quinta-feira, 28 de novembro de 2013

MORANDO COM O INIMIGO.

A cada ano, os acidentes no grupo de crianças com idade abaixo de 14 anos resultam em quase 6 mil mortes e mais de 140 mil internações hospitalares, somente na rede pública de saúde. Entre as vítimas de traumas e intoxicações ocorridas dentro de casa, um terço são crianças de até nove anos. Nessa fase, elas são submetidas diariamente aos riscos do ambiente em que vivem. Só os traumas físicos vitimam cerca de 200 mil crianças e adolescentes brasileiros, causando lesões para o resto da vida.
De acordo com o governo brasileiro, cerca de R$ 63 milhões são gastos no Sistema Único de Saúde com acidentes que envolvem crianças e adolescentes. Estima-se que pelo menos 90% dessas lesões podem ser evitadas. E prevenir não é tão difícil. Embora o termo “acidente” implique em uma situação imprevisível, estar atento às potenciais situações de risco pode evitar danos irreparáveis.
Os adultos devem ter consciência que o mais banal dos objetos pode ser um brinquedo interessante para uma criança e que ela não é capaz de avaliar riscos. Portanto, as crianças nunca devem ter acesso a materiais cortantes, objetos perigosos e substâncias tóxicas.
Os acidentes mais perigosos com crianças ocorrem dentro de casa e costumam aumentar no período de férias, quando elas ficam ainda mais tempo neste ambiente, nem sempre adaptado às suas necessidades e limitações. Aproximadamente 13% dos óbitos na infância são causados por acidentes domésticos, que poderiam ser evitados com medidas simples de prevenção.

Cozinha - Considerando as diversas dependências das residências, os especialistas avaliam que os ambientes mais propícios à ocorrência de acidentes, por ordem de risco, são: cozinha, banheiro, escadas e corredores, quarto, sala, elevador, lavanderia, piscina, quintal e garagem.
A cozinha é o lugar mais perigoso. Nela ocorrem a maioria das queimaduras, lesões cortantes, lacerações e intoxicações, entre outros acidentes. Dona Edite dos Santos Radtke, avó de Dimitri Radtke de Oliveira, de dois anos de idade, sabe bem os riscos que este ambiente da casa oferece. “Tempos atrás, o Dimitri queimou o dedinho no fogão, mas felizmente a lesão foi leve”, conta. “Agora, para evitar acidentes mais graves, nunca deixo ele sozinho na cozinha, sei que é muito perigoso”, diz.
Dimitri também já deu um susto na família quando caiu da escada de sua casa, com um ano de idade. “Colocamos um portãozinho na escada para impedir a passagem, mas, mesmo assim, ele sacudiu, arrancou o portão e acabou caindo”, conta a avó Edite. “Tenho que estar sempre atenta aos seus movimentos”, acrescenta.
Maria Eliane Fresqui, mãe de Isabelly Fresqui de Macedo, três anos, também recomenda vigilância integral. “Quem cuida de criança precisa ficar sempre de olho nelas, não há outra alternativa”, afirma.
Mesmo com todos os cuidados, Eliane conta que Isabelly já queimou levemente o pé com a água do chimarrão e também já tomou um choque breve. “Graças à Deus, foi só um susto, porém, não dá pra vacilar, pois pode não haver uma segunda chance”, declara Eliane.
Durante as brincadeiras, a criança adquire novas habilidades e aumenta progressivamente sua interação com o ambiente, mas ainda não possui a capacidade de avaliar os perigos ao seu redor. Por isso, é essencial que os pais examinem o ambiente em que os filhos vivem e eliminem os possíveis fatores de risco.

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