segunda-feira, 4 de novembro de 2013

AS SURPRESAS DE DEUS.

Depois de ter vivido na África por 42 anos, envelhecido, um missionário retornava à pátria. No mesmo avião viajou um famoso cantor. À noite, o missionário não conseguiu silenciar sua mágoa: Senhor, eu não entendo. Passei mais de 40 anos na missão, enfrentei toda espécie de trabalhos e privações; o cantor permaneceu apenas uma semana no conforto de uma grande cidade. Milhares de pessoas o estavam esperando porque voltou para casa e, por mim, ninguém esperando. Com doçura, o Senhor explicou: meu filho, você ainda não chegou em casa.
Escrevendo aos coríntios, Paulo lembrava que existem muitas maneiras de construir. Há os que constroem com ouro, outros, com prata, pedras, preciosas, madeira, barro e palha. No final, cada um receberá a recompensa merecida.

O mundo de hoje não está preocupado com os valores e com a fidelidade cotidiana. Apenas festeja o maior, o mais rápido, o mais rico, o que vende mais cópias de discos, o atleta mais veloz, enfim, aplaude o sucesso. Mas o sucesso passa como a palha lambida pelo fogo. O cantor foi ovacionado, mas o velho missionário, carregado de heroísmos, totalmente ignorado.
Jesus conta a parábola do rico que fazia esplêndidas festas todos os dias. Sua casa estava cheia de amigos, era aplaudido por todos. O pobre Lázaro amargava a solidão, o esquecimento e as migalhas. Apenas os cães, solidários, vinham lamber-lhe as feridas. Ambos – o rico e o pobre – estavam a caminho. Um dia, Lázaro chegou em casa e recebeu a recompensa prometida.O Céu não é apenas um lugar preparado por Deus, mas também uma escolha nossa. A Bíblia diz que Deus criou o Céu e a Terra. As duas realidades não podem ser separadas. A Terra é o caminho que nos conduz ao Céu. Chiara Lubich dizia que o céu é uma casa que estamos construindo agora, para habitar depois. Nesse aspecto, é indevido dizer que Deus castiga ou recompensa. Deus aceita nossas escolhas. Aceita o ouro, a prata, madeira, mas, porque é Pai, aceita também a palha e o barro de nossa fraqueza.
Se fala no repouso eterno aos que morrem. Não se trata de passividade. Depois da luta, das batalhas do dia a dia, a recompensa definitiva, ou como queria o apóstolo Paulo, as surpresas de Deus.

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