O inverno, dentre outras coisas, traz consigo uma turma de sofisticados que acham uma beleza beber um vinhozinho, degustar um fondue, curtir uma lareira. Quando ouço esse tipo de coisa, tenho ganas de sacar a arma que não possuo e bradar feito um Caxias na Guerra do Paraguai: Dane-se o fondue!
Declarei alhures que me impressiona o verdadeiro ritual em que se transformou o simples ato de beber vinho em um restaurante. No inverno, então, o babado é forte.
- O vinho padece de um acanhamento excessivo. Poderia ser um pouco mais arrojado, sem perder a sensibilidade. Acho que harmoniza com fondue de carne de vitela ao molho de queijo de búfala desmamada marajoara.
O terceiro resolve entrar de sola:
O quarto dá o tiro de misericórdia:
- Talvez falte certa ousadia. Mas é, sem dúvidas, um vinho que tem alma e notas de madeira de demolição. Harmoniza com a minha própria personalidade. Esse vinho, esse frio, esse fondue, sou eu.
Quando ouço essas barbaridades, pergunto aos meus botões velhos de guerra: Como pode uma bebida ser tímida, agressiva, acanhada, arrojada, sensível, excêntrica, corajosa, de caráter, ousada e possuir alma?
As mesmas malas de plantão estão começando a invadir o reino das cervejas. Nada contra conhecer e beber bem. O siricotico público e as divagações existenciais típicas de quem não come ninguém é que incomodam.
A acreditar nessas avaliações, qualquer bebida é um ser humano mais complexo do que eu. Não me surpreenderei se um dia souber que algum médium incorporou uma garrafa de vinho ou uma cerveja frutada do Cazaquistão em um centro de mesa branca e saiu dando consultas. É o caminho natural. Só não contem comigo para bater cabeça para as entidades.
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