quarta-feira, 30 de novembro de 2011

AS PICADAS FORA DE CONTROLE

A excessiva população de borrachudos é o resultado do desequilíbrio ambiental, concretizado ao longo dos anos. A afirmativa é de Vitor Hugo Grings, veterinário e pesquisador da Embrapa Suínos e Aves. “A proliferação é excessiva quando o inseto ataca fora de seu hábitat e sua presença passa a ser incômoda também na área urbana”, explica o coordenador da Vigilância em Saúde de Passo Fundo (RS), João Mattos.

A presença de matéria orgânica na água, em níveis crescentes, é a causa principal do crescimento da população de borrachudos. Sem predadores aquáticos, peixes e outros insetos, destruídos tanto pela própria presença dos dejetos como pelo uso indevido dos agrotóxicos e desmatamentos (mata ciliar), ficou completo o quadro de desequilíbrio ambiental. “Assim, as larvas encontraram as condições ideais para o seu desenvolvimento descomedido”, afirma Grings.
Para a médica veterinária Adriana Rhoden, que coordena uma equipe com nove agentes (aplicadores) em Caxias do Sul, não basta somente a aplicação do larvicida biológico (BTI). A contrapartida dos moradores é importante. “A colaboração da comunidade é essencial. E começa por cuidados simples na sua propriedade”, enfatiza.
Conforme a Embrapa, entre as ações, a primeira e mais importante é dar destino racional aos dejetos (animais e humanos). A construção de esterqueiras e outras formas de manejo dos dejetos, principalmente de suínos e bovinos; a construção de fossas com filtros e sumidouros para os resíduos humanos nas propriedades e o tratamento dos esgotos das cidades são obras indispensáveis para controlar o borrachudo.
Lixeira - A prática generalizada da transformação dos rios e riachos em lixeiras coletivas é outro fator que contribui para o crescimento populacional desse inseto. Os resíduos sólidos na corrente de água criam novos pontos de encachoeiramento, servindo de locais de instalação das larvas. A ação conjunta da comunidade, removendo os entulhos e criando consciência generalizada de se abolir essa prática, faz parte das ações necessárias para reverter o quadro de infestação.
Além disso, outras ações como reflorestamento das áreas degradadas, a construção de taipas e a reposição de cobertura vegetal que propicie sombreamento nas saídas de açudes também contribuem para efetivo controle. “O controle do borrachudo só será obtido se todos trabalharem juntos para o bem comum”, conclui Mattos, que coordena um grupo de 32 agentes que aplicam larvicida em rios e riachos em todo o município de Passo Fundo.

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