“Quando a gente tem todas as
respostas vem a vida e muda todas as perguntas”, li essa frase pela primeira vez
há muito tempo, e de tempo em tempo, em função de algum acontecimento, ela volta
a povoar meus pensamentos, quase como um mantra ou uma constatação
“interna”.
Mas, na vida de maneira geral, o
que é mais importante? Ter todas as respostas, ou saber formular as perguntas
certas? Vivemos numa época das respostas prontas, dos livros de auto-ajuda
com as dicas para se viver, ser melhor, ter mais sucesso, das
fórmulas prontas (todo mundo tem a sua e garante que ela funciona). A educação
contemporânea, apesar de muito distinta das mais tradicionais, não ensina a
questionar. E questionar não é necessariamente ir contra. Para questionar,
precisamos ter uma boa habilidade de observar, aprender com as experiências,
escutar, refletir; e a maioria das pessoas não aprendeu a fazer isso. Mesmo com
a internet que permite mais possibilidades de escolha do que a televisão, as
pessoas acabam escolhendo os textos curtos, as frases de impacto, a leitura
fácil que traz em si todas as “respostas”. Mas a vida não é assim.
A vida está sempre nos tirando do
lugar, nos questionando, nos abrindo possibilidades de perceber o mundo por
outros vieses. Não existem respostas prontas ou certas. O que existe são
possibilidades: às vezes muitas, às vezes poucas. E se, ao longo da vida, não
aprendermos a escolher diante desse emaranhado de informações, tropeçaremos
muitas vezes nas nossas próprias respostas (ou certezas). É muito sedutor saber
a resposta: quem não gostaria de ter uma bula com informações sobre nosso
semelhante? Quem não gostaria de ter a “bola de cristal” com as respostas sobre
o futuro ou sobre o que poderia acontecer se tomássemos determinado
caminho?
E a resposta? Quase sempre estará
dentro de nós mesmos. O que a vida nos faz através das perguntas que nos coloca
ou nos impõe é permitir que possamos aprender a trilhar nosso próprio caminho e
nos responsabilizar pelas escolhas que fazemos, porque garantias não temos, nem
nunca teremos. Por isso, viver é um desafio, um grande desafio para os que têm
coragem de olhar para si mesmos na busca por respostas que só trarão novas
perguntas.
E assim deveria caminhar a
humanidade.
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