quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O QUE GOSTARIA QUE FALASSEM NO MEU VELÓRIO.

Já participei de muitos enterros. É o fato que mais dá ibope. É o encontro dos parentes e amigos. É o momento das conversas sérias, mas, em geral, é o momento das conversas inúteis. O que menos se conversa é sobre a morte e sobre a pessoa falecida. É uma falação de todos os assuntos, quase sempre de negócios e política. A sociedade moderna fala em acabar com os velórios. Nas grandes cidades já foram extintos. Não só o velório, como também a morte. Esconde-se o doente nos hospitais e o morto nas funerárias. O que menos interessa são os parentes e a casa. Tudo é terceirizado. Quem sabe a gente consiga terceirizar a própria morte. Não faltarão empresas para esse serviço. Mas,o que se fala, na morte e no velório, no enterro e pós-enterro, da pessoa falecida?
GOSTARIA QUE FALASSEM QUE FUI UMA PESSOA AMIGA. Bom mesmo seria que nada falassem. Provavelmente errariam. É difícil saber o que se passa no segredo do coração humano. Não gostaria que falassem: “Esse também se foi”. Dá impressão de um despacho. Gostaria que falassem que fui uma pessoa amiga, que as pessoas se sentiam bem estando perto, que era uma pessoa de boa convivência. Mas, para que falem dessa maneira, devo viver desde agora desse jeito.
GOSTARIA QUE FALASSEM DE MINHA DEDICAÇÃO. Que fui uma pessoa que não pensava tanto em si mesma, mas nas necessidades dos outros. Que falassem do tempo que dediquei aos outros, que sempre arranjava tempo para a comunidade e as organizações, para estar junto com quem necessitasse. Que falassem dos meus gestos e atitudes de compreensão e desprendimento. Mas, para isso necessito desde agora ser uma pessoa desapegada e dedicada.
GOSTARIA QUE FALASSEM DA MINHA ALEGRIA. Que eu cantava, que eu ria, que eu gostava dos ambientes alegres e serenos. Que meu rosto traduzia minha vida de satisfação e de bem com a vida. Que falassem que minha companhia era agradável e que onde eu estava não havia tristeza. Mas, para que falem assim, devo desde agora viver desse jeito!
GOSTARIA QUE FALASSEM QUE FUI UM VENCEDOR. Que não tinha medo de enfrentar novas situações. Que sempre encontrava uma solução para os problemas. Que falassem do meu amor pelo trabalho e pelo esporte, da minha luta pelo bem das comunidades e organizações. Que bom se falassem que onde coloquei minha mão e minhas idéias sempre deu certo! Que tinha uma fé num Deus vencedor. Mas, para que isso aconteça, tenho que ser agora um vencedor no meu dia-a-dia e em cada iniciativa.
GOSTARIA QUE NÃO FALASSEM QUE FUI UM PERDA. Não gostaria de ser um perda. Gostaria que falassem que minha vida foi uma soma nesta humanidade. Que foi um ganho. Mas, para que isso aconteça, desde agora devo aprender a somar com minhas ações construtivas.

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