quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

O MUNDO MUDOU.

É bastante comum deparar com expressões desta natureza: “O mundo mudou”; “As coisas não são mais as mesmas”; “Os tempos são outros”; “Já não é mais como antigamente”, e muitas outras no presente vocabulário. Há uma constatação óbvia e incontroversa de uma discrepante diferença entre as gerações presentes e passadas. As novas gerações tendem a deixar para o passado culturas, normas e comportamentos que impeçam a identidade do novo, a liberdade. Em sociedade moderna a mudança de mentalidade avança de forma veloz e é necessário consolidar valores de dignidade humana.

É incontroverso. A sociedade apresenta um novo rosto, o da secularidade. A secularidade é uma qualidade e uma condição de quem vive as coisas do mundo e da vida, ou do tempo. A principal característica da secularidade é a defesa de um estado laico, sem a interferência da religião. O espírito secular tende a colocar o homem no centro da própria história. Quanto ao sentido do termo secular, vem do latim secularis, que significa relativo a século. Em linguagem comum significa mundano, relativo ao mundo.

O teórico português Boaventura de Sousa Santos (1940) analisa a atual sociedade sob duas óticas: secularismo e secularidade. Segundo o teórico, o secularismo implica restringir a religião ao estado privado exclusivamente. Isto significa uma experiência religiosa puramente subjetiva, de opção pessoal. E por secularidade entende a permissão das expressões religiosas no espaço público. A experiência religiosa é tolerada quando não fere a liberdade dos cidadãos. Em suma, é possível viver na sociedade secular uma mútua tolerância entre os crentes e não crentes.

Então, ante uma sociedade caracterizada nas livres escolhas e na afirmação da autonomia absoluta do homem, constitui-se um desafiador campo de atuação para qualquer segmento social, sobretudo o religioso. Aceita esta concepção de sociedade, a situação permite o surgimento de muitos movimentos religiosos. Por um lado esses movimentos, em sua maioria compatíveis com os interesses do espírito secular, pregam uma fé subjetiva e desnuda da realidade. Por outro lado, o pluralismo religioso nem por isso deixa de ser bom, mas na maioria das situações sustenta uma falsa disjunção público privado.

Apostar fé em tal liberdade serve de falso patamar das chamadas autonomias das esferas religiosa e estatal. Por conseguinte, a secularidade significa ser do mundo. Isto é, ser responsável por ele. Ou seja, em cada ato humano é impossível a neutralidade. Pois a fé, quando acolhida com profundidade, pensada e vivida, também se faz cultura. Portanto, o homem que acolhe a Deus em sua fé age na sociedade ciente da responsabilidade de superação das situações de injustiças sociais. Então, a virtude da fé liberta do poderio que escraviza e se move na habitação da justiça divina entre os homens e mulheres.

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