domingo, 7 de julho de 2013

MERCADO PÚBLICO EM CHAMAS


Um incêndio de grandes proporções atingiu o Mercado Público de Porto Alegre na noite deste sábado (6). As primeiras informações foram de que o fogo teve início em torno das 20h30, atingiu 30% da estrutura do Mercado e se alastrou rapidamente. Parte do telhado do Mercado desabou, mas o térreo teria sido preservado em sua maior parte. A perícia e o inquérito policial para apurar as causas do fogo iniciam neste domingo (07), a partir das 9 horas. Não há registro de vítimas.
Pelo menos 15 caminhões dos Bombeiros trabalharam para debelar as chamas. Segundo apurado, os bombeiros enfrentaram dificuldades pela falta de equipamentos como escadas Magirus – a primeira delas teria chegado mais de uma hora depois do início do fogo. Além disso, a dificuldade de acessar hidrantes e deficiências do equipamento básico para controle de incêndio teriam prejudicado o trabalho, causando frustração entre os profissionais envolvidos na luta contra as chamas.
O secretário de Segurança do RS, Airton Michels, negou maiores problemas nesse sentido, afirmando que a atuação dos bombeiros foi adequada, rápida e eficiente. “Chegaram aqui em quatro minutos. Conseguimos evitar o alastramento das chamas e preservar boa parte do prédio. Não faltou efetivo”, afirmou, acentuando a inexistência de indicativos de um incêndio criminoso. O secretário não trabalha com hipóteses preliminares sobre a razão do incêndio, mas adianta que o mais provável é um curto circuito na fiação elétrica interna do prédio.
O comandante da Brigada Militar, Fábio Duarte Fernandes, reforçou que o Corpo de Bombeiros esteve presente “desde o início, atuando com tranquilidade” no combate às chamas. Segundo ele, a informação de problemas com hidrantes não confere: “estavam todos funcionando bem”, garantiu.
O foco do incêndio, segundo os relatos de testemunhas, começou próximo da entrada da Estação Mercado do Trensurb entre a as Avenidas Júlio de Castilhos e Borges de Medeiros. As chamas alastram-se dentro da estrutura rumo à Borges de Medeiros e ao Largo Glênio Peres. A Empresa Pública de Trânsito e Circulação (EPTC) promoveu o fechamento da Júlio de Castilhos e da Siqueira Campos para que os bombeiros pudessem trabalhar contra as chamas. O Trensurb no momento do incêndio funcionou apenas até a Estação Rodoviária.
No momento em que o fogo iniciou, o edifício estava fechado. Apenas funcionários de segurança e serviços gerais estavam no local. Todos teriam saído em segurança do Mercado. Os animais à venda nas lojas do andar térreo também teriam sido resgatados, segundo funcionários.
“Não imaginei que algum dia pudesse presenciar um espetáculo tão triste como este”, disse o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati. O prefeito declarou-se “estarrecido” com a rapidez com que as chamas se alastraram. “Os bombeiros fizeram um enorme esforço, atuaram de forma abnegada. O problema foi que o fogo realmente se espalhou com muita rapidez. Há muito material inflamável lá dentro”, disse Fortunati. “Nós fazemos a revisão dos hidrantes e estavam funcionando com pressão e quantidade de água suficiente. Os extintores da área interna haviam sido revisados há 30 dias”, disse, reforçando que as precauções possíveis haviam sido tomadas para situações do tipo.
Fortunati lamentou a “perda material e histórica”, já que o Memorial do Mercado, que encontrava-se no andar superior do edifício, foi completamente destruído pelas chamas. “O que lá estava, especialmente papel, não será recuperado nunca mais”, acentuou. Não há ate o momento certeza sobre o montante de documentos perdidos com as chamas, já que parte do acervo possivelmente estivesse em outros locais, como o Museu Joaquim Felizardo.
O prefeito de Porto Alegre reforçou que as reuniões deste domingo terão como objetivo uma avaliação detalhada da situação do Mercado após o incêndio, e disse acreditar que é possível retomar as atividades com relativa rapidez. “Se for possível isolar a parte queimada, talvez possamos liberar rapidamente o restante, de forma gradual. O primeiro informe é de que as lojas do andar de baixo não foram muito afetadas”, afirmou. Fortunati também demonstrou confiança na rápida obtenção de recursos federais para a restauração do Mercado Público. “A presidenta Dilma (Rousseff) era frequentadora, cliente do Mercado. Estará sensibilizada. Tenho convicção plena de que o governo federal será nosso parceiro e nos dará uma resposta positiva”.
Coordenador da Defesa Civil de Porto Alegre, Hélio Oliveira insistiu durante toda a operação para que as pessoas não fossem até o local, evitando a inalação da fumaça potencialmente tóxica que tomou conta da cidade. Além da região central, a nuvem negra pôde ser sentida para além da Avenida Ipiranga. “É uma fumaça altamente tóxica. Se as pessoas ficarem inalando isso poderemos ter outros problemas”, falou.
O governador em exercício, Beto Grill, reforçou a necessidade de esperar a perícia antes de desenhar ações para a reforma. “Primeiro é preciso fazer o rescaldo, avaliar o que se perdeu. Ainda é tudo muito recente, estamos trabalhando com poucas certezas. Só depois da perícia podemos determinar o que é preciso ser recuperado”. O chefe da Casa Civil do governo gaúcho, Carlos Pestana, conversou com o governador Tarso Genro (que encontra-se em viagem internacional) e disse que o governo está à disposição da prefeitura para todas as eventualidades. “O Mercado é um patrimônio valioso de todo o Rio Grande do Sul. Vamos acompanhar a reunião amanhã (domingo) e estamos prontos para auxiliar na recuperação deste espaço”.

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