sábado, 22 de junho de 2013

"EM QUE POSSO LHE AJUDAR?"

Somos seres em permanente necessidade de ajuda. Em momento algum de nossa vida podemos dizer: “Eu não preciso da ajuda de ninguém!”. Desde a nossa concepção e até a nossa partida deste mundo, necessitamos ser ajudados a todo o instante. Mas na mesma proporção podemos e devemos ajudar, pois “quem guarda a vida para si, perde-a!”
Por incrível que pareça, é comprovado que, entre os humanos, é mais fácil ajudar do que reconhecer a necessidade de ajuda. A autossuficiência é uma tentação que ronda em todas as idades. Reconhecer-nos necessitados parece uma certa afronta à nossa autoafirmação. A rebeldia de apropriar-se de todas as possibilidades por conta própria é um impulso natural. Porém, a lógica da vida não concorda com esta tendência. 
Num ímpeto de vaidade, dizem que um famoso artista de sucesso internacional, ao chegar numa localidade onde iria apresentar-se, foi abordado por um humilde cidadão. Este lhe disse: “Bem-
vindo em nossa cidade! Em que posso lhe ajudar?” O artista, cheio de sucesso e orgulho, lhe disse: “Eu não preciso de ninguém! Todo o sucesso do mundo é meu, e pronto!”
O humilde cidadão era um homem sábio e logo lhe disse: “Que ridícula sua afirmação ‘Eu não preciso de ninguém!’. Quem lhe deu a vida? Quem lhe garante o ar para sua respiração, a luz do sol de cada dia e a água benfazeja? Quem lhe faz as brilhantes roupas e sapatos para se apresentar às multidões e lhe dá os aplausos para o sucesso? E o alimento para seus banquetes?... Quem cultiva os campos e semeia o trigo para o pão de cada dia?”
Se existe algo ridículo para os humanos é a autossuficiência. A interdependência é um constitutivo normal e lógico da vida e, principalmente, da convivência. Toda a natureza é um hino à vida em comunhão. Como poderia germinar a semente sem água, e para que serviria a água se nada germinasse?
Quando nos reconhecemos como necessitados de muitas e permanentes ajudas, teremos mais facilidade de entender as pessoas que também experimentam a mesma lógica para viver. Se nos sentimos agraciados pelas muitas ajudas de cada dia que nos vem dos outros, certamente nos abriremos para ajudar a quem necessita de nós. E quem não necessita?!
A fé cristã é o melhor argumento para a gratidão em relação a toda forma de ajuda. O que temos nós que não recebemos de Deus? E o que devemos fazer com tudo o que d’Ele recebemos? Nosso reconhecimento só será justo se toda a ajuda recebida vai se transformando em ajuda para os outros. O dom recebido se multiplica quando se fizer doação e ajuda para os outros.
Ajudar e ser ajudado é uma via de duas mãos que possibilita o trânsito livre para a promoção da vida e a harmonia de uma convivência solidária. Superando a autossuficiência e o egoísmo, podemos ir construindo a civilização do amor com a mente, o coração e as mãos.
Quem na vida não passa por horas de duras provações, onde nos vemos carentes e necessitados de algo? Como é importante quando alguém chega e nos pergunta: “Em que eu posso lhe ajudar?”

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