segunda-feira, 26 de novembro de 2012

OBAMA: O SHOW ELEITORAL DO BOM MENINO


Barack Obama representa a esperança mitigada, o que - noves fora - não quer dizer coisa alguma. A esperança é uma dimensão do sonho da cidadania que jamais pode ser sonegada, nem na parte nem no todo. Se ela se constitui numa mera peça de propaganda para captar votos no espetáculo bilionário do processo eleitoral, se trata de uma esperança prostituída, portanto, sem nenhuma validade corrente para a cidadania. Quem protagonizou essa farsa é um fraudador daquilo que é o bem maior dos despossuídos e desassistidos - a aposta e a luta por um futuro digno e menos injusto de milhões de trabalhadores jovens, aposentados, idosos, negros, latinos e uma faixa crescente da classe média que resvala para a indigência e a necessidade.
O primeiro presidente negro dos EUA é o mesmo que vai ratificar sua política militarista e agressiva pelo mundo afora, o mesmo que permitirá que os seus mariners cometam mais massacres de civis nas aldeias famintas e empoeiradas do Afeganistão, o mesmo que vai manter as cerca de mil bases militares do País pelo mundo afora, o mesmo que irá continuar expulsando imigrantes, o mesmo que irá fazer vista grossa para execução em massa das fatídicas hipotecas imobiliárias (usina de homeless) e favorecer o sistema especulativo de Wall Street sem nenhuma contrapartida social pelo auxílio que o Estado lhe prestou no momento crítico e falimentar de sua existência.
A aparência de Obama, sua negritude, seu charme, sua simpatia, sua popularidade, sua performance como ator dramático e sobretudo como mediador do contrato social (leonino e desequilibrado) cai como uma luva para o establishment branco e endinheirado estadunidense. Ele representa uma síntese da nacionalidade multicultural do País, representa a imagem (e somente esta) que o verniz democrático do Império quer exibir ao mundo, representa com riqueza de detalhes a terra de oportunidades que o capitalismo ianque quer brindar a civilização ocidental, representa a legitimação de uma ética social que promete glórias aos vencedores, mas infunde perseverança infinita aos perdedores (especialmente quando estes aumentam em proporção geométrica a cada crise do capital).  
Mais um bilionário show eleitoral terminou nos Estados Unidos. Venceu o mais do mesmo, ainda que esse mesmo não tenha se dado conta que se encontra num plano inclinado, sem rota de retorno.

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