quarta-feira, 22 de abril de 2015

VOCÊ NÃO SE ENGANOU

Geralmente pairam desconfianças referentes a outros como agentes de nossos enganos. Em muitos negócios, facilmente uma parte acusa a outra dizendo: “Você me enganou!” Em muitas promessas de amor mútuo, depois de algum tempo, não é difícil ouvir: “Você me enganou!” Mais raramente ouve-se alguém reconhecer e dizer: “Eu me enganei!”.
Enganar-se, enganar e ser enganado são experiências que vão e que vêm na vida pessoal e social. Bom mesmo seria não enganar-se, não enganar os outros e não se deixar enganar. Saber que este é o caminho; ter certeza de que estamos construindo um futuro que se abre para outros futuros maiores e melhores; investir forças e qualidades para algo que vale a pena, parece ser uma digna aspiração. Saber que não estamos enganados é um clima bom de se viver.
Um fato real que me foi narrado por um casal, cujo filho estuda numa escola particular, levou-me a escrever esta reflexão. O jovem, por formação e por índole pessoal, era o primeiro aluno a chegar na sala de aula. De imediato abria os livros e começava a situar-se na disciplina que iria ter em seguida. Os colegas vinham chegando e no começo o importunavam, mas depois de um tempo cansaram.
Nosso jovem foi avançando no ano letivo, sendo uma presença elogiada pelos professores, mas sempre discriminado pelos colegas. Chegam as notas do primeiro semestre e nosso amigo confirma a melhor qualificação possível. Na medida em que o tempo ia passando, a adolescência vinha chegando. As piadas dos colegas começaram a voltar com intensidade, rotulando-o de maduro demais etc.
Num belo dia, o jovem estudante, de tanto ouvir zombarias de sua seriedade com o estudo, chegou em casa e perguntou aos pais: “Será que eu não estou me enganando ao ser diferente da maioria? Será que a turma não é mais feliz levando tudo na brincadeira?”. Os pais, entendendo a crise do adolescente, disseram-lhe: “Meu filho, você não se enganou! O futuro haverá de dizer!”
O critério da maioria é tantas vezes avassalador, especialmente quando vai acontecendo o nivelamento por baixo. O comum de um viver ao natural prefere escolher a medida baixa da vida. Contentar-se com o mínimo para sobreviver é uma tentação da multidão dos acomodados.
Você não se enganou! Essa expressão vai bem a quem está escolhendo um estado de vida, como resposta vocacional; vai bem a um jovem na encruzilhada de suas opções profissionais; vai bem a um político honesto, especialmente quando a corrupção parece ser sinônimo de sucesso; vai bem a quem busca cultivar uma fé autêntica conectada com a vida; vai bem em tudo o que soma no acerto de um projeto de vida e santidade. Você não se enganou!
Num momento histórico onde nos vemos envolvidos pela cultura do engano fácil, cremos que se faz ainda mais necessário sermos apoiadores de quem anda na busca sincera de acertar a vida e desenhar uma nova sociedade mais justa, humana e solidária. Ânimo! Você não se enganou!

Nenhum comentário:

Postar um comentário