quinta-feira, 28 de novembro de 2013

O QUARTO REI MAGO.

No relato do evangelista Mateus, são três os reis magos que viram a estrela e foram adorar o recém nascido rei dos judeus. Num conto inesquecível, Henry Van Dyke fala de um quarto rei. Chamava-se Artaban e também viu a estrela. Ele acertou com os outros magos - Gaspar, Melchior e Baltazar - o dia e o local do início da viagem. Mas um ferido à beira do caminho atrapalhou seus planos. Socorreu a vítima e deixou com ela víveres, óleo e dinheiro. Isto significou a perda de três dias. Quando chegou ao local os três companheiros já haviam partido. Sozinho, Artaban teve de enfrentar o deserto e seus perigos. A estrela desapareceu e ninguém sabia dar-lhe pistas concretas. Mas os moradores de uma choupana informaram que os reis haviam passado por ali. Esclareceram também que o rei-menino, juntamente com a mãe e o pai, ameaçados de morte, também havia passado por ali, a caminho do Egito.
O panorama mudava agora. Em vez de uma aldeia judia, o novo rei estava na imensidão do Egito. Ele não desistiu e envolveu-se numa série de episódios, guiado sempre pelo coração. As informações eram poucas e contraditórias. Passaram-se anos e os cabelos do mago começaram a branquear e os presentes reservados ao novo rei foram gastos em socorrer pobres e feridos.
Finalmente - 33 anos depois - Artaban chega a Jerusalém numa sexta-feira cheia de boatos. E os habitantes da cidade informaram que, em meio a dois ladrões, o rei dos judeus havia sido crucificado. Tentando chegar ao local, o mago foi surpreendido por um terremoto, enquanto densas trevas envolviam a cidade. Uma telha levada pelo vento atingiu a Artaban. Nas penumbras da inconsciência ele chegou à conclusão que sua vida fora um fracasso, falhara em seu objetivo, embora o coração o aprovasse em seus gestos de amor. Sua vida não fora inútil. Lamentava apenas ter chegado algumas horas atrasado. Porém uma voz vinda dos céus garantiu-lhe: você não falhou, você me encontrou já no início da viagem... Artaban, cheio de espanto, quis saber em que circunstâncias. “Tive fome e me destes de comer, estive preso e viestes ver-me, fui peregrino e me acolhestes... todas as vezes que fizestes a um destes pequenos, a mim o fizestes”, garantiu o Salvador.
O foco de nossa fé não está nas orações, nas novenas, nos cultos, nem mesmo na moralidade de nossos atos. O foco é a adorável pessoa de Cristo e o mandamento do Amor. De resto, a incessante busca de Deus passa pelos nossos irmãos, especialmente os mais necessitados. O local teológico de Deus é a história humana. Foi ali que o quarto rei mago o encontrou.

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