quinta-feira, 21 de novembro de 2013

PASSAM AS MERCADORIAS, AS PESSOAS SÃO BARRADAS.

A globalização suprimiu fronteiras, aproximou países e continentes. Permitiu a passagem de mercadorias, capitais e informações. Mas a circulação de pessoas está cada vez mais restrita. As divisas que se abrem para transações comerciais se fecham para o trânsito de migrantes. E não são apenas postos alfandegários: prolifera, em quantidade e em diversidade, a construção de muros.
Os dois mais em evidência estão entre Israel e Cisjordânia e entre os Estados Unidos e México. Motivado por razões étnicas e pela dificuldade de encontrar o caminho da paz, Israel está erguendo um muro ao longo de mais de 700 quilômetros da “linha verde” - o marco internacional de reconhecimento como limite do território israelense -, ou indo além dela. Os norte-americanos querem bloquear a passagem de migrantes clandestinos por quase 1,2 mil quilômetros com uma armação de oito metros de altura de aço e concreto. Praticamente um terço da fronteira entre os dois países ficará intransponível.
É natural que os países se defendam de eventuais invasões, e isto a história tem registrado durante milênios. É concebível ainda que uma nação adote medidas para que suas leis sejam respeitadas, usando os limites territoriais como mecanismo de proteção e de emancipação. Mas não é justo separar famílias, cercar povoações ou submeter grupos que precisam se deslocar para trabalhar a freqüentes humilhações, como está ocorrendo na Cisjordânia. Também é reprovável a utilização da fronteira como instrumento de coação e controle - caso dos EUA em relação ao México. A aparente segurança intramuro contrasta com a exclusão e o medo de fora, normalmente subprodutos de injustiças históricas.
Os muros estão separando o mundo subdesenvolvido do desenvolvido, ricos e pobres, e oferecendo um terreno fértil à xenofobia. Está claro que interessa a superpotências, como os Estados Unidos, a riqueza, a mão-de-obra barata, enfim, as fontes de lucro que países influenciados - ou dominados - economicamente podem gerar. Sua gente, não. O mais grave é que os exemplos que partem de nações poderosas podem se disseminar, criando barreiras entre cidades, entre bairros. A fartura de um lado impedindo que a miséria do vizinho sequer se aproxime.

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