domingo, 26 de abril de 2015

APRENDER COM OS ERROS...

Os contrastes são comuns em nossas cidades. É o caso dos arranha-céus ao lado das favelas. Também impressiona o grande número de pessoas obesas, superalimentadas ou mal alimentadas, contrastando com a legião dos famintos. Templos do consumo, os super e hipermercados mostram a civilização da abundância e do supérfluo. Seus letreiros luminosos ajudam perceber as lixeiras, que por vezes, se transformam em mercados para os miseráveis. Numa lixeira, pobre, barbudo e esfarrapado, um excluído examinava com a atenção os depósitos. De vez em quando abria um saco de lixo, examinava com cuidado e, por vezes, retirava algo que seria útil.
Lixo é sinônimo de sujeira, de coisa imprestável, de resíduos mal cheirosos, objetos descartados. Fere a lógica e o bom senso abrir um saco de lixo para ver o que existe dentro dele. Isso só se justifica se a pessoa perdeu algo de precioso e imagina poder recuperá-lo. É verdade que nem todo o lixo é lixo. Nas latas de lixo, muitas vezes vão parar coisas que ainda seriam úteis. A reciclagem se encarrega de selecionar, separar e recolher latas, vidros, metais. O material orgânico, mesmo em decomposição, pode ser aproveitado como adubo ou mesmo para geração de eletricidade.
Passando do campo físico para o lado moral, há pessoas que têm a síndrome do lixo. Passam a vida só interessadas no lixo moral e se encarregam, sem o menor critério, de espalhá-lo em toda a parte. Deixam de lado a bondade, a beleza, a virtude e só têm olhos para as coisas erradas. Os corvos, embora prestem um bom serviço, só têm olhos, olfato e paladar para coisas podres. Enquanto as outras criaturas festejam a vida, a beleza, o perfume, eles optam pelo negativo.
A vida das pessoas nunca é como a desejamos. Há coisas boas, mas também existem pontos negativos. Normalmente são esses que marcam uma vida. O passado é contraditório. Há coisas na nossa vida que existem, que aconteceram; nada pode ser mudado nela. Aceitá-las é um ato de inteligência. Inteligência maior é saber integrá-las. Porque é imutável, preciso aceitá-la e fazer dela um novo ponto de partida. É impossível voltar no tempo e fazer um novo começo, mas podemos começar agora e preparar um novo fim.
É pouco inteligente abrir os sacos do lixo do passado, a não ser que tenhamos perdido nele alguma coisa preciosa. Realidades perdidas podem ser reencontradas. Por vezes, deixarmos cair no lixo do esquecimento nossos sonhos e desejos. Nunca é tarde para recomeçar e recomeçar de outro jeito. Os erros só são inúteis quando nada nos ensinam. O passado, independente de como foi, pode ser a melhor escola da vida. Não podemos apagar nossos erros, mas podemos aprender com eles.

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