terça-feira, 5 de janeiro de 2016

O REAJUSTE DO SALÁRIO MÍNIMO.


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E a Presidente Dilma Roussef, ainda tomada pelo espírito natalino, assinou um decreto que reajusta o valor do salário mínimo vigente no país para R$ 880,00, a partir de 1º de janeiro de 2016. Um pequeno mimo de R$ 92,00 que mamãe Noel oferece para o povo brasileiro nessa época de crise econômica. Mas, que crise mesmo? Andando pelas ruas durante esses dias que antecederam as festas de fim de ano, pude constatar, através das lojas e supermercados lotados e pessoas se empurrando e até mesmo se agredindo para fazer compras, que não existe crise. Ou então as lojas estavam sendo saqueadas e eu não percebi. Não quero com isso, dizer que tudo está indo às mil maravilhas com o nosso governo, porque não está. E nunca esteve, desde quando debutamos para o mundo. Mas esse papo de crise precisa ser revisto.

O reajuste no salário mínimo, assim como um gol da seleção brasileira numa copa do mundo, sempre foi algo muito desejado e comemorado quando acontecia. Mas vivemos tempos tão estranhos, que até quando o salário aumenta o povo reclama. Claro que o valor do aumento ainda é pífio. Tenho certeza que a manicure da presidenta cobra mais do que R$ 92 reais para fazer-lhe as unhas. Mas ainda sim é mais considerável do que os reajustes efetuados no governo FHC, o que de certa forma deveria servir de parâmetro para se avaliar os dois governos. Mas as reações a este aumento têm sido inusitadas. Pincei alguns comentários de leitores  no facebook e me assustei com que li.

Um deles dizia o seguinte: "Louca e irresponsável fazendo a mesma política populista da outra louca que quebrou a Argentina. Coitadas das empresas que vão ter que se virar pra pagar esse salário com a inflação nas alturas e o consumo em queda. É mesmo uma grande irresponsável!". Outro cidadão escreveu o seguinte: "A troco de quê? Lojas fechando, movimento baixo. Lamentável! Ela aumenta por que não é ela quem paga. Pra ajudar uns acabam com outros". Por fim, ainda tivemos um editorial de O Globo, no qual a família Marinho, uma das mais ricas do País, chama de "tosco" o argumento usado pelo governo para reajustar o mínimo acima da inflação e alerta que a conta vai chegar alta depois. Relembrou uma manchete do jornal O Globo, em 1962, se posicionando contra a instituição do 13º salário.

Tim Maia já dizia que só no Brasil existe pobre de "direita", mas agora percebo pelo que tenho lido e ouvido falar sobre o reajuste do salário mínimo, que também temos até alguns trabalhadores rejeitando o aumento e aceitando ganhar menos, pensando no bem estar dos empresários e em como estes terão que se virar para lhes pagar. Típico caso onde o oprimido se apaixona pelo opressor. Uma espécie de Síndrome de Estocolmo das relações trabalhistas. Lembra-me uma personagem da escolinha do Professor Raimundo, a dona Santinha Pureza, que apanhava violentamente e era humilhada por seu companheiro. E quando o Professor lhe perguntava o porquê dela aceitar tudo aquilo, ela respondia: "Sabe o que é? Eu Gosto!" No Brasil, além dos tradicionais opressores não abrirem mão de continuar oprimindo, eles ainda tentam convencer, os oprimidos de que a opressão que eles lhes impõem é para o seu próprio bem. E às vezes conseguem.

E assim tem gente dizendo que a presidenta vai falir o País com esse aumento, que a inflação vai disparar e que vai gerar mais desemprego. Também que não vão poder mais comer carne porque o preço vai disparar e etc.... Será mesmo? O país ainda não faliu com 513 deputados federais ganhando 33,7 mil reais de salários, fora os demais benefícios, que somados chegam a mais de R$ 147 mil por mês para cada um. Multiplicando isso por 12 meses temos um montante de quase um bilhão de reais por ano. Sem contar os 81 senadores com o mesmo salário e iguais benefícios e os "não sei quantos" ministros que ganham 30 mil reais por mês e também dispõe das mesmas "benesses". E ainda temos 1.059 deputados estaduais e mais de 55 mil vereadores espalhados pelo Brasil e todos pagos com dinheiro público. Isso sem acrescentar o roubo, as propinas, os desvios, e os superfaturamentos.

Não sou economista, mas não sou tão idiota assim para acreditar que 880 reais de salário mínimo vai quebrar o país. Não me subestimem tanto, por favor! Reajuste de salário mínimo não gera inflação e nem quebra a economia, apenas diminui o lucro dos empresários e de muitos empregadores que querem enriquecer pagando um salário de fome e explorando quem precisa trabalhar. O que impede o país e a nós mesmos de crescermos é a nossa alienação. É a preguiça de buscar a informação. Ninguém precisa ser formado em ciências políticas para entender que está sendo enganado e que estão escondendo o ouro de nós. E quando temos um governo, que apesar de muitas falhas, ainda tenta diminuir um pouco a diferença abismal entre as classes, vemos um parte da elite se enfurecer e bater panelas contra o mínimo de justiça social que se tenta praticar.

O ano de 2016 vai passar, mas os opressores do direito do povo NÃO PASSARÃO!

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