sexta-feira, 8 de novembro de 2013

O POSSIVEL ARMAGEDON.

A Terra precisou de um milhão de anos para alcançar um bilhão de pessoas. Terá dez bilhões em 2050. É triunfo ou dano?

O s atuais cenários sombrios sobre o futuro do sistema-vida e especificamente da espécie humana permitem que biólogos, bioantropólogos e astrofísicos aventem o possível desaparecimento da espécie homo sapiens/demens ainda neste século. Aduzem argumentos que merecem ponderação. O mais robusto parece ser aquele da superpopulação articulada com a dificuldade de adaptação às mudanças climáticas. Na escala biológica verifica-se um crescimento exponencial. A humanidade precisou um milhão de anos para alcançar, em 1850, um bilhão de pessoas. Os espaços temporais entre os índices de um crescimento a outro diminuem cada vez mais. De 75 anos - de 1850 a 1925 - passaram para 5 anos de diferença. Prevê-se que por volta de 2050 haverá dez bilhões de pessoas. É triunfo ou dano?
Lynn Margulis e Dorian Sagan, notáveis microbiólogos, no conhecido livro Microcosmos (1990) afirmam com dados dos registros fósseis e da própria biologia evolutiva que um dos sinais do colapso próximo de uma espécie é sua rápida superpopulação. Isso pode ser comprovado por micro-organismos colocados na cápsula Petri (placa redonda com colônias de bactérias e nutrientes). Pouco antes de atingirem as bordas da placa e se esgotarem os nutrientes, multiplicam-se de forma exponencial. E de repente morrem. Para a humanidade, comentam eles, a Terra pode mostrar-se idêntica a uma cápsula Petri. Com efeito, ocupamos quase toda a superfície terrestre, deixando apenas 17% livre: desertos, floresta amazônica e regiões polares. Estamos chegando às bordas físicas da Terra. Há explosão demográfica e decrescimento dos meios de vida num planeta limitado. Sinal precursor de nossa próxima extinção?
O prêmio Nobel em medicina, Christian de Duve, sustenta que estamos assistindo a sintomas que precederam no passado as grandes dizimações. Normalmente desaparecem por ano 300 espécies vivas porque chegaram ao seu clímax evolucionário. Dada a pressão industrialista global sobre a biosfera estão desaparecendo cerca de 3.500. Um desastre biológico. Será que agora não chegou a nossa vez?
Carl Sagan, já falecido, via no intento humano de demandar à Lua e enviar naves espaciais como o Voyager 1 para fora do sistema solar, a manifestação do inconsciente coletivo que pressente o risco da extinção próxima. A vontade de viver nos leva a excogitar formas de sobrevivência para além da Terra. O astrofísico Stephen Hawking fala da possível colonização extra-solar com naves, espécie de veleiros espaciais, impulsionadas por raios laser que lhes confeririam uma velocidade de trinta mil quilômetros por segundo. Mas para chegar a outros sistemas planetários teríamos que percorrer bilhões e bilhões de quilômetros, necessitando pelo menos de um século de tempo. Ocorre que somos prisioneiros da luz, cuja velocidade de trezentos mil quilômetros por segundo é até hoje insuperável. Mesmo assim só para chegar à estrela mais próxima - a Alfa do Centauro - precisaríamos de quarenta e três anos, sem ainda saber como frear essa nave a esta altíssima velocidade.
Tais reflexões nos permitem falar de um possível Armagedon humano. Este representa um desafio para os que vêem o fim da espécie como obra do Criador e não da atividade humana.

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