terça-feira, 7 de junho de 2022

GRATIDÃO (3)



Mais do que um sentimento transitório e efêmero, para Inácio a gratidão é uma visão permanente de gratidão que reconhece o dom de tudo. A gratidão não é possível até que sejamos capazes de aceitar conscientemente que necessitamos de outros seres, que a vida é dar e receber, que é necessário suportar a frustração dos próprios limites para poder gozar de um mundo imenso de possibilidades que se estendem para mais além de mim mesmo.

O teólogo moral William C. Spohn captura o entendimento inaciano de gratidão quando ele fala de gratidão como “o eco da graça”. Pode parecer óbvio afirmar que a gratidão é um elemento que define a espiritualidade inaciana. No entanto, a centralidade da gratidão recebeu escassa atenção nas publicações escritas. Monika Hellwig afirma que “porque baseada nos Exercícios Espirituais, a espiritualidade inaciana está baseada numa gratidão intensa e reverência”. “Ela começa e reverte continuamente em uma consciência da presença e poder e cuidado de Deus em toda parte, para todos e em todo tempo”. Esta gratidão que perpassa todos os EE se mostra sobremaneira na CAA entendida como meditação que reassume todo o processo dos EE como um aprendizado da gratidão.

Qual é a dinâmica básica inaciana que culmina no serviço e nas obras de justiça que está em ação na Contemplação para Alcançar Amor e revela uma estratégia que está presente em todos os Exercícios? Esta dinâmica engloba um tríplice movimento:

Parte de um olhar contemplativo que aprecia o dom de toda realidade
Dirige-se às disposições afetivas ou atitudes de gratidão e amor
Atitudes que conduzem ao serviço, dado que, para Inácio, o amor agradecido se manifesta mais em obras do que em palavras.
Em breve, para Inácio, a gratidão é o limiar para o amor. Em troca, o amor se torna um trampolim para o serviço!

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