quarta-feira, 1 de agosto de 2012

ELE ERA SÁBIO E PRUDENTE.


Numa região do sul da Europa, no século XIX, havia um pregador muito procurado pelos fiéis por sua maneira de ensinar. Tinha fama de santo pelo que dizia e pelo que vivia. Mas não havia nele nada de excepcional, exceto o fato de que anotava tudo que diria e tinha o cuidado de citar os autores. Era culto, mas acessível.
Um dia sua sobrinha quis saber o que ele pensava de ser tão famoso. E ele disse entre sério e brincalhão: - Todos os dias oro para que Deus me faça menos tolo e me ajude a jamais ferir as pessoas com minhas palavras ou com meu comportamento. A mesma boca que leva a Deus pode afastar de Deus. E não há pregador que possa dizer que nunca errou e que nunca levou alguém a ter dúvidas de fé por conta de suas palavras ou de seu comportamento.
E acrescentou que pregar as próprias ideias é fácil. O difícil é pregar o consenso e as doutrinas de vinte séculos. Aí, o pregador precisa gostar de livros, o que não acontece com todos. É bem mais fácil orar e pedir luzes e, sem abrir livro algum, ir lá e falar. O difícil é orar, pedir luzes e folhear os livros para saber o que já foi dito sobre o tema. Por isso ele orava para não confiar demais no seu charme ou no seu talento. Os livros o faziam mais humilde, porque passava ao povo não apenas suas conclusões, experiências e ideias, mas as ideias mestras desde o começo do cristianismo.
Sábio e prudente! Num mundo em que se escolhe sempre o mais fácil e o que rende mais aplauso, ele escolhera ser porta-voz não de si mesmo, mas de toda uma Igreja. Sabedoria é entender que precisamos da sabedoria dos outros para sermos sábios.

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