sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O ANO QUE VEM NÃO PODE SER UMA AVENTURA SOLITÁRIA, MAS UM CAMINHO DE SOLIDÁRIOS.

Na sequência normal das horas e dos dias que se sucedem no cotidiano, não parece haver muitas novidades. Quando um ano termina e outro começa, continuamos o mesmo ritmo do tempo, porém vivemos diferentes sentimentos, motivações, ritos e símbolos. Comemoramos o fim de ano como um capítulo que termina, com avaliações e balancetes, com perdas e ganhos, mas sempre aprendizes do tempo vivido e esperançosos do tempo que está por vir.
Para os atentos e sábios até os erros de nossa vida ensinam como não tornar a repeti-los. Os acertos vão se tornando luzes a guiar um caminho de aperfeiçoamento e qualificação do futuro. Na trama dos fatos e realizações está implicada a vida. No tempo vivido em prestações de segundos, minutos, horas, dias, meses e anos, também definimos nossa eternidade.
Com a chegada do fim de ano, vamos guardando ou jogando fora ou queimando calendários, agendas e arquivando planejamentos como capítulos históricos de instituições e organizações. Ao olharmos, diante de Deus, as coisas passadas, elas não desfilam apenas em nossa frente, mas se incorporam em nós como algo de nossa vida.
A reflexão sobre o ano que passou nos leva ao encontro de nosso próprio mistério da vida. Contemplando os resultados concretos, sentimos quem somos verdadeiramente e o que vai permanecendo em nós como essencial de uma existência que vai se consolidando. Com isso, nos damos conta que não bastam os fogos de artifício, a champanhe e outros cardápios especiais. O balancete da vida diante de Deus é que vai fazer a diferença de quem não se contenta em somar anos à vida, mas vida aos anos.
Participando da virada de ano, é possível fazer acontecer também em nós uma virada. Novas agendas, novos calendários e planejamentos podem provocar em nós um dinamismo de mudança, um impulso de esperança, novas decisões, novos rumos e novos horizontes.
Deus é sempre surpreendente em sua atuação de amor. Colocando a confiança no Senhor, como se tudo dependesse dele, e assumindo com responsabilidade a nossa história, como se tudo dependesse de nós, viveremos com mais coerência e autenticidade. O caminho do futuro terá êxito na proporção das verdadeiras alianças que buscamos cultivar.
O ano novo não pode ser uma aventura de solitários, mas um caminho de solidários. Assegurados na Palavra de Deus saberemos por onde andar e como construir a casa sobre a rocha. Cito as palavras do poeta e místico Angelus Silesius: “Tempo é como eternidade, e eternidade, como o tempo, desde que tu mesmo não estabeleças uma diferença. Eu mesmo sou eternidade quando deixo o tempo e me reúno em Deus e Deus em mim”.
O novo começo só dará certo quando se iniciar lançando bases seguras e profundas e forem consideradas todas as áreas de nosso corpo e de nossa alma. Sem mergulhar nas profundezas não há renovação de nossa vida.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

ONDA VERMELHA.



  Háháhá! Hilário! Isso não tem preço! O Partido da Imprensa Golpista se desmoraliza a olhos vistos dia após dia! E ainda quer “cantar vitória” com uma narrativa totalmente enviesada dos fatos deste pleito! Só não vê quem não quer! Ou quem possui uma “cegueira ideológica” em avançado estágio de evolução que já comprometeu, irremediavelmente, o próprio cérebro e a capacidade de discernimento! Nesse grotesco episódio proporcionado pela Revista Veja ao acusar, sem provas minimamente palpáveis, a Presidente República e seu antecessor, de conivência com a corrupção, as vésperas das eleições e repercutido pela Rede Globo, Estadão e Folha, o PIG acabou por “virar”, ele próprio, “notícia”, porque ficou explícito, mais uma vez, a “combinação de pautas” na tremenda caradura e em plena luz do dia! A blogosfera inteira transformou a “Edição da Veja” em piada! O próprio TSE condenou a “Revista da Marginal Pinheiros” concedendo o “direito de resposta” a candidata Dilma Rousseff e ao PT, exigindo o seu cumprimento imediato porque ENTENDEU que a reportagem constituía uma mera “peça publicitária da campanha adversária”, tal como se comprovou não só porque foi veiculada na TV pelo candidato do PSDB, Aécio Neves, descumprindo acordo firmado entre as duas partes no próprio Tribunal de evitar ataques mútuos nos últimos dias de campanha, como também pela exibição e distribuição de milhares de cópias da “Capa da Veja” como “panfleto de propaganda” por militantes tucanos país afora! Uma vergonha inominável num país que se quer democrático e maduro tanto no respeito à formação livre de consciência dos seus cidadãos, quanto no respeito ao veredicto das urnas! Um golpismo explícito! Que DEVE ser repudiado por TODOS! E NÃO há que se falar em “terceiro turno”! Quem legitimamente conquista a maioria nas urnas, GOVERNA! Quem perde vai para a OPOSIÇÂO! Simples assim! Por isso mesmo, é sempre bom lembrar “Com o tempo, uma imprensa [mídia] cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma” - Joseph Pulitzer. Ou melhor, segundo Malcolm X, ativista dos direitos civis e dos negros nos EUA, “Se você não for cuidadoso(a), os jornais [mídias] farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e amar as pessoas que estão oprimindo”. E é justamente esse comportamento que você já observa por aqui de um número não muito pequeno de comentaristas que “capturados” pela pauta do PIG acreditam nesse “vale tudo” para detonar a reputação de pessoas, instituições ou governos democraticamente eleitos, e que “negam a própria política”. E não teve jeito não! Dilma, o PT e aliados saem mais fortalecidos das urnas e foram SIM reeleitos em 2014 pra mais quatros de mandato até 2018! Para desespero da direita mais retrógrada e fascista que resolveu “sair do armário” para tentar nos assombrar apoiando o Aécio Neves(PSDB) numa campanha, absolutamente, triste, suja e mentirosa na dita “Grande Imprensa”, na Internet e nas Redes Sociais. E que não tem qualquer projeto ou proposta para superação dos imensos desafios que o país tem pela frente! Meu manifesto: #Ley de Medios Já que dê fim ao monopólio da “velha mídia” e democratize as comunicações conforme DETERMINA a Constituição Federal promulgada em 1988 e por uma Reforma Política com Plebiscito Popular com o fim do financiamento de campanhas políticas pelo Poder Econômico(empresas privadas)! Agora no debate público é preciso partir pra cima deles! Mais também teremos dezenas de grandes obras para inaugurar país afora. Entre elas, três hidrelétricas de grande porte, Girau, Santo Antônio e Belo Monte. Duas grandes refinarias/Polo Petroquímico, uma Pernambuco e outro no Rio de Janeiro. O Pré-sal bombando! Além, é claro, da emblemática inauguração da Obra de Transposição do Rio São Francisco que beneficiará 12 milhões de nordestinos! Dezenas de Metrôs/BRT's/VLT's, Rodovias, Portos e Aeroportos e das Ferrovias Norte-Sul/ Leste-Oeste. E não menos importante, o Plano de Banda Larga Para Todos chegando a TODO o Brasil. Inauguração/expansão de dezenas de novas Universidades Públicas, Escolas Técnicas e da expansão da Educação Integral. Em 2002 a esperança venceu o medo. Já em 2014 a esperança VENCEU o ódio e a mentira. E você cidadão que não se OMITIU, fez parte desta VITORIOSA HISTÓRIA! Var ser lindo! Vai ser Dilmais! Feliz 2015! 
247.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

DEVEMOS SEGUIR A LÓGICA DA NATUREZA


A natureza é uma realidade tão complexa que não pode ser encerrada em nenhuma definição. Ela permanece um mistério, como mistério é o ser e o nada. O que possuímos são discursos culturais sobre a natureza: das culturas ancestrais, das modernas e das várias ciências. Em nome de cada compreensão, decide-se qual é o nosso lugar nela e que tipo de intervenção é adequada ou não.
Quando contemplamos a natureza salta logo aos olhos uma medida imanente a ela que resulta não das partes tomadas isoladamente, mas do todo orgânico e vivo. Há harmonia e equilíbrio.
Para os contemporâneos a natureza resulta de um imenso processo de evolução que vai além do modelo de Charles Darwin (1809-1882), que fundamentalmente a restringia à biosfera sem incluir o cosmos. Tudo começou com o big bang num processo não linear que conhece saltos, flutuações e bifurcações. Não só se expande, mas cria e organiza possibilidades novas. Significa que as leis naturais não possuem caráter determinístico, mas probabilístico.
Os conhecimentos da termodinânica nos sinalizam que a vida e qualquer novidade no universo surgem a partir de certa ruptura do equilíbrio. Essa quebra da medida é só um momento, pois provoca em seguida a auto-organização que cria um novo equilíbrio dinâmico. É dinâmico porque continuamente se refaz, não pela reprodução do equilíbrio anterior, mas pela criação de um novo. A lógica da natureza em evolução é esta: organização-desorganização-interação-nova organização. E assim sucessivamente.
Isso não significa que a natureza não possua uma medida (leis da natureza); o que ela não possui é uma medida estática e mecânica, mas dinâmica e flutuante, caracterizada por constâncias e variações. Há fases de ruptura para logo em seguida gestar nova regularidade. A Terra já foi quase duas vezes mais quente que hoje, mas apesar disso mostrou ao longo das eras um incrível equilíbrio dinâmico que tem favorecido benevolamente a vida em sua diversidade.
A natureza vista como um todo não impõe prescrições. Aponta para tendências e regularidades que podem ir em várias direções. Cabe ao ser humano, auscultando a natureza e com fina percepção, escolher uma que lhe pareça mais adequada. Então ele surge como um ser responsável e ético.
O ser humano deve seguir a lógica da natureza: fazer e refazer continuamente o equilíbrio. Não de uma vez por todas, mas sempre em atenção ao que está ocorrendo no ambiente, na história e nele mesmo. A justa medida muda, o que não muda é a permanente busca da justa medida.
Os povos indígenas nos dão disso o melhor exemplo. Por uma afinidade profunda com a natureza, os solos, as nuvens, os ventos e outros eventos naturais sabem, de golpe, o que vai acontecer e o que fazer.
Investigações recentes mostraram que as pessoas não mudam por causa de informações sobre o aquecimento global, mas quando sofrem na pele com a degradação ambiental. Isso comprova que o motor que move as pessoas é menos o intelecto que o sentimento profundo, raiz do novo paradigma de convivência com a Terra. Sem esse sentimento não ouviremos a grande voz da Terra a nos convidar para a sinergia, a compaixão, a coexistência pacífica com todos os seres. A partir desse pathos se torna absurdo querer subordinar o novo conhecimento genético à obtenção de lucros, como se a vida não valesse por si mesma, sem ser reduzida a uma simples mercadoria no balcão de negócios.
Se esta sintonia fina com a natureza em nós e também ao nosso redor não se transformar numa cultura, então estaremos sempre às voltas com a busca da justa medida a ser encontrada e aplicada. Viveremos reconciliados conosco mesmo e com a natureza. Eis um caminho a seguir.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

A ESPERANÇA VENCEU O ÓDIO.


A presidenta Dilma Rousseff foi reeleita com mais de 51% dos votos, dados por mais de 54 milhões de eleitores.

A vitória revela a força de seu governo e do legado das duas presidências de Lula.

Dilma mostrou que é dura na queda.

Sofreu uma sequência de ataques que estão entre os mais violentos e virulentos de que se tem notícia na história do País.

Um dos mais infames foi a tentativa de gol de mão perpetrado pela Veja, aquela que já está se tornando mais conhecida como "a revista da Marginal Pinheiros".

Dilma que se cuide, o PT que fique esperto e o país que se conscientize e se mobilize.

A oposição foi derrotada. O golpismo, não.

A presidenta precisa antecipar a formação de seu novo governo, arrumando a casa para um novo mandato.

Mais importante, precisa sair do isolamento de Brasília, circular mais pelo país, manter contato mais direto com o povo brasileiro, com as organizações sociais, com governadores, prefeitos e com todos os que podem garantir sua governabilidade social.

O segundo mandato de Dilma precisará de uma politização permanente e de uma comunicação à altura para fazer frente à tentativa permanente de desmoralizá-la, desestabilizá-la e levá-la ao "impeachment". Alguém tem dúvida de que esse é o plano dos adversários?

A vitória da candidata do PT mostra o quanto a democracia brasileira está melhor informada, mais consciente e mais avessa às tradicionais tentativas de manipulação de eleitores.

Todavia, o resultado apertado mostra que o principal adversário a ser vencido não é apenas um partido: é o ódio, o preconceito, a intolerância.

O recado das urnas é claro: os eleitores querem um governo com prioridade para os pobres, com especial atenção às regiões mais pobres e carentes em infraestrutura; um governo que proteja os trabalhadores e garanta o emprego; que reduza a inflação e os juros pagos ao sistema financeiro; um governo que melhore a qualidade dos serviços públicos e a aperfeiçoe a regulação sobre o setor privado; um governo que trave um combate sem tréguas à corrupção e à impunidade.

Essas razões deram a vitória a Dilma.

Falta derrotar o golpismo. Falta fazer valer, nas ruas, o resultado das urnas, enfrentando aqueles que tentarão jogá-lo no lixo.

Por ora, a esperança venceu o ódio.

domingo, 26 de outubro de 2014

QUANDO O ARCAÍCO SE APRESENTA COMO NOVO - A HISTÓRIA DO AÉCIO.



O segundo turno das eleições presidenciais chega aos seus momentos finais com os ânimos acirrados. A sociedade está dividida entre o projeto do PT e o do PSDB. O PT está há 12 anos no poder e, mais uma vez, os tucanos se colocam como alternativa, como a possibilidade de “mudança”. O lulopetismo em sua versão com Dilma já é conhecido e é dele que Aécio quer afastar o Brasil, para “mudar”. Mas que mudança é essa proposta pelo tucano? Qual é a substância política de transformação de Aécio Neves?

Para responder, é preciso ouvir o que ele diz sobre política econômica e os rumos da cidadania e dos serviços públicos no país. Nas entrevistas durante a campanha, Aécio repetiu a receita macroeconômica dos oito anos de governo FHC: prioridade total na economia para o controle da inflação, corte de investimentos do poder público, redução dos concursos públicos e “austeridade” (o que quer dizer, arrocho).

Ou seja, Aécio não surpreende e propõe o que já se esperava dele: uma política que acredita na redução da ação do Estado na sua capacidade de produzir desenvolvimento e cidadania. Para ele, é o mercado, e não o Estado, o agente fundamental do desenvolvimento, e é a eficiência, e não a cidadania, o objetivo final desse agente. Nesse sentido, o projeto aecista é o já velho neoliberalismo e cheira ainda mais a anos 90 quando ele diz que Armínio Fraga seria seu ministro da economia num eventual governo.

No fundo, o que está em jogo neste caso é a dificuldade que os liberais tucanos demonstram de renovar seu projeto político depois de seguidas derrotas em eleições nacionais e, acima de tudo, após o colapso em 2008, no centro do mundo capitalista, de países europeus adeptos deste mesmo modelo.

Neste importante episódio histórico ficou mais do que claro que o mercado completamente desregulado gera concentração de riqueza, deterioração dos serviços públicos, redução de salários, desemprego e crise.

Mais ainda, foi exatamente por conta destas consequências do modelo liberal que os tucanos perderam o poder em 2002 e viram a América Latina experimentar a emergência de uma onda contra hegemônica no início do século XXI. Mas, curiosamente, esse modelo é o pilar do “novo Estado brasileiro” que Aécio diz ter para o país.

Por ser velha e estar repleta de “medidas impopulares”, essa agenda não pode ser explicitada claramente no debate eleitoral. Assim, quando solicitado a falar sobre suas propostas concretas em economia, Aécio apresentou platitudes: “Tomarei as medidas necessárias para o país voltar a crescer”.

Pois bem, e que medidas são essas? E ele responde: “São as medidas que o governo precisa tomar para alavancar a economia e fazer o país voltar a crescer”. Aqui, Aécio revela sua falta de consistência para debater os assuntos nacionais em profundidade. Neste momento, José Serra ri, e mesmo os jornalistas mais simpáticos ao tucanato ficam inquietos nas sabatinas midiáticas. Há até um certo constrangimento com a superficialidade do candidato. Aqui, Aécio é mal preparado.

Se na política econômica o PSDB mantém sua adesão ao projeto liberal, do ponto de vista dos costumes Aécio, que tem vida social noturna ativa, mora em Ipanema e se diz um sujeito “de bem com a vida”, não é um liberal. O tucano é contra a descriminalização da maconha e encampa a política de drogas proibicionista, também dos anos 90 – essa que até Luciano Huck, amigo do candidato, sabe que não funcionou na tentativa de eliminar o tráfico.

Nesse ponto, Aécio é regressivo e quer reforçar as penas para traficantes. Na verdade, o tucano de Minas pertence a uma linhagem clássica de políticos brasileiros de direita: aqueles que são liberais e privatistas na economia, mas são conservadores nas questões das liberdades individuais.

Desta forma, o que está acontecendo é que o neto de Tancredo Neves está reapresentando ao país a mesma agenda tucana de centro-direita de eleições passadas. Há muito pouco de novo nisso. Mas há, no entanto, uma diferença entre Aécio e todas as lideranças nacionais tucanas e mesmo as não tucanas que disputaram efetivamente a presidência desde a redemocratização.

Tanto FHC e Serra, como Lula, Dilma e Marina são quadros forjados no processo de modernização da sociedade brasileira. São figuras políticas oriundas da luta contra a ditadura, da batalha pelo restabelecimento da democracia representativa no país e do movimento social nascido nos anos 70 e 80 após um surto de desenvolvimento econômico.

São algo que poderíamos chamar de lideranças “sociológicas”, urbanas e ligadas ao Brasil contemporâneo. Já Aécio Neves remete ao passado político do pais, já que é de uma família tradicional de políticos profissionais do interior de Minas Gerais. O avô, do PSD, foi presidente eleito e governador e o pai, deputado federal do partido da ditadura.

O primo foi ministro da Economia e todos sempre arranjaram empregos para Aécio dentro da máquina pública. Nesse sentido, o tucano é uma caricatura do político brasileiro conservador do século XX: esteve sempre alojado no aparelho do Estado por conta do poder da família, teve cargos públicos por indicação, recebeu concessões de rádio do presidente e pertence a uma dinastia proprietária rural que controla politicamente diversos territórios há décadas no segundo maior colégio eleitoral do país.

Aqui, o jovem Aécio é um retrato novo do que há de mais arcaico e fisiológico na política brasileira. Nesse sentido, a equivalência possível na história das disputas presidenciais é com Fernando Collor. Por detrás da imagem marquetada de novidade, o atraso.

Talvez por isso, por representar tamanho atraso político sob uma publicidade ilusória de “mudança”, a presença de Aécio na disputa esteja despertando um dos traços mais retrógrados da cultura política brasileira: o ódio de classe, aquele que – numa sociedade de base escravista – não pode tolerar programas sociais que reduzem a miséria. E que acredita que os problemas do país estão relacionados ao fato dos mais pobres receberem algum tipo de proteção social.

Nesse sentido, não há nada de novo no front. As forças do atraso estão a pleno vapor na candidatura aecista e têm como propósito frear o lento processo de nascimento do novo: um Estado de bem-estar brasileiro.

sábado, 25 de outubro de 2014

AS PERGUNTAS DA VIDA.

Eu sou uma pergunta. Minha cabeça é um ponto de interrogação. Meu coração é um livro feito de interrogações. Sou uma interrogação caminhante. Olho-me e interrogo-me. Escuto-me e surge um porque. Sinto-me, e as sensações se transformam em interrogações.
A vida é uma pergunta.
Donde venho e como comecei?
O que estou fazendo neste mundo, neste planeta terra?
Para onde se endereça minha vida e qual meu ponto de chegada?
Por que eu sou brasileiro, homem, nascido aqui neste planeta terra?
A vida é uma pergunta.
Por que nasci? Por que em minha frente está a certeza da morte?
O que haverá depois da morte? Por que aqui estou se não pedi para nascer, nem escolhi sexo, cor, nem a família?
Na verdade a vida é uma imposição. Por que me impuseram viver?
Olho em mim e me faço infinitas perguntas. Olho ao redor e continuo me interrogando:
Por que uns são felizes e outros não? Uns são ricos e outros pobres? Uns são alegres e outros tristes? Uns adoram viver e outros buscam até o suicídio?
E por que o mistério do sofrimento?
Que sentido tem essa monotonia da vida - levantar, dormir, comer, trabalhar, se encontrar com as mesmas pessoas, repetir-se em todo o dia?
Há um mistério no comportamento humano. Há pessoas de bem e são perseguidas pelo sofrimento e injustiça! Outras são pessoas maldosas e são recompensadas com dinheiro, fama e sucesso!
A vida continua sendo uma pergunta.
Por que essa mistura de justiça e injustiça, de bem e de mal, de mentira e verdade, de vida e de morte, de céu e de inferno, de felicidade e de infelicidade?
Por que as pessoas se amam e se detestam?
A vida continua sendo uma pergunta.
Por que as pessoas permanecem sempre insatisfeitas?
Haverá algo do tamanho do coração humano?
Por que tantas perguntas de paz e de guerra?
E na bagagem de minha vida há tantas perguntas que não cabem nas malas de minha viagem. E porque não cabem, quero ter a alegria de ir me libertando de cada pergunta, não fugindo delas, mas conversando com elas para que me ensinem a viver.
Estou aprendendo que viver é ir constantemente encontrando respostas para as perguntas da vida.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

QUE LAR VOCÊ QUER TER?

Chen, uma chinesa de 30 anos, na Província de Chongquing, poderá bater no marido apenas uma vez por semana. Dois anos mais velho que ela, o marido atende pelo nome de Zhang e esclarece que já apanhava no tempo de namoro. Eles se casaram há seis meses e a agressividade de sua amada aumentou. Diante disso, foram chamadas as duas famílias e testemunhas. Nesse encontro ficou acertado que ela poderá bater no esposo só uma vez por semana. Pelos termos do acordo, ela terá de passar três dias na casa dos pais se passar da cota semanal. Ela é muito obediente aos pais e estes sempre apoiam o genro nas brigas conjugais. Chen, bonita e de olhos amendoados, explica que sempre se arrepende das agressões, mas na hora não consegue se controlar.
Não é novidade que muita atitudes doentias são levadas para o casamento. Para prevenir este tipo de coisas, existe o namoro e o noivado. É um tempo para mútuo conhecimento e para preparar o futuro. Quando os dois decidem dizer um “sim” para sempre, deve estar estabelecido o modo de vida em comum. Isso significa, entre outras coisas: onde vão morar, com que meios vão subsistir, quantos filhos desejam, ela vai ou não trabalhar fora, como ficarão as diversas atividades domésticas? Também é interessante que seja contemplado o aspecto religioso e a liberdade do casal em relação aos pais e sogros. O Evangelho fala dos que constroem sobre a rocha. Muitos, hoje, preferem a areia do comodismo e levam em conta apenas aspectos acidentais: beleza, juventude, erotismo, bom partido... Diante disso são inevitáveis os fracassos.
Para a Igreja, o amor dos esposos é confirmado pelo Sacramento do Matrimônio. Isso significa fazer de duas vidas uma só vida, de dois projetos, um só projeto. Classicamente é um amor para os bons e maus momentos. É o compromisso de amar mesmo quando o amor, em seu aspecto periférico, acabou. É apostar no amor e no seu dinamismo, capaz de superar qualquer dificuldade. O diálogo e a oração são instrumentos para superar os imprevistos e chegar sempre a um consenso.
Entre marido e mulher não deve existir dominação, mas igualdade. Amar não é ser feliz, mas fazer feliz a pessoa escolhida. É intolerável a agressão, seja verbal ou física. É aconselhável também manter uma razoável distância dos pais.
A família de Nazaré é chamada de Sagrada. Na ótica divina, todas as famílias precisam ser sagradas. Ao longo da caminhada existem três perguntas que devem ser respondidas: estou preocupado apenas comigo mesmo, será que não estamos dialogando pouco e como e quanto falamos com Deus? O matrimônio cristão é arquitetura humana e divina. Devem ser assumidas todas as mediações humanas e toda a proteção e graças que vem de Deus.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

TER O MÍNIMO NECESSÁRIO E ESTAR SATISFEITO.

O universo tem dono. Não tem donos. O dono é um único ser. Como gesto de caridade e solidariedade, como expressão de partilha de vida, reparte a si mesmo em cada criatura humana. O Dono tudo empresta. Não faz negócios.

A grande maldade das pessoas é tomar atitudes de donas. É querer tornar-se proprietária do que não é seu. Ali está o fundamento de todo o pecado. É querer mudar a atitude de criatura por Criador. De servo por patrão.
É uma pena que nós, pequenas e limitadas criaturas, não podemos gritar a verdade para os ladrões e corruptos, para os apegados e gananciosos. Mas podemos provocar mudanças perto de nós e em nós. Podemos rever nossas atitudes de apego e de ganância. Muitas pessoas vivem o apego e o desejo de possuir tudo o que podem.
Há um sentimento geral na sociedade de insatisfação e de vazio. A insatisfação surge da mente e de pensamentos sempre voltados para o mundo material. Desse contínuo apego ao mundo material nasce o desejo e o desejo gera a inquietação. Essa é a causa da insatisfação do coração humano na sociedade atual. Está insatisfeita com o que tem, com o que ganha e com os sonhos que não consegue realizar.
Diante desta realidade coloco-me como um aprendiz da vida. Coloco-me como um observador dos fatos e como cada um vai escolhendo e selecionando o que ajuda a viver e o que estraga a vida humana.
A história da humanidade mostra que tudo o que é material se torna cinza. Nada é eterno. Os sábios e filósofos, os pensadores e os mestres são um ponto de referência na sociedade daquilo que vale levar adiante.
Há um critério no senso comum que deixa bem claro quem é a pessoa rica e quem é a pessoa pobre. Quem consegue ter uma vida satisfeita com o que tem e o que não tem. O homem rico é aquele que, tendo o necessário, está satisfeito com o que tem. O homem mais pobre é aquele que, mesmo tendo muito, está insatisfeito com o que tem. A maioria das pessoas que vivem em nossa cidade e vizinhança têm o suficiente para viver, mas estão insatisfeitas com o tipo de vida que levam. Por isso, a pessoa rica, que na sociedade se torna um sinal de bom senso, é aquela que tem o necessário para viver bem e se contenta com essa situação.
Toda essa realidade leva a uma reflexão: qual a razão da ladroagem e corrupção política? Qual o motivo da violência dos roubos de todo o dia? Qual a razão das mentiras e enganos sociais? Qual a causa de injustiça entre vizinhos e parentes, entre companheiros de trabalho e esporte?
Uma nova atitude é necessária e urgente, atitude ali na vizinhança, com o viver de cada dia. Devo começar aqui a fazer minha parte. Devo fazer minha parte na descoberta pessoal, na esperança que o outro faça sua parte, sem esperar pelos vizinhos e pelas autoridades. Cada um fazendo sua parte o todo fica realizado.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

CAMINHOS...

Perguntou-me se o seu caminho até o centro era certo. Eu disse que era. Por aquele caminho, ele certamente chegaria. Seu irmão, que ia por outro caminho, perguntou se, também o dele estava certo. Eu disse que sim. Também pelo outro caminho era possível chegar ao centro. Mas o terceiro estava num caminho errado. Por onde ele ia, estava se desviando do centro.
Eu também ia para o centro, mas por outro caminho. Ofereci a ele o meu caminho. Então um amigo não ecumênico me perguntou.
- Por que você não indicou o nosso caminho?
E eu lhe disse:
- Porque não foi isso que ele me perguntou!
Ele quis saber se o caminho que ele fazia estava certo; não me perguntou qual o melhor caminho. Se perguntasse pelo melhor, eu lhe teria mostrado o meu. Como o dele também leva, embora demore mais, respeitei a sua vontade. Eu só alertei o que estava indo na direção errada. Era o único que tinha que mudar seu caminho!
Se ecumenismo não for isso, então alguém precisa me explicar o que é ser ecumênico!

terça-feira, 21 de outubro de 2014

PERDEMOS A NOÇÃO DA GRATUIDADE.

Era uma manhã em Nova York, semelhante a qualquer outra manhã. As estações do metrô recebiam e despejavam centenas de pessoas e todas elas tinham pressa. No meio da confusão, um jovem vestido simplesmente - calça jeans, camiseta e boné - encostou-se a uma parede e começou a tocar violino. Ninguém tinha tempo ou disposição para escutar a música.
Algumas crianças tentavam parar, mas eram arrastadas pelas mães. Transeuntes, de bom coração, deixavam cair algumas moedas. A maioria nem reparava no jovem e seu violino. Alguns com celular no ouvido, outros olhando as manchetes dos jornais ou consultando o relógio. Após tocar durante 43 minutos, o jovem recolheu e contou as moedas: 32,5 dólares.
No dia seguinte, pelo menos alguns dos passantes, ficaram sabendo, através do Washington Post, que o jovem se chamava Josuha Bell. Na semana anterior se apresentara no Simphony Hall de Boston, os ingressos custaram mil dólares e o teatro lotou. Na semana seguinte, Joshua Bell recebeu o prêmio de melhor músico erudito dos Estados Unidos. O violino, que usara no metrô era um Stradivarius, fabricado em 1713, e que foi avaliado em 3,5 milhões de dólares.
Os usuários do metrô não perceberam o valor da música porque os meios de comunicação não haviam noticiado, por não terem sido postos à venda ingressos, porque o violino não tinha etiqueta. Eles não sabiam da realização do evento. Assim, na maioria dos casos, é a vida. Corremos demais em busca do menos. Só damos valor aos objetos caros, aos artigos recomendados pela televisão, pelas coisas que podem ser comentadas ou que aparecem na primeira página do jornal.
Perdemos a noção da gratuidade. E as melhores coisas não são pagas, não têm preço. Quanto vale o nascer do sol? Ou a chuva, o pássaro saindo, pela primeira vez, do ninho e tentando voar? Quanto vale um bom-dia, a música do vento, o perfume do jasmim, o espetáculo da primavera, o pálido esplendor de uma estrela distante anos luz de nós?
Na verdade, a vida é um grande milagre, que só pode ser visto por olhos encantados. As coisas jamais se repetem, são únicas.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

SOMOS SERES EM CONSTRUÇÃO.


É o trabalho de toda a criatura humana. É a missão humana. A história é simples. Aceitemos ou não, somos obra do Criador. Ele nos fez à sua imagem: “Somos criados à imagem e semelhança Dele.Porém, não somos obra acabada. Somos seres em construção. Há uma vida toda para essa construção. Uma vida para tirar de dentro de nós aquilo que Deus espera. E Deus espera que eu realize minha vocação. Que eu cumpra meu caminho. Que não passe inutilmente sobre esta terra.
Conta a história que Michelangelo,o grande pintor e escultor italiano, dando uma explicação sobre a arte de esculpir disse: “A imagem que eu quero esculpir desta pedra ou desta madeira já está ali. Todo trabalho meu é tirar as sobras, é eliminar o que esconde a imagem.”

Para um materialista, uma pedra é uma simples pedra. Para um escultor, a pedra guarda o segredo de um trabalho a ser executado.
Mas, além da criatura humana, ser um escultor da natureza, ter a missão de ser escultor de si mesmo. Há um ideal dentro de cada ser humano de ser perfeito e realizado. Ninguém nasceu para ser um frustrado. Todos nascem e crescem e vivem seus anos para realizar esse trabalho de esculpir-se a si mesmo. De tornar-se aquilo que o idealizador do plano pensou.
Esculpir-se é ter um objetivo e querer chegar lá. É cultivar as virtudes que estão em nosso interior. As virtudes são o rosto lindo que está dentro nós. É o rosto da paz e da beleza. É a possibilidade da fé e da esperança.
Os defeitos são o lado ainda bruto da pedra e da madeira. Os defeitos são o lado a ser trabalhado para que desapareçam as sobras que impedem de ver e apreciar o segredo escondido.
Neste trabalho de artistas de si mesmos, podemos contar com pessoas que nos ajudem. Podemos formar um atelier. É a cooperação. Muito mais felizes e eficazes seríamos se permitíssemos que outros escultores nos ajudassem. Fizessem parte de nossa vida. Que a família decidisse ser um atelier entre pais e filhos. Que a vida de comunidade possibilitasse colaboração um com o outro. De dentro de cada pessoa iria aparecendo a riqueza da personalidade. A variedade dos rostos.
Acima de tudo, há uma missão em toda criatura. Missão de fazer aparecer o rosto do Criador, origem de todos os rostos. Porém, como fazer aparecer o rosto do artista-Deus, no rosto de um ladrão e de um drogado? Em cada rosto de político e dos que têm o coração cheio de ódio? É bem mais fácil ver o rosto de Deus nos olhos de um santo, de um justo e de uma pessoa de fé. É mais fácil esculpir o rosto de Deus numa tela de uma criança e de um velhinho que cumpriu sua missão.
Mas, acima de tudo, minha missão é minha. Tenho que ser um espelho de mim mesmo e olhar-me. Ver-me a cada dia mais esculpido e feliz por me sentir parecido com o rosto do Criador, que se concretiza no rosto do Cristo. Nele estão todos os rostos. Rostos que encontraram o caminho da realização e outros que estão a caminho da descoberta de si mesmos

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

TEMOS CAPACIDADE DO MELHOR E DO PIOR. DEPENDE NAS NOSSAS ESCOLHAS.

Um guerreiro, coberto de ouro e de glórias, ao perceber o avançar dos anos, começou a dar importância maior à dimensão espiritual. Dirigiu-se a um monge e pediu: ensina-me sobre o céu e o inferno. Franzino, cabelos brancos, olhar sereno, o monge disse a ele: eu nada poderei lhe ensinar, você é uma pessoa imunda, insuportável e má; sua espada está manchada de sangue e injustiça! O guerreiro, ofendido e revoltado, disse: prepare-se para morrer, vou decapitá-lo! E o monge, com tranquilidade, explicou: veja seu orgulho e seu ódio: aí começa o inferno.
O guerreiro retirou-se, mas a figura serena do homem de Deus o havia impressionado. E, algum tempo depois, retornou. Admitiu que estava errado e, humildemente, pediu perdão. E o monge esclareceu: aí começa o céu!
Céu e inferno estão dentro de nós. Luz e treva, amor e ódio, generosidade e egoísmo misturam-se em nossa vida. Temos a capacidade do melhor e do pior. Tudo vai depender de nossas escolhas no dia a dia. Não apenas das grandes escolhas, mas também dos gestos mínimos e aquilo que os motiva. A ira, a intolerância, o egoísmo, a mentira, o ódio, a indiferença, a omissão dormem dentro de nós e podem ser despertadas por qualquer motivo. Dentro de cada um de nós existe um pecador sempre pronto a entrar em ação. Igualmente dentro de cada um geme um santo, capaz de gestos sublimes.
Um avô explicava ao neto: dentro de nós convivem dois lobos, um bom e um mau, e vivem brigando. Quem vence, quis saber o neto? Vence aquele a quem mais damos comida. Outra comparação: um anjo e um diabinho moram em nosso interior. Vivem em eterna briga. O anjo nos indica o caminho do bem, sempre mais difícil. O diabinho aponta para o comodismo, para o mais fácil, para aquilo que traz vantagens no momento.
Na vida formamos hábitos, bons ou maus. E o hábito se constitui numa segunda natureza. Com o tempo, esses hábitos assumem o comando de nossa vida. Há pessoas que parecem ter facilidade em fazer o bem. Ao contrário, há pessoas que fazem o mal constantemente. São os hábitos - bons ou maus - que assumiram o comando de uma vida.
Passamos a vida semeando. Podemos escolher a semente que jogamos no solo. Porém, cedo ou tarde, virá a hora da colheita. Quem semeia espinhos, espinhos colherá, mas quem semeia flores, com certeza, irá colher flores. Aquele que nada semeia, nada colherá. Temos liberdade para escolher as sementes que vamos semear, mas estamos condenados a colher os frutos das sementes plantadas.
A eternidade é uma casa que estamos construindo agora, para habitar depois. Céu e inferno são dimensões futuras, que estamos construindo agora. Deus não mandará ninguém ao inferno, nem recompensará ninguém com o céu. Ele respeitará nossas decisões. Mesmo assim, fará tudo para reverter as decisões infelizes. A cada momento podemos mudar. Podemos deixar o caminho que leva ao inferno e entrar no território do céu. Inferno é solidão e egoísmo, céu é amor. Ambos começam nesta vida.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

A MAIS CRUEL SENSAÇÃO HUMANA É A REJEIÇÃO.

Nem todo o teatro precisa ter um roteiro. Por vezes, o público é convidado a interagir e as afirmações acabam dando o rumo da peça. No após-guerra, na Alemanha traumatizada, uma peça fez muito sucesso. Um jovem soldado, ao regressar da guerra, encontrou sua cidade em ruínas e seus familiares mortos. Em meio ao desespero, ele ocupava o centro do palco e - desesperado - proclamava diante da plateia: Eu estou, irremediavelmente, só! A continuação da peça, a cada noite, dependia da reação do público. Numa noite, um dos espectadores levantou-se, foi até o palco, abraçou-o e garantiu-lhe: tu não estás sozinho. Estou contigo e sou um teu irmão.A solidão é um dos maiores problemas de hoje. Não se trata da solidão física. A solidão mais dolorosa é aquela que acontece no meio da multidão. A cidade moderna, nesta dimensão, é inferior às primitivas aldeias, onde era necessário caminhar grandes extensões para encontrar uma pessoa. O homem tornou-se um solitário por opção. Tudo começa com a cultura do individualismo exagerado. Os outros, na afirmação de Sartre, são o inferno. A pessoa cerca a si mesma de barreiras defensivas e condena-se à solidão. E porque, de alguma maneira, precisa preencher sua solidão, opta pela bebida, pela droga, pela internet. E nos casos extremados, paga um psicólogo ou psicanalista, para que o escute.
No portal da Bíblia, a sabedoria divina constata: “Não é bom que o homem esteja só”. Assim nasceu o amor, a família, a comunidade. Assim foi satisfeita a necessidade de partilhar. A criatura humana é demasiadamente grande para bastar-se a si mesma. O outro é um espelho que revela nossa grandeza. É o ombro amigo. É a possibilidade de partilhar nossas lágrimas e nosso sorriso, nossas decepções e sonhos.
A caminhada espiritual de São Francisco de Assis teve seu ponto culminante na descoberta de Deus como Pai. E, porque era lógico, imediatamente deu-se conta da existência de irmãos e irmãs. A partir daí fundou o estilo de vida religiosa que chamou de Fraternidade. Qualquer um que batesse à porta do convento era um irmão que Deus enviava. Para o santo, o irmão sempre estava em primeiro lugar. E nesta ótica apenas via as qualidades de cada um. O irmão é sempre maior que o seu pecado. E Deus não se repete. Cada um de nós é dotado de uma originalidade única. E, por isso, a diversidade é riqueza.
A fraternidade está na raiz de nossa opção religiosa: “Se alguém disser eu amo a Deus, mas odiar seu irmão, esse é um mentiroso; pois aquele que não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus a quem não vê”. A mais cruel sensação humana é a da rejeição; a maior graça é a de chamar o outro de irmão. Dante Alighieri, na Divina Comédia, afirmou que o inferno é a cidade da solidão e o céu a pátria do amor.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

O VAZIO DO CORAÇÃO HUMANO


O caminho do atalho é sempre mais fácil. Nem sempre mais eficiente. Atalho implica facilidade. Significa comodismo. Nossa sociedade é uma procura de atalhos, tanto na vida pessoal e familiar quanto na vida de trabalho e de convivência.Casos concretos são os relacionamentos. Muda-se de relacionamentos como se muda de roupa. Os adolescentes são capazes de mudar diariamente os relacionamentos. Os adultos mudam conforme os interesses. É a sociedade da facilidade. Os culpados - e um dia irão bater no peito - são os que se declaram famosos e célebres. São carne e osso como qualquer pessoa, mas os meios de comunicação são capazes de distorcer toda a realidade. Nosso ser, se não encontra respostas que satisfazem, vai buscando atalhos, através de drogas, entre as quais a mais usada é o álcool. É buscado por todas as classes sociais. Mesmo o tabagismo é um caminho de fuga. Mas talvez o grande atalho que tenta satisfazer ao coração humano seja a sexualidade desenfreada. Ninguém segura um adolescente em seus desejos sexuais. Nem mesmo os adultos.
Há somente uma lei que faz superar os atalhos. É a lei do amor. A publicidade não faz outra coisa senão tentar preencher os vazios das pessoas. Eu não paro diante das vitrines. Não fico encantado com os comerciais lindíssimos dos meios de comunicação. Tudo isso desperta e cria novos desejos. Esses desejos fazem comprar e gastar o que não se precisa.
Como enfrentar o vazio? O vazio pessoal e social? O vazio familiar? E o mais pesado de todos, o vazio espiritual? Mas talvez o vazio mais violento e difícil de preencher é a perda de si mesmo. É esquecer-se de ser criatura de Deus e viver como coisa ou como pequeno deus. É esquecer-se do sentido da existência. Olhando para trás, perguntar-se de onde veio. Olhando o futuro e ver bem claro o caminho a percorrer. Vivendo o presente e sentir segurança de que a vida tem sentido, e é possível preencher o vazio vivendo o humano e o divino que está em nosso coração. O vazio do coração humano tem somente um caminho de solução. Somente uma direção. Somente um alimento. Não há como fingir em pequenas soluções. A solução única é misturar nossos desejos com os desejos de Deus. Somente Deus pode preencher o vazio humano. Até que a sociedade não se organizar em grupos de bom relacionamento o vazio permanecerá, vai continuar doendo e levar à busca de compensações.
O mestre Jesus, em sua sabedoria e estratégia de satisfazer o coração humano, colocou para a humanidade, de todos os tempos e todas as raças, o mandamento do amor. É no cumprimento desse mandamento que as pessoas vivem e se realizam.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

NOSSA SOCIEDADE PRECISA DE VENTO FORTE.

Vento, tua força passou por sobre a cidade. Assustou. Ameaçaste de morte árvores e pessoas. Mexeste com telhados. Não poupaste as frágeis janelas e portas. Esqueceste de pedir, com gentileza, licença para entrar! Chegaste como um ladrão que nada respeita.
De onde vens e para onde vais, vento? És um mistério. As pessoas apenas se contentam em dizer: foi um vento forte. Ninguém vê o vento. Apenas é possível ver os resultados.
Os ventos que bateram e batem neste Brasil podem nos fazer refletir. Há uma necessidade de ventos fortes em nosso sistema político. Estamos em permanentes tormentas que destroem a boa vontade de pequenos grupos, que lutam e acreditam na possibilidade de mudança.
Quando a gente vê, através dos meios de comunicação, políticos que passam dinheiro um para outro, que escondem dinheiro até nas meias dos sapatos, é difícil renovar a esperança num sistema de mudança. Chegam ao absurdo de dar-se as mãos e agradecer a Deus pelo sucesso da ladroagem. E alguns são deputados que se dizem seguidores do evangelho.
Os ventos fortes devem chegar nos presídios e nos morros. Fazer a limpeza da maldade. É interessante permanecer por alguns momentos diante de noticiários policiais e de traficantes de drogas e observar como tudo parece brincadeira de crianças. Brincam de se esconder e de fazer guerra.
E os adultos acham estes ventos uma diversão. O que fariam os adultos à tardinha ou à noite? Como ocupariam o tempo se não fossem os brinquedos de guerra e as ações policiais?
Observei um fato. Dificilmente as crianças permanecem diante do televisor para ver violência. A violência ainda não faz parte de suas escolhas. Nossa sociedade é velha e adulta demais! Relembro o mestre Jesus que, falando aos adultos, recomendou: “Quem não se tornar como criança não entra no Reino dos Céus.”
Este é o vento necessário. O vento que vem das palavras e das atitudes de Jesus. Lembro de quando Jesus e os apóstolos, reunidos numa sala, rezando, um vento forte sacudiu a sala. O que aconteceu? As pessoas ali reunidas estavam cheias de medo. O vento sacudiu e libertou as pessoas de seus temores, tradições e costumes.
O vento sempre põe medo. Sempre vem de repente. Mas há o vento calmo. Há a brisa suave da tarde. Mas em geral o vento bate de repente, nos pega de surpresa.
Nestas alturas, necessitamos de muitas pessoas que saibam ser vento. Limpar a sociedade da injustiça e da corrupção, da mentira e do engano. Esses ventos devem sacudir nossas escolas e nosso sistema educacional. Devem sacudir nossas Igrejas e religiões. Devem sacudir, acima de tudo, nossas famílias, que precisam renova-se na mente e no coração. Precisam renovar-se na busca de relacionamentos sadios.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

HOMENAGEM AO MESTRE PROFESSOR.



És o semeador da parábola.
Não te preocupes onde caem as sementes.
Semeia sempre .
A cada um será dado segundo as suas obras.
Se tua semente não germina , examina com confiança tuas ações ;
faze tua auto-crítica : reconhece teus enganos; recomeça com teu exemplo, com humildade, lutando contra os desenganos da vida, semeando o amor, o respeito, a fé, a confiança no próximo e em Deus.
E se ainda, não brota a tua semente, insista sempre, com paciência, regando com amor a terra árida da sementeira alcançando o adubo da compreensão, removendo a mata da discórdia e deixando que a luz do sol da fé possa trazer seus raios para a floração perfeita da primavera .
E no fim de cada jornada de trabalho, ora a Deus pedindo-lhe amparo e proteção, para que tua paciência não falte, para que teu amor não se esgote.
Luta com confiança contra todos os obstáculos que possam surgir na caminhada de Mestre e Professor...

Homenagem deste Blog a todos os Professores pelo seu dia.