quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

APRENDENDO A DEGUSTAR.

Tudo é para ser degustado. Deve ser degustado. Degustar é igual a saborear, curtir, penetrar no interior de cada ação e sentimento, de cada emoção. Há pessoas-pedra. Secas e duras. Insensíveis. Frias. Não agem e nem reagem. Em geral se fala de degustar a comida. Mas a vida é muito mais do que comida para ser degustada. Pessoas materialistas nem a comida degustam. Apenas comem. Nem bebem um vinho com arte. Apenas engolem. A pessoa sábia é sempre uma degustadora. Prova, sente, reage, se emociona e fala do que sente e do que faz. Degustar a vida é uma arte. É muito mais do que degustar comida.
SABER DEGUSTAR GENTE. Estar junto. Gostar de sentar-se ao lado. Sentir-se bem estando junto. Olhar nos olhos. Escutar com atenção quem fala. Escolher momentos para nada fazer, a não ser para estar junto. Comer em companhia. Comer sozinho é a negação de ser gente. É preciso comer conversando, olhando e confraternizando. Conheço pessoas que não tiram os olhos do prato. Eu e o prato nos bastamos. Comer é muito mais do que comer. É comemorar. Refeição é comer juntos. Viver é treinar-se a estar junto.
SABER DEGUSTAR O TRABALHO. No dia em que as pessoas fizerem do trabalho uma diversão, um passatempo, um brinquedo, não haverá mais gente estressada e nem deprimida. Para isso é preciso degustar o trabalho como se degusta uma feijoada ou um churrasco, como se degusta um jogo de canastra ou o futebol. Trabalho não é somente o dever profissional. É toda a atividade humana. Ler e escrever é trabalhar. Cultivar a terra e construir uma casa é trabalhar. Cuidar de uma criança ou de um enfermo é trabalhar. É possível medir o quanto se degusta o trabalho. É pela alegria que produz. A alegria e a satisfação de ter trabalhado, mesmo tendo sido sofrido, é sinal de degustação.
SABER DEGUSTAR O QUE SE SENTE. Somos sentimentos e emoções. Não se pode escondê-las como numa caixa preta, fazendo sua revelação somente depois da morte, guardando tudo em segredo. Degustar o que se sente é celebrar com as pessoas os sentimentos e as emoções que se vive, tanto as prazerosas como as menos gostosas. É a sabedoria que diz: “Alegrar-se com quem se alegra, chorar com os que choram...”. Guardar o que se sente somente para si é viver num túmulo, onde tudo tem cheiro de morte. O que se sente é para ser comunicado e o que é comunicado é celebrado.
Muito mais do que degustadores de queijo e vinho, devemos ser degustadores da vida e do que realizamos. E viva a degustação!

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