito de viver é dinamizar a vida com novas provocações e novas energias adormecidas que foram se acomodando no tempo e no lugar.

Todo o tipo de mudança, seja de lugares, de comunidades, de atividades e situações, carrega consigo a lógica do novo. Instintivamente, diante do novo, chega a tendência natural de julgar, como um mecanismo de justificação de nosso estado de espírito. Quando nos defrontamos com o novo, rotulando com o título de “pior” ou “melhor”, poderemos ser surpreendidos pelo imprevisível. Menos mal quando desponta o melhor, mas, se for o pior, quando esperamos o melhor, o desânimo poderá nos frustrar.

A lógica da vida e da convivência, o imprevisível a que todos estamos sujeitos, deverá nos ensinar a abraçar o diferente como uma graça que nos é colocada no caminho da vida. Quando se crê de verdade, tudo é graça e, até mesmo a desgraça poderá ser agraciada.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

PASSAR DE ANO

Há uma expressão popular consagrada, que parte do mundo escolar com suas etapas de ensino e formação: “Passar de ano”. Não é apenas um desejo dos pais que esperam ver seus filhos progredindo e investem financeiramente em meios favoráveis. “Passar de ano” é também uma razão forte de todos os alunos conscientes e responsáveis, tanto crianças, como jovens e adultos.

A reprovação escolar é sempre traumática, independentemente da causa. “Passar de ano” não é apenas uma sensação de alívio, mas uma perspectiva que se abre para outra etapa favorável a uma ascensão formativa, educacional e profissional. “Passar de ano” é desejo de todos, porque nosso viver é dinâmico e impelido por grandes sonhos. Quando a pessoa já não aspira passar de ano e deixa de sonhar o novo, facilmente renuncia ao potencial que traz consigo, pondo em risco a capacidade de ser sujeito da história.

“Passar de ano” não é apenas um desejo dos frequentadores de escola. É também uma prática quase espontânea, de quem vai tirando ou riscando as folhas do calendário de cada mês, até chegar ao fim de ano e substituí-lo por outro calendário do novo ano, ou por outra agenda. Assim vamos confirmando que todos passamos pelo tempo, mas com essa passagem desejamos que a etapa seguinte seja sempre melhor.

Dar um passo em frente é próprio de quem caminha. Não é normal para os humanos andar de ré. “Passar de ano” tem um preço que se chama responsabilidade e corresponsabilidade. Geralmente, acionamos mecanismos de passividade e de acomodação. Desejamos que o ano novo seja feliz e melhor, porém tendemos a imaginar que isto depende dos outros ou da sorte e pouco de nós.

Um novo ano necessita ser encarado como um dom de Deus, porque Ele é o Senhor do tempo e da eternidade. Torna-se também um dom real, quando tantos investem os seus dons e seu tempo para que nós possamos alcançar e usufruir meios favoráveis ao nosso viver cotidiano. Nesta certeza e com esta experiência real, em contrapartida, somos chamados a arregaçar as mangas e fazer a nossa parte pessoal.

O que redime o tempo vivido de cada ano novo é a sinceridade do amor. E amor só existe quando se aprende a tomar a iniciativa. Se ficarmos esperando que os outros mudem, que os outros façam, que os outros se empenhem e cruzamos nossos braços, o nosso viver vai se atormentando pelos sonhos que nós mesmos atraiçoamos. Amar a vida, amar o tempo e acolher o novo com a alegria da responsabilidade já é uma vitória antecipada e alcançada.

Não temos certezas dos resultados do que investimos agora, para o dia de amanhã, mas temos certeza de que o melhor de nós que investirmos hoje, amanhã nos deixará mais seguros e felizes, por termos feito o que devíamos fazer. Vamos passar de ano, com certeza, senão na escola institucional, ao menos na escola da vida, pois vida que é vida será um permanente aprendizado de amor.