sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

JÁ OUVIU FALAR EM EPIMETEU E PROMETEU?

Epimeteu e Prometeu são dois irmãos na mitologia grega. Ambos imortalizados pelos seus feitos. Prometeu muito mais célebre, mas Epimeteu não pode ser relegado ao esquecimento. Ambos são arquétipos da alma humana. Ambos representam a seu modo, um modo de ser do humano. Quer ver?

Epimeteu e Prometeu foram encarregados pelos deuses a distribuir as características e dons particulares para cada um dos seres, no exato momento em que viessem à luz. Mas como Epimeteu é metido, ele se escala para fazer a distribuição e deixa para Prometeu a função de fazer uma revisão final geral.

Na distribuição dos dons, Epimeteu dá a alguns seres a força sem a velocidade. Para outros, por serem pequenos e presas fáceis, dá asas para a fuga rápida ou então os habilitam a viver debaixo da terra. O que mune com tamanho grande, salva-os por isso mesmo, sem lhe dar outros dotes especiais. Elefante voador, nem pensar! Alguns ele cobre com densas peles e espessos cabelos capazes de suportar invernos rigorosos e dias de sol cáustico. A alguns ele calçou com garras e a outros revestiu com peles duras e sem sangue. Para alimentação, raízes, frutas e ervas. Aos carnívoros, cuidou para que tivessem pouca descendência. Aos de descendência numerosa, cuidou para que a salvação fosse da espécie, sem preocupação com os indivíduos. Epimeteu se mostrou hábil na equilibrada distribuição. Mas, lhe faltou sabedoria. Quando chegou a vez do homem surgir da terra, percebeu que seu estoque de capacidades e habilidades tinham se esgotado e ele não sabia o que fazer. Logo com a criatura humana? Que coisa feia Epimeteu!...

Epimeteu significa: aquele que primeiro faz, depois pensa. Primeiro faz, depois vai ver o que fez. Primeiro faz, depois inspeciona. Primeiro faz, no impulso, depois vai ver os estragos e as conseqüências. Epimeteu é o nosso lado impulso, iniciativa, inventividade, criatividade, sagacidade, intuição etc. Mas é também o nosso lado inconseqüente e falta de planejamento. A vida sem Epimeteus seria sem graça. Mas, perigosa, sem Prometeu.

Prometeu foi então inspecionar a obra de Epimeteu e percebeu a imprudência de seu irmão. O que fazer agora, pensou Prometeu? Não teve dúvida. Rouba o fogo de Hefesto e Atenas, exímios nas artes, e entrega de presente aos humanos. O fogo é símbolo do saber, do pensamento, do planejamento e da ciência para fazer frente a falta de outras qualidades que os animais possuem mas nós somos privados. Por isso Prometeu é símbolo do planejamento antecipado e estratégico, muito importante para qualquer ação medida e ponderada.

E mais, Prometeu providenciou também a arte da política e do senso moral, distribuídos de forma universal e não agraciando a uns e não a outros. Com a ciência, a política e a moral, o que temos de deficiência do ponto de vista fisiológico, superamos do ponto de espiritual. Pelo menos estamos munidos para superar, cabendo sempre uma decisão livre, consciente e civilizacional. É necessário querer sermos humanos que será sempre uma conquista e um fazer-se, nunca um ato da própria natureza.

Com ciência do planejamento, da antecipação, da previsão e com a arte política e moral, nosso lado Prometeu, a vida não nos surpreenderá “de calças curtas”. Mas, cuidado, a vida não tem graça sem o improviso e a inventividade de um Epimeteu.

Nesse tempo de virada de ano, ano velho se indo e ano novo entrando, é oportuno pensar nesses dois arquétipos para um balanço e para uma projeção.

Prometeu e Epimeteu!

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