A morte de 40 mil pessoas a cada ano no trânsito 
brasileiro é um atestado de imprevidência e incapacidade. É inadmissível que um 
país conviva com uma tragédia dessas proporções sem uma reação enérgica. Já foi 
pior, podem argumentar conformistas com esta realidade, citando os efeitos da 
Lei Seca, em vigor desde junho de 2008. Mas mesmo estes sabem que o total de 
vítimas continua alto e que é no mínimo preocupante a proporção de motoristas 
flagrados com teor alcoólico acima do permitido.
Dirigir bêbado, desrespeitar 
limites de velocidade e outras irregularidades são cometidas diariamente ao 
volante de milhares de veículos no país. O resultado quase sempre é triste. Mas 
não só para esses motoristas. 32,8% das vítimas fatais são motociclistas, os 
ocupantes de carros representam 27,8% e os pedestres, os mais indefesos, 29,1%. 
Isso significa que a cada hora morre mais de um brasileiro 
atropelado.
Estudos revelam que a maioria das mortes no trânsito poderia ser 
evitada. A de pedestres, então, poderia ter índice zero. Bastaria ao motorista 
dar preferência a quem tenta atravessar a via. Não se trata de boa vontade ou 
gentileza – o que seria normal esperar-se de quem conduz um veículo motorizado 
-, mas de cumprimento da lei. O artigo 214 do Código de Trânsito Brasileiro diz 
que não dar preferência ao pedestre é infração gravíssima, com perda de sete 
pontos na carteira e multa. Mesmo assim, os atropelamentos se sucedem em escala 
cada vez maior.
Em algumas cidades surge a esperança de uma guinada nessa 
rotina do trânsito. Motoristas estão parando e dando espaço ao sinal do 
pedestre. Trata-se de uma demonstração de civilidade, de humanismo, de educação. 
Os frutos colhidos são os melhores possíveis: nessas cidades reduziu o número de 
pedestres vítimas do trânsito. Este é o caminho - a agressividade e a ignorância 
ao volante apenas constroem um atalho que conduz à tragédia.
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