terça-feira, 15 de novembro de 2011

RIR REALMENTE AINDA É O MELHOR REMÉDIO

Estudo britânico conclui que o riso aumenta a tolerância à dor e promove cooperação social
Compartilhar uma sonora gargalhada com amigos pode ajudá-lo com a dor graças a substâncias químicas, similares aos opiáceos, que invadem o cérebro quando rimos. Revelação é de um estudo britânico que foi publicado no mês passado no Proceedings of the Royal Society B, periódico da Academia de Ciências da Grã-Bretanha.
Cientistas fizeram experimentos em laboratório nos quais os voluntários assistiam ora a clipes de comédia das séries “Mr. Bean” ou “Friends” ora a trechos de programas não-humorísticos, como uma partida de golfe ou programas sobre a vida selvagem, enquanto sua resistência à dor era monitorada. Em outro teste, realizado no Festival ‘Fringe’ de Edimburgo - evento anual que inclui apresentações de comédia, dança, teatro e música -, voluntários assistiram em determinado momento a um número de comédia ‘stand-up’ e em outro, a um drama teatral.
Em condições de laboratório, a dor foi provocada por gelo em contato com o braço dos voluntários e por um medidor de pressão que comprimiu o punho até o limite do suportável. No Festival ‘Fringe’, pediu-se aos voluntários que se inclinassem contra um muro com as pernas em ângulo reto, como se fossem se sentar em uma cadeira de encosto reto, antes e imediatamente após o show para ver se o riso havia ajudado a reduzir a dor.
De acordo com o estudo, apenas 15 minutos de risadas aumentaram o nível de tolerância à dor em cerca de 10%. Nas experiências laboratoriais, a programação não-humorística não demonstrou ter qualquer efeito de aliviar a dor, nem assistir a uma peça dramática no Festival ‘Fringe’.
O estudo demonstrou, no entanto, duas importantes distinções. O único riso que funcionou foi aquele relaxado, não forçado, que faz os olhos apertarem, ao contrário do riso nervoso ou polido. Este tipo de riso é muito mais provável de acontecer quando se está na companhia de outras pessoas do que sozinho.
“Poucas pesquisas têm sido feitas sobre por que rimos e qual o papel do riso na sociedade”, afirmou Robin Dunbar, diretor do Instituto de Antropologia Social e Cultural da Universidade de Oxford. “Usando microfones, conseguimos gravar cada um dos participantes e descobrimos que em um show cômico eles riram por cerca de um terço do tempo e sua tolerância à dor aumentou como consequência”, acrescentou.
Esta proteção derivou-se, aparentemente, da endorfina, uma substância química complexa que ajuda a transmitir mensagens entre os neurônios, mas também atenua os sinais de dor física e estresse psicológico. As endorfinas são um produto famoso dos exercícios físicos. Elas ajudam a gerar o bem-estar que se segue à prática de atividades como corrida, natação, remo, ioga etc.
No caso do riso, os cientistas acreditam que a liberação da substância ocorra devido a um esforço muscular repetido e involuntário que se dá quando a expiração não é seguida da tomada de fôlego. Exalar provoca exaustão e, consequentemente, leva à liberação das endorfinas.
Acredita-se que grandes símios também sejam capazes de rir mas, ao contrário dos humanos, eles inspiram tão bem quanto expiram quando riem. Os cientistas afiançam que os experimentos ajudarão a compreender o mecanismo psicológico e social de como o riso é gerado.
O grupo parece vital no desencadeamento do tipo certo de riso liberador de endorfina, afirmaram. Estudos anteriores se concentraram mais em por que as pessoas riem e não em como elas o fazem.
Uma hipótese é que o riso ajudaria a transmitir sinais de acasalamento ou de vínculos entre os indivíduos. Outra ideia é que, em um grupo, o riso promove a cooperação social e a identidade coletiva. É, portanto, uma ferramenta evolutiva que ajuda a sobrevivência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário