Santa
Bárbara, na Califórnia, é uma cidade de porte médio, com menos de 90
mil habitantes. Como toda a cidade, tem seus contrastes. Lá existem
também os sem-teto, dormindo no banco do jardim, na soleira das portas
ou numa calçada qualquer. Joe é dos sem-moradia. Sua companhia
inseparável: um cão. Um dia, um gato sem dono juntou-se aos dois. Entre o
gato e o cão surgiu uma tranquila parceria. Depois foi a vez de um rato
branco que se associou a eles. Os quatro iam fazendo sua vida,
repartindo com tranquilidade a pouca comida que lhes era dada.
O
fato de animais, historicamente vistos como inimigos, vivendo juntos em
harmonia, começou a chamar a atenção de todos. Num certo dia, alguém
ofereceu ao sem-teto vinte dólares para fotografar os seus animais.
Nasceu daí um meio de vida para eles. As fotografias se multiplicaram e
todos deixam sua contribuição. As fotos acabaram no youtube e percorrem o
mundo. O cachorro, o mais forte dos três, na maior parte do dia carrega
o gato e o rato para que eles não precisem caminhar tanto. Os gestos de
carinho são rotineiros. À noite eles se acomodam do melhor jeito
possível, aquecendo-se mutuamente. Hoje eles são visita obrigatória para
os turistas que passam por Santa Bárbara. Com direito a uma fotografia.
Um
mundo diferente é possível. É isto o que esses animais nos ensinam.
Costumamos dividir o mundo em classes: ricos e pobres, brancos e negros,
homens e mulheres, sábios e ignorantes, bons e maus, amigos e inimigos.
E apostamos nessas divisões. Seguimos uma tendência já manifestada na
primeira página da Bíblia; trata-se da Lei de Caim. Esta lei determina a
destruição do irmão. Ainda não nos damos conta que a melhor maneira de
vencer o inimigo não é derrotá-lo, mas fazê-lo amigo.
Jesus
coloca o amor como a lei fundamental da convivência humana. O amor não
tem contraindicações. Mas a humanidade ignorou o caminho do amor e,
hoje, vive sob a lei do temor. Os outros são vistos como inimigos. E
assim os tratamos e eles acabam inimigos de verdade.
Francisco
de Assis preferiu outro caminho, o caminho da fraternidade. Foi assim
que ele venceu – conquistou – o lobo, chamando-o de irmão. Foi assim
que, contrariando a filosofia dos Cruzados, teve entrada franca no
palácio do sultão. Foi assim que ele reconciliou cidades em guerra.
Uma
das dificuldades é a pressa. Queremos que a semente do amor germine
imediatamente. É necessário que, antes da proposta, exista uma vida que
legitime o amor. São João da Cruz lembrava: “Onde não há amor, plante
amor e, um dia, colherá amor”.
Não
desanime, não pense que é impossível se a primeira vez não deu certo.
Tente de novo. Uma vez plantada, a semente do amor germinará, mas não
fixe tempo para isso.
Olhe o quarteto de Santa Bárbara e caminhe nessa direção.
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