sábado, 22 de junho de 2013

EM NOME DO RESPEITO.

O pretexto foi o transporte urbano. Milhares de pessoas tomaram ruas de Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro na semana passada para protestar contra os valores das tarifas e o serviço oferecido. Houve excessos de manifestantes, alguns mascarados, que depredaram patrimônio e cometeram outros abusos. Mas também houve descontrole de policiais, que reagiram com o uso excessivo de força. O que se assistiu foram cenas comparadas a uma guerra civil.
No final de semana, em especial em Brasília e no Rio, palcos de jogos pela Copa das Confederações, evento que atrai os olhos do mundo, o inconformismo ganhou novos contornos, com mobilizações contra os gastos excessivos em obras de duvidosa utilidade, contra a corrupção e deficiências em setores como saúde e segurança pública. Percebeu-se, então, uma revolta que estava acobertada pelo silêncio e aparente resignação, e que irrompe e se espalha pelo país.
Essa sequência de ações cria um ambiente de contestações que se alastra pelas ruas, praças e chega aos estádios. É ainda difícil uma projeção que indique até onde irão os protestos. Motivos para que eles existam há de sobra. A insatisfação permeia todas as camadas sociais. O grito das ruas é um alerta aos políticos.
Como afirmou o sociólogo espanhol Manuel Castells, que participou do Fronteiras do Pensamento 2013, assim como todos os movimentos sociais na história, os atuais são principalmente emocionais, e não pontualmente indicativos. Em São Paulo, não é sobre o transporte. Em algum momento, um fato traz à tona uma indignação maior e quando as pessoas sentem a possibilidade de estarem juntas, surge a esperança de fazer algo diferente. O quê? Ainda não se sabe. Mas, basicamente, os cidadãos do mundo não se sentem representados pelas instituições democráticas. Mais do que isso: não se sentem respeitados pela classe política.

Nenhum comentário:

Postar um comentário