terça-feira, 21 de abril de 2015

´RECISAMOS DE UM MOVIMENTO COESO E PROGRESSISTA.

As minguadas manifestações do dia 12 traziam muitos cartazes sobre “petrolão”, mas nenhum sobre as contas secretas no HSBC da Suíça ou sobre as recentes descobertas de sonegação da Operação Zelotes da PF provando que grandes empresas e milionários brasileiros sonegaram impostos depositando dinheiro lá fora ou subornando conselheiros do CARF/Receita Federal para burlar o fisco.

Por que é que os movimentos de rua de classe média não pedem a cassação de Eduardo Cunha e de Renan Calheiros, os dois citados nas denúncias da Operação Lava Jato?

Por que é que a imprensa prefere vender a imagem de Eduardo Cunha como o homem que fez o Congresso voltar a funcionar, mesmo votando leis retrógradas como a precarização da legislação do trabalhador terceirizado, em regime de urgência?

Simplesmente não pedem, porque a metade quer o mesmo que ele quer; derrubar Dilma ou sangrá-la para tomarem o poder em 2018; e a outra metade não pede porque simplesmente ignora o jogo de cartas marcadas que ele joga, e servem apenas de papagaios de piratas, repetindo a história mal contada e infundada que lhe vendem sem buscar a origem e as razões por detrás da notícia ou dos fatos.

Numa coisa os manifestantes se igualam: incorporaram a idéia difundida pela estratégia da direita, seja ela PSDB, PMDB, Democratas, PSB, etc, de que a culpa de tudo é do PT, do Lula, da Dilma, e que a solução é tira-la da presidência, via impeachment; ou mantê-la mas impedir que governe; ou dificultar tanto seu governo que, em 2018, desta vez sim, finalmente, consigam de novo tomar o poder para instituir novamente apenas a defesa dos interesses das elites dominantes deste país.

É urgente que seja aberta esta discussão na importância que lhe cabe sobre a necessidade de uma reforma política que ataque as bases da corrupção, alimentada no Brasil fortemente pelo financiamento privado de campanhas políticas.

Para crescer, no entanto, o movimento popular no Brasil deve abandonar as práticas hipócritas em que os dirigentes deturpam a história e convencem seus seguidores de que o inimigo está sempre do outro lado. No Brasil o perigo está na desunião dos iguais e muitas vezes dentro de casa.

Quando você ensina seu filho a faltar a escola e dizer que estava doente você está ensinando-o a mentir. Quando você diz que é bonito tirar vantagens no dia a dia, não devolver um objeto perdido, não pagar quando bate o carro num acidente de trânsito, não declarar à Receita Federal um rendimento extra você está ensinando a ele a ser um corrupto quando crescer.

Quando você aponta o dedo para o PT, prende seus integrantes, mas ignora todas as denúncias e indícios existentes contra Aécio Neves, na Lista de Furnas; não toma conhecimento dos nomes dos correntistas do HSBC, do Swissleaks - as grandes fortunas do Brasil, dentre elas os proprietários das grandes empresas de comunicação deste país, você, cidadão, está sendo parcial, está sendo hipócrita, está ajudando a construir um futuro podre para todos nós.

O recado imprescindível que devemos passar neste momento importante da história do Brasil é: ditadura nunca mais; respeito à Constituição brasileira e as normas jurídicas do país; combate à corrupção venha ela de onde vier; união de forças para garantir a aprovação no Congresso de pontos importantes para a radicalização da nossa democracia como uma reforma política que contribua realmente para o fim da corrupção.

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