terça-feira, 28 de agosto de 2012

E NOSSAS FESTAS TRADICIONAIS, COMO VÃO?


No coração das pessoas e de um povo há sempre lugar para surpresas. De um lado afirma-se que o secularismo está avançando e demolindo os símbolos da tradição religiosa. De outro lado, ano a ano aumentam as multidões nas romarias tradicionais e a participação nas festas populares. Divulgam-se pesquisas comprovando a diminuição numérica de membros das religiões históricas e o aumento das seitas. Em contrapartida, no andar da carroça e, tantas vezes por decepção de promessas e milagres fáceis, muitos voltam ao ninho original atraídos pela saudade das festas tradicionais.
Lembro-me que nos anos setenta do século passado proclamava-se, em alto e bom tom, o tempo da “morte de Deus”. O progresso científico estaria substituindo o Deus da tradição religiosa. Não haveria mais necessidade de recorrer a Ele, nem aos santos, para garantir o sucesso das colheitas ou a cura de nossas doenças. A capacidade humana haveria de substituir a necessária ajuda de Deus. Para nossa surpresa, a chegada do novo milênio veio confirmar o contrário. Mesmo de forma confusa, a humanidade se depara com as grandes questões relacionadas à vida e à necessidade de Deus. “A humanidade está com saudades de Deus!”
Não podemos ignorar a força de contágio suscitada pelos meios de comunicação social. Estes não só reforçam as festas tradicionais, mas despertam multidões em torno de novas devoções que mobilizam a festa das permanentes romarias. Não podemos prender sonhos e nem fechar caminhos para quem deseja andar em busca de algo melhor e de horizontes mais vastos.
 Muitos passam o ano um tanto distantes, mas não deixam de participar da procissão luminosa na noite do dia 13. O fenômeno em torno de Santo Antônio e sua festa cada ano é maior, melhor e mais concorrido.
Narro isto para dizer que as festas tradicionais fazem parte de uma herança religiosa e cultural que não podemos ignorar. Felizmente, na medida em que aumentam os participantes, também aumenta a justa preocupação da Igreja em organizar e proporcionar oportunidades qualificadas de evangelização e celebração. É certo que uma festa popular bem preparada sempre será bem celebrada.
A questão das festas está unida essencialmente à vivência e conservação do nosso cristianismo. Tradicionalmente, as festas sempre foram e continuam sendo veículos de catequese, centros de culto, focos de exercício da vivência comunitária e oportunidades favoráveis ao sentido da vida e da convivência. Embora, aparentemente, se trate de aspectos secundários da vida religiosa, neles pode estar sendo decidida a sobrevivência de uma religiosidade sincera e animadora de toda a vida cultural de nossos povos.

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