quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

PARA MUDAR O MUNDO...

As férias estão maravilhosas, sol, mar, gente bonita... Mas a saudade que tenho de vocês, me obrigou a interrompe-las e escrever este post. As férias continuam, tudo de bom  para todos vocês,
Uma família, durante as férias, foi passear por uma floresta. Avistaram flores lindas, borboletas de todas as cores, ouviram o canto das aves, admiraram árvores gigantescas. Depois de longa caminhada, encontraram uma fonte que brotava da rocha e junto dela alguém escrevera uma frase: Aprendam de mim! O que podemos aprender com esta fonte? quis saber o pai.
A primeira a falar foi mãe. Esta fonte me ensina a persistência. Ela sabe o que quer. Nasce na profundidade da terra, brota da rocha, vai seguindo o seu caminho e um dia chegará até o mar. A filha apontou a pureza da fonte e sua gratuidade. Dava de beber aos visitantes, aos animais, levava vida às raízes das árvores, que produziam flores e frutas. E nada exigia por isso. Para o filho, a fonte servia a todos, indistintamente, amigos, estranhos, aves, animais, insetos. Finalmente o pai observou: cada um aprende o que quer, de acordo com sua experiência e seu coração, a fonte é a mesma, os corações é que são diferentes.
Isso vale para a vida. Cada um de nós carrega, nos olhos, alguns filtros e esses respondem de acordo com o coração. A pessoa bondosa descobrirá a bondade em toda a parte; a pessoa invejosa, em toda a parte, verá a inveja. A pessoa otimista terá mil motivos para se alegrar, enquanto o pessimista perceberá apenas falhas, má vontade e erros. São os filtros que formamos ao longo do tempo, mas que podem ser modificados.
 Na teoria do conhecimento se afirma que metade do sentido de uma frase está naquele que a profere, outra metade está naquele que a escuta. A mesma frase pode soar com diferentes sentidos. Os acontecimentos da vida também passam por esse crivo. Uma doença pode ser percebida como um castigo ou uma graça. Um erro pode ser percebido como fracasso ou como oportunidade para começar melhor em outras bases. O lobo, não importam suas palavras, será sempre lobo, enquanto o cordeiro sempre raciocinará como cordeiro.
A fonte da bondade deve brotar em nossos corações. Originando-se daí uma torrente de graças, que irá semeando alegria, partilha, pureza e serviço. Mas se a fonte for contaminada, surgirão as desavenças, a guerra, e o desamor. Para mudar o mundo, precisamos mudar nosso coração.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

ESTOU DE FÉRIAS

Queridos leitores:

Se o Blog não for renovado a contento,

Lembre-se que ninguém é de ferro

Com todo este calor infernal,

Mesmo aposentado,

Vou tirar umas férias...

Quero sentir-me livre!

Solto de tudo o que me prende

Fora dum quadro de moldura ocre.

sentir-me livre para viver noutro cenário

… De sol, praia e viagem!

Estou livre! A par com o tempo.

Estou em férias! Com asas de liberdade.

Vou voar! Solto, emancipado… com paz e desfrute.

Até breve ou até quando eu sentir saudades de vocês.


DEVIA SER MAS NÃO É.

Fico aqui do meu canto a observar aquele pedaço de Brasil situado na Esplanada dos Ministérios, mais conhecido como “Ilha da Fantasia”. Temo que a fantasia seja de nós, eleitores, iludidos pela esperança de que deputados federais e senadores iriam nos representar, lutar contra a desigualdade social, realizar a reforma agrária, promover o desenvolvimento sustentável. É verdade que há exceções, parlamentares que primam pela ética, transparência e coerência em seu compromisso com os mais pobres.
Diante daqueles que Lula, no passado, qualificou de “300 picaretas”, pior se somos tomados pela desesperança, a amargura, o nojo por essa política que se mescla de vacas de notas frias, ironias descabidas de ministros, reforma política de mero verniz, enquanto deputados e senadores, insatisfeitos com os aumentos salariais com que se premiaram há pouco, agora comemoram a recuperação de “verba indenizatória”.
As velhas oligarquias corruptas, varridas de outros países da América do Sul, encontraram no Brasil um eficaz artifício para aplicar o conselho de Lampedusa, mudar para tudo ficar como está. Admitiram a eleição de candidatos de “esquerda” para saciar a sede de poder da antiga oposição e assegurar a velha ordem de latifundiários, usineiros, especuladores, enfim, os “donos do poder” a que se referia Raimundo Faoro em seu clássico livro.
No cárcere, Gramsci escreveu em seu Caderno Três: “Se a classe dominante perde o consenso, deixa de ser dirigente, torna-se unicamente dominante, detém apenas a força coercitiva, o que comprova que as grandes massas se alijaram da ideologia tradicional, não crendo mais no que antes acreditavam.”
PMDB, DEM, PSDB e PR representam a classe dominante e, graças ao distanciamento do PT dos movimentos sociais, continuam também como classe dirigente. A direção do país está em mãos de uma coalizão partidária que não diverge frontalmente dos interesses dominantes, e até os reforça mediante a política econômica que prioriza os interesses do capital.
Nesses anos de governo, o PT perdeu, por inabilidade política e falta de ética de alguns de seus dirigentes, a chance de se constituir no que Gramsci qualifica de “bloco histórico no poder”. Exemplo é o que se formou na virada das décadas 1970/1980, centrado na derrubada da ditadura: setores progressistas de partidos políticos, CNBB, OAB, ABI, sindicatos e movimentos sociais se articularam contra o regime. Em torno da bandeira comum de “redemocratização”, cada corporação também identificava ali seu projeto especifico.
O bloco histórico ensaiado pelo PT não logrou obter consenso popular. Armou-se uma coligação de cúpula entre partidos, sem que as bases fossem consultadas. E perdeu-se a outra dimensão do histórico, a que define estratégias a longo prazo para alcançar determinadas metas. Sem atacado, caiu-se no varejo de uma governabilidade que se apóia em políticas pontuais, sazonais, como o Bolsa Família e o PAC, sem que se configure o perfil de um “outro Brasil possível”.
O que deveria estar em jogo no debate da reforma política são as concepções de nação e de Estado, o aprimoramento da democracia mediante a interação da sociedade civil com o poder público, a instauração de uma institucionalidade ética, para que não dependa de virtudes pessoais, e outros temas pertinentes. O que vemos é o reinado do pragmatismo eleitoralista, do corporativismo remissivo, da leniência frente à corrupção.
Permitir que a classe dominante desfrute da posição de classe dirigente é impedir que a pobreza, como fenômeno estrutural, seja efetivamente erradicada no Brasil. Malgrado a pesada carga tributária, beirando os 40% do PIB, multiplica-se o número de brasileiros que, com grande sacrifício, recorrem à escola particular, aos planos de saúde privados, a empresas de segurança, quando todos sabemos que educação, saúde e segurança são o mínimo que o poder público tem obrigação de assegurar aos cidadãos.
Neste ano teremos eleições para deputados, senadores, governadores e presidência da república. É hora de iniciar o debate para escolher candidatos comprovadamente éticos, comprometidos com movimentos populares e dotados de propostas estratégicas para a melhoria de nosso País. 

TEMOS QUE INTERROMPER O CICLO QUE LEVA ÀS DROGAS E O CRIME.

Investir nos jovens é garantia de dividendos econômicos e sociais. A falta de assistência é o empurrão, muitas vezes sem volta, ao mundo da violência e das drogas. A relação é tão óbvia que pode soar até um despropósito a sua alusão. Mas apesar dessa flagrante evidência, milhões de jovens brasileiros estão fora da escola, desempregados e desesperançados porque não receberam a necessária atenção.
O relatório Jovens em Situação de Risco no Brasil, divulgado pelo Banco Mundial, deixa mais uma vez bem claro que a ausência de investimento em programas voltados ao público desta faixa etária, no campo da educação principalmente, tem o peso de uma condenação para o resto da vida. Em primeiro lugar porque sem a formação profissional que o mercado de trabalho exige, raros conseguem fugir da exclusão. Em segundo, porque a condição de preterido pode levá-los a assumir comportamentos que cruzam com facilidade pelas portas que conduzem ao uso de drogas e à prática de crimes. Aqui não se encaixa, é importante ressaltar, a parcela de adolescentes classe média que aderiu à barbárie sem motivo aparente, como o grupo que espancou covardemente uma doméstica no Rio de Janeiro.
O estudo estima em R$ 300 bilhões o valor que o Brasil deixará de ganhar em 40 anos se a juventude não deixasse de estudar e de trabalhar. O cálculo financeiro é interessante, mas mais relevantes são os efeitos sociais. Hoje, 20% dos jovens brasileiros não estudam nem trabalham e essa situação certamente trará reflexos negativos para o futuro - já sentidos atualmente.
Desassistidos, adolescentes e jovens entregam-se à ociosidade, contribuem para o aumento do consumo de drogas e para elevar os índices de insegurança. A violência cobra um preço muito caro, hoje avaliado apenas no campo econômico em 5% do Produto Interno Bruto, que poderia ser economizado se valores financeiros bem menores fossem aplicados na educação de muitos dos que cometem os crimes. Está mais do que na hora de o bom senso interromper esse ciclo, não apenas pelas perdas monetárias, mas em especial pelas vidas desperdiçadas de inocentes vítimas de criminosos e de alguns destes, que nunca tiveram o direito à escolha.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

O MAL NÃO EXISTE.

Deus criou o universo, criou a terra, nossa casa, nosso planeta, encheu-o de água, verde, pássaros, peixes, insetos de todos os tipos. Encheu-o de vida. Encheu-o de flores e frutas. Fez dele um jardim. Depois pensou: vou criar alguém bem parecido comigo. Criou o homem e a mulher. Contemplando toda sua obra de arte, viu que tudo estava perfeito. A Bíblia nos diz que Deus, depois de ter criado tudo, “viu que tudo era bom”. Nada do que sai de Deus é mau. Tudo é bom. Deus é a fonte do bem, da paz, da harmonia, do amor, da vida, da alegria e da felicidade.
A pessoa que pensa que é Deus quem faz os vendavais e os acidentes, quem cria a fome e a violência, quem cria o deficiente físico e mental, quem inventa a doença e a morte, essa pessoa é cruel e irresponsável. Coloca nos ombros e na obra de Deus aquilo que é totalmente criação nossa. Deus é bem, sumo bem, grande bem e eterno bem.
O MAL NÃO EXISTE. O que existe é a ausência do bem. Ausência de pessoas de bem e que fazem o bem. Então, o mal é como o preenchimento do vazio deixado pela ausência do bem. As pessoas más agem porque as pessoas de bem se omitem, se calam e deixam de fazer sua parte, como parceiros da obra de Deus. Na medida em que o bem é feito, o mal desaparece.
O FRIO NÃO EXISTE. Existe a ausência do calor. Na medida em que o calor vai tomando conta, o frio desaparece. Assim na medida em que as pessoas vão esquentando a sociedade com atitudes de amor e dedicação, o frio da indiferença e descrença desaparece.
A ESCURIDÃO NÃO EXISTE. Existe a ausência da luz. A noite é escura pela ausência do sol. O sol chegando faz desaparecer a escuridão. Nossa sociedade necessita de muitas pessoas que sejam luz, que iluminem com sua fé e esperança, com seu otimismo e construção do bem, e assim a escuridão da preguiça e do comodismo irão desaparecendo.
O ÓDIO NÃO EXISTE. Existe a falta do amor. Das pessoas que amam. Dos gestos de amor. O vazio do amor no coração das pessoas faz com que a negação do amor, que recebe o nome de ódio, se faça presente. E como o coração humano somente se realiza na medida do amor, é possível fazer desaparecer o ódio com a força positiva e a presença do amor.
A MORTE NÃO EXISTE. Existe a ausência da vida. A busca e o cultivo da vida é a destruição da morte. A essência de Deus é vida. Tudo é vida. Deus gera somente vida. Quem é de Deus e escolhe Deus, está envolvido de vida e a morte não tem espaço.
UM DIA HAVERÁ SOMENTE O POSITIVO. O positivo é o partido de Deus. Em Deus não há sombra de negativismo. Quem está com Deus está com a vida e o amor, com a paz e a alegria, com a felicidade e a luz, com o calor e o bem total. É a vitória da vida e do bem. A vitória de Deus sobre todos aqueles que se escolheram a si mesmos e por isso viveram na escuridão e no desamor.

A DIMENSÃO DA ÉTICA.

Sócrates foi condenado à morte por heresia, como Jesus. Acusaram-no de pregar aos jovens novos deuses. Tal iluminação não lhe abriu os olhos diante do céu, e sim da terra. Percebeu não poder deduzir do Olimpo uma ética para os humanos. Os deuses do Olimpo podiam explicar a origem das coisas, mas não ditar normas de conduta.
A mitologia, repleta de exemplos nada edificantes, obrigou os gregos a buscar na razão os princípios normativos de nossa boa convivência social. A promiscuidade reinante no Olimpo, objeto de crença, não convinha traduzir-se em atitudes; assim, a razão conquistou autonomia frente à religião. Em busca de valores capazes de normatizar a convivência humana, Sócrates apontou a nossa caixa de Pandora: a razão.
Se a moral não decorre dos deuses, então somos nós, seres racionais, que devemos erigi-la. Em Antígona, peça de Sófocles, em nome de razões de Estado Creonte proíbe Antígona de sepultar seu irmão Polinice. Ela se recusa a obedecer “leis não escritas, imutáveis, que não datam de hoje nem de ontem, que ninguém sabe quando apareceram”. É a afirmação da consciência sobre a lei, da cidadania sobre o Estado.
Para Sócrates, a ética exige normas constantes e imutáveis. Não pode ficar na dependência da diversidade de opiniões. Platão trouxe luzes ensinando-nos a discernir realidade e ilusão. Em República, lembra que para Trasímaco a ética de uma sociedade reflete os interesses de quem ali detém o poder. Conceito retomado por Marx e aplicado à ideologia.
O que é o poder? É o direito concedido a um indivíduo ou conquistado por um partido ou classe social de impor a sua vontade à dos demais.
Aristóteles nos arranca do solipsismo ao associar felicidade e política. Mais tarde, Santo Tomás, inspirado em Aristóteles, nos dará as primícias de uma ética política, priorizando o bem comum e valorizando a soberania popular e a consciência individual como reduto indevassável. Maquiavel, na contramão, destituirá a política de toda ética, reduzindo-a ao mero jogo de poder, onde os fins justificam os meios.
Kant dirá que a grandeza do ser humano não reside na técnica, em subjugar a natureza, e sim na ética, na capacidade de se autodeterminar a partir de sua liberdade. Há em nós um senso inato do dever e não deixamos de fazer algo por ser pecado, e sim por ser injusto. E nossa ética individual deve se complementar pela ética social, já que não somos um rebanho de indivíduos, mas uma sociedade que exige, à sua boa convivência, normas e leis e, sobretudo, a cooperação de uns com os outros.
Hegel e Marx acentuarão que a nossa liberdade é sempre condicionada, relacional, pois consiste numa construção de comunhões, com a natureza e os nossos semelhantes. Porém, a injustiça torna alguns dessemelhantes.
Nas águas da ética judaico-cristã, Marx ressalta a irredutível dignidade de cada ser humano e, portanto, o direito à igualdade de oportunidades. Em outras palavras, somos tanto mais livres quanto mais construímos instituições que promovam a felicidade de todos.
A filosofia moderna fará uma distinção aparentemente avançada e que, de fato, abre novo campo de tensão ao frisar que, respeitada a lei, cada um é dono de seu nariz. A privacidade como reino da liberdade total. O problema desse enunciado é que desloca a ética da responsabilidade social (cada um deve preocupar-se com todos) para os direitos individuais (cada um que cuide de si).
Essa distinção ameaça a ética de ceder ao subjetivismo egocêntrico. Tenho direitos, prescritos numa Declaração Universal, mas e os deveres? Que obrigações tenho para com a sociedade em que vivo? O que tenho a ver com o faminto, o oprimido e o excluído? Daí a importância do conceito de cidadania. As pessoas são diferentes e, numa sociedade desigual, tratadas segundo sua importância na escala social. Já o cidadão, pobre ou rico, é um ser dotado de direitos invioláveis, e está sujeito à lei como todos os demais.
O capitalismo associa liberdade ao dinheiro, ou seja, ao consumo. A pessoa se sente livre enquanto satisfaz seus desejos de consumo e, através da técnica e da ciência, domina a natureza. A visão analítica não se pergunta pelo significado desse consumismo e pelo sentido desse domínio. E, de repente, a humanidade desperta para os efeitos nefastos de seu modo de subjugar a natureza: o aquecimento global faz soar o alarme de um novo dilúvio que, desta vez, não virá pelas águas, e sim pelo fogo, sem chances de uma nova Arca de Noé.
A recente consciência ecológica nos amplia a noção de ethos. A casa é todo o Universo. Lembre-se: não falamos de Pluriverso, mas de Universo. Há uma íntima relação entre todos os seres visíveis e invisíveis, do macro ao micro, das partículas elementares aos vulcões. Tudo nos diz respeito e toda a natureza possui a sua racionalidade imanente. Segundo Teilhard de Chardin, o princípio da ética é o respeito a todo o criado para que desperte suas potencialidades. Assim, faz sentido falar agora da dimensão holística da ética.
O ponto de partida da ética é assinalado por Sócrates: a polis, a cidade. A vida é sempre processo individual e social. A ótica neoliberal diz que cada um deve se contentar com o seu mundinho. Mas fica a pergunta de Walter Benjamin: o que dizer a milhões de vítimas de nosso egoísmo?

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

PESOS E MEDIDAS

Numa cidade do interior, um padeiro foi ao delegado e apresentou queixa contra o vendedor de açúcar que, segundo ele, estava roubando, pois vendia apenas 800 gramas de açúcar como se fosse um quilo. O delegado foi conferir e constatou a veracidade da denúncia. Mandou, então, prender o vendedor de açúcar sob a acusação de estar adulterando a balança.
Ao se apresentar ao delegado, o vendedor de açúcar admitiu que não possuía uma balança em condições em sua casa. Possuía apenas os pratos da balança, mas não o peso, mas que procurava sempre ser honesto em tudo. O delegado quis saber qual o critério para saber o peso do açúcar. E o vendedor explicou que todos os dias comprova dois pães do padeiro cada um deles pesando meio quilo. Colocava-os num dos pratos da balança e no outro prato ia colocando açúcar. Quando o fiel da balança se equilibrava, então ele sabia que tinha um quilo de açúcar. Para tirar a prova, o delegado mandou comprar dois pães na padaria do acusador e constatou que os dois pães de meio quilo não perfaziam um quilo. De acusador, o padeiro passou a ser o acusado.
Reformar o mundo é uma aspiração universal. Todos queremos mudar o mundo, mas esquecemos de começar no ponto certo: nós mesmos. Carregamos nossos defeitos às costas e por isso não os vemos, diziam nossos avós. Mas vemos com nitidez os defeitos dos outros. E sempre damos um jeito de exagerar o tamanho dos defeitos dos outros. Hipócrita, declara o Evangelho, tira primeiro a trave que está em teu olho. E a linha evangélica continua: “Com a mesma medida que medirdes, sereis medidos” (Marcos 4,24 ). No Pai-Nosso fazemos uma proposta a Deus, que pode tornar-se perigosa: perdoai-nos assim como nós perdoamos.
Criticar é fácil. E muitos exercem a crítica sem nenhuma autoridade moral. Criticar é cômodo, porque transfere a responsabilidade para os outros. Mais ainda: o crítico assume ares superiores. Ele é juiz e seu critério é único, acima de suspeitas. Isso até que alguém descobre que seu quilo pesa apenas 800 gramas. Ou menos.
Um nobre inglês mandou escrever em seu túmulo uma pequena história: a história de sua vida. Quando era jovem pretendia reformar a Inglaterra, com o tempo reduziu sua pretensão a uma Província. Nada mudou. A partir daí tentou modificar sua família, mas essa continuou igual. Ele deu-se conta - tarde demais - do seu erro. Se ele tivesse mudado a si mesmo, a família teria sentido a influência e, pelo menos, um pouco teria mudado a Província e a própria Inglaterra.
Não deixa de ter alguma sabedoria a afirmação: dize-me o que criticas e dir-te-ei o que és. Uma afirmação do futebol - nem sempre eficiente - ajuda a entender esta perspectiva: a melhor defesa é o ataque. Há um perigo: partindo para o ataque, a defesa fica vulnerável. De resto é perigoso acusar os outros com o dedo sujo.

UM SOL NA NOITE

É noite muito escura. Um menino anda pela rua com o pai. Surpreendendo o pai pergunta: onde está o sol? Ele também vai dormir? Onde ele se esconde? Ele também vai para a cama? O pai tenta explicar aquilo que é muito normal e comum, mas que também pode tornar-se uma pergunta surpresa para quem vive envolvido em si mesmo e no materialismo do dia-a-dia, e que esquece, ou acha que não tem tempo, para fazer e responder às perguntas da vida.
O SOL CONTINUA EXISTINDO. Aqui em nosso lado da terra é escuro. Noutro lado está a luz. Em certas noites o sol nos visita através da lua. O sol bate na lua e vai nos dizendo: eu continuo existindo. No meio da escuridão, na lua se faz presente o rosto do sol. Há os que preferem a escuridão. Gostariam de negar o sol. Gostariam de afirmar: o sol não existe. Mesmo assim, na escuridão da noite, o sol continua existindo. Teimosamente, de manhã, está lá no horizonte para nos dizer um “bom dia!” Mesmo que as nuvens venham esconder seu rosto, ele continua existindo e fazendo sua caminhada e sua missão.
DEUS CONTINUA EXISTINDO. Deus é como o sol. Muitas crianças grandes perguntam: onde está Deus? Deus desapareceu de minha vida! Onde está Deus? O mal tomou conta da terra! Há milhões de pessoas que afirmam: Deus está morto! Deus não existe! Essas pessoas estão andando na noite da vida. Estão na noite da descrença. E porque em seu coração e em seu orgulho o Grande Sol desapareceu, não significa que deixou de existir. Ele está no outro lado da vida. No outro lado dos fatos. Deus continua o mesmo como o sol continua o mesmo na noite da terra. Inutilmente as criaturas tentam negar o Criador. Inutilmente o filho tenta negar o Pai. Mesmo que o filho desapareça na escuridão da maldade, do orgulho e da auto-suficiência, o Sol-Deus continua brilhando para as pessoas que buscam sua luz, energia e calor.
UM DEUS NA NOITE DA VIDA. Não há como viver sem o sol. Mesmo que ele não esteja presente, sua presença é necessária. A vida da noite está ligada à vida do dia. Assim, muitas pessoas, no desespero das dificuldades, sofrem a tentação de dizer que Deus as abandonou. Ou mesmo numa situação de sociedade desordenada e violenta, surge a tentação de dizer que “o dono abandonou o mundo”. Na verdade, Ele continua como um sol que, no outro lado da vida, continua presente e sendo a luz, o calor e a energia. E mesmo sabendo que mais de sete milhões de brasileiros, que milhões de outros seres humanos nesta terra, sejam descrentes e mesmo neguem o Sol da humanidade, Ele continua existindo e vencendo todas as noites da vida. Teimosamente, Ele nasce em cada rosto de criança, em cada manifestação de vida de nosso universo. E chegará um tempo em que a noite será como o dia.

RESILIÊNCIA...

Depende de nós fazermos com que os transtornos climáticos não se transformem em tragédias, mas em crises de passagem para um nível melhor na relação ser humano e natureza. É neste contexto que convém trazer à baila o conceito de resiliência, não muito usado entre nós, mas com crescente circulação em outros centros de pensamento.
O termo possui sua origem na metalurgia e na medicina. Em metalurgia resiliência é a qualidade dos metais que recobrarem, sem deformação, seu estado original após sofrerem pesadas pressões. Em medicina do ramo da osteologia é a capacidade dos ossos crescerem corretamente após sofrerem grave fratura. A partir destes campos, o conceito migrou para outras áreas como para a educação, a psicologia, a pedagogia, a ecologia, o gerenciamento de empresas, numa palavra, para todos os fenômenos vivos que implicam flutuações, adaptações, crises e superação de fracassos ou de estresse.
Resiliência comporta dois componentes: resistência face às adversidades, capacidade de manter-se inteiro quando submetido a grandes exigências e pressões e, em seguida, é a capacidade de dar a volta por cima, aprender das derrotas e reconstituir-se, criativamente, ao transformar os aspectos negativos em novas oportunidades e em vantagens. Numa palavra, todos os sistemas complexos adaptativos, em qualquer nível, são sistemas resilientes. Assim são cada pessoa humana e o inteiro sistema-Terra.
Os riscos advindos do aquecimento global, da escassez de água potável, do desaparecimento da biodiversidade e da crucificação da Terra que possui um rosto de terceiro-mundo e pende de uma cruz de padecimentos, devem ser encarados menos como fracassos e mais como desafios para mudanças substanciais que enriquecerão nossa vida na única Casa Comum. Resignar-se e nada fazer é a pior das atitudes, pois implica renunciar à resiliência e às saídas criativas.
Os estudiosos da resiliência nos atestam que para sermos resilientes positivamente precisamos antes de tudo cultivar um vínculo afetivo, no caso, com a Terra: cuidá-la com compreensão, compaixão e amor; aliviar suas dores pelo uso racional e contido de seus recursos, renunciando a toda violência contra seus ecossistemas; o Norte deve praticar uma retirada sustentável no seu afâ de consumo para que o Sul possa ter um desenvolvimento sustentável e em harmonia com a comunidade de vida. Importa alimentar otimismo, pois a vida passou por inúmeras devastações e sempre foi resiliente e cresceu em biodiversidade. Decisivo é projetarmos um horizonte utópico que dê sentido às nossas alternativas que irão configurar o novo que nos salvará a todos. Importa manter a saúde num ambiente doentio e assim Gaia será também saudável e benevolente para com todos.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

A ÁRVORE DOS PROBLEMAS

Era um daqueles dias em que nada dera certo. Um carpinteiro iniciou uma série de reformas numa fazenda. A serra elétrica estragou, o material prometido não foi entregue, seu ajudante adoeceu e - para piorar a situação - o carro enguiçou. Evidentemente aquele dia não deixaria saudades. O proprietário, solidário com ele, ofereceu-se para levá-lo à sua residência. O carpinteiro convidou-o a conhecer sua família: esposa, dois filhos e uma filha. Antes de entrar, com delicadeza, tocou o galho de uma pequena árvore no pátio.
Ao ingressar na residência, foi muito afável, beijando a esposa, e dizendo uma palavra para cada um dos filhos. Na saída, curioso, o dono da fazenda quis saber porque tocara o galho da árvore. Esta é a “árvore dos problemas”, explicou ele. A cada noite penduro em seus galhos os problemas do dia. Não tenho o direito de atrapalhar minha família com meus problemas profissionais. Naturalmente, no dia seguinte, retomo cada um dos problemas. E concluiu: sabe de uma coisa: na manhã seguinte, os problemas parecem-me bem menores.
Todos nós podemos carregar grandes pesos num pequeno percurso, em seguida precisamos descansar um pouco. Na sociedade atual são importantes as férias e a lei prevê 30 dias. Muitos preferem parcelar esses 30 dias. A pessoa preocupada com sua saúde mental abre espaço para outras férias. Cada fim de semana pode ser um momento de férias. Igualmente, terminado o trabalho do dia, a pessoa - e com ele a família - pode entrar em férias por algumas horas. No dia seguinte terá outra disposição para o trabalho e para a solução dos problemas.
A experiência garante que em onze meses trabalhamos mais do que em doze e em seis dias trabalhamos mais do que em sete. A Bíblia, em sua primeira página, lembra que, após os seis dias da criação, o próprio Deus descansou.
É inteligente também fazer prevalecer uma escala de valores. E nessa escala, a família precisa sempre estar acima da profissão. Trabalhamos para a família e não podemos sacrificá-la em função de um rendimento maior. Depois de um dia tenso, o pai (ou mãe) tem direito da tranqüilidade do lar. E a família também tem o direito de ter um pai tranqüilo. E esse período não é perdido. Pelo contrário, possibilita a uma solução muito melhor no dia seguinte. Quando as coisas se apresentam difíceis e complicadas, o amor sereno e solidário da família é um imenso dinamismo, gerando forças e inteligência para superar os problemas.
Existe também um argumento de fé. Deus é Pai e devemos aprender a confiar Nele. Ele nos lembra que é suficiente carregar apenas o peso do dia e não dos dias seguintes. Cada dia tem seu peso. 

VIVER NUM MUNDO AMIGÁVEL.

É certo que mundo animal, vegetal e mineral anda no ritmo e no compasso do coração das pessoas. A humanidade em guerra resulta numa terra em revolução e desintegração. A humanidade em paz resulta numa terra vivendo num clima de paz e harmonia.
DEUS CULTIVA UM SONHO. É o paraíso. Terra paraíso.Universo paraíso. Deus escreveu seu pensamento no livro do Gênesis, quando nos destinou para vivermos na harmonia e paz de um jardim. Jardim de flores e perfumes. Jardim alimentado por frutas de todos os sabores. Jardim de fontes e águas abundantes que irrigam todos os seres, em todas as direções. Jardim de animais irmãos, deitados e pastando juntos. A mesma vida em fraternidade. Jardim de homens e mulheres, simbolizados em Adão e Eva, que conviviam no amor perfeito e na árvore da vida sem fim. O Criador caminhando entre suas criaturas. Os passos de Deus no ritmo dos passos dos seres humanos. Esse sonho continua vivo no coração de Deus, mesmo não sendo correspondido e aceito por muitos dos seus filhos e filhas. Mas há corações humanos que se tornam sonhos vivos de Deus nas pessoas de muitos santos e santas, nas pessoas que se dedicam a cuidar da terra como jardineiros de Deus.
A HUMANIDADE CULTIVA UM SONHO. É o sonho da fraternidade. É o sonho do profeta Isaias, misturando o sonho de Deus com o sonho humano, onde “o lobo será hóspede do cordeiro, o leopardo deitará com o cabrito, a vaca e o urso pastarão lado a lado, o leão comerá capim junto com o boi, a criança brincará com a serpente. Não haverá mal e nem destruição. A terra estará cheia do conhecimento do Senhor.” A humanidade, como um todo, parece estar muito longe desse sonho. Mas, ali pertinho, no grupinho familiar, na comunidade que se ama, nos ambientes escondidos e sem notícias de casas religiosas, no silêncio de monges que contemplam o universo, nos corações que admiram e vivem do jeito que Deus quer, esse sonho se torna presente, aqui e agora, nesta terra.
ESSE SONHO SERÁ REALIDADE. Já está sendo realidade para multidões de pessoas que passaram por esta terra cuidando do jardim de Deus. Amando e sendo amadas. Cultivando a fraternidade e a harmonia. Essas pessoas que passaram fazendo o bem estão vivendo esse universo de total fraternidade e amor, de plena vida e paz. Sonharam o sonho de Deus de “um novo céu e uma nova terra... sem lágrimas e dores, sem luto e morte.” Este sonho está em meu coração e em seu coração. Que bom sermos mais dois... e mais um...e mais dois, desde agora, cultivando o jardim de Deus. Não necessitamos fugir deste mundo com pregações de “outro mundo... .” Seremos seres cósmicos, porque o universo é o “cosmos” de Deus, quer dizer, a beleza de Deus.

VAMOS TER: REFORMA POLÍTICA OU COSMÉTICA?

A quem interessa a reforma política ora debatida no Congresso Nacional? Em primeiro lugar, aos atuais políticos, ciosos em cultivar suas ambições eleitorais. Primeiro eu, depois o nós e, quem sabe, o vós... Salvo honrosas exceções, eleger-se a uma função pública virou, neste país, meio de vida. Adquire-se status, posa-se de autoridade, reveste-se de imunidade, amplia-se o patrimônio pessoal, cerca-se de bajuladores...
Há quem procure escapar das malhas da Justiça elegendo-se deputado ou senador, que injustamente tem direito a foro privilegiado quando sob acusação. E não se conhece um único caso de condenação pelo Supremo Tribunal Federal.
Tivesse o nosso Direito vergonha na cara, investidos de mandato popular os políticos deveriam ser julgados por júri popular e sujeitos a penalidades mais rigorosas. Primeiro, porque a autoridade não reside neles. Reside no povo que os elegeu. Este o fundamento da democracia, que se perverte quando o político se apropria de uma legitimidade que, de fato, pertence aos eleitores. Político é servidor público e tem obrigação de prestar contas a quem o elege, emprega e paga seus salários: o povo.
Quem ocupa uma função pública tem o dever de dar exemplo aos cidadãos. Como falar em ética e bem comum, na família e na escola, se há políticos que se destacam pela corrupção, o nepotismo e repetem na vida pública o que fazem na privada?... Agora sabemos que a agropolítica é bem mais lucrativa que o agronegócio.
A reforma política corre o risco de se reduzir a mero arranjo cosmético em nosso sistema eleitoral. Mudam-se as regras de postulação e escolha de candidatos, sem mexer no mais importante: democratizar nossas instituições; criar condições para que as maiorias sociais se tornem maiorias políticas; regulamentar e ampliar mecanismos de participação direta da população no poder público; agilizar a prática freqüente de referendos e plebiscitos; instituir a revogabilidade de mandatos; reverter o processo de privatização de nossa democracia formal; desfinanceirizar as disputas eleitorais etc.
Julgam muitos eleitores que o Congresso é composto de parlamentares identificados com os programas de seus respectivos partidos. Acontece, mas é raro. A maioria dos parlamentares, ao contrário de Vargas que saiu da vida para entrar na história, prefere sair da história para cair na vida...
De fato, quase sempre os partidos servem de biombos para encobrir as verdadeiras legendas políticas fortemente representadas ali: empreiteiras e donos do capital, especuladores e investidores estrangeiros, latifúndios e usinas, fábricas de armas, tabaco e bebidas alcoólicas etc.
Por isso, o Brasil continua como o único país das três Américas que jamais promoveu reforma agrária, vital para arrancá-lo do atraso e torná-lo gigante não apenas pela própria natureza... Basta lembrar que, até hoje, não avançou no Congresso a proposta de expropriação sumária das terras em que se comprova a existência de trabalho escravo.
Por que a sociedade civil organizada não lota as galerias do Congresso enquanto se debate a reforma política? De que adianta reclamar se nos omitimos em participar? A educação política de uma nação passa necessariamente pela qualidade do voto. Ano que vem o eleitor será convocado a escolher novos Senadores, Deputados Federais, Governadores e Presidente da república. Quais os critérios da sua escolha? Como não escolher rato por pato?
Eis o debate a ser iniciado agora. Caso contrário, corre-se o risco de repudiar a política e os políticos, e clamar pelo fim do voto obrigatório. Isso só teria sentido se não favorecesse os políticos safados e os partidos de aluguel, que preferem a população indiferente à política. Para eles, quanto menos controle do eleitor, melhor.
Quanto ao voto facultativo, sou a favor desde que pagar impostos também o seja. Se me dão o direito de me omitir na esfera política, por que me obrigam a sustentar a poderosa máquina do Estado? Como não existe poder sem depender dos tributos da população, quero sim que a política dependa cada vez mais da participação dos cidadãos, ainda que o façam como dever, e não como prazer.

CONTESTADO O EFEITO DA VITAMINA C CONTRA A GRIPE.

Dados da Organização Mundial da Saúde apontam que de 10% a 20% da população mundial é infectada anualmente pelo vírus da gripe, que ataca principalmente durante o inverno. Isso representa 1 bilhão de casos. No Brasil, são cerca de 18 milhões de casos por ano, com média de 15 mil mortes decorrentes da doença ou de suas conseqüências.
Para combater gripes e resfriados, a população recorre a uma receita antiga: chá, repouso e vitamina C, além dos remédios antigripais, vendidos sem receita médica, para amenizar os incômodos sintomas. A popular vitamina C costuma ser usada tanto para combater quanto para prevenir esses males. Porém, estudo recente constata que a crença de que essa substância reduz os riscos de contrair gripe e resfriado é um mito. Ela só traz benefícios para atletas de alto desempenho.
A fama da vitamina C iniciou na década de 70, quando o químico americano Linus Pauling, ganhador de dois prêmios Nobel, lançou o livro “Vitamina C e o Resfriado”. Pauling defendia que a ingestão de um grama diário de vitamina C era capaz de diminuir em 45% a incidência de resfriados. A promessa de agir contra uma das doenças mais comuns da população, aliada à reputação de um cientista como Pauling e à extensa publicidade dos laboratórios farmacêuticos, fez da vitamina C a campeã de vendas dos suplementos nutricionais, e assim permanece até hoje. Além de consumir alimentos ricos na substância, muitas pessoas ingerem cápsulas da vitamina na esperança de tornarem-se imunes a gripes e resfriados.
Agora, porém, profissionais da saúde colocam em dúvida o método lançado por Pauling há quase 40 anos. No maior estudo de revisão sobre o papel da vitamina C no combate a gripes e resfriados, pesquisadores europeus concluíram que ela é absolutamente ineficaz para a grande maioria da população. O benefício da substância só é percebido em atletas de alto desempenho, como maratonistas.
De acordo com a pesquisa, no grupo dos atletas, os que tomavam a vitamina regularmente ficavam doentes com uma freqüência 50% menor. No entanto, para o restante das pessoas, os efeitos preventivos da vitamina C eram nulos. A pesquisa considerou atletas aqueles que treinam no mínimo uma hora e meio por dia, de cinco a seis vezes por semana. A vitamina mostrou-se útil apenas para aliviar os sintomas das gripes e resfriados e para diminuir o mal-estar - o que não deixa de ser bom. Mesmo assim, os especialistas afirmam que a ingestão rotineira da substância não se justifica.
Os pesquisadores foram reunidos pela The Cochrane Collaboration, uma instituição internacional independente, com sede na Inglaterra, que se dedica à análise crítica de teses e pesquisas científicas já divulgadas. Foram compilados dados de 30 estudos realizados de 1990 a 2006, envolvendo no total 11.350 participantes. Todos os adeptos da vitamina consumiam doses diárias de no mínimo 200 miligramas.

domingo, 12 de janeiro de 2014

MINHA AMIGA INSEPARÁVEL

Quando eu a conheci tinha 16 anos. Ela era mais velha e foi-me apresentada por amigos numa festa. Foi um amor à primeira vista. Um amor ardente, absoluto, encantador. Ela me enlouquecia. Eu não conseguia pensar em mais nada, a não ser nela. Eu não conseguia viver sem ela. Mas era um amor proibido. Meus pais não a aceitavam. Na escola fui repreendido. Passamos a nos encontrar às escondidas. Ela acabou por me afastar até dos meus melhores amigos. Os momentos passados com ela eram inebriantes. Porém, ela era possessiva e exigia cada vez mais dinheiro. Eu não sabia, eu não queria dizer não. Primeiro peguei dinheiro emprestado, depois roubei.
Fugindo da polícia, recebi um tiro numa perna e tive de passar pelo hospital, pela cadeia e depois por uma casa de recuperação. Forçado fisicamente a viver sem ela, dei-me conta do engano. Não era minha amiga. Era uma ladra: roubou minha liberdade, roubou minha saúde física e mental, roubou minha alegria de viver, roubou meu dinheiro, roubou meus amigos, roubou minha família... Quase roubou meu futuro. Esta ladra se chama “droga”.
Na fábula dos animais, certo dia, a raposa viu um letreiro na entrada de uma gruta. Dizia: “Palavra de leão, podeis entrar confiadamente”. Em tempo, a raposa deu-se conta que havia pegadas de animais entrando na gruta, nenhuma pegada de animais saindo.
Assim é a droga: é fácil entrar, mas nem sempre é possível sair. São, muitas vezes, jovens vidas ceifadas ou mofando no presídio e agonizando com o vírus HIV. A modelo britânica Naomi Campbell fez a experiência: “Eu me senti invencível, como se pudesse conquistar o mundo. Mas é um erro. Quando acorda no dia seguinte, tudo passou e você se sente muito mal”.
Nenhuma família pode garantir: isto não vai acontecer com meu filho. A droga tem invadido também famílias bem estruturadas. Mas convenhamos, nesta situação, o perigo é bem menor.
Algumas pistas podem ajudar os pais. A primeira delas é a vida harmoniosa do próprio casal e o tempo reservado aos filhos. A bebida e o cigarro também são drogas, embora consideradas lícitas, mas preparam o caminho dos tóxicos. Dinheiro em excesso não faz bem a um jovem, que sempre vai querer novas emoções e novos sonhos. O diálogo, iniciado já nos primeiros anos, torna mais difícil o encontro com a droga. Os pais devem acolher, em suas casas, os amigos e amigas de seus filhos. Isso ajudará também a perceber o caráter deles.
Outro fator considerado essencial passa pela formação moral dos filhos. Quando os filhos são orientados para uma escala de valores morais, quando Deus, quando a fé e quando a prática religiosa fazem parte da vida dos filhos, a droga - a ladra, disfarçada de amiga -, encontrará a porta fechada. De resto, o preço da educação é o amor exigente.

SERÁ QUE ENCONTRAMOS DEUS?

Deus “existe”, dizem os teístas. Só existe “um Deus”, dizem os monoteístas. Os deuses existem e são muitos, dizem os politeístas. Deus “não existe”, dizem os ateus. Deus “talvez” exista, dizem os agnósticos. Deus disse, Deus fez, Deus mandou, Deus “está me revelando” algo, dizem os crentes propensos ao milagre. Não sei como Deus é, nunca ouvi a sua voz. Jamais o vi e creio que jamais o verei neste mundo, mas espero vê-lo um dia, dizem outros crentes mais dados à reflexão.
Bilhões de seres humanos dizem que o conhecem “mais do que os outros”, que o experimentaram mais do que os outros e que o adoram mais do que os outros. Vão mais longe: garantem que sabem o caminho para Deus.
Na verdade, a maioria deles não adora a Deus: o que eles adoram é o seu jeito de adorar a Deus. E tanto isso é verdade que têm enorme dificuldade de conviver com pessoas de outro credo, outras religiões e outros conceitos de Deus.
Gastam mais tempo em tentar convencer os outros a aderirem à sua maneira de crer em Deus e a vir para o seu ângulo de verdade, do que de fato procurando a verdade. Têm tanta certeza que já a encontraram que pararam de procurá-la. E, exatamente porque pararam de procurá-la, se tinham algum aspecto dela, perderam-na de vez.
A grande verdade sobre a existência de Deus é que quem se gaba de havê-lo encontrado corre o risco de perdê-lo, exatamente porque se gabou. Quem humildemente continua a procurá-lo prova que realmente o encontrou, porque o primeiro resultado do encontro com Deus é querer saber mais sobre Ele.

LIVRO AFIRMA QUE GILMAR MENDES FAVORECEU BANQUEIRO.

Chegou este fim de semana à praça um livro que examina os bastidores da operação policial que investigou os negócios do banqueiro Daniel Dantas em 2008 e divulga pela primeira vez alguns dos documentos recolhidos durante as investigações.

Batizada pela Polícia Federal de Satiagraha, expressão em sânscrito que significa “busca da verdade”, a operação fez barulho ao provocar a prisão temporária de Dantas e outros 23 envolvidos, mas depois foi anulada pelo Superior Tribunal de Justiça por causa de ilegalidades cometidas nas investigações.

Escrito pelo jornalista Rubens Valente, da Folha, ”Operação Banqueiro” oferece um relato minucioso do caso e uma visão crítica da atuação de autoridades que impediram que ela avançasse.

De acordo com o livro, Amaral enviou várias mensagens a ajudantes de ordem de Fernando Henrique para se comunicar com ele.

Mensagens obtidas por Valente sugerem que Dantas tinha como aliado no governo o atual ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, então chefe da Advocacia-Geral da União.

Em 2008, quando Mendes estava no Supremo e Dantas estava preso, o ministro concedeu habeas corpus para libertá-lo e fez críticas públicas à maneira como as investigações foram conduzidas.

O material inédito inclui e-mails obtidos pela PF na casa do consultor Roberto Amaral, que trabalhou para Dantas entre 2001 e 2002, no fim do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).

Segundo o livro, as mensagens sugerem que Dantas pediu ajuda ao ex-presidente e a outras autoridades para barrar investigações que o Ministério Público conduzia sobre seus negócios na época.

Dantas, que controla o grupo Opportunity e administra recursos de investidores brasileiros e estrangeiros, adquiriu participações em várias empresas privatizadas no governo FHC, em especial no setor de telecomunicações.



Boa parte do dinheiro administrado pelo Opportunity na época pertencia a um fundo sediado nas Ilhas Cayman, um paraíso fiscal no Caribe, e as autoridades sempre suspeitaram que políticos e investidores brasileiros participavam desse fundo, o que as leis brasileiras proibiam.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

APRENDENDO A DEGUSTAR.

Tudo é para ser degustado. Deve ser degustado. Degustar é igual a saborear, curtir, penetrar no interior de cada ação e sentimento, de cada emoção. Há pessoas-pedra. Secas e duras. Insensíveis. Frias. Não agem e nem reagem. Em geral se fala de degustar a comida. Mas a vida é muito mais do que comida para ser degustada. Pessoas materialistas nem a comida degustam. Apenas comem. Nem bebem um vinho com arte. Apenas engolem. A pessoa sábia é sempre uma degustadora. Prova, sente, reage, se emociona e fala do que sente e do que faz. Degustar a vida é uma arte. É muito mais do que degustar comida.
SABER DEGUSTAR GENTE. Estar junto. Gostar de sentar-se ao lado. Sentir-se bem estando junto. Olhar nos olhos. Escutar com atenção quem fala. Escolher momentos para nada fazer, a não ser para estar junto. Comer em companhia. Comer sozinho é a negação de ser gente. É preciso comer conversando, olhando e confraternizando. Conheço pessoas que não tiram os olhos do prato. Eu e o prato nos bastamos. Comer é muito mais do que comer. É comemorar. Refeição é comer juntos. Viver é treinar-se a estar junto.
SABER DEGUSTAR O TRABALHO. No dia em que as pessoas fizerem do trabalho uma diversão, um passatempo, um brinquedo, não haverá mais gente estressada e nem deprimida. Para isso é preciso degustar o trabalho como se degusta uma feijoada ou um churrasco, como se degusta um jogo de canastra ou o futebol. Trabalho não é somente o dever profissional. É toda a atividade humana. Ler e escrever é trabalhar. Cultivar a terra e construir uma casa é trabalhar. Cuidar de uma criança ou de um enfermo é trabalhar. É possível medir o quanto se degusta o trabalho. É pela alegria que produz. A alegria e a satisfação de ter trabalhado, mesmo tendo sido sofrido, é sinal de degustação.
SABER DEGUSTAR O QUE SE SENTE. Somos sentimentos e emoções. Não se pode escondê-las como numa caixa preta, fazendo sua revelação somente depois da morte, guardando tudo em segredo. Degustar o que se sente é celebrar com as pessoas os sentimentos e as emoções que se vive, tanto as prazerosas como as menos gostosas. É a sabedoria que diz: “Alegrar-se com quem se alegra, chorar com os que choram...”. Guardar o que se sente somente para si é viver num túmulo, onde tudo tem cheiro de morte. O que se sente é para ser comunicado e o que é comunicado é celebrado.
Muito mais do que degustadores de queijo e vinho, devemos ser degustadores da vida e do que realizamos. E viva a degustação!

VIOLÊNCIA E AGRESSÃO.

Friedrick Hacker (1914-1989), psiquiatra usamericano, analisou com propriedade as raízes da violência que impera neste mundo globocolonizado que se ajoelha reverente ao deus Mercado. A agressividade é própria da natureza animal, incluída a espécie humana. Denota o nosso espírito de sobrevivência. Frente a determinadas circunstâncias, cada um é agressivo a seu modo: ironia, humor, astúcia desprezo, presunção etc. Violência é quando se rompe a barreira da alteridade e a força física se impõe sobre o mais frágil ou indefeso e como reação ao agressor.
Quase nunca entendemos como violenta a ação que atinge o outro, exceto quando nós somos as vítimas. Se a polícia cerca, na saída de um cinema, nosso grupo de amigos, e exige que fiquemos todos de mãos na parede e pernas abertas, enquanto nos revista, consideraremos uma violência. Se do alto da janela do apartamento vemos a mesma cena, com a diferença de que os detidos são jovens de periferia, admitimos que a polícia cumpre o seu dever. Sentimos mesmo certo alívio por saber-nos protegidos pelo Estado que, sustentado por nossos impostos, nos oferece segurança.
Se um dos amigos protesta pelo modo como está sendo apalpado e recebe em resposta um empurrão, fica patente a violência. Para o policial em nenhum momento houve violência. Julga apenas que cumpre o seu dever. É o caso do pai que, ao retornar do trabalho, descobre que o filho mais velho bateu no mais novo. Para dar-lhe uma lição de que nunca deve bater em alguém mais fraco do que ele, o pai dá uma surra no mais velho. Sem nenhuma consciência de que pratica exatamente o que recriminou. É essa contradição entre o discurso sobre a educação e os métodos aplicados que dissemina o comportamento violento.
Por que o mesmo ato cometido por um é repreensível e, por outro é, legítimo? Esse pai jamais se considerará violento. Se questionado, dirá apenas que é seu dever educar.
Esta a estrutura em que a violência se apóia: é sempre praticada, como se fosse ato de justiça, legitimada por uma razão superior, seja o Deus dos cruzados ou dos fundamentalistas; a defesa da propriedade privada; o liberalismo do Mercado; os deveres de uma boa educação etc.
A violência é a mais primária forma de manifestação da agressão. Toda a estrutura da sociedade, com suas leis e instituições, contém boa dose de agressividade, assim como a disciplina que os pais impõem à boa educação dos filhos. Ela favorece a nossa convivência social e reprime nossas tendências auto-destrutivas. O melhor exemplo de agressividade sem violência é o esporte.
Já a violência é rasteira, cruel, repetitiva, o que permite à polícia identificar o modus operandi de criminosos, pois ela se propaga sem a menor criatividade, exceto os equipamentos bélicos concebidos para torná-la mais e mais brutal e massiva. Para saber lidar com a agressividade é preciso certo refinamento de espírito. Já a violência é burra, não exige educação, está ao alcance de qualquer um.
O mais grave é que nos acostumamos à prática da violência. Covardes, não ousamos usar as próprias mãos, mas aplaudimos quando a polícia espanca o bandido; a lei retroage a idade penal; o plebiscito libera o comércio de armas; o Estado decreta a pena de morte etc. Sem nos dar conta de que nos deixamos dominar pela parte mais primária de nosso cérebro, lá onde se aloja o réptil que nos precede na escala evolutiva e do qual somos tributários.
Se uma sociedade perde a sensibilidade à violência e ignora o limite que deve perdurar entre ela e a agressividade, isso aquece o caldo de cultura do autoritarismo. O sentimento de humilhação que a Primeira Guerra impôs ao povo alemão favoreceu a ascensão do “vingativo” Hitler. A derrota de Bush pai no Iraque, em 1991, impeliu boa parte da opinião pública dos EUA a apoiar, em 2003, o filho disposto a “lavar a honra”.
Ninguém é capaz de atacar seu semelhante, a menos que produza, entre si e o outro, a dessemelhança. Assim, o homem bate na mulher por considerá-la imbecil; o branco agride o negro por encará-lo como inferior; a grande nação decreta guerra à pequena que se nega a abrir mão de sua soberania; o líder popular passa a ser demonizado pela mídia, de modo a deslegitimar a causa que defende. Essa postura distancia, desculpabiliza, abre caminho à violência como legítima e até legal.
Não convém erradicar a agressividade própria do humano e que nos impele a alcançar metas e conquistas. O desafio é fazer a distinção ensinada por Hacker e criar uma cultura baseada no mais primordial paradigma da alteridade, que tem a sua origem Naquele que, radicalmente diferente de nós, nos criou à sua imagem e semelhança.

O QUE DIZEM DE MIM?

Em busca de uma vida mais feliz um grupo dirigiu-se a um mestre conhecido pela sua sabedoria. O objetivo era aprender a arte de viver. A receita consistia numa única lição, explicou o mestre. Deveriam dirigir-se ao cemitério da localidade e insultar os mortos aí sepultados, em seguida deveriam elogiá-los, com toda a sorte de palavras bonitas.
Situado numa encosta, o cemitério estava inundado de sol. Alguns túmulos mais imponentes, algumas flores murchas e leve brisa que não chegava a comprometer o silêncio e a paz. Um tanto quanto perplexos, eles cumpriram o dever. O mestre quis saber depois: qual foi a reação daqueles mortos? Nenhum deles pronunciara qualquer palavra, agradecendo o elogio ou respondendo às agressões.
Aquele que procura a sabedoria, disse o mestre, passa indiferente diante das críticas e elogios. Eles nada mudam. E se eles mudarem alguma coisa em nós revelarão imaturidade. “Eu sou aquilo que sou diante de Deus”. O Evangelho garante que a verdade nos torna livres. Assumir a verdade pessoal é o primeiro passo para a maturidade e a paz.
As pessoas, de uma maneira geral, costumam agir ou reagir. Aquele que se limita a agir é porque possui um projeto pessoal e uma escala de valores. Aquele que reage se assemelha a um pequeno arbusto, sacudido pelo vento das circunstâncias. Não tem compromisso consigo mesmo, mas reage por causa dos outros. Para o primeiro, elogios ou críticas pouco significam, mas o segundo fica transtornado, especialmente com a avaliação negativa. Diante do elogio, a pessoa equilibrada percebe uma direção para onde precisa caminhar, diante da crítica vê uma valiosa contribuição para progredir.
Vivemos em sociedade e não podemos ter uma olímpica indiferença pelo que comentam de nós. Mas uma boa dose de prudência é necessária para avaliar elogios e críticas. Há os que elogiam na presença, depois criticam à distância. Esses são os bajuladores. O verdadeiro amigo, quando há alguma observação, uma ajuda fraterna, ele a faz na presença e elogia a distância. De resto, não somos tão importantes assim. Muitos ficam ansiosos e querem saber: o que dizem de mim? Muitas vezes, nem se fala bem nem mal.
Há pessoas que vivem representando. Apenas dizem e fazem aquilo que, imaginam, vá agradar aos outros. Não têm princípios, nem uma personalidade madura para serem eles mesmos. Fariam muito melhor se estabelecessem algumas metas: viver em amizade com Deus, viver em sintonia com o próximo e em harmonia com a natureza.
Procuramos a sabedoria, mas não somos perfeitos. Cometemos muitos erros e nós mesmos devemos ser os primeiros a reconhecer isso e, com tranqüilidade, sorrir de nossas falhas. Precisamos dar a nós mesmos o direito - de vez em quando - de errar. Quem sabe, isso nos ajudará a compreender melhor os irmãos e perdoar, com serenidade, suas faltas. E não esqueçamos de elogiá-los sempre que há motivo.

ADOLESCENTES BRASILEIROS BEBEM DE MAIS

Os jovens brasileiros estão bebendo demais. Pesquisa inédita realizada pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) em parceria com a Universidade Federal de São Paulo revela que 16% dos adolescentes com idade entre 14 e 17 anos consomem cinco doses ou mais de bebida alcoólica ao longo de um dia. Os meninos dessa faixa etária abusam ainda mais; 21% deles afirmaram ter bebido de forma exagerada no ano anterior. Entre as meninas o índice é menor, 11%, mas também preocupante. O estudo confirma ainda o que especialistas alertam há tempo: adolescentes iniciam o consumo de álcool cada vez mais cedo. Os entrevistados da faixa etária entre 14 e 17 anos começaram a beber ao 13,9 anos.
Segundo a pesquisa, quase metade da população brasileira com mais de 18 anos (48%) não ingere bebida alcoólica. Porém, isso não ameniza o problema, já que 52% bebem e, desses, 60% dos homens e 33% das mulheres o fazem de maneira considerada excessiva. Entre eles, 11% consomem bebida alcoólica todos os dias e 28% de uma a quatro vezes por semana.
A região Sul apresenta índices maiores de consumo freqüente, porém, é no Nordeste, Centro-Oeste e Norte que os brasileiros bebem geralmente em maior quantidade. Na região Nordeste, por exemplo, 13% dos bebedores declararam consumo usual de 12 ou mais doses por dia de consumo.
Grande parte dos que bebem já se excederam uma ou várias vezes, criando situações de alto risco. Segundo o estudo, 28% dos brasileiros já beberam em “binge”, o que significa beber de forma abusiva em um curto espaço de tempo até ficar embriagado. O termo “binge drinking” é estipulado internacionalmente em cinco doses para homens e quatro para mulheres.
Chama atenção o fato de que aqueles que beberam na forma de “binge” foram mais freqüentes do que aqueles que não consumiram álcool dessa maneira. Em torno de 28% dos pesquisados beberam na forma de “binge” no último ano, contra 24% que não. A freqüência pela qual esse fenômeno ocorre é comum: mais de 50% dos que bebem até a embriaguez o fazem pelo menos uma vez por semana. A cerveja é responsável por 70% do beber em “binge”. Do ponto de vista da saúde pública, é importante notar que esse forma abusiva de beber ocorre com mais freqüência entre os jovens. Cerca de 40% da faixa etária de 18 a 34 anos bebeu na forma de “binge” e somente 22% não consumiu dessa forma.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

PROIBIDO...

Nossa sociedade e educação estão marcadas pelo “pode ou não pode”. Muito mais pelo proibido, pelo “não pode”. Assim são as leis de trânsito, as constituições e todos os códigos. Assim são as religiões e igrejas. O ponto de partida são os próprios mandamentos que são fundamentados no “não”. Porém, com a pessoa central de todas as religiões cristãs, que é Jesus Cristo, não acontece essa negação. Ele fala: “Amai-vos... perdoai-vos... vivei em paz... sede misericordiosos...”. É tudo no positivo. Não será esse lado do “não” de nossas leis que torna nossa sociedade apática e negativa diante dos sonhos e possibilidades? Não será essa educação para o “não” que faz as pessoas conversarem somente o lado negativo dos fatos, a gostar de ver noticiários que falem de morte e de infrações de leis? Popularmente já se diz que o proibido é mais gostoso. É o doce amargo do pecado. O doce amargo da maldade.
SABE-SE QUE NADA VALEM AS PROIBIÇÕES DAS DROGAS. Elas continuam soltas. Porém, muito mais do que encher o vazio do coração humano, elas enchem o bolso. Radicalmente, é uma questão econômica. Sabe-se que a semente da droga, de todo tipo de droga, é plantada no coração do ser humano desde seu nascimento. Quando não se tem tempo e disposição para plantar, desde o nascimento até a plantinha humana crescer, as sementes da segurança e da presença, da fé e do amor, da ternura e da sabedoria da vida, vão sendo substituídas pelas sementes de pestes que vicejam na sociedade. O jardim e o pomar, que pai e mãe, professores e adultos, devem cultivar com carinho, ficam invadidos por ervas daninhas estranhas. O que se planta se colhe.
SABE-SE QUE LEI DE MORTE CRIA SEMPRE MAIS MORTE. Uma sociedade que, através de seu legislativo, cria leis contra a vida, está determinada ao fracasso. Em nome de uma sociedade saudável não se pode fazer leis de morte como o aborto, a eutanásia, a pena de morte, o abandono de crianças e idosos, que estão no caminho da morte pela fome e marginalização. A lei do progresso e do consumo somente sobrevive com a morte. Um progresso que necessita decretar a morte da água e dos ares, das matas e da terra, não é lei de progresso, mas de regresso. Essa lei para as coisas vai sendo adotada para a vida humana. Em nome do progresso elimina-se quem não vive em função dele, quem não entra em seus esquemas.
HÁ SOMENTE UMA LEI: VIVER. Essa é a lei única e verdadeira. Esse é o critério para toda pessoa de bom senso. Essa é a lei da natureza, que o Criador colocou como princípio de tudo. Deus, depois de ter criado esse universo, contemplou a obra e “viu que tudo era bom”. Mas o ser humano, entrando em concorrência com seu Criador, teima em dizer que não está bom, e cria um mundo do seu jeito. Infelizmente com jeito de morte. Mas a lei da vida um dia vencerá!

APRENDENDO A CAMINHAR.

Um velho monge conduz o discípulo montanha acima em direção a uma pequena igreja. Uma lenda garantia que a ermida tinha poderes milagrosos, concedendo a sabedoria aos que a visitassem. Experiente, o velho monge caminhava depressa e com segurança, enquanto o discípulo tropeçava a cada passo. Cada tropeço era seguido de resmungos, queixas e palavrões. Depois de longa caminhada, chegaram ao local e, imediatamente, o monge fez meia volta e começou a descer a montanha, seguido do discípulo.
Você não me ensinou nada e não recebi qualquer iluminação na igreja, reclama o aprendiz, levando mais um tombo. Ensinei, sim, mas você não quer aprender, explica o monge. Estou tentando ensinar como se lida com os erros da vida! E como lidar com eles? Quer saber o aluno... Como se procede com os tombos: em primeiro lugar se levanta, depois se examina as causas para não mais cair. E isto sem reclamar das adversidades.
A vida é uma grande viagem, em direção a nossos objetivos. As pessoas podem nos ajudar, mas não podem caminhar por nós. As soluções não aparecem por acaso, mas surgem da experiência assimilada. Todos caímos, muitas vezes, ao longo deste caminho. Por vezes preferimos os desvios sedutores. Isso não chega a ser desastroso. Seria desastroso se nada aprendêssemos. Todo o fato, por mais negativo que nos pareça, tem um lado luminoso e nos pode ensinar alguma coisa. O pior dos erros é aquele que nada nos ensina.
Nenhum inventor teve sucesso com a primeira tentativa. Dizem que Thomas Edison fez duas mil tentativas para inventar a lâmpada. Cada erro traz em si uma lição. Aprender essa lição é o caminho da sabedoria. Muitos ficam nas queixas contra os possíveis culpados, os outros, o mundo. É inteligente levantar e continuar a caminhada.
No caminho há encruzilhadas. A encruzilhada é um lugar importante, um lugar sagrado. Ali o peregrino precisa tomar uma decisão. Onde as estradas se cruzam, se concentram duas grandes energias: o caminho que será escolhido e o caminho que será abandonado. Ambos, por um momento, se transformam num só caminho. O peregrino pode descansar, dormir um pouco, mas ninguém pode ficar ali para sempre. E uma vez feita a escolha é preciso seguir adiante, sem pensar no caminho que se deixou de lado e sem lamentar os tombos.
As encruzilhadas podem se transformar em maldições. Porém, Deus se situa nas encruzilhadas. Ele mesmo nos indica o caminho certo. Mas Deus não grita. Ele fala silenciosamente aos corações. E Ele também fala através das pessoas experientes. Elas nos indicam o caminho. Caminhar é tarefa nossa.

GOSTO DA MINHA IGREJA.

Faço parte dos que nasceram luteranos. Não escolhi, escolheram para mim. Batizaram-me luterano. Meus pais e padrinhos prometeram que me educariam nesta Igreja. Cresci acreditando ingenuamente. E não me envergonho. Aprendi na minha Igreja muita coisa boa e muita coisa que hoje não aceito. Mas pelo tempo e pela idade que eu tinha, valeu. Não existem mesmo religiões perfeitas, nem catequese perfeita. Meu catequista fez o que sabia e como sabia.
Os pastores daquele tempo também acreditavam naquilo que diziam. Depois minha Igreja passou por uma enorme transformação. Correu os riscos de mudar, entrou em crise e conflito, avançou e recuou e continua avançando aqui e recuando ali. Não é tudo como eu quero, mas é a Igreja que eu amo.
Vejo pessoas magoadas e feridas criticando o luteranismo. Às vezes sem amor algum. Pastores e membros  se queixando da sua Igreja.
Leigos desencantados mudando de religião ou abandonando tudo, por excesso de política ou por falta de política, por excesso de presença ou falta de presença, por excesso de doutrinação ou falta de doutrina, por excesso de idéias e falta de ações concretas. E fico. Porque creio. Porque sei que isso vai passar. E eu vou passar também.
Quando eu era pequeno escolheram para mim uma Igreja, porque me amavam. Agora eu escolho. E fico porque amo. Gosto de minha Igreja e é nela que desejo viver e morrer. Santa e pecadora como é. Acho que ela tem doutrina e riqueza espiritual suficientes para me ajudar. Por isso não mudo. Não estou procurando uma religião perfeita.
Estou procurando uma religião que responda o que sabe e quando não sabe admita que não sabe. Ultimamente a Igreja  não está sabendo muita coisa. Isso é delicioso. Faço parte de uma religião que admite que perdeu muito nos últimos anos e aceita reaprender. É a minha Igreja. Evangélica Luterana. Eu fico! Sereno e feliz, porque acho que vale a pena.

O VENTO LEVOU...

Ele fora um orador de renome. Na mocidade fizera pregações memoráveis e muitos vinham de longe para ouvi-lo. Agora, velho e adoentado, estava recolhido num convento. Deixara para trás a vaidade dos primeiros anos e o pessimismo era seu companheiro. Fizera pouco, muito pouco, para o Reino de Deus. Foi isso que ele disse a um visitante. Indicou num canto centenas de papéis escritos - seus famosos sermões e, sobre eles, colocara uma sentença: E o vento levou!
O visitante contou-lhe, então sua história. Há muitos anos, num período difícil de sua vida, escutara uma de suas pregações sobre a semente. Seu coração machucado era terra dura, cheia de pedras e espinhos. Aparentemente, o vento levou a pregação. Mas uma pequena e teimosa semente encontrou um pouco de terra. Passaram-se meses, anos, e essa semente germinou. Aquele coração machucado e duro tornara-se terra fértil e a semente acabou multiplicada. Ele era a prova de que o vento não levara tudo.
Vivemos no século da eficiência. Tudo o que tem sucesso é bom. Não ter sucesso é sinal de fracasso. Mas no Reino de Deus não é assim. Deus tem paciências infinitas e os seus dias não têm fim. O grande profeta Isaías, um dia avaliou sua atuação: “Trabalhei em vão, gastei minhas forças sem fruto”.
O próprio Jesus experimentou o fracasso. Na hora decisiva foi traído, abandonado e morreu na solidão da cruz.
A dinâmica da semente e do Reino são bem diferentes das realidades terrenas. É por isso que o Evangelho manda semear a semente sem preocupações, beirando a irresponsabilidade. E ela pode cair no solo duro da beira do caminho ou na terra pedregosa e cheia de espinhos. Mas sempre haverá um canto de terra fértil. Entre dois tijolos, na fresta de um muro ou num cantinho de rocha, aparentemente contra todas as possibilidades, a semente – levada pelo vento – germina. O Reino de Deus é visibilidade, mas também mistério, balança entre o já e o ainda não, é tempo e eternidade.
Um conhecido canto religioso exorta: “Põe a semente na terra e não será em vão! Não te preocupe a colheita, plantas para o irmão”. O vento levará essas sementes até lugares improváveis e inimagináveis. Sem pressa. Mas nunca podemos duvidar do poder da semente. E um dia, Deus não nos perguntará quanto colhemos, mas quererá saber quanto semeamos. E por isso, continuo escrevendo.

O BEM TOTAL.

Há uma tendência de ver muito mais a maldade do que a bondade no mundo, nas pessoas e nos fatos. Nas reuniões e avaliações, tanto nas escolas como nas empresas, tanto nas comunidades como nos grupos, gasta-se muito mais tempo em analisar o que está errado e o que não está bom. Por que essa mania de enfocar muito mais o lado negativo do que o positivo? É preciso começar a salientar “o que vai bem”.
O QUE VAI BEM EM NOSSA FAMÍLIA. Há tantas coisas boas na família! A convivência, o estar junto, a ajuda mútua, o trabalho. Ser mais sensível ao que está acontecendo de bem e de bom. Na relação do casal entre si e do casal com os filhos, certamente há muito mais fatos positivos. É bom sentar-se juntos e perguntar-se: O que vai bem em nossa família? E a partir desta descoberta colocar adubo, calor e umidade para que tudo cresça. O crescimento do bem faz desaparecer o mal.
O QUE VAI BEM EM NOSSA COMUNIDADE. Há um tempo passado que chegou até aqui e ajudou. Há um tempo presente que reúne as pessoas e as faz viver a solidariedade, a festa, a fé e o compromisso de crescimento. Há um tempo futuro que está nos sonhos da comunidade para um clima de vida sempre mais favorável. Partir do que vai bem e crescer nessa direção faz com que o que vai mal fique superado.
O QUE VAI BEM NO TRABALHO. Na empresa, no trabalho da roça, na profissão que se tem, perceber sempre mais o que está dando certo, e dar empenho ao que já está indo bem.
O QUE VAI BEM EM MEU CORPO. Há alimentos e maneiras de viver que dão mais certo. Mesmo que algo no corpo acuse dor e cansaço, não se pode fixar a mente nisso. Fixo-me na idéia de que “esse alimento me faz bem” e não no “isso me faz mal.” Até os médicos, em suas consultas, deveriam dar mais atenção ao que está bem no corpo, para que haja um cultivo e um cuidado.
O QUE VAI BEM NAS MINHAS RELAÇÕES. Não posso perder tempo em pequenas intrigas e brigas, mas dedicar tempo e cuidado nas boas relações que já tenho. Cultivar e aprimorar as relações. Aprender a superar o que impede as boas relações.
O QUE VAI BEM NO GOVERNO. Em geral vemos somente o negativo. Há tantas coisas boas acontecendo. Há pessoas esforçadas em nível de comunidade, município, estado e nação, que lutam para que as coisas aconteçam do melhor jeito.
O QUE VAI BEM EM MINHA IGREJA. Catequese positiva. Pregações de esperança e vida, sem demônios e criação de medos e infernos. A caminhada do ser humano tem um objetivo - a felicidade. Isso se chama céu. Céu é o bem total. Para esse objetivo devo direcionar toda minha vida.

domingo, 5 de janeiro de 2014

SALVO PELA GENTILEZA

Conta-se uma história de um empregado em um frigorífico da Noruega.

Que num certo dia ao término do trabalho foi inspecionar a câmara frigorífica.

Inexplicavelmente, a porta se fechou e ele ficou preso dentro da câmara.

Bateu na porta com força, gritou por socorro, mas ninguém o ouviu, todos já haviam saído para suas casas e era impossível que alguém pudesse escutá-lo.

Já estava quase cinco horas preso, debilitado com a temperatura insuportável.

De repente a porta se abriu e o vigia entrou na câmara e o resgatou com vida.

Depois de salvar a vida do homem, perguntaram ao vigia: Porque foi abrir a porta da câmara se isto não fazia parte da sua rotina de trabalho?

Ele explicou:

Trabalho nesta empresa há 35 anos, centenas de empregados entram e saem aqui todos os dias e ele é o único que me cumprimenta ao chegar pela manhã e se despede de mim ao sair.

Hoje pela manhã disse “Bom dia” quando chegou. Entretanto não se despediu de mim na hora da saída.

Imaginei que poderia ter-lhe acontecido algo. Por isto o procurei e o encontrei.


Pergunta: Será que você seria salvo?


E ainda tem pessoas que acham que isso não faz diferença.

AS LIÇÕES DA ÁGUA

Recebi do meu amigo Ruy Maier e público com prazer. As lições da água.

...ela nunca discute com os obstáculos, ela simplesmente desvia... Por isso, não gaste energia brigando porque fecharam uma porta pra você, procure as janelas!

A água nunca discute com seus obstáculos, apenas os contorna. Mostrava-se várias paisagens com cachoeiras e se dizia que mesmo tendo muitas pedras entre elas, a água tão forte e tão delicada desviava de todas e abria um novo caminho para passar

“A ÁGUA VAI PELO CAMINHO MAIS FÁCIL” –

Não pelo caminho mais curto, complicamos tudo, teorizamos, complexamos, valorizamos o trabalho árduo, o sofrimento. Para os sábios orientais, qualquer coisa que exija esforço demais não é natural. Ou as coisas acontecem naturalmente, sem desgastes, ou estamos atrás de alguma coisa que não corresponde às possibilidades do momento. O ego e a ansiedade é que criam o desejo de que os caminhos mais fáceis sejam também os mais curtos.

“A ÁGUA FLUI POR ONDE É POSSÍVEL” –

O rio não reclama, não pensa na distância a ser vencida, ele apenas flui, não tem ego, não se aborrece. Isso é sabedoria, deixar a vida fluir, sem se aborrecer, tendo confiança no Pai.

“A AFINIDADE DISPENSA O ESFORÇO” –

A água procura o úmido e o fogo procura o seco. Na natureza as coisas acontecem por afinidades, a água corre com mais facilidade numa superfície úmida, se estivesse seca seria sugada antes de fluir, o fogo se propaga melhor num material seco. Nas relações afetivas, nas amizades, nas parcerias de trabalho, as coisas também funcionam dessa forma. Não há esforço, tudo é gratificante. A afinidade une os corações de forma espontânea, não gera conflitos nem discórdias pelo poder.

“A ÁGUA NÃO BRIGA COM OS OBSTÁCULOS” –

Quando a água encontra uma pedra pelo caminho, ela não fica histérica, nem parada. Ela não perde energia e tempo por causa de um incidente tão sem importância. A água se desvia da pedra e segue tranquilamente. Em qualquer guerra, briga ou desavenças, os dois lados se machucam!

Os desafios surgem para que possamos ultrapassá-los, sem raiva ou desespero. O ser humano é muito maior do que os obstáculos. Se alguém ofendeu, brigou, faça como a água, desvie-se desta energia densa, tenha compaixão e continue sua caminhada.

“A ÁGUA TEM UMA MISSÃO A CUMPRIR”


Assim como o rio que tem o propósito de levar suas águas para o mar, nós também temos uma missão de vida a cumprir. O rio ao fluir, irriga as margens, deixa matéria orgânica, multiplica a vida por onde passa – humildemente, incondicionalmente. Qual a sua missão? Na nossa caminhada multiplicamos vida, irrigamos de amor as margens, somos solidários?

“A ÁGUA SE ACUMULA ATÉ ENCONTRAR A BORDA MAIS BAIXA” –


Diante de um buraco, a água vai para o fundo, se não encontrar saída, ela se acumula e preenche o fosso. O nível da água se eleva até encontrar uma borda mais baixa e assim ela sai do buraco e continua seu fluxo.

Numa situação de dificuldade, deveríamos ir para o fundo, interiorizarmos até naturalmente encontramos a saída mais fácil (borda mais baixa). A água não vacila, não tem medo, não retrocede ante nenhuma queda e nada a faz perder sua natureza essencial. Ela permanece fiel a si mesma em todas as circunstâncias. É a lição da calma e da confiança na vida.

“A ÁGUA AGITADA FICA TURVA” –

Num lago ou rio, quando as águas estão muito agitadas elas ficam turvas. Quando nossa mente está muito agitada, com excesso de pensar, não é possível “ver o fundo”, interiorizar. Quando a água entra em repouso, novamente ela fica cristalina. Quando aquietamos nossa mente encontramos as respostas para todas as nossas questões.

“O QUE MANTÉM A VIDA DA ÁGUA É O FLUXO” –

Os grandes mestres perceberam que tudo na vida é fluxo, tal qual a água. A vida é mutação, ciclo, impermanência. A vida só se mantém por causa do fluxo.

Fluxo não é “se deixar levar”, correr. Fluxo é entrar e sair, circular, é aproveitar o que é necessário e eliminar o que não serve mais. O acúmulo de todas as coisas, incluindo ressentimentos e bens materiais, não faz o homem mais feliz.

“O OCEANO É GRANDE PORQUE FICA NO LUGAR MAIS BAIXO” –

O oceano fica onde ninguém quer ficar, no lugar mais baixo. Todos nós queremos o pódio, estar “por cima”. Nossa sociedade é competitiva. Só é grande aquele que é humilde. A água não se esforça para ficar nos lugares mais altos, não tem intenção de ir para o topo das montanhas. Ela é o melhor exemplo do que significa servir.

A missão da água é servir. Servir significa beneficiar, usar nosso talento e conhecimentos para colaborar com o desenvolvimento da sociedade. Quando descobrimos, que com qualquer trabalho, por mais humilde que ele possa ser, podemos servir a humanidade, percebemos que somo instrumentos de algo que ultrapassa o ego. O oceano é a receptividade. O oceano não tem preconceitos.

“EXISTE UMA ÚNICA ÁGUA NO MUNDO” –

A água que hoje existe na Terra é a mesma desde a sua formação. Ao beber um copo de água, não se bebe apenas água. Bebe-se a memória da água e toda a história do planeta. A água que bebemos hoje, já foi chuva, rio, gelo, já foi vapor, já foi lágrima, urina, orvalho. Esta percepção levou os sábios chineses a idéia de Unicidade. Para eles a água não é só sábia, mas, especialmente sagrada. Como a água é uma só, tudo no mundo é uma coisa só e se tudo é uma coisa só, quando se toca uma parte, toca-se o todo. E TUDO É SAGRADO.

Baseado no livro “A Sabedoria da Natureza”- Roberto Otsu


quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

SABER ESCOLHER.

Três fadas foram convidadas para o batizado de uma princesa. A primeira trouxe a ela um presente valioso: o amor. A segunda deu-lhe dinheiro para fazer o que gostava e a última deu-lhe a beleza. Mas há sempre uma bruxa invejosa na história. Furiosa por não ter sido convidada, a bruxa prometeu tornar sua vida infeliz: já que você tem tudo, eu vou lhe dar ainda mais. Você será talentosa em tudo o que fizer.
A princesa tornou-se mulher de extraordinária beleza, rica e amada. Porém jamais conseguiu cumprir sua missão na terra. Era excelente cantora, pintora, poetisa, escritora, matemática, porém jamais conseguiu completar qualquer tarefa, porque logo se distraía e queria fazer coisa diferente. E com todos os seus dons, não foi feliz.
A vida é a arte de escolher. E toda a escolha implica alguma renúncia. Quem escolhe um caminho, renuncia a todos os outros. Não se pode trilhar, ao mesmo tempo, dois caminhos. A maravilhosa aventura do amor e do casamento também implica renúncia, embora essa renúncia venha em segundo lugar. Escolher alguém é abrir mão de todas as outras alternativas. Todos os caminhos vão para o mesmo lugar. Atitude inteligente é escolher um caminho e percorrê-lo até o fim.
A vida é tecida de sonhos. Quando abraçamos um sonho, precisamos pagar o preço desse sonho. Muitas vezes, a tentação aparece. Em sua caminhada, os Reis Magos foram privados da luz da estrela-guia. Eles não pararam. Continuaram caminhando, nas trevas, até a luz da estrela reaparecer. Inácio de Loiola ensinava a seus discípulos: “Nos momentos de confusão, evite tomar qualquer decisão”. Mesmo porque Deus não está na confusão.  Passado o instante do desânimo e da dúvida, é possível reavaliar seu projeto, seu ideal, seu sonho.
Em sua sabedoria, o Evangelho aconselha, depois de colocar a mão no arado, não olhar para trás . A história guardou nomes daqueles que apostaram em seu caminho, em seu sonho. Isso deu-lhes um dinamismo capaz de superar qualquer dificuldade. E mesmo que a dificuldade não seja superada, quem luta não terá vivido em vão. A luta marca a dignidade de uma vida. E, um dia, Deus não nos cobrará o êxito, mas a persistência na luta.
A educação moderna é tentada a ser complacente demais. Não estabelece metas e fronteiras para filhos e alunos. Parte da suposição que amar é deixar fazer o que eles querem. Amar é muito diferente do querer bem. Amar é querer o bem. É indicar o caminho e incentivar o seguimento desse caminho até o fim.
Na viagem da vida não é importante a facilidade, mas o destino final. Porque somos limitados, não podemos escolher todas as coisas, mas devemos escolher uma só e que essa nos faça feliz.

ENCURTAMOS AS DISTÂNCIAS

Acreditem ou não, há um único Criador e Pai. Chamem-no pelo nome que a cultura e a tradição lhe passaram. Pouco interessa o nome. Há um único Senhor e Deus. Há um único Criador. Quanto mais a ciência e a técnica penetrarem nos segredos do universo, mais Ele se apresenta como imensidão e infinitude. Quanto mais os cientistas chegam perto dos segredos da matéria, das leis que regem o universo e sua energia, mais Ele se apresenta como grandeza. São Francisco de Assis falava assim de Deus: “Quanto mais me aproximo dele, mais de mim Ele se distancia”. Assim é a grandeza do universo. Quanto mais a ciência se aproxima de seus segredos, maiores eles se apresentam. A criatura humana, teimosamente, não aprendeu a viver a fraternidade neste universo fraterno.
APRENDEMOS A VOAR COMO OS PÁSSAROS. Ali estão o avião e as naves espaciais. Maravilhas da inteligência humana. Encurtamento das distâncias. Tudo maravilhoso! Mesmo assim, não aprendemos a voar com as pessoas. Nem aprendemos a voar para as pessoas. Encurtamos as distâncias entre as coisas e promovemos a separação entre os seres humanos.
APRENDEMOS A NADAR COMO OS PEIXES. Estão ali os navios e os barcos. Estão ali as pessoas que viajam ao fundo dos rios e mares. É a descoberta do mundo maravilhoso das profundezas do mar. Mesmo assim, não aprendemos a nadar na vida para as pessoas e com as pessoas. Não estamos nadando juntos no mar do amor e da colaboração, do entendimento e da festa. Temos muito medo uns dos outros e evitamos nos encontrar nos rios da vida que conduzem ao mesmo mar.
APRENDEMOS A CUIDAR E RESPEITAR OS ANIMAIS. Leis foram feitas para a proteção dos animais. Há castigos para quem não observa essas leis. Não se pode fazer sofrer animais e nem deixá-los abandonados. Mesmo assim não aprendemos a fraternidade com as crianças abandonadas e os idosos indefesos. Preferimos o cuidado dos seres animais ao cuidado dos seres humanos.
APRENDEMOS A RESPEITAR E CUIDAR DAS ÁRVORES. Não se pode derrubar árvores. É preciso plantar novas florestas. É preciso cuidar dos pomares e jardins. Mesmo assim não aprendemos a cuidar da grande família humana, como uma fraternidade que deve ser cultivada e plantada mais que um jardim e um pomar.
NÃO APRENDEMOS A ARTE DE VIVER COMO IRMÃOS. Nada se exclui. Tudo ensina. É necessário o cuidado e a sensibilidade diante de todos os seres e conquistas científicas e técnicas. Porém, tudo deve ser caminho para nos ensinar a viver como irmãos e irmãs. É a realização da fraternidade. É o sonho do mestre Jesus: “Há um único Senhor e Pai, vocês são todos irmãos”.

CARIDADE

Se fosse fácil fazer o bem e praticar a solidariedade não haveria nem gente com fome, nem povos com sede, nem mendigos nas ruas, nem doentes sem cuidado. Ainda haveria pobreza, mas seria uma pobreza digna. Uma coisa é a caridade anunciada  e outra a dura realidade do amor ao próximo. Jesus nunca disse que seria fácil. Quem já tentou e ainda tenta sabe quantos empecilhos e entraves se colocam no caminho de quem tenta ajudar os pobres.
Rombos financeiros, repentino corte de verbas, promessas não cumpridas, desistência de membros, corrupção que desvia as verbas, favorecimentos políticos a funcionários incompetentes, funcionários sem ideal, calúnias, mau uso dos bens, gente insatisfeita, povo que se cansa de doar e uma dezena de outros entraves que vão minando as forças de quem idealizou aquela obra apostando na caridade de todos e nas leis do governo.
São milhares as obras sociais destinadas a cuidar dos pobres.
Mesmo assim por que temos ainda tantos pobres e tanta miséria se o mundo é tão rico e a ciência progrediu tanto a ponto de produzir alimentos de sobra? Se sobra por que não está indo aos pobres? Se é possível construir a preço ínfimo uma casa de pobre, por que eles moram na rua e em condições piores do que os cães do ricos?

A VIOLÊNCIA DOS FILHOS E A AUTORIDADE DOS PAIS

Os fatos recentes de filhos de famílias de classe média alta se entregarem à violência, surrando uma empregada doméstica, imaginando ser uma prostituta e envolvendo-se em violências com outros jovens, nos suscita a questão da autoridade dos pais como princípio criador de limites.
Não podemos colocar toda a culpa na família e no pai. Ela possui hoje muitos substitutos e concorrentes que a sobredeterminam. Antes de tudo, a própria sociedade, desde sua fundação assentada sobre a violência, a magnificação da truculência feita pela televisão, a geral impunidade da corrupção quase generalizada no aparato de Estado e de outros crimes, a puberdade cada vez mais precoce, fazendo com que aos 15 anos não seja raro o jovem já ter um corpo adulto - ultrapassando em até dez centímetros o de seus pais -, considerando ainda a liberalização geral dos costumes, todo este complexo de questões pesa sobre os pais e os jovens que estão na plenitude de sua vitalidade e descobrindo as virtualidades físicas de seu corpo.
Importa também incorporar na interpretação do fenômeno uma visão filosofante da vida humana, presente nos grandes mestres da psicanálise, que se dão conta de que no interior das pessoas, desde bebês, funcionam forças tremendas de amor e de agressão e que, ao largo de toda vida, as devem trabalhar, na busca de um amadurecimento até fazerem-se pai e mãe de si mesmas e por isso levar uma vida autônoma e criativa. Esta tarefa da vida é carregada de tensões, fracassos e vitórias. Começa a despontar de forma vulcânica na adolescência. Não tomar em conta tal fato é fazer injustiça aos jovens e, no fundo, não entendê-los nem acompanhá-los no desabrochar de sua humanidade.
Por outro lado, sabemos que a regra de ouro da educação é saber impor limites e às vezes até sancionar. Esta diligência incômoda, mas intransferível, cabe à figura do pai ou de quem lhe faz as vezes. Sobre isso queremos refletir rapidamente.
A criança vem da experiência da mãe, do aconchego e da satisfação de seus desejos. Mas ao crescer dá-se conta de que há um outro mundo que não prolonga o da mãe. Aí há tensões, dificuldades e conflitos. As pessoas trabalham e em função disso têm que mostrar disposição para o sacrifício e acolher limites se quiserem alcançar seus objetivos. É tarefa do pai ajudar o filho/filha a fazer esta transposição. É o momento em que o filho/filha se desprende da mãe e se aproxima naturalmente do pai; pede ser amado por ele e esclarecido em suas indagações. É a hora de reconhecer a autoridade do pai e a aceitação dos limites que ele mostrar, próprios deste continente novo. Para isso cobra disciplina e contenção dos impulsos dos filhos. Caso contrário, este entrará num confronto que o vai isolar e prejudicar.
Ele tem que aprender a conviver com os diferentes e os limites que estes impõem. É aqui que cabe, quando preciso, depois do diálogo e do aconselhamento, sancionar sem humilhar. A sanção visa o ato e não diretamente o adolescente. Sancionar não significa humilhar, mas impor um limite a um comportamento que cria transtornos à convivência e que seria sancionado mesmo que tivesse sido praticado por outro.
A missão dos pais é tão sublime e carregada de responsabilidades que não pode ser deixada ao mero espontaneísmo. Os pais precisam conversar com outros pais e estudar. Aconselho o livro de um dos maiores psicanalistas desta área: D. Winnicott, Tudo começa em casa (1989).

SERÁ QUE ENCONTRAMOS DEUS?

Deus “existe”, dizem os teístas. Só existe “um Deus”, dizem os monoteístas. Os deuses existem e são muitos, dizem os politeístas. Deus “não existe”, dizem os ateus. Deus “talvez” exista, dizem os agnósticos. Deus disse, Deus fez, Deus mandou, Deus “está me revelando” algo, dizem os crentes propensos ao milagre. Não sei como Deus é, nunca ouvi a sua voz. Jamais o vi e creio que jamais o verei neste mundo, mas espero vê-lo um dia, dizem outros crentes mais dados à reflexão.
Bilhões de seres humanos dizem que o conhecem “mais do que os outros”, que o experimentaram mais do que os outros e que o adoram mais do que os outros. Vão mais longe: garantem que sabem o caminho para Deus.
Na verdade, a maioria deles não adora a Deus: o que eles adoram é o seu jeito de adorar a Deus. E tanto isso é verdade que têm enorme dificuldade de conviver com pessoas de outro credo, outras religiões e outros conceitos de Deus.
Gastam mais tempo em tentar convencer os outros a aderirem à sua maneira de crer em Deus e a vir para o seu ângulo de verdade, do que de fato procurando a verdade. Têm tanta certeza que já a encontraram que pararam de procurá-la. E, exatamente porque pararam de procurá-la, se tinham algum aspecto dela, perderam-na de vez.
A grande verdade sobre a existência de Deus é que quem se gaba de havê-lo encontrado corre o risco de perdê-lo, exatamente porque se gabou. Quem humildemente continua a procurá-lo prova que realmente o encontrou, porque o primeiro resultado do encontro com Deus é querer saber mais sobre Ele.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

UM AMIGO CHAMADO MIRO.

Há pessoas que morrem antes de realmente morrer. Se autodestroem.  Na verdade, a pessoa não morre quando deixa de viver, mas sim quando deixa de amar. Amar é viver. Viver é amar. Pode-se ter a morte espiritual muito antes da morte corporal. Os fatos comprovam que a maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto estamos vivos. Perder-se é morrer e tu amou muito.
A PESSOA EGOÍSTA É PESSOA MORTA. Todos os seres estão voltados um para o outro. Todos os seres, para poderem sobreviver, necessitam estar relacionados. Estar abertos aos outros seres. É o destino da semente. Fechada em si mesma, morre. Desabrochando, se transforma em vida nova. O ovo que não se deixa quebrar apodrece. A vida nova surge do rompimento, da abertura de si para o mundo. A pessoa egoísta está morta porque não aceita abrir-se no amor e na solidariedade. Fecha-se em si mesma. Vive para si. A pessoa egoísta já é um túmulo em vida. E tu meu amigo, sempre amou e foi solidário.
A PESSOA MATERIALISTA É PESSOA MORTA. A matéria é transitória. Tudo o que é material tem morte certa. Tempo determinado para desaparecer. A sobrevivência vem do espírito. A vida espiritual é que dá vida ao corpo. Um corpo sem vida espiritual é uma matéria morta. A pessoa que não crê e nem vive uma espiritualidade está morta. É apenas um corpo andante. Pensa, vive e gasta todas as energias por realidades que o tempo desgasta e que o ladrão pode roubar. Nossa sociedade é muito materialista. É capaz de brigar, matar e destruir para ter para si o mundo material, o negócio, a conta bancária, o lucro e o prazer. Mata e é capaz de morrer na luta pela conquista de bens materiais. Vai se matando na corrida do trabalho e na conquista do ter mais e mais. Morrendo no corpo, essa pessoa apenas está visualizando a morte que já existia dentro de si. Tu nunca foi materialista.
A PESSOA DESCRENTE É PESSOA MORTA. A fé é vida e dá vida. A fé faz ver o longe. Faz ver o através. É uma janela para a eternidade. Leva ao além. A pessoa descrente fica aqui. Somente aqui. Não cultiva uma razão maior para seus atos e sua vida. O fato da morte é a decretação do fim. Tudo acaba com a morte. Não há um Deus para seu passado, presente e futuro. As coisas e os fatos se explicam por si mesmos. Grande parte da humanidade vive essa realidade. Como podemos esperar uma sociedade melhor num clima de descrença? Como querer sociedade em paz se não há razões maiores para crer? Como querer eliminar a corrupção, o crime, a ladroagem, o tráfico de drogas e os vícios numa sociedade que crê somente no aqui e no agora? Numa sociedade descrente tudo é permitido.
A verdade é essa: onde secou a fonte do amor, seca a fonte da fé e da vida. É preciso aceitar a chuva do amor de Deus que alimenta as fontes do amor humano. Tu amou a família, tu amou teu trabalho, tu amou e lutou pelos teus ideais e por esta razão, estarás sempre vivo nos nossos corações. Descansa em paz, meu amigo.

O ANO É NOVO, MAS A CRISE É VELHA.

O Ano é novo. E janeiro estreia ainda com o gosto dos fogos de artifício, dos dias feriados emendados com os do Natal, com o gosto do champanhe na boca...e ...com o IPTU, IPVA, e etc e etc ...e o medo e o medo...da crise que não é nova, mas a mesma de 2013, carreada para 2014 com juros e acréscimos. E os acréscimos são o cansaço, o desalento, as más notícias que continuam e as imagens que a televisão insiste em mostrar sem cessar.
Os países mais ricos, como os EUA, exibem o lamentável espetáculo de filas de desempregados buscando trabalho. Um quadro que parecia só existir no contexto social das nações mais pobres agora é pão de cada dia das grandes potências, sobretudo da maior potência do Ocidente. Milhares de pessoas demitidas por dia, empresas fechando, o sistema colapsando continuamente.
As medidas de choque, em que bilhões foram sacados dos cofres públicos e derramados sobre o mercado para fazê-lo voltar à saúde, parecem não surtir muito efeito. O ano é novo, mas a crise é velha, e velhos são os problemas que a humanidade enfrenta neste novo ano que mal começou. O velho que gostaríamos de haver deixado para trás parece perseguir-nos nesse ano que começa e já muda nossa vida em um sentido que não queríamos e nos desafia mais do que gostaríamos.
Os pais começam a comprar material escolar antes da hora, ninguém gasta, com medo da economia e seus sobressaltos. Não se sabe se o emprego vai durar, se vai haver trabalho, se o dinheiro estará no bolso. Na dúvida, melhor é se encolher e ficar na defensiva.
Dicas de numerologia e cromoterapia são dadas: usar turquesa para espantar a crise. O número tal é o que dá sorte. Talvez acalme os mais ansiosos, mas não é e nem será solução de nenhuma espécie. Não é assim que se enfrenta uma crise que teima em erodir a novidade do ano que começa e que gostaríamos estivesse revestido de esperança.
Pois nada será novo se nós não nos renovarmos por dentro. O ano poderá ser novo, janeiro poderá estar em seus inícios e as primícias de 2014 se abrirem em flor, mas se dentro de nós faz escuro, não há novidade que consiga romper a casca do desânimo e nos fazer acreditar que a novidade aí está e já já vai aparecer e mostrar seu rosto ensolarado.
De minha parte, espero que essa crise nos mostre e comprove finalmente que o trabalho vale mais que o capital. Que sem trabalho não somos ninguém e, portanto, todo ganho que não abra caminhos para o veio produtivo é estéril e não contribui para que o ano se faça novo e a humanidade cresça e seja mais feliz. As filas de desempregados nos EUA nos mostram seus rostos tristes e com uma sombra de morte: falta de trabalho e falta de pão, de dignidade, de possibilidade de criar, de contribuir, de transformar o mundo. O ser humano não realiza sua vocação se não puder trabalhar. Essa dança estéril do mercado financeiro, que não gera emprego, é esterilizante e deve de uma vez ser colocada em segundo plano em busca de um sistema mais sadio que privilegie o trabalho e garanta vida digna para todos.
De minha parte, pode haver crise velha no ano novo à vontade. Não deixarei de me rejubilar e crer no novo quando vejo no ventre de tantas mulheres a promessa de mais um ser que vai chegar. Um mundo em crise, sim. Mas quando não houve crise? A de agora é esta, com este rosto. A de antes tinha outro. A de depois terá ainda outro.
O que importa é que  saibamos que renovar seu interior é o segredo para enfrentar as crises e nunca permitir que o velho infeccione o novo e lhe atrapalhe a saúde. É na esperança na vida nova que trazemos em nós que está a receita para enfrentar a crise, seja combatendo os problemas que surgem no caminho, seja assumindo as atitudes pertinentes, para que os efeitos dessa crise atinjam minimamente os outros.
Assim é que... com crise e apesar dela e através dela... Feliz Ano-Novo!