terça-feira, 12 de novembro de 2013

ONDE É O LUGAR DO DINHEIRO?

Alguns dos apressados usuários dos banheiros públicos de Kawaguchi, pequena cidade ao norte de Tóquio, no Japão, tiveram uma surpresa. Em envelopes, abandonados por um misterioso cidadão, estava uma quantia de 80 euros - cerca de 200 reais - com uma orientação, escrita a mão: saiba tirar proveito desta quantia, faça com ela uma boa ação. Ao todo, as contribuições ultrapassavam os 1.600 euros. As autoridades desconhecem se outros envelopes foram deixados em banheiros ou outros locais do país e cuja existência foi silenciada pelos afortunados usuários. No entanto, na melhor tradição japonesa, muitas pessoas que encontraram os agradáveis envelopes os entregaram à polícia.
Também o dinheiro é sinal de contradição. Dele se disseram as piores coisas, mas ele tem fiéis e incondicionais seguidores em todo o mundo. Um provérbio italiano garante que o dinheiro faz até o urso dançar. O dinheiro é mola propulsora do progresso, mas também dividiu famílias, incentivou traições e assassinatos e provocou guerras. Judas vendeu o Mestre por trinta moedas de prata. Giovanni Papini, um irreverente escritor italiano, afirma que o dinheiro é a pior, a mais sacrílega das invenções humanas. Ele qualifica a moeda como esterco de Satanás, lembrando que ele está na raiz de quase todos os problemas humanos. No máximo, admite Papini, pode existir desde que seja bem espalhado, à semelhança de um monte de estrume que cheira mal, mas pode fertilizar as campinas, quando bem distribuído.
Uma posição média reconhece alguns valores no dinheiro, mas aponta também suas limitações. O dinheiro compra uma casa, dizem, mas não pode comprar um lar. E as comparações prosseguem: pode comprar o remédio, mas não a saúde; pode comprar um diploma, mas não a sabedoria; pode comprar uma Bíblia, mas não a fé; pode comprar uma condecoração, mas não o mérito. E a estocada final lembra: pode comprar quase tudo o que é da terra, mas não pode comprar o céu.
Na realidade, o dinheiro é uma mediação. Com ele podem ser feitas boas ações, como pede o anônimo japonês, mas pode também causar imensos prejuízos. Tudo depende de como é usado. Ele possibilita missões sagradas. É o dinheiro empregado na compra de alimentos e remédios para a família. Sagrado é também o dinheiro do pai que o emprega na educação dos filhos. Mas ele carrega consigo a maldição do roubo, dos escândalos, da corrupção, da insensibilidade e da ganância.
Todos corremos atrás dele. Ele é necessário. A diferença está em como o tratamos. Ele é um ótimo empregado, mas um péssimo patrão. Quem apostar no dinheiro, garante o Evangelho, terá imensas dificuldades de entrar no Reino de Deus.

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