terça-feira, 21 de agosto de 2012

UMA POLÍTICA AJUSTADA PARA O ESPORTE


Há muitas edições os Jogos Olímpicos deixaram de se limitar ao lema do Barão de Coubertin (1863-1937). Ao “O importante não é vencer, mas competir. E com dignidade” somaram-se interesses econômicos e políticos e as disputas se tornaram atração para bilhões de pessoas – muitas por interesse espontâneo, outras dirigidas por motivos ideológicos.
Mas as Olimpíadas não deixaram de envolver perseverança, superação, decepções e glórias, com uma boa dose de surpresas. Essa mescla aparece em qualquer diagnóstico sobre desempenho dos participantes, o que varia é a intensidade dos itens.
O caso brasileiro é típico de um país que não se preocupa em dar estrutura aos esportes olímpicos. A maioria dos destaques surge por iniciativas individuais, reflexo dos famosos “paitrocínios” ou recheadas de persistência, sacrifícios e privações. O quadro de medalhas de Londres, que praticamente repete Pequim 2008 mas foi enaltecido por ‘cartolas’, é resultado da atuação desses atletas.
Próximo destino olímpico, em 2016, o Brasil tem a oportunidade de mudar. Pode começar por deslocar a formação de atletas do Ministério do Esportes para a pasta da Educação, abrangendo milhares de escolas e milhões de crianças. Acrescente-se a isso um novo enfoque: investir na base e não em alguns atletas prontos, como é feito hoje. Desta forma, eleva-se consideravelmente o universo de beneficiados com uma chance para revelar talentos e, seguramente, muitos serão descobertos. Nesse caso, é da quantidade que se extrai a qualidade.
Não é necessário adotar métodos como o chinês, de enclausurar crianças em galpões para formar campeões. Mas é fundamental disciplina e organização. No fundo, precisa mesmo é de uma política para o esporte, área em que investimentos se traduzem em educação, saúde, cidadania e qualidade de vida. Este sim pode vir a ser o grande legado da Olimpíada do Rio de Janeiro.

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