Oscilações de temperatura e tempo seco são
responsáveis por praticamente 90% dos problemas respiratórios que acometem a
população durante o outono e o inverno. Mas esse quadro climático também pode
desencadear outras doenças: as cardíacas.
Segundo o cardiologista João
Vicente da Silveira, as infecções e viroses típicas deste período afetam
diretamente a circulação sanguínea. “As infecções respiratórias comprometem todo
o organismo e causam um processo de inflamação nas artérias, o que exige um
esforço maior do coração, resultando em um desiquilíbrio do músculo cardíaco.
Quem já tem problemas cardíacos, acaba ficando mais exposto a infartos”,
explica. Esse processo inflamatório também agrava a ateroesclerose, formação de
placas de gordura na parede dos vasos, diminuindo seu diâmetro e aumentando os
riscos.
Quando o frio entra em contato com a pele, o corpo produz espasmos
arteriais para manter sua temperatura natural. Essas contrações causam aumento
da pressão arterial e predispõem a formação de coágulos no sangue. “Os espasmos
fecham as artérias fazendo com que o coração trabalhe mais para bombear o sangue
por todo o corpo”, esclarece Silveira. “Isso pode resultar em uma arritmia,
levando a uma angina cardíaca ou a um infarto agudo”, completa.
Dados da
Associação Americana do Coração mostram que o inverno aumenta em até 25% a
incidência de doenças cardiovasculares. No Brasil, o aumento chega a 30% nos
meses frios, segundo os especialistas. Silveira afirma que aproximadamente 30%
dos infartos registrados no país são decorrentes das mudanças bruscas de
temperatura. Com o frio, o sangue também pode ficar mais denso. “Há registros de
acidente vascular cerebral por conta das alterações na densidade sanguínea”, diz
o especialista.
Ainda de acordo com o médico, tabagistas, idosos e
hipertensos são os mais propensos a desenvolver problemas cardíacos nesta época
do ano. “Nesses casos, as chances de sobrevida após um infarto caem pela
metade”, afirma o médico. Daí a necessidade de manter os cuidados, realizando os
exames preventivos; alimentando-se de forma equilibrada; praticando atividade
física, evitando cigarro e álcool. Nas cidades brasileiras mais frias, o
cardiologista recomenda que as pessoas mantenham-se mais agasalhadas e consumam
bebidas quentes como chás. Caldos e sopas leves também são uma boa
alternativa.
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