terça-feira, 1 de novembro de 2011

É NA HORA MAIS DIFÍCIL QUE SE REVELA A TEMPERA DAS PESSOAS

Assim como o leão é considerado o rei dos animais, a águia tem a primazia das aves. Sua habilidade, agilidade e força fazem com que seja considerada a rainha dos céus. Símbolo da longevidade e

da eterna juventude, a águia pode alcançar a idade de 80 anos. Mesmo assim, elas também enfrentam dificuldades.
Habitando as montanhas, elas têm de enfrentar as tempestades, carregadas de ventos e de raios. Nessa circunstância, a águia não se esconde numa gruta qualquer. Abre suas asas e voa acima das montanhas, acima das nuvens, a uma velocidade que pode chegar aos 100 quilômetros horários. Elas sabem que as nuvens escuras, as tempestades e os raios situam-se numa faixa intermediária. Acima dela situa-se o sol, o horizonte azul e a tranquilidade. Nessa luta as águias podem perder penas, podem ferir-se, mas não temem e seguem adiante. Quando lá embaixo reina a escuridão e o medo, elas se situam na luz e na paz.
Finalmente, as águias também morrem. Mas é muito difícil encontrar o cadáver de uma águia. Quando sentem que chegou a hora de partir, não se lamentam, não ficam com medo e seguem a lógica de sua vida. Procuram o pico mais alto, num esforço supremo recolhem o resto de forças que ainda dispõem e voam para frente e para o alto até a montanha aparentemente inatingível e esperam com grandeza o momento final.
Nada disso pode ser dito das galinhas. Elas vivem no chão, no curto espaço de um galinheiro, com medo de tudo. Sua alegria consiste em ciscar no chão e encontrar pequenos insetos e um poleiro alto, que as mantenha longe da raposa.
E morrem sem dignidade.
A vida de cada pessoa pode se inspirar num ou outro modelo. É, sobretudo, nas horas de crise que se revela a têmpera das pessoas.
A galinha busca o poleiro, a águia o infinito.
Deus não pode servir de desculpa para preguiçosos. Ele não faz aquilo que compete a nós fazer. Depois que tivermos feito tudo o que está ao nosso alcance, aí sim, podemos e devemos recorrer a Ele. Uma invocação, repetida muitas vezes na liturgia nos indica o caminho: “A nossa proteção está no nome do Senhor”. De resto, somos feitos para a grandeza.
Frei Prudente Neri, um capuchinho mineiro, falecido em 2009, fala das aves migratórias, que voam milhares de quilômetros em busca do sol, das flores e da vida. E quando a primavera termina elas reiniciam a misteriosa viagem de retorno. Diz ele: “Assim há de ser também conosco, quando no crepúsculo de todos os outonos cair sobre nós o frio do inverno. Carregados, então, pelo fascinante destino de nossa espécie, nós voaremos seguindo apenas o aceno da eternidade, rumo à morada da luz, o coração de Deus”.

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