quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

O QUE DIZEM DE MIM?

Em busca de uma vida mais feliz um grupo dirigiu-se a um mestre conhecido pela sua sabedoria. O objetivo era aprender a arte de viver. A receita consistia numa única lição, explicou o mestre. Deveriam dirigir-se ao cemitério da localidade e insultar os mortos aí sepultados, em seguida deveriam elogiá-los, com toda a sorte de palavras bonitas.
Situado numa encosta, o cemitério estava inundado de sol. Alguns túmulos mais imponentes, algumas flores murchas e leve brisa que não chegava a comprometer o silêncio e a paz. Um tanto quanto perplexos, eles cumpriram o dever. O mestre quis saber depois: qual foi a reação daqueles mortos? Nenhum deles pronunciara qualquer palavra, agradecendo o elogio ou respondendo às agressões.
Aquele que procura a sabedoria, disse o mestre, passa indiferente diante das críticas e elogios. Eles nada mudam. E se eles mudarem alguma coisa em nós revelarão imaturidade. “Eu sou aquilo que sou diante de Deus”. O Evangelho garante que a verdade nos torna livres. Assumir a verdade pessoal é o primeiro passo para a maturidade e a paz.
As pessoas, de uma maneira geral, costumam agir ou reagir. Aquele que se limita a agir é porque possui um projeto pessoal e uma escala de valores. Aquele que reage se assemelha a um pequeno arbusto, sacudido pelo vento das circunstâncias. Não tem compromisso consigo mesmo, mas reage por causa dos outros. Para o primeiro, elogios ou críticas pouco significam, mas o segundo fica transtornado, especialmente com a avaliação negativa. Diante do elogio, a pessoa equilibrada percebe uma direção para onde precisa caminhar, diante da crítica vê uma valiosa contribuição para progredir.
Vivemos em sociedade e não podemos ter uma olímpica indiferença pelo que comentam de nós. Mas uma boa dose de prudência é necessária para avaliar elogios e críticas. Há os que elogiam na presença, depois criticam à distância. Esses são os bajuladores. O verdadeiro amigo, quando há alguma observação, uma ajuda fraterna, ele a faz na presença e elogia a distância. De resto, não somos tão importantes assim. Muitos ficam ansiosos e querem saber: o que dizem de mim? Muitas vezes, nem se fala bem nem mal.
Há pessoas que vivem representando. Apenas dizem e fazem aquilo que, imaginam, vá agradar aos outros. Não têm princípios, nem uma personalidade madura para serem eles mesmos. Fariam muito melhor se estabelecessem algumas metas: viver em amizade com Deus, viver em sintonia com o próximo e em harmonia com a natureza.
Procuramos a sabedoria, mas não somos perfeitos. Cometemos muitos erros e nós mesmos devemos ser os primeiros a reconhecer isso e, com tranqüilidade, sorrir de nossas falhas. Precisamos dar a nós mesmos o direito - de vez em quando - de errar. Quem sabe, isso nos ajudará a compreender melhor os irmãos e perdoar, com serenidade, suas faltas. E não esqueçamos de elogiá-los sempre que há motivo.

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