sexta-feira, 8 de novembro de 2013

É PRECISO CORRER MENOS. SENTEI-ME.

Sentar-se é opor-se ao correr. É bonita demais a canção que lembra o índio do Uruguai: “Eu aprendi com o velho índio do Uruguai, que a vida é de quem corre menos em busca do mais”. Em nossa sociedade corre-se demais em busca do menos e por isso a gente cansa, se estressa e perde a graça do celebrar a vida. Busca-se demais o menos, que é o mundo material, o conforto pelo conforto e o prazer pelo prazer. É preciso correr menos para buscar o mais. O mais da vida é a paz e o bem, a harmonia e o descanso, o sossego e o bem estar, a convivência e a fraternidade. Essas realidades exigem calma, degustação do momento e observação. É o ato de sentar-se para não desgastar-se no correr.
SENTEI-ME AO LADO DO JARDIM. Aprendi que tudo tem seu tempo e seu lugar. Nada é apressado. As cores vão se formando ao ritmo dos raios solares. Os insetos, cada um ao seu tempo, chegam para dar seu beijo ao néctar. De um mesmo metro quadrado de terra crescem cores de muitos tipos. Há lugar para tudo.
SENTEI-ME AO LADO DA FONTE. Escutei a fonte falar. Tem uma música e palavras próprias. É possível avaliar o quanto é importante uma fonte. A água que bebo em minha casa necessariamente partiu de uma fonte. A mãe fonte que foi formando o córrego, o rio, a barragem, que se deixou conduzir pelos canos e chegou em minha casa. E a gente apressada pensa que a água nasceu numa prateleira do supermercado! Se todas as pessoas pudessem sentar-se ao lado da fonte, com certeza não teríamos águas poluídas, nem comercialização das águas e muito menos a transformaríamos em refrigerantes venenosos.
SENTEI-SE AO LADO DA ESTRADA. Carros de todos os tipos passando e eu sentado. A corrida não deixava que me observassem, quem eu era, o que estava fazendo, que roupa eu usava. A vida normal da estrada não encantava e nem parava os apressados da viagem. Tudo para todos se tornava corriqueiro e sem graça. Árvores, flores, rios, pedras, tudo banalidade. Os únicos motivos que faziam diminuir a pressa eram os acidentes. Como é triste parar somente por causa do trágico em vez de andar devagar por causa da beleza!
SENTEI-ME AO LADO DO IRMÃO. O velhinho me fez perceber que tudo é uma viagem e que o carro da vida vai se desgastando. As palavras se tornam fracas e os movimentos muito mais lentos. A criança me ensinou que o que vale é viver o momento-agora. Ensinou-me o desprendimento e a validade das pequenas coisas. É preciso ocupar-se em brincar com a vida. Sentado ao lado do homem e da mulher percebi que não há denominador comum. Há o respeito pelo diferente. O diferente que se entrelaça e forma a grandeza da vida. A busca do mesmo sonho. Mas em tudo isso aprendi - e estou aprendendo - que quanto mais cresce a velocidade das máquinas, do trabalho e da atividade humana, mas tenho o dever de sentar-me para não perder-me na corrida e na pressa.

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