terça-feira, 7 de agosto de 2012

"ELA TE FERIRÁ A CABEÇA E TU LHE FERIRÁS O CALCANHAR?'


Para começo de história, convém dizer que nem todas as frases da Bíblia servem para definir dogmas. “A Bíblia diz isto e basta. Está dito”. Os primeiros onze capítulos do Gênesis são míticos e nunca devem ser lidos como históricos. O referido versículo está dentro da compreensão mítica. Não podemos pensar numa mulher concreta e, menos ainda, numa cobra falante. No relato de Gilgamesh o homem busca a imortalidade numa árvore da vida, mas uma serpente rouba esta árvore, devorando-a. Por isso, a serpente se renova, revive, ao trocar a pele.
Nesta visão mítica a serpente é vista como a inimiga do ser humano. Além do mais, a serpente era uma deusa de Canaã e também símbolo da monarquia, no Egito. Logo, a serpente é símbolo do mal. Ela foi causa da desgraça dos humanos. Ela foi soberba, ocupando o lugar de Deus, pois mandou fazer o que Deus proibiu.
Ela trouxe o mal aos humanos, mas não é vencedora, pois o bem vence. Por isto, a descendência da mulher (humanidade) vai derrotar a serpente, embora ela sempre estará a prejudicar. A soberba serpente vai ter de se arrastar pelo chão, comer o pó. É uma figura do mal que quer ser igual a Deus e por fim só terá seu verdadeiro lugar: a derrota. Arrastar-se pelo chão e comer poeira é símbolo da derrota de quem tinha ambição de ser deus. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário