segunda-feira, 4 de novembro de 2013

É PRECISO MUDAR DO INDIVIDUAL PARA O COLETIVO

Nunca na história do Brasil houve tantos anúncios de obras para mobilidade urbana. A realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas já deflagrara movimentos nesse sentido. Mas, agora, parece que os governantes despertaram para um problema que não para de crescer em área e complexidade. Mais do que isso: caminha para a irreversibilidade.
Na semana passada foram divulgados recursos recordes para obras. Metrô, corredores de ônibus e outros sistemas de transporte público desfilaram como metas inadiáveis. E de um dia para o outro, choveu um mar de soluções.
Infelizmente, a experiência mostra que as coisas não funcionam assim no Brasil. O pior é que as dificuldades avolumam-se, espalhando contratempo e confusão.
Estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) concluiu que o brasileiro consome, em média, mais de 30 minutos para percorrer o trajeto de casa ao local de trabalho. Cerca de 20% gastam mais de uma hora. E os pobres são os mais prejudicados.
Na raiz desse absurdo desperdício de tempo está uma política que privilegia o transporte individual. Não é por nada que a frota de automóveis saltou de 30 milhões, em 2000, para 76 milhões, em abril deste ano. E ela vai aumentar, como projetam especialistas.
Se está devagar, o trânsito nas grandes e médias cidades vai piorar. A menos que os gestores dos sistemas de mobilidade surpreendam e superem os desafios. A lei promulgada em 2012 prevê, por exemplo, restrição ao uso inadequado do automóvel.
Ninguém tem o direito de impedir um cidadão de comprar um veículo. Mas é fundamental que a política atual para o setor - iníqua, excludente e ineficiente - mude e estimule o uso racional e a expansão das redes de condução coletiva. Que sair de carro seja uma opção, não uma obrigação decretada pelo falho, desconfortável e irregular transporte público.

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