terça-feira, 26 de novembro de 2013

QUANTO MAIS HUMILDE E ESCONDIDO O SERVIÇO, MAIS DIGNO

Deus distribuía seus dons às árvores e essas escolhiam os atributos de beleza que desejavam. Eu quero ser forte, disse o cedro. Meu ideal é ser saudável, disse a cerejeira. Ao trigo Deus concedeu a flexibilidade e a beleza das ondas. A laranjeira pediu frutos doces e dourados. A palmeira reivindicou para si a elegância. A paineira garantiu flores multicoloridas. A urtigueira conquistou o poder de castigar os que se aproximavam e o jasmim quis para si o perfume mais inebriante.
Chegando a vez do umbuzeiro, Deus quis saber: o que você quer? Sombra para o descanso dos viajantes. Todos têm sombra, observou Deus. O que mais você quer? Para dar muita sombra preciso de corpulência e quero que minha lenha seja frágil e esponjosa para que não resista a um prego e quebre-se à menor pressão. Deus ficou surpreso: porque você não pede flores, frutos, uma madeira forte para fabricar berços ou navios? E o umbuzeiro observou: houve uma vez, no mundo, um homem bom, que pregava a justiça e o amor. Foi perseguido, preso e morreu pregado numa cruz, cruz feita com a dor de uma árvore irmã. Por isso eu peço a ternura, a fragilidade e a capacidade de servir!
Ainda há sonhadores na face da Terra. Por detrás de aparente fragilidade, ocultam-se pessoas fortes, sensíveis e generosas. São pessoas que optaram pelo serviço. Não escolheram honras, o sucesso ou a eficiência. “ Sonhei que a vida é alegria, acordei e vi que a vida é serviço, servi e com isso descobri a alegria” escreveu o poeta indiano Tagore. E o próprio Filho de Deus garantiu: “Eu não vim para ser servido, mas para servir” (Mt 20,28).
É o serviço que dá dignidade a todas as profissões e a todas as pessoas. O povo costuma dizer: quem não vive para servir, não serve para viver. E quanto mais humilde e escondido o serviço, mais digno.
Educar um filho é apontar para ele o caminho do serviço. Isso significa uma vida com sentido e significado. Isso não implica em padronizar. É a diversidade que cria a riqueza. Um time de futebol não pode ser composto por onze artilheiros. Ele pode receber a glória momentânea. Mas isso não seria possível sem o trabalho, por vezes escondido, dos companheiros.
De resto, cada um tem sua medida interior. O evangelho fala da diversidade dos talentos. E esses talentos devem ser colocados a serviço dos outros. Enterrar o talento é a pior de todas as opções, a opção do egoísmo. Servir é o outro nome do amor. E a vaidade, muitas vezes, torna mesquinhos os melhores atos. O serviço torna densos e preciosos os menores gestos. Que o diga o umbuzeiro ou a humilde fonte de água.

Nenhum comentário:

Postar um comentário