quinta-feira, 30 de abril de 2015

TELEVISÃO SEM SOM.

Esses dias fizemos uma experiência interessante; eu e alguns amigos experimentamos ficar dez minutos em silêncio diante da televisão com o som desligado. Observamos os rostos, o movimentar-se das pessoas e toda profusão de imagens que a televisão cria. Deveríamos interpretar o que apenas as imagens diziam.
Sem som, tivemos mais tempo de prestar a atenção no fenômeno da imagem. É uma experiência altamente pedagógica, porque acentua-se o sorriso, o olhar, o abraço, a mão na mão, o aconchego, o entusiasmo, o sonho, a ilusão, a lágrima, a ira nos olhos; tudo isso junto à profusão de cores, imagens que se sucedem. Nossos olhos costumam ver mais do que nossos ouvidos ouvem. Vão mais longe. São mais abrangentes. Se vemos mais e se vivemos na era das imagens então é melhor que saibamos interpretá-las e usá-las direito.
Não nos damos conta, mas é pelos nossos olhos que entra a maioria dos valores e das tentações do mundo moderno. Duas horas de televisão sem som por semana seriam ótima experiência educacional para todos nós que, vivendo na era imagem, não percebemos, ainda, seu poder de sedução. Imagens falam, ainda que em silêncio. Os sinais e as placas das estradas não falam. Mas sabemos o que eles dizem! As imagens  não falam, mas dizem muito! Meus textos não falam, mas dizem coisas. Eu é que tenho que saber ler aqueles sinais e aquelas fotos.
O fanatismo ou o feitiço moderno entra pelos olhos, mas a fé também pode entrar. O problema não está nas imagens. Está em quem não sabe usá-las. Aproveite o feriadão do Dia do Trabalho e faça um teste: Apenas uma horinha de televisão sem som e depois me conte o que sentiu. Bom feriado de 1º de maio, a todos nós.

A ARTE NÃO IMITA A VIDA.

A Rede Globo completa, em 2015, 50 anos. Num país onde, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, 45% das empresas não sobrevivem ao segundo ano de existência, meio século de vida é uma quase eternidade. Para comemorar essa façanha, a programação da Vênus Platinada tem mostrado toda sua grandiosidade.

O poder midiático da empresa comandada pela família Marinho é incontestável. Diariamente, cerca de 150 milhões de brasileiros assistem sua programação. Há 46 anos o Jornal Nacional mostra sua "verdade" na tentativa de pautar a história do Brasil. As novelas tornaram-se produtos genuinamente nacional, com direito a exportação para mais de 100 países. Aqui em Pindorama, dita a moda, usos e costumes.

O enredo começa em 1965, quando o governo militar, recém instalado no Brasil, precisava de aliados na mídia para se sustentar e propagar o medo. O comunismo foi eleito como o grande verdugo. Nos porões dos quartéis, a ditadura instalou uma espécie de governo operacional, onde o arbítrio, a tortura e a prepotência dos gorilas de plantão não tinham limites.

Enquanto isso, o conglomerado da família Marinho - rádio, jornal e televisão – não só se calou como apoiou ostensivamente o regime de arbítrio mostrando apenas o "Brasil grande" fruto do "milagre brasileiro". A Globo foi conivente com o terror em troca de apoio financeiro para gerir aquela que viria a ser, 50 anos depois, um dos maiores conglomerados midiáticos do planeta.

No plano político, além do apoio à ditadura, tentou fraudar o resultado das eleições para governador no Rio de Janeiro, em 1982. Manipulou informações e a edição do debate final nas eleições de 1989 a fim de eleger seu ungido. O resultado foi o processo de impeachment que o destituiu do cargo. Acobertou, quando convinha, fatos que não eram de interesse da ditadura a quem servia, como a explosão de uma bomba no colo de dois militares no Riocentro ou a campanha pelas eleições diretas no Brasil. O patrono, Roberto Marinho, nomeava ministros segundo suas preferências pessoais. Ou acusava de malversação do erário público aqueles considerados "persona-non-grata".

Em agosto de 2014, em editorial publicado no jornal O Globo e depois divulgado no Jornal Nacional, o clã reconheceu que "o apoio ao golpe de 64 foi um erro". Concluiu que a decisão de tornar pública essa avaliação "vem de discussões internas de anos, em que as Organizações Globo concluíram que, à luz da história, o apoio se constituiu um equívoco".

Por mais que esse gesto possa parecer uma tentativa de remissão com a sociedade, as mazelas, as dores e os medos impregnados na memória dos milhares de brasileiros vítimas da brutalidade insana não serão excluídos pelo sensacionalismo levado ao ar nas últimas noites. O mea-culpa e a propaganda não absolvem a emissora da conivência com a ditadura e de todas as tragédias dela advinda.

A Globo construiu seu império midiático pela subserviência. Em troca do beneplácito, gozou de favores e benefícios dos governos da ditadura. Um desses escândalos foi um vínculo com grupo norte-americano, Time Life, de quem recebeu milhões de dólares em ajuda financeira apesar do acordo ser vedado pela Constituição brasileira. Segundo a revista "Forbes", em 2014, a família Marinho foi considerada a mais rica do Brasil. Juntos, os três irmãos têm uma fortuna estimada em US$ 29 bilhões.

A maioria da população brasileira, especialmente as novas gerações, não conhece essa história. O ideal é que, num momento que o País quer ser passado a limpo, o tema seja enredo na novela das oito. Mas nesse caso, a arte não imita a vida

quarta-feira, 29 de abril de 2015

PRESIDENTE DILMA ACABA DE FAZER UM GOLAÇO DE PLACA.

Dilma acaba de fazer um golaço, de placa. Vai se pronunciar, no dia 1º de Maio, pelas redes sociais.

Depois de várias bolas fora, agora Dilma manda bola na rede e dá uma banana para os bilionários que controlam os meios de comunicação no Brasil.

Durante todo o seu primeiro mandato, Dilma sofreu na comunicação o que chamo de Mal de Chagas, quando dona Helena usava de argumentos bisonhos para legitimar uma tal mídia técnica, que consistia em encher as burras dos insaciáveis bilionários, enquanto eles usavam seus ventríloquos para destruir a imagem do governo.

Dona Helena gostava da TV, aparecia quase sempre atrás da presidenta em coletivas, como uma arara de pirata. Helena Chagas se esforçava para legitimar um poder que a TV já não tem há muito tempo.

Os Racionais MC's se tornaram um dos maiores fenômenos da música brasileira sem nunca ter participado de um programa de auditório, sem dar entrevistas para Nelson Mota ou fazer clipes para o Fantástico.

Deram uma banana para a TV ainda nos anos '90, e usaram as redes sociais para se comunicar com o povo.

E olha que era uma rede analógica, era no boca a boca, de mano pra mano.

Em março de 1979, Lula falou pra 80 mil metalúrgicos sem usar microfone. Como ondas concêntricas formadas por uma pedra que atinge as águas calmas de um lago, sua fala ia sendo reproduzida de companheiro para companheiro.

Quando se tem um discurso forte, quando se tem algo a dizer e que seja algo que as pessoas precisam ouvir, elas escutarão. Principalmente se for em um meio em que elas também serão ouvidas.

Foi o que fizeram Lula em '79 e os Racionais nos anos '90. É o que deve fazer Dilma hoje, procurar o discurso dialógico, diretamente com o povo, ao invés do monólogo dos pronunciamentos televisivos, frio, distante e protocolar, e que só servem para encher os bolsos dos bilionários com dinheiro público.

Lula acaba de viralizar um vídeo em que ele demonstra estar se preparando para 2018. Fez isso nas redes sociais.

Todos nos lembramos que foi pelas redes que Obama venceu e é pelas redes que ele continua a se comunicar com os estadunidenses, dando uma banana pra Fox News.

No dia da mulher, a presidenta fez o seu monólogo na TV, a única coisa que restou dele foram os panelaços; pequenos, exíguos, mixurucos, mas amplificados pela TV, reverberados pelos ventríloquos e multiplicados pelas redes sociais.

A TV é o reduto dos golpistas. A TV está a apoiar a direita a mexer no direito dos trabalhadores. Na TV não tem povo.

As redes sociais são a ágora moderna, é a praça pública, é a rua.

Primeiro de maio é feriado, as pessoas estarão se divertindo ou protestando, mas conectados ao mundo por meio de seus smartphones, seus tablets, seus laptops... quem vai estar prestando atenção na TV?

Dilma deveria fragmentar sua fala do Dia do Trabalhador, posteriormente, em pequenos vídeos temáticos de 3 a 5 minutos para serem disseminados pelo WhatsApp e afins.

Viralize, Dilma, agora que a senhora finalmente se curou do Mal de Chagas.

PPalavra da salvação.

TEMOS QUE CAMINHAR JUNTOS.

Desde as primeiras greves de operários por melhores condições de trabalho no final do século XIX, o Dia do Trabalhador se consagrou o dia em que os trabalhadores levantam suas bandeiras no mundo. Essa data é a oportunidade de lembrar conquistas e de reforçar a luta pelos avanços ainda necessários.

No Brasil, temas como a redução da jornada de trabalho, o fim do fator previdenciário, superação do trabalho escravo, o combate à precarização na cidade e no campo e a garantia de igualdade de gênero nas relações trabalhistas ainda estão pendentes.

No Congresso Nacional, há uma pauta enorme a ser enfrentada, mas sob a ótica dos trabalhadores, o mundo do trabalho não tem uma maioria a representá-lo. Para consolidar ainda mais a democracia brasileira, garantindo a participação efetiva desse segmento tão importante, precisamos de uma reforma política ampla e democrática.

Temos de caminhar juntos, trabalhadores e Parlamento, para que o 1º de Maio seja cada vez mais celebrado com a efetivação de avanços na legislação. Nesse sentido, a Bancada do Partido Comunista do Brasil tem sido aguerrida na defesa dos direitos trabalhistas e de uma agenda voltada à valorização do trabalho como o maior instrumento do desenvolvimento nacional.

Um exemplo recente dessa atuação foi a firme batalha contra o Projeto de Lei 4330/04, que universaliza as atuais fragilidades da Terceirização no Brasil. No momento decisivo, os trabalhadores deram um exemplo de mobilização e todos os deputados do PCdoB votaram unidos contra uma proposta que ameaça a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Com a aprovação da matéria na Câmara, estamos mobilizados agora para tentar impedir que esse projeto seja referendado pelo Senado.

O esforço do PCdoB é para impedir que o trabalhador seja sempre a parcela mais penalizada da sociedade brasileira. Os ajustes necessários devem recair sobre os que especulam, sonegam e acumulam cada vez mais. O próximo dia primeiro é o momento de o Brasil dar um basta a práticas que só beneficiam poucos, em detrimento da maioria da população.

O PCdoB tem uma pauta e se manterá fiel a ela. Para defendê-la e fazê-la avançar conclamamos todos os trabalhadores e trabalhadoras a participarem dessa luta histórica e cotidiana. A luta pela manutenção de direitos duramente conquistados. A luta pelo fim de mecanismos que precarizam o trabalho e reduzem a renda dos trabalhadores no momento de suas aposentadorias. A luta pela valorização de quem abre as portas do desenvolvimento para o Brasil, os trabalhadores e trabalhadoras de nosso país. Juntos, renovando nossas lutas.

terça-feira, 28 de abril de 2015

OS TRABALHADORE E A CORVADA EM RODA!

O dia, 22 de abril de 2015, se carimba na história como o dia em que os abutres, com o “seu” Eduardo Cunha, o evangélico presidente da Câmara, à frente conduzindo os urubus em direção aos trabalhadores, cujo sangue e carnes aspiram beber e comer em festejo perverso.

No dia 22, quarta-feira, 230 deputados achacadores golpearam os direitos dos trabalhadores. Envergonharam a democracia, que não é de modo algum como ignorantes e os de ma fé apregoam como o regime de cada um fazer e dizer o que bem entende, mas o regime que deve preservar o governo e os direitos que assegurem a justiça social.

Este 22 de abril marca-se como dia em que os abutres desfilaram e se revezaram nas tribunas da Câmara para defender crimes contra os trabalhadores do Brasil. Estarrecido aguentei assistir pela TV as barbaridades que as viúvas de FHC, de Margaret Thatcher e Ronald Reagan, os assassinos do Século XX que se empenharam para destruir os Estados Democráticos e impor a ferro e fogo o pensamento único neoliberal, que derrubou décadas de lutas e conquistas da classe trabalhadora e dos empresários nacionalistas em todo o mundo, disseram na defesa do mercado e de seu patronato corrupto.

Depois das comemorações da morte e do esquartejamento do herói Tiradentes, o patriota revolucionário Joaquim José da Silva Xavier, o que assistimos ontem foi a covardia dos traidores ao tentar achacar os trabalhadores aprovando a emenda muito pior do que o soneto da morte.

Sentado, de pé, comendo as unhas eu não conseguia acreditar como deputados podem ser tão sem vergonhas, sem caráter e traidores como os que discursaram ontem e votaram no projeto de lei 4330. Comportaram-se como bandidos a mando e pagos pelo empresariado brasileiro de pensamento atrasado.

Neste 22 de abril deputados, ao votarem contra o trabalho e a justiça trabalhista defenderam o desemprego, o aviltamento salarial, a destruição da saúde dos trabalhadores, favoráveis à mutilação e na desorganização sindical, tornaram-se algozes e carrascos dos novos Tiradentes.

Os deputados que votaram a favor da terceirização e precarização dos direitos trabalhistas são assassinos dos trabalhadores e querem espalhar seus despojos espetados nos postes nas indústrias, nos campos, no comércio, nas estatais, nos hospitais e nos escolas de todos nos níveis em cada trabalhador que ajudarão a matar e a entristecer.

O lamentável “seu” Eduardo Cunha, o evangélico presidente desgraçador da Câmara e do Brasil, é um dos traidores maiores ao impedir o acesso dos trabalhadores no recinto da casa federal do povo. Como durante da ditadura terrorista manteve os produtores da riqueza em nosso País na rua sob a mira de policiais, também trabalhadores jogados contra trabalhadores.

Como nos atos bárbaros que se abateram sobre Joaquim José da Silva Xavier, os urubus se organizaram para programar a construção do cadafalso e escolher os que empurrarão o banquinho que sustenta os condenados ainda vivos à espera do enforcamento decidido.

Como já escrevi neste blog, deputados têm nomes e filiação ideológica criminosa, por mais santos que queiram ser. Trata-se de inimigos dos trabalhadores, da Pátria e dos direitos humanos. Não há que tratá-los com outra concepção amaciada e falsamente generosa, pois tiveram tempo de pensar, de revisar e, tomados por um pouco de bom senso, recuar da histeria que os possui.

Os 230 pertencem aos seguintes partidos: PSDB, DEMOCRATAS, PPS, PP, SOLIDARIEDADE, esses declaradamente de direita e traidores dos trabalhadores e outros de menor expressão, igualmente achacadores.

Dentro desses partidos oportunistas e golpistas, movem-se organizações criminosas alimentadoras permanentes dos vermes que adoecem a sociedade brasileira: a bancada evangélica, integrada pelo golpista Eduardo Cunha; a bancada da bala, integrada também por evangélicos que defendem o armamento da população com o objetivo de incrementar o comércio de armas; a bancada ruralista, que atua empenhadamente pelo retorno ao regime da escravidão, responsável pelo apoio aos assassinatos de trabalhadores rurais, posseiros e indígenas; a bancada dos bancos, que serve de ponta de lança dos banqueiros na defesa de suas manipulações das riquezas do País; a bancada da indústria e do comércio articulada com a FIESP, que despejou milhões de reais em propagandas pelas tevs de São Paulo para enganar os trabalhadores e suas famílias, fazendo a apologia da terceirização.

De Goiás integram o cordel de carrascos dos Tiradentes de hoje deputados cujos nomes devem ser declamados e extintos da consideração eleitoral.

São os seguintes os assassinos: do PMDB Daniel Vilela, filho do meu amigo prefeito de Aparecida de Goiânia, ex-governador de Goiás, que pretende se candidatar ao governo do Estado. Infelizmente esse jovem deputado contribuiu para cancelar os direitos dos trabalhadores. E Pedro Chaves, que colaborou com essa vergonha. Do PP ajudaram a sujar a honra dos trabalhadores Roberto Balestra e Sandes Jpunior. Este é radialista medíocre que se aproveita da audiência que o povo lhe dá para golpear os trabalhadores pelas costas. Do direitista, neoliberal e traidor do socialismo PPS um deputado envergonha nossa classe operária. Trata-se do burguesão que usa sua influência como ex-secretário da habitação para enganar os trabalhadores, marconista oportunista de primeira hora, o “seu” Marcos Abrão e dono regional daquela agremiação vergonhosa. Do nanico PR dá sua contribuição urubu a dona Magda Moffato. Do ninho de gatos PSD e apaixonado marconista põe o dedo na corda da forca dos direitos trabalhistas o “seu” Heuler Cruvinel. Do traidor e golpista partido mor neoliberal, o PSDB, contribuem com a desorganização das lutas de décadas dos trabalhadores os seguintes pulhas: Alexandre Baldy, Célio Silveira, Delegado Waldir, Fábio Sousa (este notório marconista, oportunista aproveitador de vantagens do poder, membro de uma família dona da Igreja Fonte da Vida, adepta da mentirosa e opressora teologia da prosperidade dos ricos e dona de poderoso complexo de rádios e TVs, e Giuseppe Vecci, este um zero à esquerda.

Esses deputados são inimigos do povo e da justiça social. São defensores do capital e do mercado neoliberal. Muitos deles foram às tribunas defender a apodrecida tese de mais mercado e menos Estado. Não nos representam e não merecem nossos votos.

Porém, minha querida amiga cientista Lenir Castro, há caminhos e aliados do povo que votaram desde sempre contra os carniceiros e a carnificina dos trabalhadores.

Os deputados que defendem os direitos dos trabalhadores apoiam as entidades que lutam organizada e cientificamente pelos interesses da classe dominada, mas indispensável à sociedade e sujeito da democracia justa do futuro. São eles os elos da aliança e das retomadas das barricadas e marchas do povo pelas ruas e campos do Brasil. São esses deputados que devem investir sobre os que sobraram das bases dos urubus e trazê-los para a grande união nacional.

Esses deputados e essas deputadas devem movimentar-se mais para fora dos corredores, tribunas e gabinetes contaminados e minados pelas cobras venenosas dos inimigos sociais e ajudarem o povo a se organizar. É das ruas que devem se levantar as decisões tomadas no parlamento. Não adianta esperar nada dos urubus acima nomeados.

Listo emocionado e aplaudo de pé todos os deputados e deputadas do PT, do PCdoB e do PSOL que votaram contra os crimes que os urubus querem impor aos trabalhadores e a grande maioria do PDT foram leais e respeitosos com os trabalhadores. É possível constatar que deputados e deputadas de outros partidos também votaram corretamente, por isso precisam ser contatados e acolhidos na frente de lutas.

Portanto, é possível reverter esse processo. Precisamente o projeto da terceirização aprovado pelos abutres segue para o Senado e lá a batalha tem evitar a destruição da justiça social. As centrais sindicais já mencionam greve geral para pressionar o Senado a barrar essa barbárie.

Mas a luta é bem mais ampla no sentido de salvar o projeto de desenvolvimento nacional e avançarmos nas reformas. Os partidos que votaram a favor do trabalho e na preservação das conquistas sagradas dos trabalhadores têm que deixar de lado questiúnculas menores e se unir a favor do que mais interessa: a salvação e preservação da democracia e da justiça social, nesse momento em jogo crítico.

domingo, 26 de abril de 2015

APRENDER COM OS ERROS...

Os contrastes são comuns em nossas cidades. É o caso dos arranha-céus ao lado das favelas. Também impressiona o grande número de pessoas obesas, superalimentadas ou mal alimentadas, contrastando com a legião dos famintos. Templos do consumo, os super e hipermercados mostram a civilização da abundância e do supérfluo. Seus letreiros luminosos ajudam perceber as lixeiras, que por vezes, se transformam em mercados para os miseráveis. Numa lixeira, pobre, barbudo e esfarrapado, um excluído examinava com a atenção os depósitos. De vez em quando abria um saco de lixo, examinava com cuidado e, por vezes, retirava algo que seria útil.
Lixo é sinônimo de sujeira, de coisa imprestável, de resíduos mal cheirosos, objetos descartados. Fere a lógica e o bom senso abrir um saco de lixo para ver o que existe dentro dele. Isso só se justifica se a pessoa perdeu algo de precioso e imagina poder recuperá-lo. É verdade que nem todo o lixo é lixo. Nas latas de lixo, muitas vezes vão parar coisas que ainda seriam úteis. A reciclagem se encarrega de selecionar, separar e recolher latas, vidros, metais. O material orgânico, mesmo em decomposição, pode ser aproveitado como adubo ou mesmo para geração de eletricidade.
Passando do campo físico para o lado moral, há pessoas que têm a síndrome do lixo. Passam a vida só interessadas no lixo moral e se encarregam, sem o menor critério, de espalhá-lo em toda a parte. Deixam de lado a bondade, a beleza, a virtude e só têm olhos para as coisas erradas. Os corvos, embora prestem um bom serviço, só têm olhos, olfato e paladar para coisas podres. Enquanto as outras criaturas festejam a vida, a beleza, o perfume, eles optam pelo negativo.
A vida das pessoas nunca é como a desejamos. Há coisas boas, mas também existem pontos negativos. Normalmente são esses que marcam uma vida. O passado é contraditório. Há coisas na nossa vida que existem, que aconteceram; nada pode ser mudado nela. Aceitá-las é um ato de inteligência. Inteligência maior é saber integrá-las. Porque é imutável, preciso aceitá-la e fazer dela um novo ponto de partida. É impossível voltar no tempo e fazer um novo começo, mas podemos começar agora e preparar um novo fim.
É pouco inteligente abrir os sacos do lixo do passado, a não ser que tenhamos perdido nele alguma coisa preciosa. Realidades perdidas podem ser reencontradas. Por vezes, deixarmos cair no lixo do esquecimento nossos sonhos e desejos. Nunca é tarde para recomeçar e recomeçar de outro jeito. Os erros só são inúteis quando nada nos ensinam. O passado, independente de como foi, pode ser a melhor escola da vida. Não podemos apagar nossos erros, mas podemos aprender com eles.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

TEMOS TUDO PARA SER UMA NAÇÃO DE PACIENTES.

O neoliberalismo deu um tiro de misericórdia no Estado de bem-estar social. Destruiu os vínculos societários nas relações de trabalho, deslegitimou a representação sindical, deslocou o público para o privado. O que era direito do cidadão, como a saúde, passou a depender das relações de mercado e da iniciativa pessoal do consumidor.
Quem não tem plano privado de saúde entra na planilha dos cemitérios. Hoje, 40 milhões de brasileiros desembolsam, todo mês, considerável quantia, convictos de que, doentes, serão atendidos com a mesma presteza e gentileza com que foram assediados pelos corretores das empresas de saúde privada.
Os clientes se multiplicam e os planos proliferam, sem que a rede hospitalar acompanhe essa progressão. O associado só descobre o caminho do purgatório na hora em que necessita de resposta do plano: laboratórios e hospitais repletos,
filas demoradas, médicos escassos, atendentes extenuados.
Em geral, o pessoal de serviço, que faz contato imediato com os beneficiários, não demonstra a menor disposição para o melhor analgésico à primeira dor: gentileza, atenção, informação sem dissimulação ou meias palavras.
Ora, se faltam postos de saúde e hospitais; se consultórios têm salas de espera repletas como estação rodoviária em véspera de feriado; se na hora da precisão se descobre que o plano é bem mais curvo e acidentado do que se supunha... a quem recorrer? Entregar-se às mãos de Deus?
O Brasil é o país dos paradoxos. O que o governo faz com uma mão, desfaz com a outra. O SUS banca 11 milhões de internações por ano. Muitas poderiam ser evitadas se o governo tivesse uma política de prevenção eficiente e, por exemplo, regulamentasse, como já faz com bebidas alcoólicas e cigarro, a publicidade de alimentos nocivos à saúde. A obesidade compromete a saúde de 48% da população.
Entre nossas crianças, 45% estão com sobrepeso, quando o índice de normalidade é não ultrapassar 2,3%. De cada cinco crianças obesas, quatro continuarão assim quando adultos. No entanto, as leis asseguram imunidade e impunidade a uma infinidade de guloseimas e bebidas, muitas anunciadas ao público infantil na TV e em outros veículos. Haja excesso de açúcares e gordura saturada!
A boa-fé nutricional insiste na importância de verduras e legumes. Mas a Anvisa (vigilância sanitária) não se empenha para livrar o Brasil do vergonhoso título de campeão mundial no uso de agrotóxicos. Substâncias químicas proibidas em outros países são encontradas em produtos vendidos no Brasil. Haja câncer, má-formação fetal, hidroencefalia etc!
Quem chega ao Brasil do exterior deve preencher e assinar um documento da Receita Federal declarando se traz ou não medicamentos. Em caso positivo, o produto e o passageiro são encaminhados à Anvisa. Ora, toneladas de veneno entram diariamente por nossos portos e aeroportos, e são vendidos em qualquer esquina: anabolizantes, energizantes, enquanto a TV veicula publicidade de refrigerantes com alto teor de cafeína e poder de corrosão óssea.
Embora todos saibam que saúde, alimentação e educação são prioritárias, o Ministério da Saúde dispõe de poucos recursos, apenas 3,6% do PIB - em 2011 foram R$ 77 bilhões. Detalhe: em 1995 o governo FHC destinou, à saúde, R$ 91,6 bilhões. A Argentina, cuja população é cinco vezes inferior à do Brasil, destina anualmente duas vezes mais recursos que o nosso país.
Nossa saúde é prejudicada também pelo excesso de burocracia das agências reguladoras, a corrupção que grassa nos tentáculos do poder público, a falta de coordenação entre União, Estados e municípios. Acrescem-se a mercantilização da medicina, a carência de médicos e sua má distribuição pelo país (o Rio tem 4 médicos por cada 1.000 habitantes: o Maranhão, 0,6).
Se a sociedade civil não exigir melhorias na saúde, no atendimento do SUS, no controle dos planos privados e dos medicamentos, estaremos fadados a ser uma nação não de cidadãos, e sim de pacientes - no duplo sentido do termo.
E condenados à morte precoce por descaso do Estado.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

SERÁ QUE TANCREDO NEVES IRIA RECONHECER O NETO "CORVO?"


Tancredo Neves, avô de Aécio Neves, ao qual ensinou os primeiros passos na política, se vivo, talvez não reconhecesse o neto ao vê-lo numa obsessiva cruzada por um golpe contra a Presidenta Dilma, tomado pelo espírito conspirador do "Corvo", assim chamado, Carlos Lacerda, algoz dos ex-presidentes Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart.

Tancredo Neves era um homem conservador, mas sensato, amante do diálogo e da conciliação. Pautou sua vida política na defesa da democracia.

Viu de perto a conspiração liderada por Carlos Lacerda para a derrubada de Vargas, do qual foi ministro da Justiça e Negócios Interiores.

Viu Carlos Lacerda enxovalhar o governo com acusações de corrupção, rotulá-lo de "mar de lama". Viu Vargas se deprimir moralmente sob ataques impiedosos e se matar.

Ao completar 30 anos da morte de Tancredo Neves, assistimos a seu neto, Aécio Neves, também conspirar - numa aliança mórbida com as mesmas forças políticas antidemocráticas e a mesma imprensa golpista do passado, que levaram o Brasil a 21 anos de ditadura. Inventar libelos jurídicos sem o menor fundamento, tentar manipular a opinião pública e jogar o povo contra o governo, convocar manifestações pela derrubada da Presidenta Dilma, eleita democraticamente.

Mas, nessa escalada pelo impeachment, Aécio Neves e seus seguidores estão sendo cada vez mais isolados. A aposta no quanto pior melhor, nos factoides semanais, alardeados por ele, como o parecer do TCU sobre as tais "pedaladas fiscais", estão caindo em descrédito.

O "caos econômico-financeiro" construído pela oposição e por comentaristas da imprensa alinhados a ela, repetido à exaustão, não veio. Dados do Banco Central dão sinais de que o pior momento da economia já passou e as projeções para o segundo semestre são bem melhores.

Em fevereiro, a prévia do PIB indicou surpreendente alta de 0,36%, quando o projetado era de 0,20%. As ações da Petrobras dispararam, acumularam alta de 40%, em abril. O investimento direto superou US$ 4 bilhões, na primeira quinzena de abril. Outras instituições, que trabalham com outros indicadores, como a indústria de papelão, transporte de cargas, consumo de energia, registram dados bastante positivos.

Uma decisão do TCU deu mais segurança aos acordos de leniência, que já estão sendo negociados por várias empresas, entre outras, SBM, OAS, Engevix, UTC e Galvão Engenharia. Isso indica que o setor de engenharia, óleo e gás se prepara para recuperação.

Aécio Neves, com seu ímpeto udenista, parece não encontrar mais apoio aos seus desígnios, nem no parecer encomendado ao jurista Miguel Reale nem do ex-presidente Fernando Henrique, líder maior do seu próprio partido, que declarou não haver fundamentos nas tentativas do senador, de encontrar algo de errado na gestão da Presidenta Dilma que possa incriminá-la e impedi-la.

Os últimos fatos indicam que o PSDB rachou. Uma parte quer se despir das indumentárias golpistas, se afastar das brumas fascistas que estão turvando as ruas.

Tenta se desvencilhar da aura obscurantista reforçada nas últimas candidaturas de José Serra e Aécio Neves à Presidência da República, quando o partido passou a andar de braços dados com setores da extrema direita, hoje nas praças, em manifestações pelo impeachment da Presidenta Dilma, sem nenhuma base legal.

Aécio Neves não aceita o resultado das urnas, se posiciona na contramão da história, mostra-se indiferente às referências do avô

quarta-feira, 22 de abril de 2015

VOCÊ NÃO SE ENGANOU

Geralmente pairam desconfianças referentes a outros como agentes de nossos enganos. Em muitos negócios, facilmente uma parte acusa a outra dizendo: “Você me enganou!” Em muitas promessas de amor mútuo, depois de algum tempo, não é difícil ouvir: “Você me enganou!” Mais raramente ouve-se alguém reconhecer e dizer: “Eu me enganei!”.
Enganar-se, enganar e ser enganado são experiências que vão e que vêm na vida pessoal e social. Bom mesmo seria não enganar-se, não enganar os outros e não se deixar enganar. Saber que este é o caminho; ter certeza de que estamos construindo um futuro que se abre para outros futuros maiores e melhores; investir forças e qualidades para algo que vale a pena, parece ser uma digna aspiração. Saber que não estamos enganados é um clima bom de se viver.
Um fato real que me foi narrado por um casal, cujo filho estuda numa escola particular, levou-me a escrever esta reflexão. O jovem, por formação e por índole pessoal, era o primeiro aluno a chegar na sala de aula. De imediato abria os livros e começava a situar-se na disciplina que iria ter em seguida. Os colegas vinham chegando e no começo o importunavam, mas depois de um tempo cansaram.
Nosso jovem foi avançando no ano letivo, sendo uma presença elogiada pelos professores, mas sempre discriminado pelos colegas. Chegam as notas do primeiro semestre e nosso amigo confirma a melhor qualificação possível. Na medida em que o tempo ia passando, a adolescência vinha chegando. As piadas dos colegas começaram a voltar com intensidade, rotulando-o de maduro demais etc.
Num belo dia, o jovem estudante, de tanto ouvir zombarias de sua seriedade com o estudo, chegou em casa e perguntou aos pais: “Será que eu não estou me enganando ao ser diferente da maioria? Será que a turma não é mais feliz levando tudo na brincadeira?”. Os pais, entendendo a crise do adolescente, disseram-lhe: “Meu filho, você não se enganou! O futuro haverá de dizer!”
O critério da maioria é tantas vezes avassalador, especialmente quando vai acontecendo o nivelamento por baixo. O comum de um viver ao natural prefere escolher a medida baixa da vida. Contentar-se com o mínimo para sobreviver é uma tentação da multidão dos acomodados.
Você não se enganou! Essa expressão vai bem a quem está escolhendo um estado de vida, como resposta vocacional; vai bem a um jovem na encruzilhada de suas opções profissionais; vai bem a um político honesto, especialmente quando a corrupção parece ser sinônimo de sucesso; vai bem a quem busca cultivar uma fé autêntica conectada com a vida; vai bem em tudo o que soma no acerto de um projeto de vida e santidade. Você não se enganou!
Num momento histórico onde nos vemos envolvidos pela cultura do engano fácil, cremos que se faz ainda mais necessário sermos apoiadores de quem anda na busca sincera de acertar a vida e desenhar uma nova sociedade mais justa, humana e solidária. Ânimo! Você não se enganou!

QUAL É O SEU IDEAL?

Três palavras que começam com “i” podem nos ajudar a fazer uma reflexão ou até mesmo a perceber um rumo de vida, certo ou errado. É bom refletir sobre essas palavras, mas acima de tudo sobre o seu significado, quando se tornam decisões de vida. Todos os seres vivos se movem em busca de algo e por forças atrativas que não deixam a vida parar. Três palavras indicam três modos diferentes de nos posicionar ou até mesmo de investir nossas capacidades e dinamismos humanos.
Ilusão: costuma-se dizer que a ilusão parece ser o que não é, mas seduz e engana. Uma estória infantil pode ajudar a entender: um menino, à luz do sol, viu ao longe um objeto reluzente e atraente. Um colega também viu e ambos saíram correndo na certeza de encontrar um precioso brilhante. No percurso iam tropeçando em pedras, pisando espinhos e caindo de cansados. Cada um queria se superar para chegar primeiro e apossar-se do brilhante.
O primeiro que enxergara terminou desanimando, mas o outro prosseguiu e chegou. Tremenda decepção: o objeto reluzente era um caco de vidro! Na verdade, o problema da ilusão não está no objeto de desejo, mas em quem deseja possuir o que parece ser, mas não é. Ceder a qualquer espécie da ilusão é uma forma de ser injusto consigo mesmo. Pior ainda quando a ilusão é coletiva. O subjetivismo, geralmente, é o terreno mais favorável às ilusões.
Ídolo: para definir o que é um ídolo, ninguém melhor do que o salmista: “Os ídolos são obras de mãos humanas: têm boca, mas não falam; têm olhos, mas não veem; têm ouvidos, mas não ouvem; têm nariz, mas não cheiram; têm mãos, mas não tocam; têm pés mas não andam... Os que os fazem e os que neles confiam, ficam como eles” . A idolatria é sempre um mecanismo de escravidão. A pessoa abdica a ser sujeito, passando a se tornar objeto.
Há ídolos coisas, há ídolos pessoas e até mesmo animais. Todos são prejudiciais quando começam a desordenar a vida, fazendo da pessoa uma presa fácil de suas idolatrias. É bom lembrar que existe um ídolo muito próximo de cada um de nós que se chama “egoísmo”. A egolatria é o caminho de quem se considera todo poderoso, autossuficiente e um deus de si e para si.
Ideal: as ilusões e os ídolos escravizam, mas o ideal liberta! Nele vai se desenhando nossa verdadeira identidade e a vocação, cuja resposta cotidiana vale a pena ser dada. Ideal não é para consumo imediato, mas vai dando sentido ao imediato porque nos impele para frente, num processo de verdadeira humanização.
Ideal é mais que um sonho, ou muitos sonhos. É o fim último para o qual deve tender todo o nosso projeto de vida. Quando alguém idealiza uma casa, logo faz o projeto, para nele investir formas, material, estruturas e mão de obra. Quando se sabe onde chegar, decidem-se bem os caminhos. Quando se tem um grande ideal, todas as nossas ações e escolhas vão adquirir consistência e verdade.
Qual é o seu“ideal?”.

terça-feira, 21 de abril de 2015

´RECISAMOS DE UM MOVIMENTO COESO E PROGRESSISTA.

As minguadas manifestações do dia 12 traziam muitos cartazes sobre “petrolão”, mas nenhum sobre as contas secretas no HSBC da Suíça ou sobre as recentes descobertas de sonegação da Operação Zelotes da PF provando que grandes empresas e milionários brasileiros sonegaram impostos depositando dinheiro lá fora ou subornando conselheiros do CARF/Receita Federal para burlar o fisco.

Por que é que os movimentos de rua de classe média não pedem a cassação de Eduardo Cunha e de Renan Calheiros, os dois citados nas denúncias da Operação Lava Jato?

Por que é que a imprensa prefere vender a imagem de Eduardo Cunha como o homem que fez o Congresso voltar a funcionar, mesmo votando leis retrógradas como a precarização da legislação do trabalhador terceirizado, em regime de urgência?

Simplesmente não pedem, porque a metade quer o mesmo que ele quer; derrubar Dilma ou sangrá-la para tomarem o poder em 2018; e a outra metade não pede porque simplesmente ignora o jogo de cartas marcadas que ele joga, e servem apenas de papagaios de piratas, repetindo a história mal contada e infundada que lhe vendem sem buscar a origem e as razões por detrás da notícia ou dos fatos.

Numa coisa os manifestantes se igualam: incorporaram a idéia difundida pela estratégia da direita, seja ela PSDB, PMDB, Democratas, PSB, etc, de que a culpa de tudo é do PT, do Lula, da Dilma, e que a solução é tira-la da presidência, via impeachment; ou mantê-la mas impedir que governe; ou dificultar tanto seu governo que, em 2018, desta vez sim, finalmente, consigam de novo tomar o poder para instituir novamente apenas a defesa dos interesses das elites dominantes deste país.

É urgente que seja aberta esta discussão na importância que lhe cabe sobre a necessidade de uma reforma política que ataque as bases da corrupção, alimentada no Brasil fortemente pelo financiamento privado de campanhas políticas.

Para crescer, no entanto, o movimento popular no Brasil deve abandonar as práticas hipócritas em que os dirigentes deturpam a história e convencem seus seguidores de que o inimigo está sempre do outro lado. No Brasil o perigo está na desunião dos iguais e muitas vezes dentro de casa.

Quando você ensina seu filho a faltar a escola e dizer que estava doente você está ensinando-o a mentir. Quando você diz que é bonito tirar vantagens no dia a dia, não devolver um objeto perdido, não pagar quando bate o carro num acidente de trânsito, não declarar à Receita Federal um rendimento extra você está ensinando a ele a ser um corrupto quando crescer.

Quando você aponta o dedo para o PT, prende seus integrantes, mas ignora todas as denúncias e indícios existentes contra Aécio Neves, na Lista de Furnas; não toma conhecimento dos nomes dos correntistas do HSBC, do Swissleaks - as grandes fortunas do Brasil, dentre elas os proprietários das grandes empresas de comunicação deste país, você, cidadão, está sendo parcial, está sendo hipócrita, está ajudando a construir um futuro podre para todos nós.

O recado imprescindível que devemos passar neste momento importante da história do Brasil é: ditadura nunca mais; respeito à Constituição brasileira e as normas jurídicas do país; combate à corrupção venha ela de onde vier; união de forças para garantir a aprovação no Congresso de pontos importantes para a radicalização da nossa democracia como uma reforma política que contribua realmente para o fim da corrupção.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

MUNDO PEQUENO

A cada dia que passa nos convencemos de que estamos vivendo num mundo carente de amor e respeito ao próximo. A cada dia somos surpreendidos com uma situação de violência, de abuso de poder, de injustiça social e outras contrariedades que nos causam um terrível desconforto e uma angustiante insegurança. Parece um discurso piegas, mas a verdade é que se o ser humano fosse um pouco mais humano e enxergasse no outro um semelhante, não viveríamos nesse caos.

Eles matam por ciúme, por covardia, por delinquência, por abuso de autoridade, por dinheiro ou por puro por prazer mesmo. Uns dizem que matam por amor. Que loucura! Sempre recorro a frases de poetas e outros compositores para enriquecer os meus artigos. E mantendo a tradição, hoje recorro a música que se chama: "O amor e mais nada", cujo os primeiros versos, que vos peço licença para aqui escrever, dizem: "A vida é só uma pausa sem a mínima pontuação. Um arranjo que o maestro do infinito fez pra cantar com o coração". Precisamos entender que a vida é breve e deve ou deveria ser vivida com o que de melhor temos em nosso coração. Mas muitos corações estão contaminados. Seja pelo ódio, pelo rancor, pela maldade, pelo preconceito, pelo egoísmo, pela arrogância.

Esses maus sentimentos que externamos provocam reações nas pessoas para as quais os direcionamos. Quando agimos com outra pessoa de maneira maldosa, preconceituosa, arrogante e egoísta, estamos machucando um coração e fazendo esse coração sangrar, sentir dor. E quando a reação da vítima é de vingança, precisamos, mas não costumamos entender que recebemos de volta aquilo que oferecemos. Isso porque não nos colocamos no lugar do outro. Mas a verdade é que cada um prova de si e do próprio veneno também. Pois o mundo é pequeno demais para mim e para você.

domingo, 19 de abril de 2015

NÓS CHEGANDO A MARTE.

O capitalismo neoliberal, com sede nos EUA, domina o mundo atual, unipolar, malgrado as fortes resistências. Não satisfeita, a voracidade estadunidense mira o espaço cósmico. A história do imperialismo se baseou em incursões por terra (romanos e Alexandre Magno),mar (Espanha e Portugal) e, agora, ar.
Após pisar na lua e fincar em seu solo a bandeira dos EUA (tivesse bom senso, a Casa Branca teria hasteado a da ONU), a Nasa aterrissa em Marte o robô Curiosity – após viajar 570 milhões de km em pouco mais de 8 meses, a um custo de US$ 2,5 bilhões (R$ 5 bilhões).
Por fontes fidedignas, sei como os marcianos receberam o Curiosity.
- Que diabos caiu em nosso território? – indagou Elysium à sua mulher Memnonia.
- Pelo aspecto, parece lixo do  planeta Água.
- Aquele azul?
- Sim, cujos habitantes o denominam equivocadamente de Terra, embora contenha 70% de água.
- Não me parece lixo, Memnonia. Repare, é um equipamento articulado.
- Talvez tenha vindo espionar a nossa civilização – suspeitou a mulher.
- Isso não me preocupa. Lembra quando, na década de 1950, nossos discos voadores foram até lá?
- Sim, Elysium, foi uma decepção. As imagens de TV captadas por nossas naves demonstraram que ali ainda não há vida inteligente.
- De fato, em matéria de ciência e tecnologia os terráqueos estavam muito atrasados. Suas aeronaves ainda copiavam o formato dos pássaros, e, hoje, suas naves espaciais têm aspecto bélico e gastam muito combustível para romper a atmosfera.
- O que me impressionou – observou Memnonia – foi o contraste entre a sofisticação de certos equipamentos e a miséria em que vivia tanta gente. Enquanto uns trafegavam em veículos de luxo, outros rastejavam pelas calçadas suplicando por comida. Como é possível uma civilização que não prioriza a vida de seus semelhantes?
- Lembra que reparamos que, ao contrário do que acontece conosco, eles são visíveis uns aos outros? Não tinham, como nós, o dom da invisibilidade. Ainda vivem muito apegados às esferas dos sentidos e da razão. Não irromperam na esfera da espiritualidade.
- Elysium, se este aparato veio nos espionar, não vai obter muito além das propriedades de nosso solo e de nosso clima. Não poderá captar o avanço de nossa civilização.
- Mas admito que eu gostaria de repassar aos terráqueos um pouco de nossa história. Talvez isso os ajudasse a evoluir.
- Ora, Memnonia, sabemos que há entre eles pessoas – e não são poucas – que também pregam o que os nossos patriarcas disseram. Infelizmente a maioria não lhes dá ouvidos.
- Eles seriam mais felizes – enfatizou a mulher – se trocassem a devastação ambiental pela preservação; a apropriação privada pela partilha; a guerra pela paz; as armas pelas ferramentas; a opressão pela justiça.
- Como foi positivo para nós trilhar esse caminho de sabedoria! Hoje, o alto grau de amorização de nosso
povo permite-nos tamanha transparência, que tanto o nosso povo quanto a nossa natureza são invisíveis aos olhos alheios.
- Você acha que devemos atirar pelo espaço esse aparato esdrúxulo?
- Melhor não, Elysium. Preservemos a nossa identidade e a paz com os vizinhos. Não esqueça o que os terráqueos fizeram quando descobriram um Novo Mundo repleto de povos indígenas... Nossa invisibilidade nos dará proteção. Melhor deixar essa maquininha rodando por aí. Vai ser divertido vê-la restrita aos aspectos geológicos e climáticos do nosso planeta.
- Você está certa, Memnonia. O amor que nos une e nos faz feliz não poderá ser captado, pois os terráqueos ainda terão um longo percurso até conquistar a globoamorização
que reina entre nós.

sábado, 18 de abril de 2015

FALTA POUCO PARA DESCOBRIRMOS QUE NÃO PODEMOS COMER DINHEIRO.

Ecologia vem do grego “oikos”, casa, e “logos”, conhecimento. Portanto, é a ciência que estuda as condições da natureza e as relações entre tudo que existe - pois tudo que existe coexiste, pré-existe e subsiste. A ecologia trata, pois, das conexões entre os organismos vivos, como plantas e animais (incluindo homens e mulheres), e o seu meio ambiente.
Talvez fosse mais correto, embora não tão apropriado, falar em ecobionomia. Biologia é a ciência do conhecimento da vida. Ecologia é mais do que o conhecimento da casa em que vivemos, o planeta. Assim como economia significa ‘administração da casa’, ecobionomia quer dizer ‘administração da vida na casa’. E vale chamar o meio ambiente de mãe ambiente, pois ele é o nosso solo, a nossa raiz, o nosso alimento. Dele viemos e para ele voltaremos.
Essa visão de interdependência entre todos os seres da natureza foi perdida pela modernidade. Nisso ajudou uma interpretação equivocada da Bíblia - a ideia de que Deus criou tudo e, por fim, entregou aos seres humanos para que “dominassem” a Terra. O domínio virou sinônimo de espoliação, estupro, exploração. Procurou-se arrancar do planeta o máximo de lucro. Os rios foram poluídos; os mares, contaminados; o ar que respiramos, envenenado.
Ora, não existe separação entre a natureza e os seres humanos. Somos seres naturais, porém humanos porque dotados de consciência e inteligência. E espirituais, porque abertos à comunhão de amor com o próximo e com Deus.
O Universo tem cerca de 14 bilhões de anos. O ser humano existe há apenas 2 milhões de anos. Isso significa que somos resultado da evolução do Universo que, como dizia Teilhard de Chardin, é movida por uma “energia divina”.
Antes do surgimento do homem e da mulher, o Universo era belo, porém cego. Um cego não pode contemplar a própria beleza. Quando surgimos, o Universo ganhou, em nós, mente e olhos para se olhar no espelho. Ao olharmos a natureza, é o Universo que se olha através de nossos olhos. E vê que é belo. Daí ser chamado de Cosmo. Palavra grega que dá também origem à palavra cosmético - aquilo que imprime beleza.
A Terra, agora, está poluída. E nós sofremos os efeitos de sua devastação, pois tudo que fazemos se reflete na Terra, e tudo que se passa na Terra se reflete em nós. Como dizia Gandhi, “a Terra satisfaz as necessidades de todos, menos a voracidade dos consumistas”. São os países ricos do Norte do mundo que mais contribuem para a contaminação do planeta. São responsáveis por 80% da contaminação, dos quais os EUA contribuem com 23% e insistem em não assinar o Protocolo de Kyoto.
“Quando a última árvore for derrubada - disse um índio dos EUA -, o último rio envenenado e o último peixe pescado, então vamos nos dar conta de que não podemos comer dinheiro”.
O maior problema ambiental, hoje, não é o ar poluído ou os mares sujos. É a ameaça de extinção da espécie humana, devido à pobreza e à violência. Salvar a Terra é libertar as pessoas de todas as situações de injustiça e opressão.
A Amazônia brasileira é um exemplo triste de agressão à mãe ambiente. No início do século XX, empresas enriqueceram com a exploração da borracha e deixaram por lá o rastro da miséria. Nos anos 1970, o bilionário americano Daniel Ludwig cercou um dos maiores latifúndios do mundo - 2 milhões de hectares - para explorar celulose e madeira, deixando-nos como herança terra devastada e solo esgotado virando deserto. É o que pretende repetir, agora, o agronegócio interessado em derrubar a floresta para plantar soja e criar gado.
A injustiça social produz desequilíbrio ambiental e isso gera injustiça social. Bem alertava Chico Mendes para a economia sustentável (isto é, capaz de não prejudicar as futuras gerações) e a ecologia centrada na vida digna dos povos da floresta.
A mística bíblica nos convida a contemplar toda a Criação como obra divina. Jesus nos mobiliza na luta a favor da vida - dos outros, da natureza, do planeta e do Universo. Dizem os Atos dos Apóstolos: “Ele não está longe de cada um de nós. Pois Nele vivemos, nos movemos e existimos. Somos da raça do próprio Deus”. Todo esse mundo é morada divina. Devemos ter uma relação de complementação com a natureza e com o próximo, dos quais dependemos para viver e ser felizes. Isso se chama amor.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

A EVASÃO FISCAL É UM PROBLEMA MUITO MAIS GRAVE QUE A CORRUPÇÃO

quinta-feira, 16 de abril de 2015

"NOVO CÉU E NOVA TERRA".

A palavra amar, por si mesma, não diz nada. Quem diz que ama todo mundo, na verdade, não ama ninguém. O mesmo acontece com o amor universal, a fraternidade universal, a paz universal. Diz tudo e não diz nada. Um dia o mestre Jesus falava bonito do amor ao povo. Tentou resumir através da célebre frase: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Percebeu que as pessoas não o entendiam. Contou uma história. É a história do samaritano. Uma pessoa foi assaltada. Necessitava de ajuda. Passou um sacerdote da época e nada fez. Passou um político e nada fez. Passou um desempregado e estrangeiro no mesmo caminho, parou, ajuntou o assaltado e levou-o a um pronto-socorro e disse: “Cuidem dele! Na volta pagarei as despesas”. Todos entenderam o mestre Jesus. Aprenderam que amar é relacionar-se. Não é passar longe, mas chegar, tocar, abraçar e ajudar.
Amar é relacionar-se em família. Sem usar a expressão “amor familiar”, que nada diz. Mas exercitando o amor no dia a dia, no abraço de pais e filhos, de esposo e esposa. No bom-dia, boa-noite e volto já. Viver em família é relacionar-se, é exercitar um gesto preguiçoso e bonito de sentar-se junto. De conversar os fatos. De planejar o hoje e o amanhã. De decidir a vida juntos, eliminando a dominação e a superioridade.
Amar é relacionar-se no dia a dia do trabalho. Se o trabalho não toma o jeito de relacionamento, se torna dominação, escravidão. O gesto do trabalho, além de criar relações com os companheiros, se projeta em muitas pessoas que recebem a consequência do trabalho. É como um gesto que estou fazendo: eu escrevo e você lê. Criamos um relacionamento.
Amar é relacionar-se em comunidade, em grupo, em sociedade. A maneira de relacionar-se é aceitar e exercitar um serviço, tanto profissional como voluntário. A pessoa que se fecha em si mesma está se autodestruindo. A pessoa que vive em condições de relacionamento está realizando seu destino.
Amar é relacionar-se para antecipar o céu. Há pessoas que se acham superespirituais, porque rezam muito, leem a Bíblia e conversam muito de Deus. Porém, essas pessoas vivem fechadas em si mesmas, tristes e lamentando seu destino. Complicam seu relacionamento quando se tornam línguas cortantes das atitudes dos parentes, vizinhos e conhecidos.
O céu começa aqui e agora, em cada atitude que cria relacionamento. Céu é relacionamento. Deus é relacionamento. Morrer é abri-se para um relacionamento total, que antes meu corpo impedira. Morrer é abraçar os céus e a terra. É abraçar todas as pessoas que buscaram comigo o mesmo relacionamento. É a festa do abraço com todos os salvos, com o universo, com os pássaros de todos os voos, com o jardim de todas as flores e com os frutos de todos os sabores. O universo com seu Senhor será a festa do relacionamento e do abraço, onde seremos tudo em todos, onde se realizará a profecia do “novo céu e nova terra”.

É ISSO AÍ.

O juiz Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, é um brasileiro que "faz a diferença", como pretendem fazer crer as Organizações(?) Globo, useira e vezeira em premiar aqueles sujeitos que, de preferência, fazem oposição ao Partido dos Trabalhadores e investigam, prendem e punem somente autoridades ou pessoas ligadas ao PT, porque tal partido venceu quatro eleições presidenciais consecutivas, realiza administrações republicanas e faz um governo de inclusão social, com o enfoque para a igualdade de oportunidades, realidades essas que deixam por demais furibundas as oligarquias brasileiras, que se mostram presentes nos setores públicos e privados.

A verdade é que com a prisão do tesoureiro do PT, João Vaccari, Moro fere gravemente o Governo Trabalhista, que desde a vitória eleitoral de Dilma Rousseff, em outubro de 2014, não teve um dia sequer de sossego para poder trabalhar a favor do desenvolvimento do País e da emancipação do povo brasileiro. Essa gente conservadora e reacionária, encastelada no Judiciário, no Ministério Público, nos partidos políticos de direita, na Polícia Federal dos delegados aecistas, na comunidade coxinha e, principalmente, nos meios de comunicação privados pertencentes aos magnatas bilionários de imprensa, tem apenas dois itens em sua agenda política: o golpe de estado e o impeachment de Dilma Rousseff.

Fascistas de carteirinha como o senador do DEM, Ronaldo Caiado, e playboys oportunistas, inconformados e furiosos com a derrota, a exemplo do senador Aécio Neves (PSDB), apostam todas suas fichas nesses dois processos draconianos, antidemocráticos e ilegais. Ilegais, sim, porque a presidenta Dilma não incorreu em malfeitos, não cometeu quaisquer corrupções e sua campanha eleitoral foi comprovadamente considerada legal, como apontam as resoluções quanto a isto do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O presidente do PT, Rui Falcão, pronunciou-se sobre a prisão de Vaccari e garantiu que os advogados da legenda vão recorrer contra a prisão. O fato é que se percebe nitidamente que a prisão do tesoureiro tem por finalidade de criminalizar as doações ao PT, já que o PSDB, o PSB e o PMDB também receberam dinheiro para financiar suas campanhas de empresas que estão a ser investigadas pelo Operação Lava Jato.

Por sua vez, torna-se inacreditável e até mesmo surreal a seletividade do juiz Moro, de promotores e de setores da PF, que até agora não prenderam ninguém do lado tucano e de outros partidos, porque no Brasil certos grupos são inimputáveis, o que reafirma que o status quo é blindado, ainda mais quando ele é o representante legítimo dos interesses da burguesia nacional e dos conglomerados econômicos internacionais.

É o fim da picada a seletividade de juízes, como o Sérgio Moro, e de procuradores, como Rodrigo de Grandis e Deltan Dellagnol, o primeiro "esqueceu" o pedido de investigação do MP da Suíça sobre a roubalheira acontecida no metrô e nos trens de São Paulo, e o segundo posa de herói, juntamente com seus colegas de Operação Lava Jato, e sai em foto de capa do diário conservador, Folha de S. Paulo, ferrenho opositor ao PT e à Dilma. O jornal da família Frias jamais aceitou o resultado das urnas, ou seja, a derrota de Aécio Neves.

Ao fazer a vez da oposição partidária, a imprensa de mercado recrudesceu a espetacularização nada republicana de servidores públicos da Procuradoria da República, propositalmente promovida por uma mídia golpista, que sabe o que faz com seu canto de sereia, que embriaga procuradores atraídos pelas luzes da ribalta. A prisão de João Vaccari significa a criminalização do PT, que apresentou ao TSE as doações recebidas, tanto quanto se beneficiaram os partidos da oposição, que, entretanto, não são denunciados, investigados, punidos e muito menos saem nas manchetes e chamadas dos jornais, rádios e televisões dos oligarcas das comunicações.

Vaccari foi à CPI da Petrobras e apresentou documentos e dados que comprovam que as doações recebidas pelo PT são legais. Para não deixar dúvidas, ainda informou, volto a comentar, que o PMDB, o PSB e o PSDB também receberam dinheiro e nem por isso são investigados pelos seletivos, juiz Moro, procurador Dellagnol e delegados aecistas. E por quê? Porque fazem política, aliaram-se à imprensa corporativa, aos partidos de direita e de oposição e querem, de uma forma ou de outra, que o PT saia do poder, afinal existem movimentos golpistas, que desejam a extinção do PT e a destituição de Dilma Rousseff da Presidência da República. Seria cômico ou surreal se não fosse trágico.

O que quer esse Juiz nada confiável, pois político, e esses promotores que pensam ser os "Intocáveis" de Hollywood? O que se pode esperar de juízes, imprensa dos magnatas e de promotores partidários, ideologicamente conservadores e que lutam desesperadamente e incansavelmente para manter o status quo, a defender esse sistema de capitais injusto e perverso e a tentar preservar os privilégios das classes sociais abastadas.

Tratamos, sem dúvida, de um embate político duríssimo e tão violento e insensato quanto os ocorridos nos idos de 1954 e 1955, 1961 e 1964. As questões desses fatos e acontecimento não se resumem em prisões e punições, porque sou plenamente favorável às prisões de ladrões do dinheiro público, sejam eles membros do PT, do PSDB, do funcionalismo público, do empresariado, seja de onde for e vier. O que está em jogo, porém, não é simplesmente prender ou não prender, porque a reação quer apagar o fogo com gasolina e apostar no quanto pior, melhor.

O que está em jogo é a estabilidade democrática, a Constituição, o equilíbrio entre os poderes e a submissão aos resultados das urnas, quando Dilma Rousseff, do PT, recebeu do povo brasileiro mais de 54 milhões de votos e derrotou pela quarta vez o candidato da direita, das oligarquias e dos interesses internacionais, desta vez na pessoa de Aécio Neves. O resultado disse tudo é que ficam no ar muitas dúvidas quanto à lisura e o republicanismo da Justiça. Muita gente fica com a impressão que o PSDB e seus aliados não recebem doações, não tem caixa dois e muito menos tesoureiros responsáveis pelas contas dos partidos.

Os tucanos falam muito de corrupção. O DEM também. A imprensa familiar e empresarial está histérica com o assunto sobre corrupção. São todos contra a corrupção. No entanto, os magnatas bilionários de imprensa e seus empregados de confiança se dizem a favor do financiamento privado para as campanhas eleitorais. Os partidos de direita também, sendo que muitas dessas pessoas ou grupos não querem nem saber de efetivar uma reforma política. São cínicos e hipócritas, porque não são sinceros. Como pode você se dizer contra a corrupção, mas quer o financiamento privado de campanhas eleitorais, o maior responsável, inegavelmente, pela corrupção entre empresas privadas e o poder público.

A crise política está a vicejar, a recrudescer e longe de seu fim porque não interessa à direita que ela acabe, pois a intenção é engessar o governo e não deixar a presidenta Dilma governar. O negócio é infernizar, mesmo ao preço de prejudicar a economia do País e a paz social. Combate-se, sem trégua, um governo de caráter popular e que está a prender, pela primeira vez neste País, ricos empresários e executivos. Sem dúvida, é exatamente o Governo Trabalhista do PT que começou a limpar a sujeira dentro do Estado nacional. Só não vê quem não quer. Ou é de oposição, aquela que está desesperada, inconformada, irada e furiosa por estar sem controlar o Governo Federal há mais de 12 anos. O juiz Sérgio Moro é político e quer criminalizar o PT para derrubar do poder a presidenta Dilma Rousseff. É isso aí.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

ENQUANTO OS COXINHAÇOS ACONTECEM...

Mais um domingo de coxinhaços pelo país é uma brilhante constatação: Quanto mais o PSDB e seus minguados satélites de direita tenta instrumentalizar, com o apoio da mídia tradicional (sempre ela!) legítimas manifestações populares, mais estes diminuem em volume de gente, em amplitude de ação política, em importância como forma de pressionar o governo Dilma Rousseff.

O papel da mídia é de um ridículo atroz, trôpego, claudicante, farsesco. Com pesquisa do famigerado Datafolha sendo usada unicamente para robustecer palavras de ordem de ruptura institucional, colocando em seu coração a apologia da flagrante ilegalidade ao centrar baterias na questão do "você deseja ou não o impedimento da presidenta da República, temos então uma mídia calejada em planejar, alimentar, disseminar e finalmente apoiar aventuras golpistas contra o povo é a nação brasileira.

A Rede Globo de Televisão tem se desdobrado em monitorar passo a passo os preparativos para esse dia 12 de abril acionando seus muitos comentaristas para fazer ecoar o discurso de que o gigante acordou, o país não aguenta mais tanta corrupção, e que a única saída plausível é o impeachment de Dilma Rousseff ou então sua renúncia ao cargo para a qual foi eleita há menos de cinco meses com maioria acachapante de 54.000.000 de votos.

Na CBN, principal emissora dos Irmãos Marinho (Globo) o sonolento Carlos Alberto Sardenberg clama para que depois das manifestações desse 12 de abril os líderes oposicionistas "dêem encaminhamento às coisas" como mostram pedidos dos populares nas ruas". As "coisas sendo encaminhadas" se traduziriam assim:

1. O Congresso Nacional receba do PSDB e de outros nanicos partidos de oposição pedido de impeachment de Dilma
2. O Supremo Tribunal Federal seja pressionado - por líderes políticos e pela população a acatar a tese golpista que retiraria a presidenta do Palácio do Planalto, dando assim ares de legitimidade ao que não passa de tacanho golpe paraguaio, exatamente aquele que há poucos anos destituiu Fernando Lugo da presidência do Paraguai.

O despreparo dos tucanos para a democracia torna-se mais evidente a cada dia que passa. O discurso farsesco de Aécio Neves parece não ter limites: quer sempre ir para tudo ou nada, endossa com meias palavras e mal encobertas intenções sua aposta em ruptura institucional com seus gatos pingados nas ruas a cada mês vociferando pelo impeachment de uma presidenta legítima e democraticamente eleita há pouco mais de 100 dias. Desta vez ousou colocar as unhas de fora e postou vídeo nas redes sociais convocando o povo a se aproximar do meio fio e a clamar pela destituição da presidenta da República. Depois mostrou interesse em ele próprio sair às ruas "na qualidade de cidadão livre", mas que iria avaliar se sairia ou não. Resultado da farsa: como o número de manifestantes chegou a menos de 20% do número que foi às ruas em 15 de março o mineiro matreiro alegou que não iria às ruas "por não desejar partidarizar um movimento expontâneo da população. Alguém em sã consciência acreditaria em desculpa tão esfarrapada quanto destituída de nexo?

A oposição mais estridente reúne Aécio Neves, Aloisio Nunes, Ronaldo Caiado, Carlos Imbassahy, Ônix Lorenzoni e Carlos Sampaio - todos histriônicos, todos com aquele ar de empáfia, aquele jeito de quem sabe que está fazendo a coisa errada, mas que precisa ocultar o making off dos erros que, salvar as aparência de um desbotado verniz democrático. Todos percebem que ao insistir nessa toada suicida eles atentam tosca e raivosamente contra o estado de direito, contra a Constituição.

Enquanto os coxinhaços acontecem Dilma Rousseff brilha na Cúpula do Panamá, troca afagos com Barack Obama, festeja Raul Castro, se entretém em animados projetos de internet gratuita com ninguém menos que Mark Zuckerberg, o criador da mais importante rede social do planeta - a onipresente Facebook. Por outro lado, no flanco político, Dilma desarma o lado mau do PMDB, bem representado por Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, ao colocar na articulação política o vice-presidente da República Michel Temer. No flanco do combate à corrupção observamos uma sorridente Dilma a constatar a rápida recuperação das finanças da Petrobras na Bolsa de Valores - os ganhos já chegam à marca dos 30% em bem poucas semanas.

No flanco da regulamentação da mídia golpista e elitista Dilma já deve ter percebido que não precisa mover um dedo sequer para quebrar a coluna cervical da oposição midiática ao seu governo popular: os veículos começam a demitir em massa seus empregados, no Estadão demissões chegam a mais de uma centena; na Folha de S.Paulo de uma tacada 50 funcionários são despachados ao olho da rua; o Grupo Abril que edita a infame revista Veja começa a desocupar andares inteiros de seu vistoso edifício-sede na Marginal Pinheiros em São Paulo e o número de assinantes despensa vertiginosamente. Cereja do bolo: a Globo vê a audiência de seus carros-chefes mirar o chão - o Jornal Nacional e a novela Babilônia e vê que está muito despreparada para enfrentar a ostensiva oposição que a ela se faz nas redes sociais e o avanço de serviços mágicos como aquele oferecido pela Netflix.

Pelo jeito os coxinhaços precisam de muito maior fôlego: trazer mais gente, de preferência incluindo pobres, negros, donas de casa e, se repetir como na vizinha Argentina a uma manifestação a cada semana... até que um dia morrerão por absoluta inanição e completa ausência de bandeiras políticas.

terça-feira, 14 de abril de 2015

A RUA É DE USO DO POVO.

O dia, 12 de abril, bem que poderia ser também proclamado como o dia dos bobos de direita e dos analfabetos políticos.

A direita e os analfabetos políticos se iludem com a fantasia histérica de quem tem poder de mobilizar as massas e o povo organizado.

Se a direita mobilizasse o povo seria uma afronta à lógica. A direita não tem relação orgânica com os pobres, com os trabalhadores, com os indígenas, com os negros, com as mulheres nem mesmo com a falsa classe média. Esses seguimentos não se sentem vinculados aos que sempre os exploraram historicamente e os manteve sob as botas autoritárias da opressão.

Desde 2003 a direita desesperada joga detritos por e-mails e pela mídia com o objetivo de difamar e destruir as imagens das lideranças legitimamente constituídas porque são caminhantes com o povo e formadas pelas lutas sociais.

Quem não recebeu e-mail com barbaridades contra o ex-presidente Lula e contra a candidata Dilma? Eram frases grosseiras, estúpidas e criminosas que entupiam nossas caixas eletrônicas. Muitos dos remetentes daquele lixo eram covardes anônimos apoiados pela mídia golpista.

Até que, como ratos festeiros saídos dos esgotos, os "combatentes" de direita saíram à luz para denunciar "corrupção".

E o que se viu? Vimos erráticos e alienados, que nada fizeram nem fazem pelo Brasil, se aproveitarem da democracia que conquistamos e ainda construímos para ofender e desrespeitar todo o complexo político em formatação.

Ao analisar o fragoroso e lógico fracasso da direita, mais uma vez, graças ao nosso povo brasileiro, o jornalista Paulo Nogueira saiu-se com essa pérola: "...um grupo diversificado que vai dos coronéis da mídia até aquela massa ignara formada por analfabetos políticos" (leia mais aqui).

O Paulo tem razão e rebeldia para entender com acerto que aquilo era uma gelatina feita de bobos, ignorantes e analfabetos guiados por exploradores e golpeadores sujos ainda ativos nesta república capitalista atrasada.

Penso que há dois tipos de analfabetos políticos: um é o composto dos arrogantes histéricos que não leem, que confundem política com conflito de classes, Estado com mercado, que bebem os detritos com sólidos e tudo despejados pela mídia imunda, mas se arrogam a impor aos berros e ameaças ideias vazias em vez de argumentos que não têm.

Esses infelizes são tremendamente violentos, por isso pedem golpe militar, porque no fundo são esquadrões da morte que vivem em permanente estado de beligerância em suas relações. São torturadores contumazes e frustrados porque não podem torturar e matar a céu aberto, como gostariam. Em cargos de chefia perseguem trabalhadores e oprimem quem produz. São corruptos e fofoqueiros por natureza.

Muitos desses analfabetos arrogantes empinam seus dedos indicadores de ódio em direção à Brasília. Mas não existiriam um minuto sem corrupção. Muitos deles superlotam salas de aula e na hora das avaliações colam e burlam o conhecimento. São sonegadores. No trânsito são violentos e afrontam o código de compostura dos condutores. Suas relações são falsas e eivadas de traições. Nos negócios são subornadores. Na indústria buscam vantagens nos roubos da qualidade dos produtos, nas medidas e pesos do que produzem para a sociedade. Nos campos são jagunços, grileiros e bandidos. São egoístas e não visam o interesse coletivo, jamais. O centro do mundo para eles está nos seus umbigos e genitálias.

Esses são minoria num caldo cultural como é a nossa civilização brasileira. O que dá a impressão de que podem alguma coisa é o dinheiro que despejam na corrupção e no suborno.

O segundo tipo de analfabetos é o dos orgânicos que realmente se rebelam contra situações desumanas que ainda são partes da nossa realidade social. Face à sua ignorância e alienação, não por sua culpa, mas porque são explorados e arrastados pelos primeiros, não conseguem entender o que se passa nesta realidade.

Esses são pessoas boas, generosas, afetivas e de espíritos justos. Quando se percebem enrolados pelos mentirosos de plantão, pelos analfabetos metidos a besta, saltam fora e buscam orientação com quem luta e estuda a realidade, iluminando-se na prática e nos referenciais teóricos.

Seguidamente recebo e-mails, comentários aqui no blog e telefonemas dessas pessoas boas e prontas a crescer à luz do estudo analítico da realidade.

São essas as que valem a pena. São revolucionárias em potencial porque são humildes e prontas para a sabedoria.

Há muito a aprender com sábios como Leonardo da Vinci: "Pouco conhecimento faz com que as pessoas se sintam orgulhosas. Muito conhecimento, que se sintam humildes. É assim que as espigas sem grãos erguem desdenhosamente a cabeça para o céu, enquanto que as cheias as baixam para a terra, sua mãe."

Agora é a hora de o governo afastar-se das raízes do ódio e das injustiças. O arrocho fiscal, a redução da idade penal para eliminar crianças e jovens pobres e negros, trancafiados nas masmorras desumanas e a terceirização, como derrota dos direitos históricos dos trabalhadores, são fontes de arrogância e discriminação das quais o governo Dilma deve se desvencilhar rapidamente em mais essa oportunidade que o povo lhe dá.

Excrescências como Eduardo Cunha e os conservadores da Câmara dos Deputados, que votaram contra os trabalhadores e as crianças pobres, são frutos das espigas vazias que voaram pelas ruas do Brasil em junho de 2013 e em 15 de março de 2015. Os baderneiros quase elegeram um traficante arrolado na Lava Jato, em Furnas e no "suiçalão" para rebentar com o Brasil no exercício da Presidência.

Por isso nós, os verdadeiros combatentes do povo, devemos permanecer nas ruas. Nós é que somos orgânicos e comprometidos com a compreensão e transformação da realidade. Nós sabemos reconhecer nossos erros e mudarmos de rumo, sem ofender e desrespeitar ninguém.

A bandeira da luta contra a corrupção é nossa e não dos desordeiros de direita e seus capachos analfabetos políticos.

A direita não tem moral, pois é herdeira da escravatura e da corrupção dos concentradores de riquezas e de renda. A direita é corrupta por natureza e corrompe inclusive os mais pobres e simples.

A rua é de uso do povo e não da burguesia golpista, que se locomove de carros importados e de helicópteros.



Publicado originalmente por Dom Orvandil

domingo, 12 de abril de 2015

UMA LIÇÃO QUE SE EXTRAI DA OPERAÇÃO ZELOTES.

A verdade, a dura verdade é a seguinte.
O Brasil não teria que promover uma revolução tributária que – finalmente – fizesse os ricos darem sua justa contribuição.
Bastaria cobrar o devido.
É talvez a maior lição que se extrai da Operação Zelotes.
Não pode ser tão fácil sonegar. Isso destrói qualquer economia, mesmo as mais sólidas. Foi a grande mensagem do governo alemão quando pegou um cidadão tido como exemplar – então presidente do Bayern – com uma conta secreta de cerca de 20 milhões de euros na Suíça.
Isso ocorreu há cerca de dois anos, e o sonegador, publicamente arrependido aliás, já está na cadeia, numa sentença de cinco anos.
É uma questão cultural e, também, policial. Cultural porque a sociedade tem que ter clareza sobre a importância vital dos impostos. Policial porque os sonegadores, especialmente os grandes, têm que ser severamente punidos.
Sonegar no Brasil virtualmente não traz riscos – e isso tem que acabar se quisermos nos tornar uma sociedade avançada.
O caso Zelotes traz muitas reflexões. Como se atribui tanto poder econômico a um grupo de pessoas – o Carf, tribunal que pode anular dívidas bilionárias com a Receita — sem uma fiscalização intensa?
Isso não existe.
É um lugar comum dizer que a transparência é o melhor detergente, e na Zelotes isto é chocantemente real.
Os brasileiros desconhecíamos, até a semana passada, a mera existência do Carf.
O Carf tem que ser conhecido. Seus dirigentes também. Suas grandes decisões, mais ainda.
Transparência, transparência e ainda transparência.
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A Receita Federal é a negação disso. Ninguém sabe como funciona. O que se depreende, dados os fatos, é que a plutocracia encontrou maneiras de controlá-la.
Me perguntei sempre, no caso da sonegação da Globo, como a Receita simplesmente não se manifestava. Na internet, o assunto pegava fogo. Nas manifestações de junho de 2013, também.
Nunca a Receita se pronunciou sobre um caso tão expressivo. Era como se o interesse da Globo se sobrepusesse ao do país.
O escândalo do Carf me fez entender. Um mistério enfim se encerrou em minha mente.
A Receita vem operando, estes anos todos, na sombra, quando a luz do sol é imperiosa para que a sociedade veja suas ações.
Dentro desse quadro, coisas simplesmente inaceitáveis se tornam aceitas, ou toleradas.
Algumas vezes escrevi que não conseguia entender como, com o Bradesco tão flagrantemente metido em estratégias de evasão de impostos, Dilma pudesse ter convidado o presidente do banco para ser seu principal ministro.
Com a recusa, ela foi buscar um segundo nome no mesmo Bradesco, Levy.
Qual a mensagem para a sociedade? Sonegue, se puder.
Fazia pouco tempo, na época do duplo convite, que o Bradesco aparecera num caso de sonegação num paraíso fiscal.
Não chega a ser surpresa que o banco de Levy figure, também, na Zelotes.
O pior veio hoje, quando se soube, pelo Estadão, que Levy se empenhou para nomear uma advogada do Bradesco para a vice-presidência do Carf.
É mais que um conflito de interesses: é uma guerra nuclear.
Desprezível, como sempre, é a reação da mídia. Como o Bradesco é um grande anunciante, ninguém repercute o assunto.
Entre a sociedade e um grande anunciante, a opção das companhias jornalísticas é óbvia.
O PT colocou os pobres na agenda nacional, o que não é pouco. Mas, nestes doze anos, não fez mudanças estruturais.
Na Receita Federal, isso ficou patente.
Repito: não era – não é – necessário sequer criar taxas para grandes fortunas.
Basta cobrar o que determina a legislação, e punir quem sonegar.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

PRESIDENTA: VÁ A TV, DENUNCIE A TERCEIRIZAÇÃO E DEPOIS VETE.

O Capital está passando um rolo compressor em cima do Trabalho com o projeto de terceirização – que, na verdade, deveria chamar-se projeto de precarização (do trabalho). Desde a ditadura militar que não há um massacre trabalhista como esse.

Qualquer trabalhador mais instruído – e quando se alude ao trabalhador não se está falando do “peão”, mas de qualquer trabalhador, inclusive os dos níveis hierárquicos mais altos – sabe que com esse liberou geral para as empresas terceirizarem os salários e os benefícios trabalhistas, seus direitos vão despencar.

Em alguns casos, irão sumir. PMDB, PSDB e seus penduricalhos acabam de pôr no lixo a CLT, com o liberou geral da terceirização.

Na prática, com a permissão – ou permissividade – para que as atividades-fim das empresas possam empregar terceirizados, os funcionários mais bem remunerados perderão garantias trabalhistas e benefícios.

Para quem não entende o que está acontecendo, atividade-fim é aquela que atende à razão de ser da empresa. Se aquela empresa faz programas para computadores, agora os programadores poderão ser “terceirizados”.

Na prática, esse profissional poderá ser demitido e recontratado como funcionário de uma empresa “laranja”, que pagará salário muito menor e fornecerá mão-de-obra para a empresa que antes o empregava.

Antes, só pessoal das atividades-meio (faxineiros ou seguranças, por exemplo) podia ser “terceirizado”. Agora, são todos. Inclusive os “de cima”.

O Capital está fazendo a festa. Os altos salários de hoje, que os trabalhadores conquistaram ao longo dos últimos 12 anos, vão virar pó.

Para se ter uma ideia, a imensa maioria dos que foram às ruas no último dia 15 de março pedir a cabeça de Dilma também vai ser afetada. Veja só, leitor.

E o que é pior: vão colocar a culpa disso em Dilma, sendo que esse projeto de terceirização que acaba de ser aprovado estava engavetado na Câmara havia 11 anos, pois a maioria governista das Legislaturas anteriores não permitia que fosse votado.

Com a crise política que eclodiu a partir de 2013, o governo foi perdendo apoio popular e na eleição do ano passado uma maioria ultraconservadora se formou no Congresso, sobretudo na Câmara dos Deputados, abrindo caminho para a revanche dos patrões.

Por incrível que pareça, porém, o projeto de lei da terceirização vai dar uma chance à presidente Dilma de mostrar ao povo quem é quem, e de que lado ela está.

Em primeiro lugar, há que explicar que a imensa maioria do povo não faz nem ideia do que significa a terceirização. Inclusive, tem gente que vai se dar muito mal e que está achando tudo isso lindo só porque a aprovação dessa lei foi mais um golpe no governo e no PT.

Pobres diabos. Quantos engenheiros, analistas de sistemas, operadores do mercado financeiro, advogados, analistas de TI etc., etc., que foram à rua protestar contra Dilma, não irão receber um bilhete azul e, em seguida, uma proposta de recontratação por empresa terceirizada, obviamente que com salário mais baixo?

O enfraquecimento do governo e do PT abriu às portas para o Capital reverter o crescimento salarial que marcou os governos petistas. E tem assalariado – ainda que bem pago – que está apoiando esse arrocho de si mesmo só porque odeia o PT.

É preciso, portanto, explicar ao povo o que é a terceirização, em primeiro lugar. Desse modo, a presidente Dilma deveria convocar (já, para ontem) uma rede nacional de rádio e televisão e explicar o que é a terceirização. Em seguida, deveria anunciar que, se a medida passar no Congresso, irá vetar.

Sim, provavelmente o Congresso derrubará o veto. Porém, Dilma vai marcar posição, vai mostrar quem é quem.

Se Dilma fizer isso, agradará a base de apoio real que já teve à esquerda, que ajudou a reelege-la e que está se omitindo diante do golpismo, e que, agora, percebeu no que vai dar se continuar apática.

Além disso, agindo assim Dilma aplicará uma vacina na mais do que certa tentativa tucano-peemedebista-midiática de jogar nela a culpa pela terceirização – sim, é isso mesmo, os grupos políticos que aprovaram a terceirização vão culpar o governo pelo que fizeram, se a presidente não se mexer.

Os malefícios da terceirização vão muito além dos supra elencados. Vão desde as condições físicas de trabalho até o direito de greve, e muitos outros direitos e benefícios trabalhistas.

Para quem se informa, como os leitores desta página, é ocioso dar mais detalhes. O problema é o povão e mesmo essa classe média que, em enorme parte, vive do trabalho assalariado e é analfabeta política até a raiz dos cabelos, de modo que está fustigando quem lhe permitiu aumentar renda e salário nos últimos 12 anos.

Dilma está tentando contemporizar com o Congresso de todas as formas. Contudo, é inútil. É como um time de futebol tentar agradar o time adversário fora de campo para que na hora do jogo ele não tente fazer gols.

É hora de Dilma ter coragem. É hora de pagar para ver. É hora de dizer ao Congresso que se quer derrubá-la, que vá em frente. E depois o PMDB que descasque o abacaxi.

A precarização do trabalho e o aumento da violência e da criminalidade que decorrerão de medidas como a terceirização e o encarceramento de adolescentes junto com bandidos perigosos, irá criar uma situação explosiva no país.

O PMDB quer derrubar Dilma? Ela deve mandar o seguinte recado:

— Vão em frente. Antes de cair, vou denunciar o que vocês estão fazendo com o povo. Quando a situação estiver bem ruim, vocês vão ver o que é bom para a tosse.

Se o PSDB e o PMDB acham que o povo vai aceitar para sempre que coloquem a culpa no PT quando todo mundo estiver perdendo emprego ou sofrendo arrocho, estão loucos. Em seis meses todo mundo terá percebido a besteira que fez ao apoiar a direita.

A rigor, Dilma já não governa. Já foi derrubada. Não passa uma semana sem que tenha que trocar ministros. Tem que pedir a benção do PMDB para qualquer coisa.

Então, tanto faz. Se Dilma não pode governar, que não se torne sócia das medidas antipopulares que PMDB, PSDB e os outros partidos de direita (alguns da base) estão tomando. Do contrário, eles irão massacrar o povo e jogar a culpa nela.

Presidenta, a bola está consigo. Esse abuso da terceirização é a chance perfeita para virar o jogo. Mesmo que perca em um primeiro momento – com a derrubada de seu veto e as ameaças golpistas –, ganhará em seguida.

A hora é de ousadia e coragem, presidenta. Atributos que sabe-se que não lhe faltam. Use-os, pelo amor de Deus. Antes que seja tarde. Estão fazendo picadinho da CLT.





publicado anteriormente por Eduardo Guinarães

quinta-feira, 9 de abril de 2015

COM UM BOM ADVOGADO, AQUI, ALCAPONE NÃO SERIA PRESO.


Dono de um amplo repertório de crimes que celebrizaram seu nome como um dos maiores bandidos de todos os tempos, Al Capone só foi parar na cadeia depois de ser condenado por sonegação de impostos.

O azar dele é que vivia nos Estados Unidos. Como aqui não é Chicago, os Al Capone tupiniquins de alto quilate não correm este risco.

Quem me chamou a atenção para este detalhe no grande cipoal das nossas leis fiscais, que garantem a impunidade criminal, foi o sempre atilado repórter Marcelo Auler. Em texto publicado no seu Facebook neste final de semana, Auler lembra que sonegar passou a ser um bom negócio no Brasil, como demonstra a Operação Zelotes, da Polícia Federal, um assunto que aos poucos já está sumindo do noticiário.

Vale reproduzir o trecho principal do texto do amigo jornalista para entender melhor as origens da festa do caqui em que se transformou a Receita Federal, com a mudança nas leis promovida durante o primeiro governo Fernando Henrique Cardoso.

"Aqui cabe lembrar que nossos governantes, com o aval dos nossos legisladores, já em 1995, através da Lei nº 9.249, de 26/12/1995, como estipula o artigo 34, simplesmente extinguiram a punibilidade dos crimes definidos na Lei nº 8.137/90, que cita crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo, e na Lei nº 4.729/65, específica para a sonegação fiscal, quando o agente promover o pagamento do tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, antes do recebimento da denúncia".

"Ou seja, em outras palavras, amarraram as mãos do Ministério Público, impedindo qualquer processo criminal contra grandes sonegadores, em especial empresários e gente do mercado financeiro, que forem pegos, desde que o sonegador "arrependido" acerte as contas com a Receita. Ele, então, tenta fraudar. Se for pego, corre e se acerta com a Receita _ normalmente, parcelando a dívida ou aderindo ao Refis e, com isto, não pode ser processado criminalmente. É como se o ladrão da esquina, depois de pego, devolvesse o que roubou e fosse deixado em paz, livre, leve e solto".

É o popular: se colar, colou. Se a fiscalização, por acaso, pegar alguma mutreta e multar a empresa do bacana, sempre restará contratar um bom escritório de advocacia e recorrer da punição no agora famoso "tribunal" do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) do Ministério da Fazenda, alvo de investigações da Polícia Federal por fraudes que podem representar um prejuízo já identificado superior a R$ 19 bilhões aos cofres públicos. No total, tramitam atualmente no tribunal centenas de recursos em processos no valor de R$ 500 bilhões (isso mesmo, meio trilhão de reais), que o governo deixa de arrecadar.

Um azeitado esquema de propinas montado com a participação de servidores públicos e representantes dos contribuintes autuados, quer dizer, dos sindicatos e confederações patronais, cuida de diminuir o valor das multas ou mesmo, simplesmente, deleta-las. Pelos valores já divulgados, a Operação Zelotes bota no chinelo os casos dos mensalões e petrolões, e tem tudo para ser promovido a maior escândalo de corrupção na nossa história, se as investigações realmente forem levadas até as últimas consequências, o que não é fácil.

Como o caso só envolve cachorro grande, todo cuidado é pouco, ao contrário do que acontece nas denúncias seletivas da Operação Lava Jato. A diferença de tratamento chamou a atenção até da ombudsman da Folha, Vera Guimarães, que escreveu neste domingo:

"Só na última quinta (2), uma semana depois do início, a operação galgou a manchete deste jornal ("Mensagem liga lobista a caso que fraudou Receita"). Um dia após ser deflagrada (27), a Zelotes foi o título principal dos concorrentes, mas mereceu na Folha uma chamada modesta. O tema ficou sumido da capa por três dias e voltou ainda menor na terça (31) e na quarta (1º). O furo mais importante até agora, a lista de grandes empresas investigadas, foi obra da concorrência".

A bronca parece não ter surtido efeito. Nesta segunda-feira, não encontrei nenhum registro sobre o assunto no jornal.

A melhor definição sobre o papel do Carf e a atuação da Receita Federal e do Ministério da Fazenda neste escândalo do propinoduto fiscal foi dada por um dos conselheiros do órgão, Paulo Roberto Cortez, em escuta gravada pela Polícia Federal com autorização da Justiça:

"Quem paga imposto é só os coitadinho, quem não pode fazer acordo, acerto (...) eles estão mantendo absurdos lá contra os pequenininho e esses grandões aí tão passando tudo livre, tudo isento de imposto, é só pagar, passa (...) tem que acabar com o Carf imediatamente (...) tem que fechar aquilo, mudar, vai pro judiciário, não pode, não pode isso aí. Virou balcão de negócio. É de dar vergonha, cara".

Pois é, até os corruptos já estão ficando com vergonha






Por Ricardo Kotsho.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

O SEXO PODE SER A MAIS SUBLIME E A MAIS DESTRUIDORA MANIFESTAÇÃO DE DESESPERO.

O sexo pode ser a mais sublime e a mais destruidora manifestação do desespero. Um homem desesperado agarra-se ao sexo como alguém que procura, perplexo e assustado, proteção num temporal repentino. Uma mulher desesperada faz o mesmo. Quando a gente olha para as coisas e não vê sentido, e se pergunta por que, por que, por que, o sexo quase sempre aparece como uma resposta formidável, irresistível. E poderosamente ilusória. O sexo é a esperança de vida. O sexo é a esperança de ressurreição vitoriosa de um caso de amor derrotado. O sexo pode ser um anestésico de curta mas intensa duração para as dores da alma.

Naqueles minutos em que os corpos estão engalfinhados, o desespero cede à trégua. A aflição como que descansa. Aquela volúpia tão fugaz, aquele êxtase precário por natureza, aquele fragor destinado em breve ao silêncio enfastiado, todas essas coisas parecem por um momento capazes da eternidade. O bêbado de desespero é o bêbedo de sexo. A pena é que a aflição dure tão mais que o prazer. A angústia é, paradoxalmente, libidinosa. Deus, quantas bobagens sexuais não cometemos movidos pelo desespero, quantos passos desastrados, quantas escolhas erradas, quantos abismos mascarados. Quanta dor imposta e recebida em meio a gemidos de êxtase.

O homem sereno, cuja mente não seja tagarela, não é tragado pelo abismo sexual. O homem sereno não se agasta contra as circunstâncias. O homem sereno aceita as coisas como elas são. O homem sereno comanda a mente em vez de ser comandado por ela. O homem sereno não se importa nem com o louvor, nem com a critica. O homem sereno não se perturba diante do fracasso, nem diante do sucesso. O homem sereno não se deixa levar pelos delirantes arroubos do ego. O homem sereno não é grande senão por saber que é pequeno, não é sábio senão por saber que não se sabe nada. O homem sereno prefere jogar uma partida de buraco a se meter numa aventura sexual complicada com a mulher mais gostosa e mais neurótica do bairro. O problema é que não existem homens serenos. E muito menos mulheres. O que existe é a serenidade. Mas, como as velhas escrituras tão bem registram, é mais difícil conquistar a serenidade do que conquistar o mundo.

É preciso reflexão, perseverança, paciência, fé e todos aqueles atributos que parece que quanto mais perseguimos, mais distantes ficam.

Você. Eu. Nós dois. Foi o desespero que nos uniu, disfarçado em amor. (Mas, Deus que disfarce, que disfarce.) Um escritor barato, uma dançarina de boate tão linda e tão pequena e tão desvairada que eu diria que foi a musa que inspirou Tiny Dancer. “Hold me closer, tiny dancer…” E no entanto tão grande no palco daquela boate decadente do centro da cidade. A falta de perspectiva de nós dois criou a ilusão do horizonte para ambos. Dois perdedores que juntos pareciam um vitorioso. Seus olhos tão tristes, mas fumegantemente vivazes e alegres perante os olhares ávidos e rudes dos homens da platéia. Outros homens devem guardar lembranças bem mais concretas de você. Talvez os seios, talvez a tatuagem de golfinho tão bem localizada. Ou até o feijão com pouco sal. Mas, quanto a mim, a parte que mais me agrada lembrar são os olhos. Foi o desespero que nos uniu, majestosa dançarina barata. E foi o desespero que nos desuniu.






O cubano Fabio Hernandez é, em sua autodefinição, um "escritor barato".