domingo, 27 de dezembro de 2015

MEDO... MUITO MEDO.

Será que o medo vai vencer a esperança? Medo por todos os lados! Uma criança que nasce hoje vem à luz sob o signo do medo! O medo parece que se tornou o sentimento dominante. Medo, medo, medo!

Medo por todos os lados e por diversos motivos. Medo de desastres ecológicos. Medo de assaltos. Medo do desemprego. Medo de doenças. Medo da mudança climática. Medo da polícia. Medo do outro. Medo do inimigo invisível! Medo do terror. Medo do medo!

O medo nos imobiliza. O medo nos entristece. O medo nos paralisa. O medo nos faz todos retraídos e desconfiados. O medo nos acua! O medo nos recolhe. O medo nos despotencializa. O medo nos oprime. O medo nos torna reféns.

O medo não é um afeto ou sentimento mau em si. A esperança não é um afeto ou sentimento bom em si. Medo e esperança são duas faces da mesma moeda. Não há esperança sem medo e não há medo sem esperança.

O que é o medo? O medo é uma tristeza instável, surgida da ideia de uma coisa futura ou passada, de cuja realização temos alguma dúvida.

O que é a esperança? A esperança é uma alegria instável, surgida da ideia de uma coisa futura ou passada, de cuja realização temos alguma dúvida.

Quem tem esperança tem medo de que a coisa não se realize. Quem tem medo, tem dúvida sobre a realização ou não do que não gostaria que se realizasse e, portanto, tem esperança.

Esses conceitos dialeticamente dispostos são do filósofo Spinoza. Conceitos e relação entre conceitos que captam bem a nossa sensação e dança de afetos nos tempos atuais. Parece que definitivamente entramos na era da incerteza e da insegurança.

Aliás, dois conceitos mais para fechar o quadro. Segurança e insegurança.

Segurança é uma alegria surgida da ideia de uma coisa futura ou passada, da qual foi afastada toda causa de dúvida. Insegurança, é o estado de tristeza surgida da ideia de que o que causa o medo, ainda permanece (Spinoza).

Se assim for, e parece que é, então a tensão entre medo e esperança, segurança e insegurança está longe de ser resolvida e teremos que saber conviver com ela.

Não aceitar seguranças e esperanças ilusórias e medos fictícios, eis ai a tarefa de discernimento que só o pensamento pode operar

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