domingo, 12 de janeiro de 2014

MINHA AMIGA INSEPARÁVEL

Quando eu a conheci tinha 16 anos. Ela era mais velha e foi-me apresentada por amigos numa festa. Foi um amor à primeira vista. Um amor ardente, absoluto, encantador. Ela me enlouquecia. Eu não conseguia pensar em mais nada, a não ser nela. Eu não conseguia viver sem ela. Mas era um amor proibido. Meus pais não a aceitavam. Na escola fui repreendido. Passamos a nos encontrar às escondidas. Ela acabou por me afastar até dos meus melhores amigos. Os momentos passados com ela eram inebriantes. Porém, ela era possessiva e exigia cada vez mais dinheiro. Eu não sabia, eu não queria dizer não. Primeiro peguei dinheiro emprestado, depois roubei.
Fugindo da polícia, recebi um tiro numa perna e tive de passar pelo hospital, pela cadeia e depois por uma casa de recuperação. Forçado fisicamente a viver sem ela, dei-me conta do engano. Não era minha amiga. Era uma ladra: roubou minha liberdade, roubou minha saúde física e mental, roubou minha alegria de viver, roubou meu dinheiro, roubou meus amigos, roubou minha família... Quase roubou meu futuro. Esta ladra se chama “droga”.
Na fábula dos animais, certo dia, a raposa viu um letreiro na entrada de uma gruta. Dizia: “Palavra de leão, podeis entrar confiadamente”. Em tempo, a raposa deu-se conta que havia pegadas de animais entrando na gruta, nenhuma pegada de animais saindo.
Assim é a droga: é fácil entrar, mas nem sempre é possível sair. São, muitas vezes, jovens vidas ceifadas ou mofando no presídio e agonizando com o vírus HIV. A modelo britânica Naomi Campbell fez a experiência: “Eu me senti invencível, como se pudesse conquistar o mundo. Mas é um erro. Quando acorda no dia seguinte, tudo passou e você se sente muito mal”.
Nenhuma família pode garantir: isto não vai acontecer com meu filho. A droga tem invadido também famílias bem estruturadas. Mas convenhamos, nesta situação, o perigo é bem menor.
Algumas pistas podem ajudar os pais. A primeira delas é a vida harmoniosa do próprio casal e o tempo reservado aos filhos. A bebida e o cigarro também são drogas, embora consideradas lícitas, mas preparam o caminho dos tóxicos. Dinheiro em excesso não faz bem a um jovem, que sempre vai querer novas emoções e novos sonhos. O diálogo, iniciado já nos primeiros anos, torna mais difícil o encontro com a droga. Os pais devem acolher, em suas casas, os amigos e amigas de seus filhos. Isso ajudará também a perceber o caráter deles.
Outro fator considerado essencial passa pela formação moral dos filhos. Quando os filhos são orientados para uma escala de valores morais, quando Deus, quando a fé e quando a prática religiosa fazem parte da vida dos filhos, a droga - a ladra, disfarçada de amiga -, encontrará a porta fechada. De resto, o preço da educação é o amor exigente.

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